COLUNA DO TIMM
EDITORIAL
Encontrando a esperança na era do ressentimento - Paul Krugman- Como o otimismo de 2000 deu lugar à raiva nos tempos atuais
The New York Times / Folha de S. Paulo - quarta-feira, 11 de dezembro/24 https://gilvanmelo.blogspot.com/2024/12/encontrando-esperanca-na-era-do.html#more
Esta é minha última coluna para o The New York Times, onde comecei a publicar minhas opiniões em janeiro de 2000. Estou me aposentando do Times, não do mundo, então ainda expressarei minhas opiniões em outros lugares. Mas esta parece uma boa ocasião para refletir sobre o que mudou nesses últimos 25 anos.
O que me impressiona, olhando para trás, é como muitas pessoas, tanto nos EUA quanto em grande parte do mundo ocidental, eram otimistas naquela época e até que ponto esse otimismo foi substituído por raiva e ressentimento.
E não estou falando apenas de integrantes da classe trabalhadora que se sentem traídos pelas elites; algumas das pessoas mais irritadas e ressentidas nos Estados Unidos agora — pessoas que parecem muito almejar ter muita influência com o governo Trump que está por vir — são bilionários que não se sentem suficientemente admirados.
É difícil transmitir o quão bem a maioria dos norte-americanos se sentia em 1999 e no início de 2000. As pesquisas mostravam um nível de satisfação com a direção do país que parece surreal nos padrões atuais. Minha percepção sobre o que aconteceu na eleição de 2000 foi que muitos americanos consideraram a paz e a prosperidade como garantidas, então votaram no cara que parecia ser mais divertido de se conviver.
Na Europa, também, as coisas pareciam estar indo bem. Em particular, a introdução do euro em 1999 foi amplamente saudada como um passo em direção a uma maior integração política e econômica — em direção a um Estados Unidos da Europa, se preferir. Alguns de nós, norte-americanos, tínhamos precauções, mas inicialmente elas não eram amplamente compartilhadas.
Claro, não era tudo flores e arco-íris. Havia, por exemplo, já um bom número de teorias da conspiração do tipo proto-QAnon e até mesmo casos de terrorismo doméstico nos Estados Unidos durante os anos Clinton. Houve crises financeiras na Ásia, que alguns de nós viam como um potencial prenúncio do que estava por vir.
Publiquei um livro em 1999 intitulado "O Retorno da Economia da Depressão", argumentando que coisas semelhantes poderiam acontecer nos EUA; lancei uma edição revisada uma década depois, quando aconteceram.
Ainda assim, as pessoas estavam bastante otimistas sobre o futuro quando comecei a escrever para este jornal.
Por que esse otimismo azedou? Como vejo, tivemos um colapso da confiança nas elites: o público não tem mais fé de que as pessoas que estão no comando sabem o que estão fazendo, ou que podemos supor que estão sendo honestas.
Não foi sempre assim. Em 2002 e 2003, aqueles de nós que argumentaram que o caso para invadir o Iraque era fundamentalmente fraudulento foram alvo de críticas de pessoas que se recusavam a acreditar que o presidente dos EUA faria tal coisa. Quem diria isso agora?
De uma maneira diferente, a crise financeira de 2008 minou qualquer fé que o público tinha de que os governos sabiam como gerenciar economias. O euro como moeda sobreviveu à crise europeia que teve o auge em 2012, levando o desemprego em alguns países a níveis da Grande Depressão, mas a confiança nos eurocratas —e a crença em um futuro europeu brilhante— não resistiu.
Não são apenas os governos que perderam a confiança da população. É surpreendente olhar para trás e ver como os bancos eram vistos de forma muito mais favorável antes da crise financeira.
E não faz muito tempo que bilionários da tecnologia eram amplamente admirados em todo o espectro político, alguns alcançando status de heróis populares. Mas agora eles e alguns de seus produtos enfrentam desilusão e pior; a Austrália até proibiu o uso de redes sociais por crianças menores de 16 anos.
O que me traz de volta ao meu ponto de que algumas das pessoas mais ressentidas na América agora parecem ser bilionários irritados.
Já vimos isso antes. Após a crise financeira de 2008, que foi amplamente (e corretamente) atribuída em parte às manobras financeiras, você poderia esperar que os antigos "Mestres do Universo" mostrassem um pouco de contrição, talvez até gratidão por terem sido resgatados. O que recebemos em vez disso foi a "raiva de Obama", fúria contra o 44º presidente dos EUA por até mesmo sugerir que Wall Street poderia ter sido parcialmente culpada pelo desastre.
Hoje em dia, há muita discussão sobre a guinada à direita de alguns bilionários da tecnologia, de Elon Musk para baixo. Eu argumentaria que não devemos pensar demais nisso, e especialmente não devemos tentar dizer que isso é de alguma forma culpa dos liberais politicamente corretos.
Basicamente, resume-se à mesquinhez dos plutocratas que costumavam se deleitar com a aprovação pública e agora estão descobrindo que todo o dinheiro do mundo não pode comprar amor.
Então, há uma saída para o lugar sombrio em que estamos? Eu acredito que, embora o ressentimento possa colocar pessoas ruins no poder, a longo prazo ele não pode mantê-las lá. Em algum momento, o público perceberá que a maioria dos políticos que criticam as elites na verdade pertencem a essa elite em todos os sentidos que importam e começará a responsabilizá-las por seu fracasso em cumprir suas promessas. E nesse ponto, o público pode estar disposto a ouvir pessoas que não tentam argumentar a partir da autoridade, não fazem promessas falsas, mas tentam dizer a verdade da melhor forma possível.
Talvez nunca recuperemos esse tipo de fé em nossos líderes —a crença de que as pessoas no poder geralmente dizem a verdade e sabem o que estão fazendo— que costumávamos ter. Nem deveríamos. Mas se enfrentarmos a kakistocracia —governo pelos piores— que está emergindo enquanto falamos, podemos eventualmente encontrar nosso caminho de volta para um mundo melhor.
EDITORIAL
Taxa Selic - Economia forte, real frágil, exterior: por que especialistas esperam novas altas dos juros
Copom deve acelerar o ritmo da alta de juros hoje/ Senado vota hoje 1º projeto de regulamentação da reforma tributária// Governo publica regras para liberar emendas e destravar pacote fiscal
Juros, novo BC e crise política - Míriam Leitão - O Globo - Conflito entre o Supremo e Congresso sobre as emendas trava votações importantes em uma semana já tensa com a alta maior dos juros
Esta última reunião do Copom do ano e da gestão de Roberto Campos Neto é a mais importante em muito tempo. O Banco Central deve acelerar de novo a alta dos juros. Um grande número de bancos e consultorias projetam uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic, para 12%, com algumas apostas chegando a 1 ponto percentual. O clima de país em crise se espalhou entre operadores e dirigentes de instituições financeiras. Desde a última reunião, o dólar subiu de R$ 5,67 para R$ 6,08 e a inflação no acumulado de 12 meses ultrapassou o teto da meta. Com o IPCA a ser divulgado hoje, deve chegar a 4,8%, mesmo número da mediana das previsões do Focus para o ano.
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Economia vai bem ou mal? por Juremir Machado da Silva - 10 dez 24
Há perplexidade no ar. A inflação está sob controle. O desemprego está no nível mais baixo, quase de pleno emprego. O PIB está dando saltos, passando dos 3% no ano. Então, por óbvio, tudo vai bem? Não parece. O mercado está pessimista. Em certo momento do governo de Jair Bolsonaro, quando o PIB não deslanchava, o mercado estava otimista. O que está errado? Segundo o mercado, definido por Eduardo Moreira como “os mais ricos da sociedade”, as contas do governo federal. Lula e os seus estariam gastando demais. Onde cortar? Para o mercado, em qualquer lugar, inclusive nas áreas sociais, menos, claro, no pagamento dos juros da dívida pública.
O mercado se acha não ideológico, totalmente pragmático. O pragmatismo é a sua ideologia. Não lhe interessa saber em quem dói o corte de gastos, desde que não doa nos seus ganhos e interesses. Será que as queixas são uma manifestação de inveja pelos bons números do governo Lula? Não estariam os jornais soltando fogos de artifício e manchetes se fosse um governo de direita? O portal G1, em 4 de dezembro de 2024, publicou um título categórico: “Brasil atinge menor nível de pobreza e extrema pobreza da série histórica do IBGE”. Explicou: “Pesquisa mostra que 8,7 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza no país entre 2022 e 2023 — situação que ainda atinge 59 milhões de brasileiros. No mesmo período, 3,1 milhões deixaram a extrema pobreza, condição que ainda afeta 9,5 milhões”.
Então o Brasil vai bem? Melhorou muito? O jornal conservador Estadão encontrou lugar para usar a tradicional conjunção adversativa: “Pobreza cai no País, mas 59 milhões vivem com menos de R$ 22 por dia”. O “mas” é usado sempre que não se quer elogiar demais, como quem diz, vamos dar o exato e a verdade profunda. Faz sentido. A questão, porém, é outra: melhorou ou não? Melhorou muito ou só um pouquinho? Vale rojão ou não? Recapitulando: inflação controlada, PIB subindo, desemprego baixando, pobreza caindo, nível de consumo dos mais vulneráveis também subindo. Melhorou ou não? A crer no tal mercado, não. Seria só uma ilusão. Para melhorar o governo precisa gastar menos, a taxa Selic cair muito e os ganhos dos mais ricos ficarem mais volumosos. Exagero? Distorço? Vejamos.
Três ideias não emplacam junto ao mercado nem com banda de jazz: revisar as isenções fiscais dadas pelo governo, que beneficiam grandes empresas com redução de impostos; taxar grandes fortunas; e isentar de imposto de renda os que ganham até R$ mil. Essas medidas trariam mais justiça social, ajudariam a recompor as contas do governo e aliviariam a classe média baixa de uma mordida injusta do leão. Fica valendo aquela máxima: pobre paga mais imposto do que rico. Fica-se sabendo que o mercado quer reformas desde que elas não o afetem nem reduzam suas belas tetas.
O que o Brasil mais precisa neste momento? Botar generais golpistas na cadeia, assim como seu mentor, e libertar o orçamento federal do sequestro promovido pelo parlamento. As tais emendas são pura enganação. Emendas secretas, com dinheiro público distribuído sem transparência, é só malandragem de político astuto para se dar bem sem deixar rastros incômodos. O Brasil melhorou. Pode melhorar mais. Deu um passo importante.
EDITORAL
10 DEZEMBRO: DIA DOS DIREITOS HUMANOS
DIGNIDADE do Homem como fundamento da Doutrina dos Direitos Humanos.
Oração à dignidade dos homens = Introdução às Conclusões filosóficas, cabalísticas e teológicas em 900 teses compostas por Giovanni Pico della Mirandola, aos seus 26 anos, para serem debatidas publicamente com intelectuais de toda Europa ante a Cúria romana. Florença, 1486 d.C.- Discurso sobre a Dignidade do homem - Pico della Mirandola - Livre arbítrio - YouTube
PICO DELLA MIRANDOLA
O Islã se espalhava rapidamente; no Oriente, da Arábia através do Egito e do Levante até os portões de Constantinopla, no Ocidente, através da África e Espanha até Tours. A segurança da Igreja estava ameaçada, ridicularizando sua pretensão de domínio universal, fisicamente pela tomada da Terra Santa, e metafisicamente pela introdução de idéias revigorantes no próprio coração da Cristandade. Os grandes filósofos árabes preservaram e ensinaram parcelas da tradição Platônica; os cientistas desenvolveram a astronomia, alquimia e astrologia; o esoterismo Judeu floresceu debaixo da proteção do Corão e da influência da teosofia Sufi; a expansão política Islâmica até a Índia renovou o interesse na matemática e importou os numerais hindus para o Ocidente, provendo um sistema de notação adequado para a investigação matemática avançada.
Dissensões dentro da Igreja, incluindo o deslocamento da corte papal para Avignon em 1309, e a eleição simultânea de dois 'Sumos Pontífices' quando de seu regresso a Roma em 1377, enfraqueceram a credibilidade de qualquer reivindicação de autoridade universal. Vozes corajosas como a de John Wycliffe (1320-1384) questionaram os dogmas supersticiosos - o perdão dos pecados, o poder de excumunhão e a transubstanciação - e pavimentaram o caminho para uma reconsideração racional do conceito sobre o homem, a natureza e a deidade.
A Segunda Onda encontrou sua expressão mais rica na jóia da Renascença italiana, Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494), filho mais moço do Conde de la Mirandola e Concordia. Ele estudou nas universidades de Bolonha, Ferrara, Pádua e Paris, dominando o italiano, latim, grego, árabe, aramaico e hebreu. A reverência de Pico pela 'prisca theologia', a antiga sabedoria, atraiu-o à Academia Platônica de Florença, estabelecida por Marsilio Ficino, sob a égide e apoio de Cosimo dei Medici. Sua consciência da universalidade da verdade levou-o a rejeitar tendências humanistas tais como a ênfase no estilo oratório dentro do pensamento filosófico e a dependência exclusivamente da Grécia antiga para inspiração. Pico estudou Zoroastro e Moisés, Orfeu e Pitágoras, a teologia Cristã, a filosofia Islâmica e a Qabbalah Hebraica. Ficino traduziu Platão para o latim e Pico estudou suas obras avidamente. Quando agentes dos Medici trouxeram os escritos Herméticos para Florença, Pico incitou Ficino a traduzí-los, argumentando que eles conteriam a raiz da sabedoria e a síntese entre filosofia, ciência e religião. O próprio Pico pessoalmente trouxe a Qabbalah para o coração da Renascença.
Em 1486, com a idade de 23 anos, Pico publicou novecentas teses que seriam debatidas livremente pelos eruditos e teólogos por toda a Europa. Sete foram condenadas por Roma como heréticas, e seis outras como 'dúbias' Incluídas entre as heresias estavam as proposições de que (1) Orígenes, o condiscípulo Cristão de Plotino sob Amônio Sacas e líder da Escola Catequética de Alexandria, tendo sido excomungado por ensinar a reencarnação, deveria ser imaginado estando no céu, antes que no inferno, e (2), que a ciência da magia e da Qabbalah provam a divindade de Cristo. Ele preparou um pronunciamento aberto, 'Oratio de Hominis Dignitate' (Sobre a Dignidade do Homem), mas abandonou o projeto em face à censura papal.
A 'Oratio' de Pico tocou a nota-chave do ciclo do século XV. Ensinando que só a dialética poderia harmonizar as filosofias díspares, sintetizar ciência e religião, e desvelar o cerne de todos os sistemas, ele introduziu na Renascença o conceito de liberdade de escolha.
Na 'Oratio', Pico faz o 'mestre-construtor' dizer a Adão, o homem arquetípico:
"Eu te coloquei no centro do mundo... Nem celeste nem terrestre, nem mortal nem imortal Nós te fizemos. Tu, como um juiz indicado por ser honrado, és o modelador e fazedor de ti mesmo, podes esculpir a ti mesmo na forma que preferires. Podes descer até as naturezas inferiores que são brutas. Podes ainda ascender a partir do entendimento da alma até as mais elevadas naturezas que são divinas... É dado ao homem obter aquilo que escolhe e ser o que deseja".
Este era, dizia Pico, parte do significado por trás da simbolização do homem através de Prometeu, nos mistérios atenienses. A liberdade não negava um universo regido pela lei, mas antes depende dele. As sementes de todo tipo de vida e ser no cosmo também são inatos no homem. Se se permite crescerem as sementes da sensação, o homem se torna um bruto; se germinam as sementes racionais, ele se torna um animal celeste; mas se florescem as sementes do intelecto intuitivo, o homem se torna angélico. "E se ele não se contenta com o quinhão de uma criatura qualquer, mas o incorpora a si mesmo, à sua própria unidade, então, tornado um só espírito com Deus e estabelecido na treva solitária", o homem se torna Kutastha, "acima de todas as coisas", e "à frente de todas as coisas". Pois, "como Asaf o profeta diz: 'Sois deuses, e filhos do Altíssimo' ", e "podemos ser o que queremos".
Pico fundiu a metafísica e a ética enraizando a liberdade, a dignidade essencial do homem, na estrutura do cosmo. O método de realizar esta possibilidade divina era a meditação que acende os fogos da discriminação, da inteligência intuitiva e da compaixão - a Tríade Superior. Quem ativar estes três fogos em si, restringindo os afetos através da ciência moral, descartando as névoas da razão através da dialética e purificando a alma, se torna um serafim, um amante que "está em Deus, e mais, Deus está nele, e Deus e ele são um só".
Sabendo muito bem que não ousaria falar abertamente desta vasta concepção da deidade, ele usava a palavra 'Deus' para se referir à Treva Absoluta que está além da luz da consciência finita e também do tríplice Logos e do mestre-construtor do cosmo. O olho casual só vê as muitas referências a Deus, mas a mente intuitiva reconhecerá muitos tipos de deuses na 'Oratio'. A despeito da busca papal por heresia, este ensinamento passou impercebido por aqueles que buscavam evitar a ressurgência do pensamento.
A liberdade humana é devida ao fato de que o homem contém todos os deuses dentro de sua forma encarnada, e também tem o poder "de obter o que escolher e ser o que deseja". Na vontade, o homem é mais parecido ao impulso criativo por trás e dentro da manifestação, pois ela não tem qualidades e nenhum lugar na constituição humana. O homem não é "nem celeste nem terrestre, nem mortal nem imortal", mas se torna assim através da consciência.
A meditação e a magia são as chaves para a autotransformação. Temos uma natureza dupla que nos atrai para cima para o reinos divinos e homogêneos do ser, e também nos puxa para as esferas mais baixas e indiferenciadas de luta. "Governado pela disputa e pela discórdia como um louco, e banido para longe dos deuses, o homem é precipitado na profundeza". Mas a filosofia moral, o amor pela sabedoria dentro de um contexto de um desprendido cumprimento do dever, trará a paz. Só então podemos começar a subir a escada de Jacó "estendida desde a baixeza da terra até as alturas do céu, e dividida pela sucessão de muitos degraus". Pois "quem pode tocar a escada do Senhor com pés sujos ou mãos impuras? Como os mistérios dizem, é sacrilégio para o impuro tocar no que é puro". Mas uma vez feito, podemos cultivar um amor universal por todos os seres, e se tivermos sucesso, "subitamente incandesceremos como chamas à semelhança do serafim". Manas despertará plenamente e se unirá a Buddhi, o princípio da discriminação espiritual que, como um "trono, permanece na perenidade do julgamento". O "querubim brilha com a radiância da inteligência" e Manas Taijasi se manifesta no indivíduo.
"Se encontramos um contemplador puro, desligado do corpo, banido para os recessos mais íntimos da mente, ele não é nem terreno, nem um animal celeste; mais esplêndido, ele é uma divindade vestida de carne humana".
"Com a paz concedida pela dialética, que transcende tanto a retórica como o debate lógico, e que permite aos princípios inferiores do homem travar amizade com a Tríade Superior através de Manas, a meditação é possível.
"Quando alcançamos isso através da atuação da arte da razão, então animado por um espírito de querubim, filosofando ao longo das escarpas da escada da Natureza, e penetrando em tudo de centro para centro, em dado tempo estaremos descendo, despedaçando, como Osíris, o uno no muitos através de uma força titânica; e em outro tempo estaremos subindo e reunindo o muitos no uno, como os membros de Osíris, através de uma força Apolínea, até que o contemplador obtém a amizade que é a alma única, a amizade através da qual todas as mentes não meramente concordam em um só intelecto mas de uma forma inexprimível se tornam absolutamente unificadas".
A filosofia natural, que leva à magia, é transmitida primeiro através do estudo e depois, quando o homem todo está purificado e preparado, através da iniciação.
"Deixe que os que estão ainda impuros e necessitados de conhecimento moral vivam com as pessoas fora do tabernáculo a céu aberto, e deixe-os enquanto isso purificarem-se como os sacerdotes tessalonicences. Que aqueles que já colocaram suas vidas em ordem sejam recebidos no santuário".
Pico ensinava que a demonologia da Idade Média constituía uma degradação do Santo dos Santos e uma fascinação por potências inferiores, uma magia que levava à feitiçaria. Mas existe ainda uma magia natural mais elevada baseada na 'Sympatheion', as harmonias simpáticas ou ressonantes que ligam os espíritos da terra, as imagens celestiais e as potências verdadeiramente espirituais. Os objetos materiais não têm poder em si mesmos, embora contenham figuras astrais e akáshicas e símbolos que são potentes. Estas matrizes invisíveis podem ser levadas a um alinhamento e sintonia com a luz divina que se irradia delas difusamente, mas podem brilhar em seu esplendor pristino focalizado através do coração do Mago. "Assim o Mago casa a terra com o céu, isto é, as forças das coisas inferiores com os dons e propriedades das coisas sobrenaturais". A magia natural, usada pelo feiticeiro, é purificada e transformada passando-se para além do reino astral, até o 'plenum' supracelestial. O processo requer, além de uma perfeição moral e espiritual e vontade, um profundo conhecimento sobre as cores, números e sons como potências e relações criativas. Através deste conhecimento e prática, o homem se torna pessoalmente invulnerável no mundo e imortal na consciência, um Adepto-Mago, e quando é escalada toda a escada do ser, se torna um Mahatma, um homem divino. Daí que o mágico superior "Não faz tanto milagres, mas serve cuidadosamente a Natureza que os faz".
Devem ser cumpridos três 'Preceitos Délficos', se a pessoa há de entrar no "augusto templo da verdade, não do Apolo inventado, que ilumina toda alma que vem a este mundo". O primeiro é nada em demasia, pois o princípio da moderação em todas as coisas harmoniza a mente e o corpo de quem aspira ao conhecimento espiritual. O segundo é conhecer a si mesmo, pois a obediência "nos desperta e incita em direção ao conhecimento de toda a Natureza, da qual a natureza humana é o meio e como se fosse a união". O terceiro é Tu és, que "devemos endereçar ao verdadeiro Apolo", o Atma que paira acima de todo o ser.
Pico escreveu uma longa 'Apologia' onde defendeu suas concepções, mas foi forçado a fugir de Roma sob ameaça de perseguição pelo Papa Inocêncio VIII. Embora preso na França por Carlos VIII a pedido dos enviados papais, Pico voltou a Florença sob a proteção pessoal de Lorenzo dei Medici, e passou os últimos poucos anos de sua vida escrevendo e disseminando os ensinamentos que formam o fulcro da Renascença.
Tomando a doutrina de Orígenes, de que a escritura tem três chaves de interpretação - literal, alegórica e celestial ou oculta - Pico escreveu o 'Heptaplus', um relato da história da criação do Gênesis, sob forma de um entendimento sétuplo da evolução e da Natureza, desde os reinos elementais até os reinos supramundanos.
Em 1491 Pico renunciou ao seu título e fortuna e revelou que desejava se tornar um asceta errante e professor, assim que sua obra literária fosse completada. Ele foi completamente exonerado de qualquer acusação pelo Papa Alexandre VI, que era ele mesmo profundamente interessado em magia, mas antes que pudesse abraçar a vida de andarilho, sucumbiu de uma febre. Morreu em 17 de novembro de 1494, no dia em que Carlos VIII entrou em Florença após a expulsão de Piero dei Medici.
O espírito de sua obra deixou uma marca permanente na mente da raça, e ele mereceu, em seu sentido mais oculto, a simples denominação que deu a si mesmo: Explorador.
Embora suas obras jamais tenham sido totalmente traduzidas para a linguagem moderna, sua posição central no rensacimento do Ocidente é clara. Nas palavras de Frances Yates,
"A profunda significância de Pico della Mirandola na história da humanidade dificilmente pode ser superestimada. Ele foi o primeiro que audaciosamente formulou uma nova posição para o homem europeu, o homem como um Mago usando tanto a Magia como a Cabala para atuar sobre o mundo, para controlar seu destino através da ciência.
Editorial
Vencedores e perdedores na Síria - por MK BHADRAKUMAR
Vencedores e perdedores na Síria - Indian Punchline
Irã e Rússia são os dois grandes perdedores na deposição do presidente sírio Bashar al-Assad no domingo pelos grupos islâmicos sunitas afiliados à Al-Qaeda. Assad fugiu na hora certa após dar ordens para que houvesse uma transferência pacífica do poder. A probabilidade é que ele esteja na Rússia. De qualquer forma, uma reversão da tomada de poder islâmica na Síria está fora de questão.
As oligarquias árabes da região do Golfo estão cheias de trepidação sobre o surgimento de uma variante do islamismo político que pode potencialmente representar um desafio existencial. Sem surpresa, elas gravitaram em direção ao Irã, que veem como um fator de estabilidade regional, retribuindo o apelo de Teerã aos estados regionais para se unirem para afastar o desafio dos grupos “Takfiri” (codinome para a Al-Qaeda e o Estado Islâmico na narrativa iraniana).
Israel e Turquia são os maiores vencedores, tendo estabelecido ligações com os grupos da Al-Qaeda. Ambos estão bem posicionados para projetar poder na Síria e esculpir suas respectivas esferas de influência no território sírio. A Turquia exigiu que a Síria pertença somente ao povo sírio — um chamado mal disfarçado para férias da presença militar estrangeira (russa, americana e iraniana).
Da mesma forma, o governo Biden pode ficar satisfeito com o fato de que a presença militar russa não permanecerá descontrolada e que uma situação insustentável de perda dramática de influência cerca as bases militares de Moscou na província síria ocidental de Latakia.
Não há dúvida de que o governo "lame duck" em Washington terá prazer indireto no fato de que a presidência de Donald Trump terá que lidar com a instabilidade e as incertezas prolongadas no Oeste da Ásia, uma região rica em petróleo que gera o petrodólar, que é a base do sistema bancário ocidental — o dólar americano, em particular — e que é crucial para o eixo "América em Primeiro Lugar" das políticas externas do novo governo.
Para ter certeza, espreitando abaixo da superfície do quadro geral, há várias subtramas, algumas das quais pelo menos são de disposição contrária. Primeiro de tudo, os apelos renovados que são ouvidos em conjunto do grupo de Astana (Moscou, Teerã e Ancara) e as capitais regionais para o diálogo intra-sírio levando a um acordo negociado têm um toque de irrealidade decorrente do medo primitivo sobre a manifestação de uma variante extremista do islamismo político que a região nunca havia experimentado antes em sua história. Certamente, o clima internacional atual praticamente descarta quaisquer perspectivas de "diálogo" em um futuro previsível. Pelo contrário, toda a região provavelmente será convulsionada pelos tremores da Síria.
Os EUA devem estar satisfeitos com a mudança de regime em Damasco e darão continuidade aos esforços buscando o fechamento das bases russas na Síria. Eles declararam sua intenção de continuar com a ocupação da Síria, o que é importante se quiserem remodelar a região para atender seus interesses geopolíticos.
Segundo, a Turquia tem interesses especiais na Síria em relação ao problema curdo. O enfraquecimento do estado sírio, especialmente o aparato de segurança entrante em Damasco, fornece à Turquia, pela primeira vez, liberdade nas províncias da fronteira norte, onde grupos separatistas curdos estão operando. A presença militar e de inteligência turca na Síria se expandirá aos trancos e barrancos.
Basta dizer que a ocupação turca do território sírio pode assumir um caráter permanente e até mesmo uma quase anexação das regiões está dentro dos reinos da possibilidade. Não se engane, o Tratado de Lausanne (1923), que a Turquia considera uma humilhação nacional, acabou de expirar e chegou a hora do acerto de contas para reivindicar a glória otomana. A atual liderança turca está comprometida com a geoestratégia do neo-otomanismo.
Com toda a probabilidade, portanto, o que está em jogo é a soberania e a integridade territorial da Síria e a desintegração do país como um estado. Foi relatado que tanques israelenses cruzaram a fronteira para o sul da Síria. Sem dúvida, Israel pretende tomar muito mais do que território sírio além das Colinas de Golã. O sonho do Grande Israel deu um passo gigante em direção à realização. Em seguida, vem o Líbano, que Israel não pode deixar de aspirar a controlar se quiser ser a potência regional dominante no Levante e um influenciador na política do Mediterrâneo Oriental. De acordo com a mídia israelense, Tel Aviv tem contatos diretos com os grupos islâmicos que operam no sul da Síria. Não é segredo que esses grupos estavam sendo orientados pelo exército israelense por mais de uma década.
Assim, na melhor das hipóteses, espera-se uma Síria truncada, um estado remanescente, com a continuação da interferência externa em larga escala e, no pior cenário, o revanchismo turco e a agressão israelense juntos — mais a ocupação americana do leste da Síria e uma fraca autoridade central em Damasco — o país em sua forma atual, fundado em 1946, pode desaparecer completamente do mapa da Ásia Ocidental.
Na verdade, os estados do Golfo e o Egito têm motivos para se preocupar com uma Primavera Árabe 2.0 — oligarquias sendo derrubadas e substituídas por grupos islâmicos militantes locais refletindo a vontade do povo. Seu nível de conforto com Teerã se aprofundou perceptivelmente. Mas, é claro, os EUA vão combater essa tendência regional que, de outra forma, isolaria Israel na região.
A Rússia tem uma mentalidade notoriamente pragmática e uma declaração do Ministério das Relações Exteriores no domingo sugeriu fortemente que Moscou já está elaborando um plano B para reforçar sua presença militar na Síria no curto prazo, pelo menos. Curiosamente, a declaração destacou que Moscou está em contato com todos os grupos de oposição sírios. A declaração evitou escrupulosamente usar a palavra "terrorista", que as autoridades russas vinham usando livremente em sua retórica estridente para caracterizar os grupos sírios que tomaram Damasco. Moscou tem motivos para temer a ressonância do islamismo político como uma ideologia sedutora em suas repúblicas muçulmanas inquietas do Cáucaso do Norte.
A embaixada russa em Damasco não corre perigo algum. É inteiramente concebível que a inteligência russa, que é tradicionalmente muito ativa na Síria — por razões óbvias — já tenha começado a sensibilizar Moscou sobre uma transição de poder em Damasco estar nos planos e mantido contatos com os grupos islâmicos de oposição, apesar da retórica pública estridente.
Em comparação, o Irã sofre um sério revés do qual é difícil se recuperar em breve, pois a ascensão dos grupos sunitas extremistas que subscrevem a ideologia da Al-Qaeda levará a um novo cálculo de poder na Síria, que é visceralmente hostil a Teerã. A evacuação de diplomatas seguida pela invasão da embaixada iraniana em Damasco fala por si. De fato, Israel não poupará esforços para garantir que a influência iraniana seja exorcizada da Síria.
O cerne da questão é que a influência regional do Irã diminui significativamente à medida que os grupos de resistência (que são em grande parte xiitas) ficam sem rumo e desiludidos. Isso não só funciona em benefício de Israel, mas também desencadeia uma mudança profunda no equilíbrio de forças regionalmente, o que terá ressonância para os conflitos atuais no Grande Oriente Médio como um todo em uma perspectiva de longo prazo — Gaza, Líbano e até mesmo tão longe quanto a Ásia Central e o Sul da Ásia. O ponto principal é que o gênio da Al-Qaeda saiu da garrafa, finalmente, e não há como parar sua agenda pan-islâmica.
A parte surpreendente é que o Irã falhou em prever a reviravolta dos eventos. Incrivelmente, na sexta-feira, o conselheiro do líder supremo Ali Larijani realmente visitou Damasco e se encontrou com Assad para reiterar o apoio total de Teerã para deter a onda de forças islâmicas que já estava se aproximando dos portões da cidade.
Editorial
Dia do Trabalho Voluntário
Quando pensamos na ação voluntária, associamos imediatamente à ideia de alguém numa situação superior que vai ao encontro daquele que está numa situação vulnerável, ao carente, ao necessitado de ajuda. E é normal que pensemos assim. Pessoas que estão livres de um problema emergente ou estrutural, ajudando os que se encontram em situação difícil.
Ocorre que o ato do voluntariado é algo bem mais profundo e sensível.
Estendermos as mãos ao próximo é um ato moral que exige primeiro coragem, ou seja, disposição em se comprometer, em doar seu tempo ou seu talento, correr riscos, sem pedir nada em troca. Segundo: demonstração de solidariedade humana na defesa da vida, do meio ambiente, dos animais, do curso das atividades e interações humanas em qualquer lugar.
O brasileiro é muito solidário em situações extremas de catástrofe ambiental ou similiar. Todo mundo sai de seu conforto e se dispõe, até por alguns dias, à cooperação com autoridades da defesa civil e outros órgãos de assistência social a flagelados. Mas não está acostumado a se associar a alguma entidade de prestação de serviços voluntários permanentes, diferentemente, por exemplo, dos Estados Unidos, onde o trabalho voluntário se inclui nos currículos dos candidatos à Presidência da República. Em outros países, como no Chile, o serviço de bombeiros é voluntário, prévio treinamento dos colaboradores e associado aos profissionais do ramo. Isso dá um caráter de compromisso social diante de tragédias como incêndios e terremotos.
A data de hoje pode ser um estímulo ao voluntariado em nossa cidade. Clubes de Serviço como Rotary e Lions estão sempre com suas portas abertas para o ingresso de colaboradores. No campo ambiental a ONDA VERDE também faz diversas campanhas nas quais pede a colaboração de voluntários. A COI, junto ao prédio do Lions é outra organização aberta ao voluntariado e que presta inestimáveis serviços à população mais carente. Nossa Cultural FM é também uma organização não lucrativa, de caráter comunitário, sempre aberta à colaboração de voluntários.
Aproveite esta data e procure dar sua colaboração voluntária.
Como dizia o Presidente Kennedy: “Não se pergunte o que o Estado pode fazer por você mas o que Você pode fazer pelo Estado”. E aqui acrescentaríamos: Pelo Estado e pela Sociedade. Colabore!
Anexo
Dia Internacional do Voluntário
https://www.portalsaofrancisco.com.br/…/dia-internacional-d…
Quando pensamos na ação voluntária, associamos imediatamente à ideia de alguém numa situação superior que vai de encontro ao inferior, ao carente, ao necessitado de ajuda. E é normal que pensemos assim.
No episódio das torres gêmeas, em Nova Iorque, por exemplo, assistimos muitas pessoas auxiliando os bombeiros a tentar achar sobreviventes entre os destroços e mesmo a limpar a área atingida.
Uma imagem que nos faz pensar no que foi dito acima: pessoas que estão livres do problema em questão ajudando os que se encontram em situação difícil.
Mas acontece que o ato do voluntariado é algo bem mais profundo e sensível.
Estendermos as mãos ao próximo, ao semelhante, é um ato que exige primeiro coragem, ou seja, disposição em se comprometer, em doar seu tempo ou seu talento, segundo generosidade, que também pode ser entendida como real solidariedade, aquela que não espera nada em troca, e terceiro que enfrentemos nossa própria fraqueza.
E estar diante da própria fraqueza é admitir que, ao ajudar, queremos nos sentir melhores, curar nossas próprias feridas, superar nossas próprias limitações.
***
Dia Internacional do Voluntário
05 de Dezembro
Desde 1985, a Organizações das Nações Unidas instituiu o dia 5 de dezembro como Dia Internacional do Voluntário.
O objetivo da ONU é fazer com que, ao redor do mundo, sejam promovidas ações de voluntariado em todas as esferas da sociedade.
No Brasil, já existem diversas iniciativas em favor do desenvolvimento de práticas de voluntariado.
É fundamental que cada voluntário saiba que, como ele, há milhões de pessoas no mundo dando a sua própria contribuição para o alcance das metas traçadas pelas Nações Unidas.
***
Dia Internacional do Voluntário
O Voluntariado
Segundo definição das Nações Unidas, “o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos…”
Em recente estudo realizado na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, definiu-se o voluntário como ator social e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade; doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional.
Quando nos referimos ao voluntário contemporâneo, engajado, participante e consciente, diferenciamos também o seu grau de comprometimento: ações mais permanentes, que implicam em maiores compromissos, requerem um determinado tipo de voluntário, e podem levá-lo inclusive a uma “profissionalização voluntária”; existem também ações pontuais, esporádicas, que mobilizam outro perfil de indivíduos.
Ao analisar os motivos que mobilizam em direção ao trabalho voluntário descobrem-se, entre outros, dois componentes fundamentais: o de cunho pessoal, a doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática, e o social, a tomada de consciência dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa.
Altruísmo e solidariedade são valores morais socialmente constituídos vistos como virtude do indivíduo. Do ponto de vista religioso acredita-se que a prática do bem salva a alma; numa perspectiva social e política, pressupõe-se que a prática de tais valores zelará pela manutenção da ordem social e pelo progresso do homem.
A caridade (forte herança cultural e religiosa), reforçada pelo ideal, as crenças, os sistemas de valores, e o compromisso com determinadas causas são componentes vitais do engajamento.
Não se deve esquecer, contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento interior do próprio indivíduo.
Como ser um bom voluntário
A maioria das entidades beneficentes no Brasil ainda são muito pequenas, e não têm programas de voluntariado.
Qualquer pessoa pode ser voluntária, independente do grau de escolaridade ou idade, o importante é ter boa vontade e responsabilidade.
Neste site existem mais de 4.850 entidades cadastradas, pesquise uma perto da sua casa ou trabalho, veja se a área de atuação da entidade está de acordo com a sua intenção de trabalho, e depois da escolha marque um dia para conhece-la pessoalmente.
Se não der certo com a primeira entidade, não desista, tem muita gente precisando da sua ajuda. Tente outra vez.
E se tudo der certo, ótimo! Sinta como a entidade funciona, e do que ela necessita, talvez você tenha que pesquisar um pouquinho e sugerir uma tarefa.
Por exemplo, pintar a entidade por fora ou por dentro, cadastrar doadores no computador, ajudar a organizar um evento ou fazer uma festa. A iniciativa é sua.
Seja humilde. O fato de você estar ajudando os outros não significa que você será paparicado e que seu trabalho não possa ser criticado.
O trabalho voluntário exige o mesmo grau de profissionalismo que em uma empresa, se não maior.
Existem regras a seguir, por mais meritória a causa, e não desanime se nem todos vibrarem e baterem palmas pelo seu trabalho.
Por que ser um voluntário?
A grande maioria dos voluntários no Brasil querem:
1. Ajudar a resolver parte dos problemas sociais do Brasil.
2. Sentir-se útil e valorizado.
3. Fazer algo diferente no dia a dia.
4. 54% dos jovens no Brasil querem ser voluntários, mas não sabem como começar.
Agora não tem desculpa. Pesquise as entidades perto de você e seja um voluntário.
Voluntários vivem mais e com maior saúde!
Allan Luks, em The Healing Power Of Doing Good, descobriu que pessoas que ajudam os outros têm consistentemente melhor saúde. Oito em dez dos entrevistados afirmaram que os benefícios para a saúde retornavam quando eles se lembravam da ação feita em anos anteriores.
Estudo da Universidade de Michigan constatou que homens que faziam menos trabalhos voluntários eram significantemente mais propensos a morrer.
Fonte: www.voluntarios.com.br
Dia Internacional do Voluntário
05 de Dezembro
Em 1985, a Assembleia Geral das Nações Unidas escolheu o dia 5 de dezembro como a data oficial para a celebração do trabalho voluntário.
Desde então, centenas de países aderiram à data para celebrar o esforço voluntário e suas conquistas.
Nesta data, em todos os cantos do planeta, em vilarejos e metrópoles, igrejas e associações de bairros, em escolas particulares e públicas, em praças e teatros, milhões de pessoas, instituições e organizações, empresas, governos estão desenvolvendo ações e eventos para homenagear os voluntários, que trabalham pela paz e pela melhoria da qualidade no planeta.
Há quatro anos o Brasil une-se oficialmente à celebração mundial do voluntariado. Como tem feito desde a sua criação, todo 5 de Dezembro o Programa Voluntários faz questão de enaltecer todos aqueles que dedicam parte de seu tempo, trabalho e talento para colaborar com a melhoria do lugar em que vivem.
É impressionante o aumento do reconhecimento do valor da ação voluntária. E, a cada ano, os Centros de Voluntários intensificam a programação para essas celebrações. São atividades as mais variadas possíveis, nos mais diversos lugares. As opções são tantas quantas forem as possibilidades de ações voluntárias que pudermos imaginar. Basta usar a criatividade
Alguns exemplos de ações que são realizadas no dia 5, no Brasil e no Mundo.
Atividades em parques públicos e escolas e hospitais, reuniões de confraternização entre voluntários e entidades, concertos, shows de música, espetáculos de teatro, exibição de filmes e lançamento de livros, exposições de fotos e publicações e mostras de iniciativas cidadãs
Fonte: CEDI Câmara dos Deputados
Dia Internacional do Voluntário
05 de Dezembro
A importância do trabalho de cada voluntário.
Nos bairros e comunidades, nos grupos de auto-ajuda e nos clubes, nas igrejas, nas associações culturais e esportivas, nas instituições sociais e nas empresas, um número imenso de pessoas ajudam umas às outras e ajudam a quem está em situação mais difícil.
Ao doarem sua energia e sua generosidade, os voluntários estão respondendo a um impulso humano básico: o desejo de ajudar, de colaborar, de compartilhar alegrias, de aliviar sofrimentos, de melhorar a qualidade da vida em comum. Compaixão e solidariedade, altruísmo e responsabilidade são sentimentos profundamente humanos e são também virtudes cívicas.
Ao nos preocuparmos com a sorte dos outros, ao nos mobilizarmos por causas de interesse social e comunitário, estabelecemos laços de solidariedade e confiança mútua que nos protegem em tempos de crise, que tornam a sociedade mais unida e fazem de cada um de nós um ser humano melhor.
Pelos benefícios que traz para o próprio voluntário, para as pessoas com quem o voluntário se relaciona, para a comunidade e a sociedade como um todo, é que o voluntariado merece ser valorizado, apoiado, divulgado e fortalecido.
Fonte: arquivo.portaldovoluntario.org.br
Dia Internacional do Voluntário
05 de Dezembro
A comemoração acontece em todo o mundo e visa homenagear aqueles que doam parte do seu tempo livre para a promoção do bem-estar de outras pessoas
Disponibilizar-se a ser solidário(a) com alguém ou alguma causa é motivo para comemoração.
Por isso, o mundo todo está aplaudindo as pessoas que dedicam parte do seu tempo livre para trabalhos voluntários, no dia 5 de dezembro: Dia Internacional do Voluntário.
Ser voluntário é dedicar, além de seu tempo, também seu talento para a solução de problemas enfrentados por uma pessoa, uma instituição ou, ainda, por uma causa, sem que receba qualquer tipo de remuneração por seus serviços.
O trabalho voluntário, ao mesmo tempo, é uma via de mão dupla, pois além de contribuir, o voluntário também ganha muito, como respeito, reconhecimento, conhecimentos, novos amigos, etc.
Na atualidade, o trabalho voluntário precisa estar qualificado e cada vez mais preparado, de modo a se adequar às diretrizes de cada instituição que se pretende ajudar, devendo estar, obrigatoriamente, integrado à equipe de trabalho da instituição e à sua missão.
“Ser solidário(a) faz bem a você também”
Fonte: www.grupoirmascheilla.com.br
Dia Internacional do Voluntário
O dia 05 de dezembro é o Dia Internacional dos Voluntários.
Data para homenagear todas as pessoas que por amor ao próximo, dedicam seu trabalho sem pedir nada em troca.
Lei do Voluntário
A Lei do Voluntariado, instituída em 18 de fevereiro de 1998, por decreto do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, considera como serviço voluntário toda a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.
Fonte: www.iproweb.procempa.com.br
Escolha um tema para o DIV
Considere maneiras de relacionar o DIV com um problema local como a fome, a falta de atendimento médico, agressões ao meio ambiente, desastres naturais ou outras causas humanitárias. Depois de determinar um foco único com os coordenadores, desenvolva um slogan que estimule contribuições voluntárias e mobilize a população para o tema. Tenha sempre em mente que, quanto mais as pessoas se identificarem com o assunto, mais motivadas ficarão em participar.
Produza materiais promocionais
Você pode obter gráficos e informações sobre o DIV no site www.iyv.org e utilizá-los para criar posters, panfletos e calendários de atividades. Pode promover um concurso local, voltado para crianças, pedindo que bolem um cartaz sobre o que elas entendem como voluntariado ou o que esperam do DIV. Nesse caso, o cartaz vencedor será utilizado como símbolo da campanha. Esses materiais criados podem ser distribuídos em locais públicos, como bibliotecas, centros comunitários, escolas e universidades, ONGs e prédios governamentais. Procure também empresas que permitam que a divulgação seja feita entre seus funcionários.
Desenvolva uma estratégia de mídia
Crie ferramentas de mídia e planeje uma estratégia de distribuição.Busque intensificar a cobertura publicitária na semana anterior ao DIV e guarde seus melhores materiais para o dia 5 de dezembro. Estabeleça boas relações com a imprensa oferecendo-lhes sempre novas notas, artigos e fotos das atividades voluntárias que estão sendo realizadas e programadas. Deixe os jornalistas cientes de todo o planejamento para o dia 5 de dezembro. Busque o apoio de algum artista ou atleta, para que ele ajude a divulgar seus planos. Convide-o para falar sobre a importância do voluntariado. Se você conseguir alguém famoso que já tenha antecedentes de trabalho voluntário, será perfeito. Se não, tudo bem, sempre há tempo de começar.
Outras idéias de atividades que podem ser feitas no dia 5 de dezembro e que já foram sucesso em diversas cidades do mundo em anos anteriores
Voluntariado individual
Organize oportunidades para profissionais dividirem seus conhecimentos e experiências.
Realize workshops e palestras sobre temas diversos e importantes para a população.
Organize campanhas sociais sobre tópicos significativos, como prevenção ao uso de drogas, combate à AIDS, à violência, ao trabalho infantil,etcMonte um grupo e vá de casa em casa explicando aos moradores como tratar a água, aproveitar melhor os alimentos, prevenir doenças, etc
Promova apoio aos doentes através de visitas aos hospitais, campanhas de doação de medicamentos, doação de sangue, programas de vacinação, mutirões para examinar gratuitamente pessoas carentes, etc
Visite crianças em orfanatos, distribua refeições, promova um dia especial para meninos carentes com passeios e brincadeiras, colete e distribua roupas usadas e alimentos não-perecíveis,etc
Estabeleça uma linha direta para pessoas aflitas, que precisam desabafar, e lhes dê conselhos e apoio.
Voluntariado no meio ambiente
Organize mutirões para promover o reflorestamento de áreas devastadas.
Coordene eventos onde as pessoas transformem terrenos baldios em hortas comunitárias ou parques públicos.
Convide ambientalistas, agrônomos e agricultores para darem palestras sobre como cultivar hortas saudáveis e a importância de se cuidar bem da terra.
Limpe praias, rios, parques, reservas naturais, praças públicas e pode as árvores de sua cidade.
Voluntariado em comunidades ou empresas
Promova uma campanha de doação de tempo, onde os interessados destinem horas de serviço voluntário para projetos específicos.
Limpe escolas, centros comunitários, hospitais, igrejas, lugares históricos,etc.
Ajude a restaurar ou construir instituições para órfãos, menores abandonados, moradores de rua, deficientes carentes, etc.
Promova uma campanha para montar uma biblioteca, igreja, escola, posto de saúde, centro poliesportivo ou algum outro prédio que venha a ser útil para a sua comunidade.
Estimule e ajude empresas interessadas em montar um programa de voluntariado corporativo.
Fonte: almanaquedobem.com
Editorial
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
04 de dezembro de 2016 . Morte do Poeta Ferreira
Gular, membro da Academia Brasileira de Letras.
Ferreira Gullar é poeta, crítico de arte, tradutor, memorialista e
ensaísta brasileiro. Sua poesia engajada é indispensável para a
compreensão da moderna literatura brasileira.
Publicado por: Luana Castro Alves Perez em Escritores brasileiros
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/li…/ferreira-gullar.htm
Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, é um dos
nomes mais representativos da moderna literatura brasileira. Sua
extensa e diversificada produção literária e teórica fez do escritor um
dos mais importantes poetas e críticos de arte brasileiros da
atualidade. Nasceu no dia 10 de setembro de 1930 e foi no ano de
1940, em São Luís, Maranhão (sua terra natal), que teve início sua
carreira poética, cujo sucesso o conduziria a uma das cadeiras da
Academia Brasileira de Letras em 2014.
O primeiro livro de poesias, Um pouco acima do chão, foi publicado
em 1949 quando o poeta tinha apenas dezenove anos. Nessa fase,
Gullar, em período de formação, mostrou-se influenciado pelas
estéticas simbolistas e parnasianas. Posteriormente, no início da
década de 1950, escreveu os poemas de A luta corporal, livro no qual
é possível notar certa semelhança com a poesia dos poetas paulistas
que, em 1956, lançaram o Concretismo. Explorando propriedades
gráficas e vocais das palavras, rompendo com a ortografia e com as
convenções da lírica tradicional, Ferreira Gullar integrou de maneira
circunstancial o movimento concretista, do qual se afastou por causa
de discordâncias em relação às suas propostas teóricas. Abandonou
as experiências de vanguarda e engajou-se na política por meio do
Centro Popular de Cultura (CPC), grupo de intelectuais de esquerda
criado em 1961, no Rio de Janeiro, cujo objetivo era defender o
caráter coletivo e didático da obra de arte, bem como o engajamento
político do artista.
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira
Nessa mesma década, 1960, a poesia de Ferreira Gullar já mostrou
um estado de alta tensão psíquica e ideológica: seus textos,
independentemente dos temas abordados, são participantes, isto é,
engajados, evidenciando a preocupação do poeta com as mazelas
sociais e, sobretudo, a preocupação em contribuir para a
transformação da sociedade brasileira. Por sua intensa participação
política, foi perseguido pela Ditadura Militar e, no exílio em Buenos
Aires, escreveu Poema sujo, considerado uma obra-prima da literatura
brasileira. Gravado em uma fita cassete, o poema foi trazido para o
Brasil pelo amigo, o também poeta Vinícius de Moraes, e no ano de
1976 foi, finalmente, publicado.
Curiosamente, o reconhecimento da importância de sua obra
aconteceu apenas na década de 1990, período em que foi agraciado
com diversos prêmios e homenagens, entre os quais o Prêmio Jabuti
(o mais importante prêmio literário do Brasil), o Prêmio Machado de
Assis (oferecido pela Academia Brasileira de Letras) e o Prêmio
Camões (concedido pelos governos do Brasil e de Portugal a autores
que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário
e cultural da língua portuguesa), além de uma indicação ao Prêmio
Nobel de Literatura no ano de 2002. Paralelamente à produção
poética, Ferreira Gullar construiu uma sólida obra teórica e crítica no
campo das artes visuais, na qual reviu antigas posições
(principalmente em relação ao uso da poesia como instrumento de
conscientização social) e tratou de questões referentes à arte
contemporânea produzida no Brasil e em outros países.
O ADVENTO
O "advento" é o período de quatro semanas que antecede o Natal , iniciando-se, na tradição católica, no primeiro domingo deste interregno por missas anunciadoras deste tempo, em todos os cantos do mundo. Trata-se de um período de reflexão e espera, na expectativa da “Boa Nova” trazida pelo Natal. É um momento para que nos preparemos para a reunificação das famílias, dos homens de boa vontade e de todos os povos do mundo, sem rancores , sem preconceitos, sem outro sentimento que aquele ocupado pelo Amor. Sim, porque a grande ceia da noite de Natal não é senão um artifício para a celebração da concórdia entre todos nós. É a confirmação do Amor, que estará naquela Ceia, no momento da reunião familiar, quando centenas e até milhares de quilômetros foram tragados por ansiosos passos em direção a este encontro. -“Para onde voltamos sempre? Para casa” , se perguntava e respondia o filósofo Novallis. Pois é em casa, no amplexo familiar, que renovamos as energias afetivas para enfrentar as adversidades de um ano novo que já se anuncia. Um ritual, mas que contribui para pontualizar a monotonia do tempo e das coisas . É em casa, enfim, que a dor dói menos e a alegria é mais alegre.
O "advento" foi celebrado na Idade Média com belos cantos gregorianos, os quais que induzem à meditação e ao mistério- http://www.youtube.com/v/lfwuZaf6WXw&fs=1&source=uds&autoplay=1 . Esses belos cânticos, aliás, podem ser ouvidos na Radio Mec - www.radiomec.com.br - durante os domingos, pela manhã no mês de dezembro. E aqui fica a conclamação para que todas as Rádios, comerciais, culturais e comunitárias, façam o mesmo.
Aproveitemos, pois, o Advento, para pensar um pouco no mundo - ocidental - em que vivemos, pluri-cultural, multi-étnico, democrático, embora essencialmente cristão -, como síntese da razão helênica cevada na antiga Grécia e a fé de um homem simples que peregrinou pela Galileia e deixou, indelével, sua mensagem.
Hoje vivemos um momento difícil de nossa História. A razão e a liberdade, que pareciam sustentar a construção de um homem capaz de construir seu próprio destino, transformaram-se no seu oposto. As esperanças de um mundo melhor parecem soterradas na multiplicação sem par da miséria, na destruição do Planeta, na disseminação do vício e da depressão.
Há cem anos era outro o estado de espírito da humanidade. Havia um grande otimismo entre cientistas, políticos e artistas que faziam da capital do mundo, Paris, com sua elegante Torre Eiffel, recém construída, com suas grandes feiras industriais, com suas avenidas coalhadas de poetas e pintores, uma verdadeira consagração do mundo novo. Acreditava-se, piamente, que o Reino da Necessidade, do obscurantismo, das perseguições, estaria superado em pouco tempo.
Hoje, esse otimismo cedeu lugar à duvida, em alguns casos ao pessimismo, nos mais agudos, ao desespero. E o pior, parece que todos rumamos para esse desespero. Fomos “descontruídos” pela filosofia, pela política, pela arte, pela realidade de um mundo marcado por duas grande querras que liquidaram praticamente 100 milhões de pessoas no século passado. O sonho do progresso e de paz num planeta outrora verde transformou-se no pesadelo do holocausto nuclear. Esta decomposição pode ser vista, como já dizia o filósofo Cornelius Castoriadis, em 1993 (A Encruzilhada do Labirinto) “sobretudo, no desaparecimento das significações,no desaparecimento quase completo dos valores. E este desaparecimento é, a termo, ameaçador para a sobrevivência do próprio sistema”.
O que aconteceu...?
Não é fácil responder à esta indagação. Ela move e comove pessoas do todos os matizes religiosos e ideológicos.
Uma das principais contradições da civilização ocidental talvez seja sua obstinação em reduzir todas as suas conquistas ao Mercado, e do Mercado ao dinheiro. Numa sociedade na qual se vale pelo que se tem, onde o enriquecimento é a medida dos valores sociais e na qual o lucro se converte no objetivo último da atividade econômica, a razão se instrumentaliza a serviço dessa causa. Sobra, na margem, um pequeno espaço para a caridade cristã, para a a ação de obstinadas ONGs, quando não contaminadas por interesses espúrios de políticos inescrupulosos, para a proliferação de clubes de serviços sociais e outros afins. Mas o que é realmente levado a sério é lucratividade dos setores ditos produtivos, cujo vigor acabará determinando o nível de emprego e salário, o quantum de arrecadação de impostos e o volume do comércio em nível global. Essa razão instrumentalizada para o sacrossanto lucro empresarial é levada às últimas conseqüências e , na verdade, acaba se transformando no seu contrário: a des-razão. O que é a especulação financeira em giros meteóricos, sob o influxo da telemática e que devora países inteiros pela crise, senão uma verdadeira paranóia? Como sustentar valores morais, que estão no cerne da condição humana, como um ser capaz de pensar e erigir-se socialmente sob o império da Lei, quando um “valor mais levanta” e impõe sobre todos os demais a sua própria lei, que é a da supremacia do ter sobre o ser?
O que fizemos da liberdade conquistada, do progresso conquistado, da razão domada? Onde pusemos o ensinamento platônico de que primeiro deveríamos velar pelas virtudes, depois pela razão? Nada...
E assim, de sujeitos capazes, dotados de razão, liberdade e progresso, na rota do projeto iluminista ocidental da autonomia humana, fomos, nos degradando.
Aproveitemos, pois, o Advento, o Natal e esse momento de trégua para uma reflexão sobre nosso destino, hoje ameaçado pela iminência de um holocausto nuclear. Há tempo para tudo. Agora é hora de pensar. E pensar com coragem. Com o sentimento de que seremos imortais por esse pensar e agir. E não apenas só por orações.
* Coluna originalmente escrita por Paulo Timm em dezembro de 2009 e é adaptada, apenas, a cada ano subseqüente.
Audodepoimento – Paulo Timm
Honra-me a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, por iniciativa do Vereador Adeli Sell –PT-, hoje, com a concessão do título de CIDADÃO HONORÁRIO da Cidade. Recebo com orgulho e humildade a distinção, lembrando que por lá iniciei meu Projeto de Autonomia e afirmação pessoal, aos dez anos, em 1955, deixando, gradativamente, para trás a matriz que me havia trazido ao mundo no Rio de Janeiro, em 1944 - sob a égide do medo e da esperança como irmãos gêmeos-, e me entregado as primeiras impressões do mundo em Santa Maria, terra de meus pais. Lá tive os primeiros afetos, as primeiras letras, os primeiros verões insuportáveis numa pequena travessa, Angostura, marcada pela presença de uma sinagoga, a cadeia lateral, na rua ao lado, de onde ouviao famoso assassino do crime da mala, preso, o Ramão, atá pouco tempo antes namorado da vizinha, que me clamava pelo nome – Paulinho!!! - , um abacateiro que nunca deu fruto e maravilhosas festas de São João. Já sentia o apelo pela vivência associativa. Virei “lobinho”, primeira etapa do escotismo, da Tropa Roque Gonzalez, o que me provocou um dos grandes sustos da infância: Getúlio morrera no 24 de agosto de 54 e eu quase levo a culpa. Saíra, vestido a rigor no uniforme, com lanço vermelho ao pescoço e quase fui linchado pela turba de ferroviários getulistas enfurecidos que subiam a Avenida Rio Brancoi, confundindo-me com “maragato”. Getúlio era chimango. E , neste tempo estas rusgas regionais ainda sobreviviam.
Mas fui para Porto Alegre e aí iniciei um longo processo que hoje se completa com esta distinção como Cidadão portoalegrense. Me impressionaram na chegada a forma diferente de falar, o SULACAP, o Guaíba e o viaduto Borges de Medeiros. Aliás, foi ali sobre o viaduto que o conheci, um dia, ao andar pela Duque com minha mãe. Ela o aponta e me indica: Aquele ali o Borges de Medeiros. Um velho, no passeio matinal que por ali sempre costumava fazer. Desde então, por la passava, muitas vezes, e o olhava curioso. Ainda não sabia realmente que ele fora...Hoje sou orgulhoso de tê-lo conhecido, ainda que de vista...
Mas romper as matrizes ancestrais, não é um processo fácil. Foi um longo período de 65 anos, até agora, em que, gradualmente fui me livrando do que fora feito, em busca de uma determinação em fazer-me. Primeiro, a passagem da meninice no Alto da Bronze, para o jovem adulto. Uma figura me marcou passagem: Fulvio Petracco. Ele, mais velho, estudante de engenharia nos “enquadrou” , a todos nós, guris irresponsáveis. que passávamos as tardes aprontando à toa na esquina da Duque com a Bento Martins. Fê-lo nos organizando num grupo escoteiro de memoráveis experiências. Dali, em 1958 fui para o Julinho e vim a saber quem fora JULIO DE CASTILHOS, hoje meu ídolo político. Um novo salto. O processo de mudança do velho para o novo vem sempre com vivências e acontecimentos. O Julinho foi um ACONTECIMENTO numa época em que o país fervilhava nos Anos Douradois.
A matriz, entretanto, ainda me conduzia e acabei, por influência do pai militar na Escola de Cadetes. Foi um período duro, numa Escola de formação militar rígida, mas que me deixou a segunda impressão política que, pouco mais tarde me levaria a uma primeira ruptura: Politica. Conto isso num artigo que escrevi para o SUL 21 em 2011, aos 50 anos da Legalidade. Estava eu ainda mergulhado nos devaneios de juventude quando fomos, naquele fatídico agosto de 61, colhidos pela renúncia do Janio. O desfile militar, previsto para o dia 25 fora suspenso e estávamos “em forma”, aguardando liberação para o feriado quando fomos advertidos da gravidade da situação nacional. Naquele noite mesmo, a Escola EPPA encheu-se de oficiais detidos. Não entendíamos bem o porquê. Era o resultado das tensões que acompanhavam a conjuntura nacional, até que nosso comandante, um tal Coronel João de Deus nos comunicou que estávamos sob o comando do III Exército, acompanhando o Governador Brizola na sua luta pelo cumprimento da Constituição que determinava a posse do Vice, João Goulart. Lá fomos nós para o regime interno de prontidão. Em seguida nos deslocaram para guarda num canhão antiaéreo postado junto ao Arco da Redenção. Guardo uma foto. Mas o mais interessante aconteceria alguns dias depois, quando a situação começava a se normalizar nacionalmente e fomos dispensados, aqueles que moravam em PORTO ALEGRE, a ir em casa, mas sem tirar o uniforme de instrução: cinturão, capacete, burziguins etc. Lá fui eu, assim vestido, pegar o bonde Gasômetro, na Venâncio Aires. Não demorou, subi e nem ia sentar-me, pois o bonde estava bem cheio embora não lotado. E foi só eu colocar minha cara na entrada e o bonde irrompeu em palmas. Olhei em volta. Eram para mim. Um jovem soldado brasileiro a serviço do interesse pública, em defesa da Constituição. Experiência impagável. Guardo com emoção até hoje. Mas não entendia nada de Política. Só de reuniões dançantes....
Não durei muito na vida militar. Saí para conhecer o Brasil e passei um bom tempo viajando a e trabalhando: Rio, Paraná e Santa Catarina.. Conheci o interior destes Estados ainda em estado pioneiro. Começava a entender o BRASIL
Voltei para PORTO ALEGRE e acabei passando pela minha segunda mudança: Já adulto, morando aqui na Demétrio, me reunia com velhos e novos amigos de Santa Maria, todos altamente “politizados”, dentre ela o Joqa, da Física , e o Fábio Marenco. Anos mais tarde o Nilson, lá em ROSA DO MAR, SC, me explicaria onde tudo aconteceu: na sua casa, onde o pai, ferroviário, guardava preciosos livros “subversivos”.... Em pouco tempo e sob o impacto da ditadura, deixei pra trás mais outros elementos da minha matriz familiar. Era, agora a prefiguração da sua antítese: C O M U N I S T A. E ali começaram meus estudos sobre BRASIL e Humanas que levariam a entrar no Curso de Ciencias Sociais, junto com Economia, que já frequentava, participando ativamente do movimento estudantil da época. Vi-me, aliá, neste papel, há alguns anos numa crônica da Cidade dos anos 60, do Sergius Gonzaga. Retrata-me ele como uma espécie de comissário do povo mas ainda com sólidos ransos pequeno=burgueses. Flagrara-me ele, certa vez, indo ao alfaite, um tal Silvio, na Galeria do Rosário. Decepção total. Hoje me justifico, só em parte, porque é verdade que era muito “social”, pelo fato de que desde os 15 anos sempre mandava fazer roupas em alfaite. Sempre fui muito miúdo e não encontrava roupas do meu tamanho, a não ser no Wolens Infantil, que me constrangia. Vá o feito! Tive outra vivência que acabou me abrindo não só os olhos, mas o futuro. Começava a ver além do horizonte. E já não bastava o Partidão, mas fazia-se necessária a ruptura patrocinada pela Dissidência comandada pelo Pilla Vares, Marco Aurelio Garcia e Flavio Koutzii, que acabaria desembocando na criação do PARTIDO OPERÁRIO COMUNISTA , o POC, em 1968, onde juntou-se o que havia de melhor na militância na época. Mas já estava eu me formando em Economia e tive a grata oportunidade, sempre como resultado da vivência no universo da esquerda, de ir trabalhar na PLANISUL, onde pontificava o Prof. Accurso. Dali recolhi, não só o estimulo profissional mas a oportunidade que me ofereceram de fazer o pós graduação que me levou ao Chile, também “invenção” do Accurso. Mais um salto. Casei com a colega Maria Benetti, que logo me daria o filho Luciano e fomos para o Chile. Outra vivência notável. Lá, como experiência acadêmica, começava a ver o Brasil de fora. Me impressionva como os colegas de outros países nos viam, sempre indagando: - Como Vs. Puderam fazer tudo isso? Eu , na verdade , não via muito. Afogado pela consciência cr´tica negava tudo. Mas vale registrar uma experiência que me marcou e sempre conto aqui pro Paiva e outros economistas. Eu , por gentileza e graça do PAULO RENATO SOUZA, era o “ayudante”, espécie de monitor, do José Serra, na FLACSO, acompanhando-o nas aulas. Não ganhava muito, mas ajudava. Não tinha ainda bolsa de estudos e procurava me virar: sempre dando aula. Pois bem , um dia o SERRA me deu um artigo recém escrito para ler: Era o Mas allá del estancanmientto”, que representava, junto com a emergência do “possibilismo”, aberto pela divulgação de Gramsci no Brasil, uma reviravolta na dialética ECONOMIA X POLITICA que havia nos movido desde 64. Ou seja, podíamos pensar um projeto não revolucionário para o Brasil.
Pronto! Começava, na minha vida outro horizonte. Não meais a antítese da matriz telúrica e conservadora, mas a construção de uma visão própria de mundo. Já havia pressentido este processo quando, preparando-me para fazer o Mestrado na Sociologia da USP, graças a um amigo que lá o cursava, o ENIO SILVEIRA, que me apresentara ao então professor LUIZ PEREIRA, este me exigira compreender melhor Marx, Durkheim e Weber, cuindo de distinguir suas respectivas visões quanto á Filosofia da História, Papel do Estado e ação política, além de ma mandar além, PASMEM ! Raymond Aron. Fi-lo, sem entender bem, mas já ao final dos anos 1972, sob forte crise do Governo Allende, tudo começava a fazer sentido. Um novo sentido.
Foi aí que tive que voltar ao Brasil, com uma ruptura tembém na vida pessoal e uma nova relação com uma chilena, Maria Elena, que me daria a filha Flávia. Lé no Chile, entretanto, deixei minha casa na esperança de voltar, pois chegara a uma situação financeira deplorável.
Em Brasilia, nova vida, novo mundo, o peso de viver sob OS ANOS DE CHUMBO. Fui para o IPEA, a convite de velhos companheiros ligados à Maria da Conceição, que for minha mestra na ESCOLATINA e para a Universidade de Brasilia, aos 29 anos, como Professor colaborador , a convite de Edmar Bacha. Neste remota época , havia poucos no Brasil com nível de Mestrado, menos ainda doutorado. Fui privilegiado. E lá consegui me realizar profissionalmente como economista, inaugurando os estudos sobre ECONOMIA BRASILIENSE e definição da ESCALA REGIONAL da cidade, tal com previra Lucio Costa. Escrevi dois livros sobre a experiência, que começou pelo artigo SETE TESES EQUIVOCADAS SOBRE BRASILIA, a primeira delas dizendo que não havia planejanto algum na cidade, além do rabisco póético do Lucio Costa e que era indispensável um PLANO DE OCUPAÇÃO TERRITORIAL DO D.F., o que consegui, graçs ao apoio do então coordenador de Política Metropolitana , Jorge Francisconi. Hoje DF acomoda mais de 3 milhões de pssoas graças a este Plano., sem prejuízo da preservação do Plano Piloto, considerado Patrimônia da Humanidade pela UNESCO.
Tendo passado pelo salto ideológico em POA, pelo salto acadêmico no Chile e pelo salto profissional em Brasilia, faltava-me, entretanto um salto definitivo para a Política, vocação sempre latente, muitas vezes recusada pela prudência. Lá pelos anos 1975, me incorporei ao projeto do PARTIDO SOCIALISTA comandado por FHC e Almino Afonso. Com eles estiva muitas vezes e cheguei a receber os Estatutos / Programa para discussão. Lamentavelmente, já ao final de 77 FHC desistia do Projeto e se associava á tese da UNIDADE DAS OPOSIÇÕES, aceitando uma candidatura em sublegente para o Senado de S.Paulo. Por força do destino, no outro ano eu estava em Paris, tomando um vinho no LA CUPOLLE, com Jaime Rodrigues, aqui presente, Trajano Ribeiro e Miguel Bodea, vigorosa estudioso do trabalhismo no Brasil, quando estes dois me convidam para buscar o Doutor Brizola, que lá estava chegando e que vinha à Europa discutir a recriação do PTB. Não exultei muito com o convite. Nunca tive maio aproximação com Brizola e nutria , como fruto da vivencia comunista, muitos senões frente a ele. Mas, à instâncias , lá me fui. Brizola passou uns dias em Paris, conversando com muitos brasileiros e eu, honestamente, me impressionei com sua desenvoltura, ideias arejadas e francamente socializantes. Acedi ao seu apelo e voltei ao Brasil com várias diretrizes deles quanto a contatos prometendo voltar para o já almejado ENCONTRO DOS TRABALHISTAS que se realizaria, como de fato ocorreu, em Lisboa, em 1979. Lá, então, tive minha primeira lição com o Doutor Brizola. Ao procurar dizer a ele que , lamentavelmente, de todos os contatos feitos no Brasil, nenhum acedera a ir ao Encontro para a reconstrução do PTB, pessoal de S.Paulo estava pensando num Projeto com Lula e sindicalistas, comunistas eram contra a criação de outros partidos e “autênticos” do MDB eram galvanizados pela retórica da UNIDADE DAS OPOSIÇÕES, sentenciei_ : - Parece que a esquerda, Comandante, não entrará para nosso Projeto. Brizola, simplesmente , respondeu-me: - A esquerda somos nós, Timm”. E me deu as costas. Mas sem ressentimentos. Em seu retorno ao Brasil muitas vezes me convidou para assessorá-lo, no que declinei por razões familiares. Minha mulher e filhas não queriam sair de Brasilia. Logo depois, me mandou para Goiás fazer o PDT. La fiquei de 1980 a 82 e me descobriria, na verdade, mais tarde, mais poeta do que político. Reli GRANDE SERTÕES, VEREADAS, de Guimarães Rosa, e, à luz da convivência com o falar e sentir goiano do interior, o fiz meu livro de cabeceira. Como candidato a Governador, a pedido do Brizola, para efeitos de regularização do Partido e de sua candidatura no Rio, não fiz 1% dos votos, capitaneados, então polo popular IRIS REZENDE, mas iniciei-me, por inspiração de outro grande amigo, NEWTON ROSSI, no duro oficio de fazer Poemas. Ainda tenho por l pegadas e neste ano, inclusive, lá estive de novo com outro poeta JOAQUIM MONCKS semeando Casas de Poetas.
A verdade, porém, é que naquelas alturas eu já fazia meu caminho de volta para o Rio Grande. Origem e Destino. ´Nos últimos 20 anos, acompanhado pela minha jovem companheira Solange Fernandes, que me abriu também horizontes ultramarinos. Temos casa em Portugal. A filiação ao trabalhismo me deu não só um novo norte, mas um novo objeto de estudos, até ali pouco desenvolvidos. Comecei, a partir das ideias do Miguel Bodea a estudar melhor a questão da formação e funções do trabalhismo no Rio Grande do Sul e BRASIL. Faço isso desde 1980 e fui descobrindo, aqui, o sentido das lições que aprendera no Velho Verdão (Manual de Marxismo Leninismo da Academia de Ciências da URSS) , quando dava aulas a nossa turma sobre DIALÉTICA e me chamava a atenção o ponto em que la se destacava a importância da ESPECIFICIDADE DO OBJETO, ou seja, onde estamos, como somos. Aí fui redescobrindo o sentido do que o BRIZOLA falava como FIO DA HISTÓRIA. Não apenas do trabalhismo nocauteado pelo golpe de 64, mas sua raízes no republicanismo rio-grandense, na constituição desta que foi a última das colonizações, mas que teve o caráter de POVOAMENTO, lutando pela posse da terra. “Esta terra tem dono”. A linha de sucessão, enfim, era JULIO DE CASTILHOS, BORGES, VARGAS e BRIZOLA. Jango no meio, uma figura importante mas sempre de caráter mais nacional do que regional.
Valeram-me muito nesta fase os estudo do L.ROBERTO TARGA, que junto com outros pesquisadores como Giovanni Medeiros, Ondina Fachel Leal e Claudio Kniering me têm ajudar a compor o tecido da historia da formação da sociedade rio-grandense. Destes estudo, minhas espichadas para compreender melhor o papel de algumas instituições no Estado, como a BRIGADA MILITAR, motivações culturais, como o regionalismo, e sobretudo a cidade de PORTO ALEGRE, sobre a qual me debruço ainda em estudo s e pesquisas tentando comprendê-la no seu papel ao longo da nossa história. Hoje a tenho como um MODELO DE CIDADE CÍVICA . lamentavelmente sob um rótulo que a desmerece, concedido pelo Império escravocrata: Mui LEAL E VALOROSA. Ao contrário disso, PORTO ALEGRE é uma cidade transgressora, que se constitui tardiamente como cabeça política, cultural e econômica do Estado, despontando em seus ANOS DOURADOS de 45-70 como um dos mais importantes centros cosmopolitas do Brasil . Neste ETERNO RETORNO, ou como dizia um filósofo – “Para onde voltamos sempre. Para casa”, muito agradeço ao Benedito Tadeu que me “descobriu” numa remota praia do litoral catarinense, o qual me apresentou, em boa hora o Adeli Sell, Patrono desta honrosa distinção que hoje recebo. Muito obrigado!
Coluna Paulo Timm
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Editorial
BRASIL BRILHA NA REUNIÃO DO GRUPO DOS 20 NO RIO
O G20 no Rio foi um sucesso, não só pela presença dos Presidentes da China e Estados Unidos, ao lado de várias outras autoridades representativas dos países membros, mas também pela aprovação da Carta Final do evento, um grande êxito da diplomacia brasileira.
FOTO por Ricardo Stuckert/ PR (em Agência Brasil)
19 de novembro de 2024
Por Paulo Timm
O Grupo dos 20, hoje incorporando 19 países mais a União Europeia e União Africana, foi criado no bojo das tensões econômicas mundiais da última década do século XX com vistas a discutir políticas capazes de avaliar a conjuntura e fornecer novos rumos á governança mundial. Este grupo reúne cerca de 80% do PIB mundial e dois terços da população do globo. Realiza reuniões anuais sob a Presidência rotativa de um dos membros, que sediará a reunião subsequente. Desta vez, sob a Presidência de Lula, reuniu-se no Rio de Janeiro. O presidente brasileiro inovou o evento trazendo para o Encontro um número considerável de organizações e personalidades da Sociedade Civil, os quais elaboraram uma Carta a ser apresentada aos líderes presentes. Com isso, Lula deu ao G20 uma caráter de Fórum Social Mundial, que fez de Porto Alegre uma cidade internacionalmente conhecida.
O G20 no Rio foi um sucesso, não só pela presença dos Presidentes da China e Estados Unidos, ao lado de várias outras autoridades representativas dos países membros, como pela aprovação da Carta Final do evento, um grande êxito da diplomacia brasileira. Temia-se, desde o começo, uma forte obstrução do Presidente Milei, pela primeira vez no Brasil, como uma espécie de emissário informal do presidente eleito dos Estados Unidos, D. Trump. Com efeito, só com grande esforço diplomático o texto final foi, enfim, aprovado por unanimidade, com recomendações de combate á fome, como pedia o Brasil, como . no rumo de um mundo mais justo e sustentável. Aborda, também a situação política e econômica internacional.
A declaração demonstra preocupação com os conflitos e guerras em andamento. Reitera que todos os estados estados devem se abster da ameaça ou uso da força para buscar aquisição territorial. E expressa profunda preocupação com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza e a escalada no Líbano, enfatizando a necessidade urgente de expandir o fluxo de assistência humanitária e reforçar a proteção de civis.
O G20 reitera o compromisso inabalável com a solução de dois Estados: Israel e Palestina vivendo lado a lado em paz. E pede também um cessar fogo em Gaza e no Líbano.
Em relação à guerra na Ucrânia, o documento destaca o sofrimento humano e os impactos para a segurança alimentar e energética global. E saúda todas as iniciativas que apoiam uma paz abrangente.
Sobre desenvolvimento sustentável e transição energética, o G20 reafirma os compromissos para intensificar ações urgentes para enfrentar as crises climáticas com base no Acordo de Paris. E empreender esforços para limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5 graus Celsius.
Em relação à reforma das instituições de governança global, o G20 se compromete a reformar o Conselho de Segurança para alinhá-lo à realidade século 21, tornando-o mais representativo.”
A reunião do G20 no Rio recoloca o Brasil com o lugar que, aliás, tem tido desde sua Independência em 1822, no cenário mundial. Um país que cultiva uma diplomacia extremamente profissional e competente, sempre voltada à solução de conflitos com base em negociações, contemporaneamente multilaterais. Neste sentido, talvez tenhamos recolhido da Pátria Mãe, Portugal, uma de suas virtudes, justamente a abdicação da construção de um império militarizado. Nunca esquecendo que no período imperial éramos parte integrante das casas nobiliárquicas da Europa. Não escapa a nenhum estudioso das relações internacionais a obsessão, tanto da Espanha, como depois, Inglaterra, França, Alemanha e Japão até a II Guerra Mundial, Rússia e Estados Unidos, com o poderio militar. Este tem no mundo mais de 800 bases militares que garantem, inclusive, um papel de polícia do mundo. O Brasil, felizmente, tem se mantido, inclusive, á margem do Projeto Nuclear, na esperança de que todo o nosso continente se esquive desta ilusão.
A recente reunião do G20, enfim, consagra o Brasil como uma país cioso de sua soberania e comprometido com a construção de um desenvolvimento justo e sustentável em todas as nações do mundo.
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
Muito além da princesa Isabel, 6 brasileiros que lutaram pelo fim da escravidão no Brasil
Amanda Rossi e Camilla Costa (@_camillacosta)Da BBXXXXXXXXXXXXXXX Brasil em São Paulo
• 13 maio 2018 - https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44091469?fbclid=IwAR15lMZe55YmVf2nvExY2yeLMJ0EkMmZ-JeEUpc9JRbjs20Amva36_jN9ew Compartilhar
O fim da escravidão no Brasil completa 130 anos em 13 de maio deste ano. Em 1888, a princesa Isabel, filha do imperador do Brasil Pedro 2º, assinou a Lei Áurea, decretando a abolição - sem nenhuma medida de compensação ou apoio aos ex-escravos.
A decisão veio após mais de três séculos de escravidão, que resultaram em 4,9 milhões de africanos traficados para o Brasil, sendo que mais de 600 mil morreram no caminho.
Especial 130 anos da abolição: A luta esquecida dos negros pelo fim da escravidão
Abolição da escravidão em 1888 foi votada pela elite evitando a reforma agrária, diz historiador
Mas a abolição no Brasil está longe de ter sido uma benevolência da monarquia. Na verdade, foi resultado de diversos fatores, entre eles, o crescimento do movimento abolicionista na década de 1880, cuja força não podia mais ser contida.
Entre as formas de resistência, estavam grandes embates parlamentares, manifestações artísticas, até revoltas e fugas massivas de escravos, que a polícia e o Exército não conseguiam - e, a partir de certo ponto, não queriam - reprimir. Em 1884, quatro anos antes do Brasil, os Estados do Ceará e do Amazonas acabaram com a escravidão, dando ainda mais força para o movimento.
A disputa continuou no pós-libertação, para que novas políticas fossem criadas destinando terras e indenizações aos ex-escravos - o que nunca ocorreu.
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Conheça abaixo as histórias de seis brasileiros protagonistas na luta pelo fim da escravidão:
Luís Gama, o ex-escravo que se tornou advogado
Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceu em 1830, em Salvador, filho de mãe africana livre e pai branco de origem portuguesa. Quando o menino tinha quatro anos, sua mãe, Luísa, teria participado revolta dos Malês, na Bahia, pelo fim da escravidão.
Uma reviravolta ocorreu quando Gama tinha dez anos: ficou sob cuidados de um amigo do pai, que o vendeu como escravo. O menino "embarcou livre em Salvador e desembarcou escravo no Rio de Janeiro", escreve a socióloga Angela Alonso no livro Flores, Votos e Balas, sobre o movimento abolicionista. Depois, foi levado para São Paulo, onde trabalhou como escravo doméstico. "Aprendi a copeiro, sapateiro, a lavar e a engomar roupa e a costurar", escreveu o baiano.
Aos 17 anos, Gama aprendeu a ler e escrever com um estudante de direito. E reivindicou sua liberdade ao seu proprietário, afinal, nascera livre, livre era.
Em São Paulo, Gama se tornou rábula (advogado autodidata, sem diploma) e criou uma nova forma de ativismo abolicionista: entrava com ações na Justiça para libertar escravos. Calcula-se que tenha ajudado a conseguir a liberdade de cerca de 500 pessoas.
Gama usava diversos argumentos para obter a alforria. O principal deles era que os africanos trazidos ao Brasil depois de 1831 tinham sido escravizados ilegalmente. Isso porque naquele ano foi assinado um tratado de proibição do tráfico de escravos. Mais de 700 mil pessoas tinham entrado no país nessas condições. Apenas em 1850 o tráfico de escravos foi abolido definitivamente.
"As vozes dos abolicionistas têm posto em relevo um fato altamente criminoso e assaz defendido pelas nossas indignas autoridades. A maior parte dos escravos africanos (...) foram importados depois da lei proibitiva do tráfico promulgada em 1831", disse Gama na época.
Como escravos entravam na Justiça e faziam poupança para lutar pela liberdade
O advogado ainda entrou com diversos pedidos de habeas corpus para soltar escravos que estavam presos, acusados, sobretudo, de fuga. Ainda trabalhou em ações de liberdade, quando o escravo fazia um pedido judicial para comprar sua própria alforria - o que passou a ser permitido em 1871, em um dos artigos da Lei do Ventre Livre.
Luís Gama morreu em 1882, sem ver a abolição. Seu funeral, em São Paulo, foi seguido por uma multidão. "Quanto galgara Luís Gama, de ex-escravo a morto ilustre, em cujo funeral todas as classes representavam-se. Comércio de porta fechada, bandeira a meio mastro, de tempos em tempos, um discurso; nas sacadas, debruçavam-se tapeçarias, como nas procissões da Semana Santa", relata Alonso.
Na hora do enterro, alguém gritou pedindo que a multidão jurasse sobre o corpo de Gama que não deixaria morrer a ideia pela qual ele combatera. E juraram todos.
Maria Tomásia Figueira Lima, a aristocrata que lutou para adiantar a abolição no Ceará
Filha de uma família tradicional de Sobral (CE), Maria Tomásia foi para Fortaleza depois de se casar com o abolicionista Francisco de Paula de Oliveira Lima. Na capital, tornou-se uma das principais articuladoras do movimento que levou o Estado a decretar a libertação dos escravos quatro anos antes da Lei Áurea.
Segundo o Dicionário de Mulheres do Brasil, ela foi cofundadora e a primeira presidente da Sociedade das Cearenses Libertadoras que, em 1882, reunia 22 mulheres de famílias influentes para argumentar a favor da abolição.
Ao fim de sua primeira reunião, elas mesmas assinaram 12 cartas de alforria e, em seguida, conseguiram que senhores de engenho assinassem mais 72.
As mulheres conseguiram, inclusive, o apoio financeiro do imperador Pedro 2º para a iniciativa. Juntamente com outras sociedades abolicionistas da época, elas organizaram reuniões abertas com a população, promoviam a libertação de escravos em municípios do interior do Ceará e publicavam textos nos jornais pedindo a abolição em toda a província.
Maria Tomásia estava presente na Assembleia Legislativa no dia 25 de março de 1884, quando foi realizado o ato oficial de libertação dos escravos do Ceará, que deu força à campanha abolicionista no país.
pintura da sessão parlamentar que aboliu a escravidão no Ceará, em 1884, é possível ver diversas mulheres entre os homens
André Rebouças, o engenheiro que queria dar terras aos libertos
André Rebouças nasceu na Bahia, em 1838, em uma família negra, livre, e incluída na sociedade imperial. Quando jovem, estudou engenharia e começou a trabalhar na área. Foi responsável por diversas obras de engenharia importantes no país, como a estrada de ferro que liga Curitiba ao porto de Paranaguá. Conquistou posição social e respeito na corte. A Avenida Rebouças, importante via em São Paulo, é uma homenagem a André e a seu irmão Antonio, também engenheiro.
Em uma das obras de que participou, outro engenheiro pediu que Rebouças libertasse o escravo Chico, que era operário e tinha sido responsável pelos trabalhos hidráulicos. "Foi quando sua atenção recaiu sobre o assunto", escreve Angela Alonso, também em Flores, Votos e Balas. Chico foi, então, libertado.
"Sou abolicionista de coração. Não me acusa a consciência ter deixado uma só ocasião de fazer propaganda para a abolição dos escravos, e espero em Deus não morrer sem ter dado ao meu país as mais exuberantes provas da minha dedicação à santa causa da emancipação", discursou certa vez Rebouças, na presença do imperador Pedro 2º.
Na década de 1870, Rebouças se engajou na campanha pelo fim da escravidão. Participou de diversas sociedades abolicionistas e acabou se tornando um dos principais articuladores do movimento. Um de seus papéis foi fazer lobby - uma ponte entre os abolicionistas da elite e as instituições políticas, para quem executava obras de engenharia.
As ideias de Rebouças incluíam não apenas o fim da escravidão. Ele propunha que os libertos tivessem acesso à terra e a direitos, para serem integrados, não marginalizados. "É preciso dar terra ao negro. A escravidão é um crime. O latifúndio é uma atrocidade. (...) Não há comunismo na minha nacionalização do solo. É pura e simplesmente democracia rural", proclamou Rebouças.
O engenheiro também se opunha ao pagamento de indenização para os senhores de escravos em troca da liberdade - para Rebouças, isso seria uma forma de validar que uma pessoa fosse propriedade da outra.
Apoiador da monarquia e da família real brasileira, Rebouças foi ainda um dos responsáveis pela exaltação da Princesa Isabel como patrona da abolição.
Adelina, a charuteira que atuava como 'espiã'
Filha bastarda e escrava do próprio pai, Adelina passou a vender charutos que ele produzia nas ruas e estabelecimentos comerciais de São Luís (MA). Suas datas de nascimento e morte não são conhecidas. Seu sobrenome, também não.
Como escrava criada na casa grande, Adelina aprendeu a ler e escrever. Trabalhando nas ruas, assistia a discursos de abolicionistas e decidiu se envolver na causa.
Dir VALENTE | BBC BRASILComo não há registros fotográficos de Adelina, a charuteira, ilustração foi baseada em fotografias de escravas minas que viviam no Maranhão na época
De acordo com o Dicionário da Escravidão Negra no Brasil, de Clóvis Moura (Edusp), Adelina enviava à associação Clube dos Mortos - que escondia escravos e promovia sua fuga - informações que conseguia sobre ações policiais e estratégias dos escravistas.
Aos 17 anos, Adelina seria alforriada, segundo a promessa que seu senhor fez a sua mãe. Mas, segundo o Dicionário, isso não aconteceu.
Dragão do Mar, o jangadeiro que se recusou a transportar escravos para os navios
O jangadeiro e prático (condutor de embarcações) Francisco José do Nascimento (1839-1914), um homem pardo conhecido como Dragão do Mar, foi membro do Movimento Abolicionista Cearense, um dos principais da província, a primeira do Brasil a abolir a escravidão.
Em 1881, o Dragão do Mar comandou, em Fortaleza, uma greve de jangadeiros que transportavam os negros e negras escravizados para navios que iriam para outros Estados do Nordeste e para o Sul do Brasil. O movimento conseguiu paralisar o tráfico negreiro por alguns dias.
NDRÉ VALENTE | BBC BRASI José do Nascimento se recusou a transportar escravos das praias de Fortaleza para navios negreiros
Com o comércio de escravizados impedido nas praias do Ceará, Nascimento foi exonerado do cargo, segundo o registro de Clóvis Moura. E se tornou símbolo da batalha pela libertação dos escravos.
Depois da abolição, ele tornou-se Major Ajudante de Ordens do Secretário Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará e morreu como primeiro-tenente honorário da Armada, em 1914.
Maria Firmina dos Reis, a primeira escritora abolicionista
A maranhense Maria Firmina (1825-1917) era negra e livre, "filha bastarda", mas formou-se professora primária e publicou, em 1859, o que é considerado por alguns historiadores o primeiro romance abolicionista do Brasil, Úrsula. O livro conta a história de um triângulo amoroso, mas três dos principais personagens são negros que questionam o sistema escravocrata.
A escritora assinava o livro apenas como "Uma maranhense", um expediente comum entre mulheres da época que se aventuravam no mercado editorial, e só agora começa a ser descoberto pelas universidades, segundo a professora de literatura brasileira da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Constância Lima Duarte.
ANDRÉ VALENTE | BBC BRASRomance de Maria Firmina dos Reis é considerado o primeiro a trazer o ponto de vista de personagens negros no Brasil escravocrata
Maria Firmina também publicava contos, poemas e artigos sobre a escravidão em revistas de denúncia no Maranhão.
De acordo com o Dicionário de Mulheres do Brasil: de 1500 Até a Atualidade (Ed. Zahar), ela criou, aos 55 anos de idade, uma escola gratuita e mista para crianças pobres, na qual lecionava. Maria Firmina morreu aos 92 anos, na casa de uma amiga que havia sido escrava.
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Quer saber mais?
Para entender melhor o assunto, reunimos a seguir uma lista de livros e filmes que aprofundam questões relacionadas à data:
- O Que É Lugar de Fala
Djamila Ribeiro; Ed. Letramento
- Quem Tem Medo do Feminismo Negro
Djamila Ribeiro; Cia das Letras
- Dicionário da Escravidão e Liberdade
Lilia M. Schwarz e Flávio Gomes; Cia das Letras
- A História do Racismo (2007)
Documentário produzido pela emissora britânica BBC - assista na íntegra aqui!
- Negritudes Brasileiras (2018)
Documentário sobre o debate racial brasileiro realizado pela youtuber Nátaly Neri, do canal Afro e Afins - assista na íntegra aqui!
- Raça Humana
Documentário que revela os bastidores das cotas raciais na Unb, vencedor na categoria documentário da 32 Edição do Prêmio Wladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos 2010 – assista na íntegra aqui!
Quem faz o movimento negro no Brasil?
Ritchele Luis Vergara da Fontoura / Publicado em 20 de julho de 2020
https://www.extraclasse.org.br/opiniao/2020/07/quem-faz-o-movimento-negro-no-brasil/
Foto: Igor Sperotto
O mês de julho dá visibilidade a um marco histórico na luta por igualdade racial no Brasil e precisa ser reverenciado e pensado, sobretudo pela e para a negritude brasileira em meio à maior crise sanitária do século. Foi no dia 7 deste mês, em 1978, a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), em um evento nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, na capital paulista.
A pandemia impõe como urgente a discussão sobre o país que queremos – e é imprescindível que a negritude esteja na linha de frente deste debate. É a população negra que está à margem e mais vulnerável, condições impostas pelas persistentes e profundas desigualdades sociais. O país do pós-pandemia não pode ser construído apesar dessas desigualdades, mas a partir delas.
Negras e negros estão pensando a construção de um país mais democrático e inclusivo. Os movimentos negros pautam a libertação a partir da ancestralidade de Zumbi dos Palmares e de Dandara, líderes do principal quilombo da história, o Quilombo dos Palmares, e também a partir de pensadores atuais como o filósofo e jurista Silvio Almeida, a escritora Conceição Evaristo, a filósofa Djamila Ribeiro e a cantora Linn da Quebrada, entre outros. Aqui reside a importância da diversidade nos espaços de poder e de decisão na construção da democracia.
Protestos
Note-se, não é como se os movimentos negros fossem homogêneos e sempre concordassem uns com os outros acerca dos métodos para o enfrentamento do racismo. A exemplo do que ocorreu na década de 1960 nos EUA, em que os líderes Martin Luther King e Malcolm X discordavam na forma de luta, mas eram aliados na causa antirracista, os diversos movimentos negros também.
No Brasil, grandes nomes do movimento hip hop debatem atualmente os rumos da luta antirracista. Após a recente morte do cidadão estadunidense George Floyd provocada por um policial branco nos EUA e os consequentes protestos de grandes proporções no mundo, em plena pandemia, foi importante o debate travado entre rappers nacionais através das redes sociais, entre eles Emicida, Djonga e Mano Brown.
O primeiro defendeu que o melhor neste momento era ficar em casa, devido à crise sanitária e os interesses mórbidos do Governo Federal. Já os outros dois foram efetivamente às ruas com o braço erguido e o punho cerrado ao lado dos demais manifestantes lutar pelo fim do racismo estrutural.
A amplitude dessa discussão demonstra como o movimento negro pode ter diferentes estratégias para a luta política atual, o que é legítimo e de toda a importância para a democracia que queremos.
Resistir, sonhar e agir
Apesar de atualmente, o ódio e a falta de empatia estarem instaurados no poder estatal, encontrando ressonância na sociedade, ainda existe um país diferente, o país de negras e negros como Elza Soares e Gilberto Gil e de aliados históricos como Caetano Veloso, e é esse país que precisa resistir, sonhar e agir.
A data de aniversário do MNU tem esse significado, a (re)existência deste outro Brasil, mesmo em meio ao caos político e sanitário. A democracia somente se concretizará com a refundação das instituições democráticas e representativas, com participação real da sociedade civil (de toda ela, pobres, negros, indígenas, mulheres, LGBTs), com estudos e reflexões obtidas por um corpus plural de indivíduos, o que, infelizmente, nunca vivemos mesmo após a transição democrática em 1988.
Isso tudo demonstra como a luta antirracista não surgiu hoje, pois sempre houve resistência frente às mais variadas formas de expressão racista, que como mencionado é estrutural e atravessa a todos na totalidade dos âmbitos da vida. O racismo encontra eco, portanto, em todas as instituições da República, sejam elas do Poder Executivo, do Legislativo ou do Judiciário e nas relações interpessoais, familiares e sociais de maneira geral, desde tempos coloniais.
Há muito que se aprender com este acúmulo da resistência e da pulsão de vida da maior parcela da população brasileira, a negra, para o enfrentamento das angústias e toda a sorte de desafios impostos pela conjuntura política e pandêmica. Para que todo o povo dessa terra não cante apenas de dor, reflitamos mais sobre a contribuição deste 07 de julho para a nossa história e sobre o pós-pandemia que queremos.
*É estudante de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e servidor municipal Prefeitura de Porto Alegre (RS) – @negoritchie
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EDITORIAL CULTURAL
O que as escolhas de Trump indicam a respeito de como será sua presidência- THE ECONOMIST / 15nov24
O que as escolhas de Trump indicam a respeito de como será sua presidência. Lealdade, competência e apetite pelo disruptivo estão entre as características que ele está procurando
Depois que Donald Trump venceu a eleição presidencial em 2016 — quando era um ex-astro da televisão em vez de um ex-presidente — ele administrou a transição da Casa Branca como se estivesse encenando seu reality show, “O Aprendiz”. Aspirantes a membros do gabinete chegaram à torre que leva seu nome em Nova York e passaram pelas câmeras de TV. Essa série foi prolongada, com a participação de celebridades, incluindo Kanye West. Desta vez, Trump está dirigindo um show mais intimista, deliberando em sua propriedade em Mar-a-Lago, longe das câmeras, e emitindo seus vereditos de contratação nas redes sociais em um ritmo muito mais rápido. Infelizmente, os resultados dificilmente são igualmente insensatos.
As escolhas mais alarmantes ocorreram em um período de 24 horas. Em 12 de novembro, Trump anunciou que Pete Hegseth, uma personalidade da Fox News que serviu na Guarda Nacional, seria secretário de defesa. Hegseth é um dos poucos que defendeu a declaração de Trump de que havia “pessoas boas em ambos os lados” dos protestos contra um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, Virgínia, em 2017. Ele está preocupado com o flagelo da lacração no exército, mas não tem experiência no governo.
Trump também anunciou que a diretora de inteligência nacional seria Tulsi Gabbard, uma democrata que se tornou republicana e é ligada em conspirações, um espírito tão livre que conheceu Bashar al-Assad, o ditador assassino da Síria, e o declarou “não inimigo dos Estados Unidos”. Pior, ele decidiu que Matt Gaetz, um congressista extravagante da Flórida, seria seu procurador-geral. O FBI, sobre o qual o procurador-geral tem controle de supervisão, investigou alegações de que Gaetz traficava sexualmente uma menor. Não foram apresentadas acusações, mas Gaetz mais tarde enfrentou uma investigação pelo Comitê de Ética da Câmara (ele nega qualquer irregularidade). Ele é ultraleal e, no ano passado, prometeu que, se o FBI e outras agências “não se curvassem”, elas deveriam ser abolidas ou perder seu financiamento.
Todos esses são cargos importantes pelos quais Trump sentiu que havia sido traído anteriormente. Seus antigos procuradores-gerais agiram com muita independência e muito pouco como seu consigliere; altos funcionários da inteligência atraíram a fúria dele por investigar suas ligações com a Rússia; seus antigos secretários de defesa e generais do alto escalão rejeitaram suas ideias. Com essas seleções, Trump indica que não planeja tolerar tal dissidência desta vez. Aqueles suspeitos de deslealdade (ou neoconservadorismo disfarçado) não são bem-vindos. Escolhas tão bizarras podem enfrentar dificuldade para serem confirmadas pelo Senado, mesmo com uma maioria republicana. Talvez seja esse o ponto. Quatro senadores republicanos desertores seriam suficientes para rejeitá-los, mas bloquear todas as três escolhas seria um gesto atipicamente desafiador.
As outras nomeações de Trump — em departamentos pelos quais ele talvez não se sinta pessoalmente injustiçado — são mais convencionais. Marco Rubio, um senador da Flórida, é sua escolha para ser secretário de Estado. Esta seria uma escolha encorajadora para os aliados dos EUA: Rubio copatrocinou um projeto de lei para dificultar que o presidente retire os Estados Unidos da Otan. Como o Partido Republicano se moveu em uma direção diferente, ele também o fez, abraçando o trumpismo e mantendo alguns de seus antigos instintos. Ele fez declarações de apoio à Ucrânia (mas votou contra o projeto de lei mais recente para armá-la, citando a necessidade de priorizar a segurança da fronteira). Rubio, filho de imigrantes cubanos, tem um anticomunismo hereditário que foi redirecionado para a China.
Outras nomeações de política externa têm visões e credenciais semelhantes. Mike Waltz, um ex-congressista da Flórida, será conselheiro de segurança nacional. Como Rubio, ele fica do lado dos “priorizadores” na Magalândia, como J.D. Vance, o novo vice-presidente, que argumenta que levar a ameaça chinesa a sério requer reduzir os compromissos com a segurança europeia e com a Ucrânia. Elise Stefanik, a escolha para ser embaixadora nas Nações Unidas (a sexta mulher consecutiva a ocupar esse cargo), é uma congressista de Nova York que se destacou como uma das fãs mais entusiasmadas de Trump na Câmara. Ela é mais conhecida por obliterar presidentes de faculdades em audiências envolvendo casos de antissemitismo nos campi. Este parece ser um currículo sólido para alguém representar no fórum multilateral de maior destaque do mundo um governo que desconfia do multilateralismo.
E então há as nomeações mais estranhas — para departamentos que ainda não existem. Trump anunciou que escolheria Elon Musk, o homem mais rico do mundo, para comandar uma nova comissão com Vivek Ramaswamy, um empreendedor e ex-adversário republicano nas primárias, para reduzir o desperdício governamental e cortar a burocracia. Este é um objetivo digno, mas, como acontece frequentemente com Musk, é difícil saber se devemos levá-lo ao pé da letra. Trump o está chamando de Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), em homenagem à sua criptomoeda preferida, que começou como uma piada. No entanto, seus objetivos são grandiosos: Musk pediu US$ 2 trilhões em cortes nos gastos federais (quase um terço do orçamento), o que é impossível de conciliar com a promessa de campanha de Trump de não tocar na Previdência Social ou no Medicare nem aumentar a idade de aposentadoria.
Mesmo antes do Congresso aplicar seus freios e contrapesos, está claro que este gabinete será muito diferente do anterior de Trump. Em Trump Um, Mike Pence, o ex-vice-presidente, ajudou a preencher o primeiro gabinete com republicanos reaganistas. Eles disputavam influência com acólitos do movimento Maga, que zombavam da fé conservadora no governo limitado, internacionalismo robusto e livre comércio. As frentes dessa luta frequentemente se confundiam, e cada lado reivindicava algumas vitórias. Um ex-assessor de Trump disse que o presidente eleito era um moderado em seu próprio movimento Maga. Desta vez, os crentes mais zelosos estão em vantagem.
"Trump 2.0 promete um choque econômico global" (Otaviano Canuto)- November 7, 2024
Se republicano sobrepujar limites legais do mercado internacional e implementar algo próximo do que prometeu, economia global sofrerá fortes impactos
A vitória eleitoral de Trump foi completa. Além do colégio eleitoral e dos votos absolutos, seu partido retomou o senado e deve manter a maioria de deputados na câmara. A execução de sua agenda, portanto, não precisará ficar limitada ao que pode fazer com medidas executivas, ganhando força para também incorporar o legislativo quando este for necessário.
Ao longo de sua campanha, Trump aludiu a vários caminhos nos quais poderia colocar sua agenda de política econômica. Espera-se que tire o pé no pedal na agenda de descarbonização presente na política econômica americana, algo que, pelo peso e tamanho da economia do país, terá impacto global. Também se espera o retorno da inclinação desfavorável à imigração na gestão pública que marcou seu primeiro mandato.
Dúvidas e apreensões estão também dirigidas a suas promessas de uso novamente de políticas comerciais sob a forma de tarifas sobre importações, em escala e abrangência geográfica e setorial maiores do que foi em seu mandato anterior. Caso isto se cumpra em intensidade próxima ao que aludiu durante a campanha, pode-se contar com algum grau e intensidade de choque sobre o país e a economia global.
Dentre outras medidas de política comercial, Trump já mencionou duas possíveis: uma tarifa de 60% sobre as importações chinesas e uma tarifa universal de 10-20% sobre todas as importações. Ao longo da campanha mencionou outras de tamanhos variados sobre produtos de outros países. Até ameaçou estabelecer tarifas de 100% sobre países que ameacem abandonar o dólar americano como moeda global de escolha.
Enquanto a administração democrata perseguiu uma “redução de risco” na exposição à economia chinesa – alegando razões de segurança nacional, mediante políticas de proteção, bloqueio de acesso à tecnologia e subsídios à produção local em semicondutores e energia limpa – pode-se dizer que os anúncios de Trump apontam na direção da busca de um “descolamento ou dissociação” total entre as duas economias.
Como em todas as políticas mercantilistas, baseadas na crença de que o adversário perde e a produção local ganha, há sempre uma subestimação dos impactos negativos sobre todos os lados, inclusive terceiros países. Como abordamos aqui em 2020, as tarifas de Trump contra a China em seu governo anterior acabaram impactando negativamente o próprio emprego manufatureiro dos EUA, para não falar da agricultura perdida para o Brasil no mercado chinês.
Para aqueles que acham que terceiros países podem se beneficiar como “conectores” entre EUA e China –como México, Vietnã, Malásia e outros têm feito desde a guerra no primeiro mandato de Trump– cumpre observar que um “descolamento” perseguido pela administração dos EUA não vai deixar tais conexões intocadas.
Trump já comparou guerras comerciais a lutas de boxe. Cabe observar que a elevação do custo de vida para os cidadãos norte-americanos como resultado das tarifas será parte do impacto sofrido pelo lado que golpeia no caso. Não por acaso, Kamala Harris chamou a proposta tarifária de Trump de “imposto sobre os consumidores dos EUA”.
Tarifas são um imposto sobre importações. Trump disse que o imposto será pago por estrangeiros, ou seja, que estes absorveriam o impacto sem repasse a preços. Mas isso significaria a ausência do efeito de substituição de importações por produção local.
O resultado mais provável será a elevação de preços domésticos. Alguns alegam que os efeitos inflacionários das tarifas de Trump em seu primeiro governo foram mínimos. Contudo, as novas propostas de Trump se aplicariam a uma parcela muito maior das compras externas. O impacto nos preços será muito maior do que o relativamente modesto “protecionismo inicial” do primeiro mandato de Trump.
Cabe observar que um imposto sobre importações é, também, um imposto sobre exportações, pelo fato de que em parte as tarifas viram um custo para os exportadores que dependem de insumos importáveis. Isso necessariamente tornará tais exportações menos competitivas. Assim, as tarifas elevadas pré-anunciadas por Trump tenderão a expandir indústrias de substituição de importações menos competitivas, mas contrair as exportadoras altamente competitivas. A retaliação estrangeira contra as exportações dos EUA agravaria esse dano. Assistiu-se a tais efeitos durante a elevação de barreiras comerciais por Trump em seu primeiro mandato.
Onde resta pouca dúvida é quanto ao efeito recessivo para a economia global, particularmente com as prováveis respostas retaliatórias dos demais países. Passando por uma desaceleração chinesa, mas também em outros países. Na reunião anual do FMI em Washington, D.C., em outubro, Christine Lagarde, chefe do Banco Central Europeu, disse que novas barreiras comerciais poderiam renovar as pressões inflacionárias mundiais e reduzir o PIB global em até 9%, em seu cenário mais grave.
Uma segunda área onde Trump já deu sinais é a tributária e fiscal. No campo fiscal, o déficit público nos EUA tende a se elevar substancialmente. Isto também tende a trazer impactos macroeconômicos em escala global.
Trump mostrou inclinação para tornar permanentes todos os cortes aprovados pelo Congresso em 2017, o que será facilitado pela vitória republicana no senado e na câmara de deputados. Naquele ano os cortes nas taxas de imposto de renda corporativo foram permanentes, ao passo que os cortes nos impostos de renda individual e de herança deveriam expirar no final de 2025. Trump quer torná-los todos permanentes, além de acrescentar outros itens – como gorjetas. Trump falou em recomposição de arrecadação tributária via tarifas, mas ninguém estima ser isso possível.
No lado das despesas, mesmo cortando a despesa prevista nas leis dos semicondutores e da energia limpa (“Chips Act” e “Inflation Reduction Act – IRA ”), cortes substanciais não serão possíveis sem encolher gastos sociais, como o “Medicare”. Analistas projetam que as propostas de Trump aumentarão a dívida federal. O Comitê para um Orçamento Responsável, apartidário, estima que os planos de Trump podem adicionar US$ 7,5 trilhões.
Muitos economistas e investidores destacam um risco de um longo período de taxas de juros mais altas nos EUA. Temem que não apenas novas tarifas, mas também déficits americanos maiores, possam aumentar a pressão inflacionária dos EUA, levando o Federal Reserve a estender seu período de política monetária mais rígida.
E o Brasil? Mais imediatamente, a eleição de Trump já está trazendo impacto sobre o Brasil mediante os canais de transmissão monetária e cambial. A valorização do dólar em relação às demais moedas que já acompanhou as pesquisas eleitorais favoráveis a ele também atingiu o real. Ontem, no primeiro dia após as eleições, a desvalorização do real foi acentuada, mesmo tendo revertido até o final do dia.
O que se pode depreender para o futuro é a uma perspectiva de juros mais altos nos EUA, empinando sua curva temporal, acompanhando não só a perspectiva de inflação mais alta nos EUA, mas também de déficits públicos maiores. Mais do que nunca, aumentará a demanda de que o governo brasileiro dê sinais mais firmes de redução de seu desequilíbrio fiscal no futuro próximo, de modo a evitar que o prêmio de risco-país intensifique o efeito da valorização do dólar e das taxas de juros longas mais altas nos EUA sobre a taxa de câmbio e a inflação no Brasil.
Na área comercial, é possível até que o deslocamento de demanda agrícola chinesa dos EUA para o Brasil que ocorreu durante a guerra comercial EUA-China no primeiro governo Trump – deslocamento não revertido posteriormente – possa receber impulso adicional em novas rodadas de retaliação chinesa na guerra comercial.
O comercio bilateral Brasil-EUA evoluiu, no passado recente, de déficits do primeiro para saldos próximos de zero. A subida nas exportações agrícolas brasileiras – carne, açúcar, óleos e gorduras – e a redução nas compras brasileiras de combustíveis fósseis ajudaram naquela direção, enquanto o déficit brasileiro bilateral nas manufaturas cresceu nos últimos anos.
Há sensibilidade, por outro lado, quanto às exportações brasileiras de produtos metalúrgicos. Deve-se ter em vista as demandas por fabricantes de aço dos EUA de que tarifas sejam impostas sobre as exportações brasileiras de aço.
O Brasil não aparenta estar no foco da política comercial de Trump, como China e os “países conectores”. Mas vale notar que em uma entrevista em abril para a revista Time, Trump se referiu ao Brasil como “um país dê tarifas muito altas”. O não-alinhamento geopolítico brasileiro e as seguidas referências à substituição do dólar, porém, podem vir a aproximá-lo daquele foco.
Em resumo, as políticas comercial e fiscal no governo Trump 2.0 podem trazer choques macroeconômicos para a economia global e o Brasil. A possibilidade de desaceleração no crescimento econômico chinês, como consequência da política comercial Trump 2.0, pode vir a ser também um canal de transmissão sobre a economia brasileira através de suas exportações de commodities para aquele país.
No lado fiscal, há menor impedimento para o governo Trump 2.0. Já quanto as tarifas, há quem – como John H. Welch, CEO da Research for Emerging Markets Inc– destaque limites legais que dificultariam o cumprimento das promessas significativas feitas por Trump durante a campanha. Caso este venha a de fato a sobrepujar tais limites e implementar algo próximo do que prometeu, a economia global e o Brasil enfrentarão um verdadeiro choque macroeconômico.
Otaviano Canuto, 68 anos, é integrante-sênior do Policy Center for the New South, integrante-sênior não-residente do Brookings Institute e diretor do Center for Macroeconomics and Development em Washington. Foi vice-presidente e diretor-executivo no Banco Mundial, diretor-executivo no FMI e vice-presidente no BID
Editorial Cultur
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AMANHÃ, 15 DE NOVEMBRO: QUE REPÚBLICA TEMOS TIDO?
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Que República temos tido? - https://red.org.br/noticia/que-republica-temos-tido/
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Diante do feriado da Proclamação da República fico observando na imprensa, na sociedade, na instituições públicas, quais as reações diante do feito? Praticamente nada, a não ser uma tradicional manifestação militar aqui em Porto Alegre defronte o Quartel General, com toques de corneta e cantoria da soldadesca dando VIVAS ao Brasil. Nem mesmo a Feira do Livro, ponto de encontro da intelectualidade na capital, tem o cuidado de propiciar um debate público ou lançamento de livro concernente à data.
Procure-se, por exemplo, na Internet, alguma reflexão sobre a República ou republicanismo. Quase nada. Aliás, salva-se, para tristeza de tantos acadêmicos preconceituosos, a bela página sob o título “República”. do Dr. Google. Mais das vezes, porém, lemos a platidude da origem da palavra como Res.publica, coisa pública, confundindo a latinidade do vocábulo, com a fenômeno ao qual se refere e que os antigos gregos davam o nome de Politeia. O resto, distribui-se numa cansativa cópia e repetição de que a República teria sido instituida pelos antigos romanos, no auge de sua grandeza. Ora, nem foi a República inventada pelos nossos ancestrais latinos, nem restringiu-se a grandeza de Roma ao seu período republicano, cujos percalços esboroar-se-iam sob a espada do Grande Cesar. Deste momento, 60 AC, até seu colapso, sob o regime imperial, Roma perduraria soberana no mundo por mais meio milênio, sendo muito difícil dizer se foi maior sob a República ou sob o Império.
Antes de Roma, já existiam repúblicas nas cidades gregas, em uma ou outra das civilizações mediterrâneas e, sobretudo na India, onde tinham a denominação de “sangha”, como se pode ler nas ricas palavras de Gore Vidal no seu clássico “Criação” (pag. 267, Ed. Nova Fronteira):
“Talvez assembleia seja a melhor tradução para essa palavra. Mas, enquanto a assembleia ateniense parece aberta aos plebeus e aos nobres, a sangha das repúblicas indianas, era composta de representantes de cada um dos nove Estados. (…) Essas repúblicas estavam em relação a Magadha quase como as cidades jônias estavam em relação à Pérsia. A única diferença é que, nos dias de Dario, as cidades gregas da Asia Menor não eram repúblicas, mas tiranias.”
A questão central, portanto, da instituição republicana é que ela se constituiu e se preservou, a partir dos Conselhos tribais, como mecanismo de redistribuição de Poder, impedindo que uma só pessoa o empolgasse. Em sociedades mais antigas na África e na Asia ainda os podemos identificar. Claro que, a noção de Poder, com as revoluções modernizadores, sobretudo na Francesa, de 1789, foi se deslocando para o conceito de soberania, da qual emergiria a ideia de cidadania como um conjunto de direitos civis, políticos e sociais inerentes, indistintamente, a todos os membros de uma sociedade que encontra no Pacto Constitucional sua regra de convivência e regulação. A lembrança deste gesto fundador é que deveria estar na base da celebração do 15 de novembro, renovando os princípios que a norteiam, a saber:
1. Interesse Colectivo. A palavra "República", significa "coisa" (Res) "pública (algo que faz parte do património comum). Este é o lema central do republicano: colocar o interesse comum acima dos interesses colectivos, velando para que a comunidade saia beneficiada e não apenas alguns. Os interesses particulares são legítimos e devem ser respeitados, mas não se podem sobrepor aos interesses da colectividade.
2. Equidade. O ideário republicano, forjado na lutas contra os regimes absolutistas e ditatoriais, assumiu como matriz a exigência do primado da Lei, perante a qual todos são iguais. Ninguém está acima da Lei. A primeira missão do Estado republicano é garantir a imparcialidade e equidade na aplicação da leis da República.
3. Laicismo. A luta contra a intolerância religiosa conduziu os republicanos a defenderem a separação entre a Igreja e o Estado, proclamando a liberdade religiosa.
4. Legitimidade Democrática. A república, sendo um regime político que a todos pertence, deve assentar na mais ampla participação dos cidadãos na vida comunitária. O exercício do poder tem que ser periodicamente legitimado pelo votos dos cidadãos. Ora, sendo estes beneficiários do Bem Comum, têm igualmente o dever de contribuir com o seu esforço e inteligência para a prosperidade da comunidade de que fazem parte. Nada pior para um regime republicano do que um sistema político que limite a participação dos cidadãos ou favoreça a perpetuação do poder das mesmas pessoas (recusa de cargos vitalícios).
5. Projecto Colectivo. Uma comunidade republicana só pode subsistir se os seus membros se sentirem como fazendo parte de uma colectividade que não renega as suas origens, história e símbolos colectivos, mas que também trabalha para que as novas gerações venham a herdar uma comunidade mais próspera em todos os sentidos, dando desta forma continuidade a uma obra de génese colectiva.
(Carlos Fontes in Princípios Republicanos)
http://www.filorbis.pt/filosofia/CursoPrincipios.htm
Tempos atrás, recebi um artigo com o título acima, de autoria de Lincoln Penna. Decepção. Mais uma catilinária sobre as desventuras do regime republicano no Brasil, repetindo, mais ou menos aquele observador da Proclamação no 15 de novembro de 1889, Aristides Lobo: ““O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”. Com tal estado de espírito não é de estranhar que os brasileiros não só desmereçam a importância da Proclamação da República para a germinação democrática e progressista dos princípios que a norteiam, como acabem enaltecendo, na idealização do Imperador D. Pedro II, a monarquia por ele sustentada e que significou o sufocamento do liberalismo jacobino que proliferara nos movimentos pela independência anteriores e posteriores a 1822 - Revolução Farroupilha -, entre eles, como emperrara a economia do país nos limites do modelo primário-exportador-externo. Alguns acadêmicos vão mais longe e chegam a afirmar que houve mais democracia no Império do que no período republicano. Um absurdo. Falam e repetem ad nauseam os detratores da República no Brasil que ela foi um mero ajuste institucional que permitiu aos grandes oligarcas regionais, inclusive gaúchos (!), comandados pelo Café com Leite, assumirem o controle de seus interesses. Desconhecem o “castilhismo” e as realizações do republicanismo no Rio Grande do Sul que, por si só – e consequêncioas, principal delas a Revolução de 1930 – justificaria a Proclamação. O resultado é um veredito, quase disseminado, de que tudo não passou de uma manipulação senhorial para manter o Brasil do jeito que sempre foi (e será...!). Consequência: O veredito de que o Brasil é um fracasso, não deu certo. Duas exceções a esta análise: A extensa obra do historiador, general Nelson Werneck Sodré, com ênfase no papel renovador dos militares, cujo auge foi o Florianismo, sintetizada numa coleção denominada a História Nova do Brasil cassada pelo regime militar no golpe de 1964 e o livro do jornalista Jorge Caldeira, hoje ocupante de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras: “A História da Riqueza no Brasil”. Mas quem os leu neste país de tantos intérpretes e poucos leitores...? Mais recentemente “Paulistas e Gaúchos na construção do Brasil Moderno, Ed. Mottironi, Torres, de autoria de L.R. Peccoits Targa.
O mesmo não acontece na Europa, sobretudo na França, e até mesmo nos Estados Unidos, onde viceja um consciência propriamente republicana. Aqui, volta e meia um manifesto, uma fala solta do Presidente Lula, um artigo do ex governador Tarso Genro, lembram os princípios republicanos, mas a grande maioria das gentes pouco sabe a respeito.
A transição das Monarquias Absolutistas para as Repúblicas foi uma Revolução que sepultou dez mil anos de culto ao direito divino dos reis como fundamento do Poder de Estado, aos quais os súditos acumulavam apenas deveres, em benefício da ideia imortalizada por Lincoln de que o Poder emana do povo, pelo povo e para o povo, aperfeiçoada por Jean J. Rousseau e pelos sucessivos gerações de direitos que consagrariam no século XX a Doutrina dos Direitos Humanos. Essa máxima se complementa com as exigências de construção de uma arquitetura do Estado, concebida por Montesquieu, de separação dos poderes entre Governo x Sociedade Civil, Executivo x Legislativo x Judiciário e Estado Central x Poderes Locais. Foram tão fortes estas aquisições civilizatórias que mesmo sob o impacto das revoluções populares do século XX, países delas emergentes não abdicaram da denominação República: URSS e China. Se tudo isso ainda não foi absorvido pela sociedade brasileira que não percebe os avanços que tivemos no século XX sob regime republicano e continua banalizando-o, é uma pena.
Neste contexto, a vida pública se concentrava no Rio de Janeiro, sede do Governo Imperial, onde já fermentava um conjunto de tensões inevitáveis numa cidade que crescera imensamente desde a chegada da Família Real em 1808 e que protagonizara o principal papel na luta abolicionista. São Paulo seguia-lhe de perto e em breve ultrapassaria em importância o Rio de Janeiro, mas em 1889, esta cidade ainda dominava a cena política, constituindo-se com uma nucleação eminentemente pequeno burguesia de funcionários, comerciantes, militares, embora já cercada pelas primeiras “favelas”, como herança da desmobilização de tropas depois do fim da guerra do Paraguai. A ideia mesma de “popular”, neste meio, só poderia estar associada à própria classe média, na qual os militares ocupavam um lugar estratégico. Foi no seio desta classe média que cresceu a campanha abolicionista, vindo daí a associar-se, mesmo nas suas frações mais conservadoras, como de Joaquim Nabuco, com ideais reformistas, dentre os quais o republicano, desembocando, logo depois no que ficou conhecido como “florianismo”, provável semente do tenentismo, cujas primeiras análises devemos à Nelson Werneck Sodré nas páginas da História Nova do Brasil”, empastelada pelo Golpe de 1964, cuja releitura, como diz Judite Trindade, é hoje oportuna - Nelson Werneck Sodré e a História Nova
https://docs.ufpr.br/~andreadore/leiturasdahistoria/Judite_Trindade.doc
Dado o seu caráter múltiplo, uma vez que não se restringiu à caserna, não sendo uma expressão meramente corporativa dos militares do Exército, é possível identificar no florianismo duas vertentes: o florianismo de governo e o florianismo de rua. Na primeira, formavam todos os que se alinharam ao governo Floriano, por razões de ordem prática ou mais precisamente de ordem pragmática. Foi o caso dos membros mais ativos da oligarquia cafeeira de São Paulo, ávidos por manter a estabilidade institucional do regime recém-instalado para dela tirar proveito, como de fato ocorreu em seguida, com a eleição para três quadriênios consecutivos de seus líderes mais destacados, Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves, dando início à hegemonia paulista na Primeira República.
O outro florianismo, o de rua, foi espontâneo, surgiu da afinidade dos segmentos populares com Floriano. Para esses contingentes sociais, o Marechal de Ferro simbolizava a própria República, e mantê-lo à frente da presidência passou a ser uma tarefa à qual se dispuseram, alheios a interesses que não fossem os da preservação da República ameaçada por seus opositores mais ferrenhos. Não é por acaso que várias outras alcunhas foram atribuídas a Floriano, tais como Marechal Vermelho ou Robespierre brasileiro, ambas tendo como matriz a Revolução Francesa e, especialmente, seu período de maior radicalização política, o Terror. Claro está que essas alusões partiram do segmento mais doutrinário do florianismo, o dos jacobinos. Todos ou quase todos eram florianistas, embora nem todos os florianistas fossem adeptos do jacobinismo, como bem salientou a historiadora Suely Robles de Queiroz.
As duas vertentes do florianismo coexistiram sem grandes problemas durante o governo do marechal. Contudo, logo após o término da Revolta da Armada e a proximidade do pleito para a escolha do sucessor de Floriano, essas vertentes passaram a se conflitar. Os florianistas de governo abraçaram logo a candidatura sustentada pelos paulistas, de Prudente de Morais, ao passo que os florianistas de rua não só não demonstraram qualquer apreço pelo candidato oficial, como engrossaram a articulação promovida nos bastidores para uma eventual permanência de Floriano no poder. Essa ação golpista realmente existiu, e posteriormente foi objeto de um processo que culminou no arrolamento, como conspirador, do próprio vice-presidente Manuel Vitorino, além do deputado Barbosa Lima e do jornalista Diocleciano Mártir.
Florianismo
http://atlas.fgv.br/verbetes/florianismo
Oportuno, reiterar também, esta observação de Jorge Caldeira:
O mais recente estudo com essa nova visão virou o livro História do Brasil com Empreendedores, de Jorge Caldeira, lançado em 2009. Ele mostra mais um mito do Brasil colonial: a ideia de que só havia por aqui uma enorme massa de escravos e seus senhores. Em 1819, os escravos eram um quarto da população total, de 4,4 milhões de pessoas. E, entre os brasileiros livres, 91% deles não tinham escravos. “Com essa população, o Brasil tinha uma economia maior que a de Portugal”, diz Jorge Caldeira.
https://super.abril.com.br/historia/a-nova-historia-do-brasil/
O Brasil do final do século XIX, portanto, nem era povoado por uma massa escrava que dominava, sob a matriz colonial exposta por Caio Prado Jr., nossa fisionomia social e econômica, nem era, ainda uma sociedade marcada pela presença proletária numa nação nos primórdios da industrialização, que já em 1905, segundo Leon Trotsky, dominava a cena urbana russa , os quais, tomados juntos ou separadamente, poderiam poderiam ter dado à Proclamação da República um sentido social e ideologico mais profundo. Estávamos mais próximos da fisionomia social de Paris em 1789, mas sem a fermentação ideológica que fez da Revolução Francesa um marco da luta pela emancipação da humanidade.
O republicanismo, portanto, embora não tivesse empolgado como ideia força na conjuntura, sendo cultivado em centros mais iluminados como o Clube Militar, no Rio, e na Faculdade de Direito, em São Paulo, além dos Manifestos de Itu, em 1870 e de São Borja, no Rio Grande do Sul, um pouco mais tarde, era um movimento que se articulava internacionalmente, como expressão local de realizações em curso nos Estados Unidos e vários países da América Latina, sobretudo Argentina. Teve, inclusive, no seu interior, uma clara divisão entre radicais, como Júlio de Castilhos, gaúcho, então estudante em São Paulo e que viria a ter importante papel na formação política riograndense, da qual derivariam Getúlio Vargas e Leonel Brizola, e moderados, com epicentro entre grandes proprietários de São Paulo, os quais viriam a empolgar o movimento depois da Proclamação da República dando-lhe as feições da República Velha. Em 1930, o grito sufocado dos radicais voltaria à tona na sua forma indigesta, mas incisiva, do que os próprios castilhistas denominavam como “ditadura republicana”, num eco um pouco ensurdecido mas audível da visão robespierrana da democracia como tirania das massas.
A Proclamação da República, enfim, se não foi um “acontecimento” equivalente aos momentos mais grandiosos da luta contra o absolutismo imperial, como a Gloriosa Revolução de Cromwel, como a Queda da Bastilha, ou como a Declaração da Independência dos Estados Unidos, insere-se, neste processo, como um passo importante de um país periférico, marcado pelo colonialismo e pela escravidão, decisivo na construção do Estado de Direito Democrático, hoje consagrado pela Constituição de 1988.
Curiosamente, sob o enfoque da Proclamação da República como um golpe militar, numa evocação equivocada deste tipo de intervenção como similiar ao que teria ocorrido em 1964, obviam-se aspectos importantes deste “gesto”. Dentre eles nunca é demais lembrar o advento do laicismo, decorrente da separação da Igreja do Estado, e do princípio da elegibilidade dos governantes pelo voto direto, secreto e universal, desvinculado da propriedade, cuja efetividade teria que esperar ainda um século, vez que só viria se consagrar nas eleições gerais de 1989. Deste último ponto, aliás, relevou a presença política do Rio Grande do Sul no cenário político dos primeiros anos da República, ocupando o lugar até então ocupado pela Bahia, como observa o pioneiro de estudos políticos no Rio Grande, Alec Nove, vindo daí a oferecer o primeiro candidato viável à Presidência da República em 1929, dele decorrendo a Revolução de 1930. Trata-se, pois, mais do que celebrar a data da Proclamação, situá-la como um momento da construção da difícil democracia brasileira. E de refletir sobre esta democracia.
Menos Itu. Mais Brasil…!!
Por tudo isto, eu me orgulho de dizer: Antes de tudo, sou republicano. VIVA A REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL!
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COP29: representante dos EUA afirma que o país tem compromisso com o clima, apesar das incertezas com a volta de Trump. A cúpula anual sobre o clima da ONU começou esta semana em Baku, no Azerbaijão
11 de novembro de 2024, 22:20 h
Reuters - O enviado para o clima dos Estados Unidos, John Podesta, pediu nesta segunda-feira que governos do mundo todo mantenham a fé na promessa do país de combater o aquecimento global, acrescentando que Donald Trump pode atrasar, mas não parar, a transição dos combustíveis fósseis quando assumir a Presidência dos EUA, em janeiro.
A cúpula anual sobre o clima da ONU começou nesta segunda-feira em Baku, no Azerbaijão, com várias delegações de países preocupadas com a possibilidade de a vitória de Trump nas eleições presidenciais dos EUA em 5 de novembro possa atrapalhar o progresso para limitar o aquecimento global.
Trump prometeu, novamente, retirar os Estados Unidos, o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo na história, da cooperação climática internacional e aumentar a já recorde produção de combustíveis fósseis do país.
"Para muitos de nós dedicados à ação climática, o resultado da semana passada nos Estados Unidos é obviamente uma decepção amarga", disse Podesta na cúpula.
"Mas o que quero dizer a vocês hoje é que, enquanto o governo federal dos Estados Unidos, sob Donald Trump, pode deixar a ação climática em segundo plano, o trabalho para conter as mudanças climáticas vai continuar nos Estados Unidos."
Segundo ele, a Lei de Redução da Inflação (IRA), legislação climática do presidente Joe Biden que oferece bilhões de dólares em subsídios para a energia limpa, continuará a impulsionar investimentos em tecnologias solares, eólicas e outras, e que os governos estaduais dos EUA também devem promover cortes de emissões por meio de regulamentações.
"Não acho que nada disso seja reversível. Pode ser desacelerado? Talvez. Mas a direção é clara", afirmou.
Embora Trump tenha prometido revogar a IRA, isso exigiria um ato do Congresso - o que pode ser difícil devido ao apoio de alguns parlamentares republicanos cujos distritos se beneficiam de investimentos vinculados à IRA.
Além da eleição de Trump como presidente da maior economia do mundo, as negociações em Baku disputam a atenção com preocupações econômicas e as guerras na Ucrânia e em Gaza.
Isso complica a ambição da cúpula de resolver o principal item da agenda - um acordo de até 1 trilhão de dólares em financiamento climático anual para países em desenvolvimento, no lugar da meta anterior de 100 bilhões de dólares.
O chefe do clima da ONU, Simon Stiell, procurou elevar o entusiasmo.
"Vamos abandonar a ideia de que o financiamento climático é caridade", disse ele no estádio de Baku.
"Uma nova meta ambiciosa de financiamento climático é inteiramente do interesse de cada nação, incluindo as maiores e mais ricas."
Este ano caminha para ser o mais quente já registrado. Países ricos e pobres enfrentaram eventos climáticos extremos, incluindo inundações desastrosas na África, na costa da Espanha e no estado da Carolina do Norte, nos EUA, além de uma seca que afeta a América do Sul, o México e o oeste dos EUA.
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“Mundo está a caminho da ruína”, alerta presidente da COP 29 em discurso de abertura
11 de novembro de 2024
A 29ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP29) teve início nesta segunda-feira (11) em Baku, Azerbaijão, com um forte apelo por ação climática urgente. Em discurso de abertura, o presidente da conferência e ministro da Ecologia do Azerbaijão, Mukhtar Babaiev, pediu maior compromisso das nações para enfrentar a crise climática que já afeta o planeta. “Estamos a caminho da ruína. E não se trata de problemas futuros. A mudança climática já está aqui. Precisamos muito mais de todos vocês. A COP29 é um momento da verdade para o Acordo de Paris”, afirmou Babaiev.
COP 29
Assinado em 2015, o Acordo de Paris busca limitar o aquecimento global a menos de 2°C até o final do século, com esforços para restringir o aumento a 1,5°C. No entanto, as metas acordadas estão ameaçadas pela falta de financiamento suficiente para adaptação e mitigação climática. Desde a COP15, em 2009, foi estabelecido que os países desenvolvidos deveriam destinar 100 bilhões de dólares por ano para ajudar as nações em desenvolvimento. Esse fundo, no entanto, não se concretizou conforme o prometido, e especialistas apontam que o montante agora precisaria ser pelo menos dez vezes maior para enfrentar a crise.
Simon Stiell, secretário executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas, reforçou a necessidade de reformar o sistema financeiro global e incentivar uma cadeia produtiva sustentável com maior investimento em energia renovável. Ele destacou que o financiamento da luta climática “não é caridade, e sim do interesse de todos, incluindo as nações mais ricas e maiores”.
O cenário, contudo, é incerto com relação ao apoio dos Estados Unidos. Com a recente eleição de Donald Trump, que historicamente demonstrou pouca prioridade para a agenda climática, há temores de que o país se afaste novamente dos compromissos climáticos, como fez durante seu mandato anterior, ao retirar os EUA do Acordo de Paris e priorizar investimentos em combustíveis fósseis.
A COP29 se revela como um momento decisivo para os acordos climáticos globais, com líderes mundiais e especialistas pressionando por um avanço significativo no combate à crise climática e na criação de soluções econômicas sustentáveis que envolvam tanto os países mais ricos quanto os mais vulneráveis.
BARBÁRIE OU CIVILIZAÇÃO?
A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, com muito mais força popular, pela lavada de votos que deu nos democratas, mais experiência – é o mais velho a ocupar a Casa Branca - e força nas duas Casas do Congresso e também no Judiciário, apontam para uma nova Era naquele país, hoje acossado por problemas externos e internos. Alguns falam até na barbárie que lá se anuncia diante do comando de homem inequivocamente truculento que se guia pela cartilha que aprendeu com Roy Cohn - https://brasil.elpais.com/cultura/2020-06-22/a-obscura-vida-do-homem-que-apadrinhou-donald-trump.html -, o ”advogado mais duro, cruel, leal, vil e brilhante da América”, seu mentor. Ele lhe ensinou as regras contemporâneas para vencer numa ordem social extremamente competitiva onde o maior insulto que se faz a uma pessoa é chamá-lo “looser” (perdidor): 1) Ataque sempre; 2)Jamais admita que perdeu ou errou; 3) Seja implacável. Cinismo absoluto. Uma versão perversa do “Manual da Mundanidade” de Baltazar Gracián, monge espanhol do renascimento, que acabou estigmatizado pelo estilo pouco edificante da obra. Some-se a isso as ideias de Trump, já assumidas por ele em outros tempos, de simpatia por Hitler. Não por acaso, seu Chefe de Gabinete, General John Kelly, o classificou, recentemente, como “fascista” - https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2024/10/23/eleicoes-nos-eua-ex-chefe-de-gabinete-de-trump-diz-que-ele-se-enquadra-na-definicao-de-fascista-e-prefere-abordagem-de-ditador.ghtml . Aliás, o primeiro chefe de Estado a cumprimentar Trump foi justamente o ultradireitista Presidente de El Salvador, Nayib Bukele, igualmente consagrado nas urnas, seguido por Milei, Netanyahy e...o ex Bolsonaro... Serão, portanto, tempos sombrios no grande país do norte. Um novo Manifesto bem poderia se iniciar, hoje, com estas palavras: “Um fantasma ronda o mundo: o fantasma da ultradireita”.
Será, então, que, como diz o provérbio A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS, este é o caminho sagrado da salvação da humanidade?
Aqui vale a pena lembrar que outrora, outros líderes cruéis também ascenderam ao Poder por via “democrática”. Hitler não deu nenhum golpe para chegar à chancelaria alemã em 1933. Foi convidado pelo Presidente da República, sob o conselho de outro líder de direita, Von Pappen, indicado para vice de Hitler, que via na manobra um meio para chegar ao Poder. Em seis meses, a República de Weimar caía sob o regime ditatorial dos nazistas. Em 1922 não foi muito diferente a ascensão de Mussolini ao Poder na Itália. Voltando mais atrás ainda: Não foi o povo de Atenas que condenou Sócrates à cicuta? E não foi Cristo condenado à cruz pelo seu próprio povo judeu, enquanto Pilates, autoridade romana em Jerusalém, lavava suas mãos?
Diz-se que Deus escreve certo por linhas tortas? Será que o povo não escreve errado, muitas vezes, nas quatro linhas na Constituição?
Bernard Shaw, grande e consagrado intelectual do século XX, severo crítico dos Estados Unidos, já dizia que aquele país havia saído da barbárie à decadência sem ter passado pela civilização. Exagero. Há, sim, uma civilização na literatura, na música, no Cinema, na Ciência, por trás do “american way of live”. Mas já no final do século passado um historiador atento, Tony Judit, chamava a atenção para o declínio do liberalismo subjacente á esta civilidade, fosse na imprensa, fosse na vida pública, mesmo que segmentos progressistas de esquerda ainda estivessem presentes na Academia, bem representada nestas eleições por KAMALA. E o povo...?
Agora, porém, o cenário é mais complexo, pelas mudanças no cenário internacional. A China ameaça, realmente, o poderio americano e se tem mostrado eficiente na articulação dos anseios desenvolvimentistas do Sul Global, hoje articulado em torno do BRICS. Trump não dará trégua á guerra comercial contra a China e já avisou que vai taxar seus produtos em 60%, com o que provocará um colapso no comercio mundial. Tentará, atendendo recomendação remota de Kissinger, afastar a Rússia da aliança com os chineses, na esperança de reeditar em outros moldes a Teoria do Elo Mais Franco, do ex Secretário de Estado Brzezinski, nos anos 1970 e que levou ao fim da URSS a partir da Polonia. Trump apostará na Rússia.
E o resto? O resto são reflexões sobre o que virá a reboque desta decisão de política externa: Mais inflação e desemprego. Lá e cá. Paradoxalmente, o que levou Trump ao Poder novamente, a economia, poderá desgastá-lo. Mas aí quem vai tirar o guizo do gato...?
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Ouvir Tom Jobim na Ospa03 novembro 2024 - por Juremir Machado da Silva-
https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/colunistas-matinal/juremir-machado/ouvir-tom-jobim-na-
ospa-uma-tarde-de-encontros-na-feira-do-livro-de-porto-alegre/
Quem foi ouvir a cantora Paula Morelenbaum e Arthur Nestrovski ao
violão, na Casa da Ospa, em Porto Alegre, no sábado à noite, não se
arrependeu. Foi uma aula sobre Tom Jobim. Uma aula mesmo, pois
Nestrovski explicou cada canção com detalhes históricos e técnicos.
Poderia ter, quem sabe, encurtado alguns detalhes e tocado mais
duas ou três músicas. Paula, como sabe quem gosta de música boa
(isso existe e pode ser dito), tem uma voz maravilhosa. Como não
canta sertanejo, permanece um tanto secreta para a maioria dos
brasileiros. Durante dez anos ela cantou com Tom Jobim. O show foi
perfeito. Na abertura, o escritor Gilberto Schwartsmann, presidente
da OSPA, falou sobre a importância da música popular brasileira.
Levamos o sociólogo italiano Vincenzo Susca, professor na
Universidade Paul Valéry de Montpellier, para ver o espetáculo. Ele
saiu encantado com o que viu e ouviu. Não é todo dia que se tem Tom
Jobim interpretado por quem o estudou ou o conheceu e sabe mostrar
o melhor da arte do grande compositor de músicas e letras.
Nestrovski contou uma interessante história sobre a letra de Pois é,
feita por Chico Buarque, com música de Tom Jobim. Na letra original,
gravada, diz assim:
Pois é!
Fica o dito e redito
Por não dito
E é difícil dizer
Que foi bonito
É inútil cantar
O que perdi
Em algum momento, porém, houve uma alteração na letra:
Pois é
Fica o dito e redito por não dito
É difícil dizer que inda é bonito
Cantar o que me restou de ti
Para Nestrovsky a segunda letra teria mais a ver com o universo de
Vinicius de Moraes. Numa, uma negatividade total. Noutra, uma
nuança. Quem mudou a letra? Chico diz que não se lembra. Terá sido
Tom Jobim? Qual fica melhor? Confesso que prefiro a segunda. A
primeira é mais impiedosa.
O gratin da sociedade porto-alegrense, como diria um colunista social
francófilo, estava na Casa da Ospa para ouvir Música Popular
Brasileira.
Uma
palinha:https://x.com/juremirm/status/1853057339772837935
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MEU QUERIDO MÊS DE NOVEMBRO
Paulo Timm – Escrito em nov. 08 /2018 e revisado em 01/XI/24
Muitos estigmatizam, no Brasil, o mês de agosto, como mês do desgosto. No hemisfério norte, T.S.Elliot, o grande poeta, autor do mais célebre poema do século XX – Terra Devastada – dizia que abril era o mais cruel dos meses. Janeiro, por aqui, é celebrado ao sol dos veraneios e faz, em nossa cidade, a alegria dos nativos. Agora, um grupo de poetas e intelectuais está lançando o “Movimento Torres Além Veraneio”, mas, sabemos, todos, quão difícil será sair do Destino para a História. E novembro? O que dizer do mês que se inicia com Todos os Santos e, por isso mesmo, tão abençoado? Escolho, pois, o “Meu querido mês de novembro”.
Tenho dos novembros as mais gratas lembranças, a maior delas o prenúncio do verão com o início de noites mais curtas e dias alongados pela mudança do relógio. Os feriados dos dois primeiros dias era tempo de vir à praia arejar a casa, tirar o mofo, colocar os cobertores nos varais, fazer o jardim, ir preparando o veraneio. Mas este era o mês, também, que ia terminando o ano escolar e espichávamos o pescoço para ascender mais uma escada no currículo.. Que emoção chegar, naquele tempo – que nem sei mais se era mesmo melhor do que hoje – ao ginásio, quando se iniciavam os estudos de língua estrangeira e saíamos da aritmética para a matemática das letras. A impressão que tenho é que novembro era uma espécie de puberdade. Tudo irrompia....
Novembro, porém, não é, apenas, um mês existencial. De experiências pessoais. Sempre foi um mês de tramas políticas – e eu sou a elas ligado pela paixão - , começando pela Proclamação da República e pelo Dia da Bandeira, hoje, sobreposta pelos imperativos globalizantes. Quando menino, no Grupo Escolar Cícero Barreto, em Santa Maria, o 19 de novembro era dia de exaltação do nacionalismo e de cantar o Hino à Bandeira, todos enfilleirados, de guarda-pó, antes de entrar em aula: “Salve lindo pendão da esperança/Salve símbolo augusto da paz”. Lembro, a propósito, como o velho Comandante Brizola gostava desta data e deste hino, revenciando-os. Acho até que, quando foi Governador do Rio Grande do Sul, conseguiu que imprimissem a letra do hino nos cadernos escolares. Será?
Mas foi também o mês de grandes agitações políticas no período que podemos chamar de Moderno, depois de 1930, cuja Revolução deu-se, com efeito, em outubro, mas se consolidou mesmo em novembro daquele ano. Getúlio Vargas assumiu a chefia do "Governo Provisório" em 3 de novembro de 1930, data que marca o fim da República Velha no Brasil. O Brasil saía da sombra do fazendão escravocrata das cartolas importadas da Europa e mergulhava no capitalismo, ainda que de Estado. Enquanto a Revolução de 1930 estava em andamento, Mário Pedrosa, futuro crítico de arte, que conheci, velhinho, na minha livraria – Galilei . ,em Brasília- e Lívio Xavier, então militantes da Oposição de Esquerda, dissidência do Partido Comunista do Brasil (PCB), escreveram "Esboço de Análise da Situação Brasileira" mostrando que Vargas representava uma cisão no bloco de poder derivada do desenvolvimento do capitalismo. Tempos, aliás, conturbados, de fortes tensões numa sociedade com raízes multifacetadas em rizoma, resistente ao ritmo da História. Já em novembro de 1935 eclodia o levante comunista contra o que consideravam uma mero golpe intraoligárquico e disso dão conta “As memórias do cárcere”.. Em outro novembro, dia 10, do ano de 1937 Vargas dá o troco contra a corrente das resistências históricas e mergulha o país no Estado Novo, que perdurará até... às vésperas de novembro de 1945. Neste interregno, mudou o Brasil...
O nacional-desenvolvimentismo varguista
O modelo político econômico adotado pelo regime varguista foi o nacional desenvolvimentista, dessa forma investiu-se na indústria de base nacional, em órgãos de administração pública, e em reformas nas forças armadas. Assim, foram criados para a administração pública o Conselho Nacional do Petróleo e o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), em 1938. No que se referiu às forças armadas, foi criado o Ministério da Aeronáutica e ampliado o efetivo de soldados do exército. Dentre algumas das principais indústrias públicas criadas durante o Estado Novo estiveram:
• Companhia Siderúrgica Nacional (1941);
• Companhia Vale do Rio Doce (1942);
• Fábrica Nacional de Motores (1942);
• Companhia Nacional de Álcalis (1943);
• Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945).
O projeto nacional desenvolvimentista também abrangia a expansão populacional para a região Centro-Oeste e Norte, projeto conhecido como “Marcha para o Oeste”. Dessa maneira, foram criados os seguintes Estados: Amapá; Rio Branco que posteriormente passou a ser chamado de Roraima; Guaporé, atualmente designado de Rondônia; e Ponta Porã e Iguaçu, separados respectivamente dos Estados do Mato Grosso e Paraná, que foram extintos em 1946.
A “Marcha para o Oeste”
A “Marcha para o Oeste” pretendia estimular a formação de cidades, a abertura de estradas, a produção agrícola e pecuária, e implementar uma forma de vida considerada “moderna”. Na década de 1940 foi criado o Conselho Nacional de Proteção aos Índios (CNPI), sob o comando de Cândido Rondon, para realizar o contato com os indígenas de forma pacífica. No entanto, a “Marcha para o Oeste” gerou muitos conflitos entre os migrantes e os indígenas, e muitas mortes resultaram desses conflitos. Sobretudo, dos indígenas afligidos, por exemplo, pelas doenças para as quais não possuíam resistência imunológica. Em 1943, os irmãos Vilas Boas adotaram a política de Rondon na expedição Rocador-Xingu, com contato pacífico com os indígenas e promoção de assistência médica.
Acordos de Washington e a Companhia Siderúrgica Nacional
A construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda – RJ decorreu dos Acordos de Washington. Esses acordos resultaram em uma aliança diplomática entre Brasil e Estados Unidos da América. A CSN foi financiada pelo Estados Unidos e o Brasil comprometeu-se em fornecer aço aos Aliados durante a Segunda Grande Guerra. A construção da CSN impactou no apoio brasileiro ao bloco dos Aliados na Guerra Mundial, até então o Brasil mantinha-se neutro no conflito. Além do fornecimento de aço para os Aliados, o Brasil comprometeu-se em permitir a instalação de bases militares e aeroportos nas regiões Norte e Nordeste do país. Devido a esse acordo os países do Eixoconsideraram que o Brasil não estava mais neutro na guerra e atacaram submarinos brasileiros. Após esse ataque o Brasil ingressou definitivamente na guerra ao lado dos Aliados, em 22 de agosto de 1942.
Vargas é deposto no dia 29 de outubro de 1945. Volta, entretanto, ao Poder em 1951, continua sofrendo as pressões contra seu programa nacional-desenvolvimentista e se suicida em 1954. Novas eleições em 1955, vence JK, com apoio dos varguistas, que indicam seu afilhado João Goulart como Vice Presidente e...mais tensões: As forças nem tão ocultas quanto poderosas, tentam impedir a posse do Presidente Bossa Nova. Nova novembrada, desta vez comandada pelo General Lott, Ministro do Exército, com o objetivo da fazer cumprir a Constituição. A espada de ouro de Lott levanta-se na defesa da democracia, que, depois do lapso de 1964-1985 volta a afirmar-se e, com eleições diretas para Presidente, retomadas em 1989, prévia promulgação de uma Constituição a 03 de novembro do ano anterior. Este, novembro promissor ao aprofundamento da democracia, tanto política, como sócio~ecnômica, , não mais de tensões, mas de esperanças, ainda que vãs, em governos que se sucedem olhando o passado. Mas, enfim, alegria, alegria, ainda que sobre as lágrimas dos perdedores.
Neste novembro, tudo de novo, ainda que com o sinal trocado, pois que de caráter conservador, aparentado aos anos 50. Que seja! Proclama-se muito a renovação, não com novos tons mas novas cores. A ver. O problema não é a novidade, sempre bam vinda, mas o desconhecido, valendo, aqui a advertência de Mia Couto, escritor moçambicano:
No alimento se coloca ternura ou ódio. Na panela se verte tempero ou veneno. Quem assegurava a pureza da peneira e do pilão? Como podia eu deixar essa tarefa, tão íntima, ficar em mão anônima? Nem pensar, nunca tal se viu, sujeitar-se a um cozinhador de que nem o rosto se conhece.
O Brasil, contudo, é grande, muito maior do que todas estas passagens, paragens e advertências. Como dizia, Oswald de Andrade, digere tudo na sua inércia, é antropofágico. Digerirá o confronto Lula x Moro, a disputa Haddad x Bolsonaro, a Recessão e o desemprego, a violência urbana, até o imoral, inoportuno e incoveniente aumento de salário dos Juízes do STF. Sobreviveremos. E daqui a quatro anos, com algumas defecções pelo caminho – temo por mim - , estaremos celebrando novos prenúncios. Novo novembro. Meu doce e cálido novembro.
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O que disseram as urnas?
Encerrado o segundo turno das eleições municipais, abundam as análises sobre seu recado. A tarefa é controvertida e sujeita, naturalmente, aos interesses e visões dos que a analisam. Para uns, Bolsonaro foi o grande derrotado. Para outros, Lula. Para a grande maioria, ambos perderam, e enaltecem a vitória do “Centro” neste processo, o que é matematicamente comprovado pelo número de Prefeituras conquistadas pelo PSD, MDB e União Brasil. Mas isso não nos dá o balanço político do processo. Os partidos ditos de centro – ou centrão -, enfim, dão continuidade ao que o MDB vem cumprindo desde a redemocratização: articular interesses patrimonialistas. Como o processo político abriu as comportas da reorganização partidária, a disputa política regional encarregou-se de fragmentar a “invencível” baleia herdada da luta contra o regime militar. O MDB foi pulverizado e se perfila ao lado de suas criaturas, somadas às disputadas na velha ARENA/PDS como mais uma das forças de centro. O mais importante de tudo isso, porém, nestas eleições é que o grande vencedor do pleito foram as EMENDAS PARLAMENTARES que solidificaram um Pacto entre Parlamentares Federais e Prefeitos, cujo resultado será a eternização de seus mandatos, com prejuízo da renovação do Congresso e das próprias lideranças municipais. Não por acaso, mais de 80% dos Prefeitos se reelegeram. De resto, independentemente de quem Lula tenha apoiado mais firmemente, sua POLÍTICA DE FRENTE DEMOCRÁTICA para enfrentar a extrema direita foi vencedora, o que não quer dizer que ele venha a ser apoiado pelos partidos vencedores de centro. Mas se isso é ruim ou arriscado para o PT, para a “esquerda” e , talvez, para o próprio Lula, não é necessariamente ruim para a vida política do país. O fascismo ainda espreita, mostrou suas garras em várias capitais, mas foi derrotado. Mas não era isso que os democratas queriam...? Agora é curar as feridas, tocar pra frente e ver o que se pode esperar desta difícil segunda metade de mandato de Lula.
• 9 dos 26 prefeitos de capitais terão maioria de vereadores
• 16 prefeitos conseguem se reeleger; 4 foram derrotados
• Veja resultado dos partidos em relação ao total de candidatos
PL é maior vencedor em grandes cidades; PT também cresce
No 2º turno, PL ganha em 4 capitais; e PT, em 1
• PL tem melhor resultado desde o surgimento do partido
• PT e aliados vencem em 6 das 11 capitais em que Lula ganhou em 2022
PSD elege maior número de prefeitos no estado de SP; PSDB cai para 21
• PSOL fica sem prefeitura após derrotas em SP e Petrópolis
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Normando (MDB), assume a prefeitura de Belém (PA). David Almeida (Avante) em Manaus. Fortaleza: Evandro Leitão, do PT, agradece a mulheres após vitória apertada. candidato apoiado por Bolsonaro e Ciro Gomes, perde. Bolsonarismo só vence, nas capitais, em Cuiabá. Fuad Norman (PSD) ganha em BH. Pimentel vence em Curitiba
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Os 4 eixos da agenda pós-eleições
Retomada do controle do Orçamento, reforma ministerial e sucessão na Câmara serão temas da volta do mundo político a Brasília- Por Vera Magalhães 25/10/2024
Passado o segundo turno, Brasília volta a funcionar com força total com foco em quatro temas principais, todos interligados: a necessidade do governo de promover um corte estrutural de gastos que mantenha de pé o arcabouço fiscal, o acordo entre os Poderes para disciplinar as emendas parlamentares, a troca de comando na Câmara e no Senado e uma esperada reforma no primeiro escalão do governo.
Uma das coisas que ficaram nítidas nas eleições municipais foi o peso do dinheiro vindo de Brasília nos resultados que inflaram as siglas do Centrão e da direita. São dois os dutos pelos quais jorrou a dinheirama: o fundo eleitoral inflado pelo Congresso e as emendas Pix, que, agora, deverão mudar, a partir da puxada no freio dada pelo Supremo Tribunal Federal.
As várias modalidades de emendas, além da Pix, e seu caráter cada vez mais impositivo tiraram do Executivo uma das principais armas de que sempre dispôs para fazer política. O resultado é que muitos partidos com gabinetes na Esplanada fizeram campanhas completamente dissociadas de Lula ou do governo, sem deles depender e, sobretudo, sem defendê-los, fazendo com que a esquerda saia bem mais enfraquecida do mapa e, assim, largue atrás na montagem de chapas para a Câmara e o Senado daqui a dois anos.
Ainda há reflexos possíveis na montagem de uma coalizão para a sucessão do próprio Lula, por mais que a literatura de ciência política seja sempre muito cautelosa ao ver reflexos claros das eleições municipais na disputa presidencial. Mas é impossível negar: partidos que se articularam em frentes como a paulistana, em que seis siglas com nove assentos no ministério de Lula apoiaram Ricardo Nunes, já falam em repetir a dose lá na frente, a depender de como estiver a avaliação do governo e de quem for o candidato de centro-direita a desafiar o presidente.
O Planalto já percebeu que está numa armadilha, em que dá casa, comida e roupa lavada à base de emendas Pix para legendas que, mais adiante, poderão pegar as trouxas e tomar outro caminho. É urgente para Lula retomar alguma margem de manobra sobre o pouco que resta do Orçamento para fazer política e investimentos. E esse pouco, já em parte loteado pelo Congresso, vai ficando a cada ano menor graças ao crescimento dos gastos obrigatórios, com suas vinculações.
É nesse flanco que o projeto que vem sendo urdido na equipe econômica quer atuar. Para que ele tenha êxito, depende do convencimento prévio do próprio Lula, sempre hesitante diante da ideia de ser ele a cortar gastos em áreas como assistência social, saúde ou educação.
Fernando Haddad terá de fazer prevalecer sua ideia de que o arcabouço fiscal precisa se mostrar hígido para que o Brasil recupere o grau de investimento, os juros possam voltar a cair em 2025, e o mercado doméstico, que anda sobressaltado sem razões objetivas tão claras, sossegue.
Contará com a pressão contrária do PT, que começará a viver a ebulição interna pela troca de comando nacional, acirrada pelos maus resultados do partido nas urnas. Interessa ao grupo de Gleisi Hoffmann estressar ainda mais a relação com a área tachada de “fiscalista” do governo, para tirar do foco o desempenho pífio dos candidatos lançados ou apoiados pelo partido em todo o país, inclusive no Nordeste.
Outro ponto de atenção para a política virá da sucessão de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, também ela influenciada pelas eleições, com potencial de deflagrar ou engordar uma dança das cadeiras nos ministérios. Lira tem dito a aliados que blindará a disputa na Câmara das pautas bolsonaristas mais ruidosas, em reação à esperada ofensiva de Jair Bolsonaro depois do ganho de prefeituras do PL e da iminência de que os inquéritos contra ele e aliados sejam concluídos.
O governo tem de evitar que temas como a anistia aos golpistas avancem sem controle e se tornem compromissos dos postulantes a comandar o Legislativo, justamente em seus dois anos finais de mandato.
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AFINAL, EM QUE ESTÁGIO CIVILIZATÓRIO ESTAMOS?
Até bem pouco tempo, havia um consenso acadêmico e até mesmo público de que a humanidade estava avançando no rumo da civilização e que havia sociedades mais ou menos “atrasadas” neste processo. A Antropologia Moderna sepultou essa idealização “civilizatória”. Podemos ter níveis tecnológicos e, talvez, institucionais, com a emergência do Estado e da Corporações Privadas, com ou sem fins lucrativos, no curso da História Humana, mas isso não nos autoriza a dizer que são mais “civilizadas”. Não obstante, é ainda comum, mesmo nos discursos políticos, ouvir-se qualificativos pouco edificantes para certos grupos humanos. É o que faziam os gregos que chamavam “bárbaros” todos aqueles que não falavam grego e, certamente, não comungavam dos ideias helênicos. Lamentável. Hoje se sabe que mesmo aqueles povos ditos “bárbaros” tinham alta complexidade civilizatória. O mesmo se pode dizer dos povos originários do continente americano, dos povos africanos e do Oriente Médio. Não existe, a propósito, “eleitos”. Isso é pura narrativa ancestral, sempre de fundo religioso, para justificar procedimentos discriminatórios. Mas pode-se, talvez, falar em crises de algumas culturas. Um livro, A CONDIÇÃO DE HOMEM, de Lewis Mumford, um dos grandes sábios do século XX, publicado pela Ed.Globo em 1951 é uma verdadeira enciclopédia para se compreender as visões de mundo (ideologias) desde os clássicos ocidentais até os modernos. Nessa trajetória o Ocidente imbricou-se, também, com a construção de um modelo de economia de mercado, que acaba misturando reflexões sobre o que seria uma crise estrutural da cultura ocidental e os desafios do bloco sob hegemonia dos Estados Unidos. Neste sentido, economicista, foi Karl Marx quem primeiro diagnosticou o fim do capitalismo em sua magistral obra “O Capital”. O capitalismo, disse ele, apesar do enorme progresso técnico e material beneficiava so- mente uns poucos, aos capitalistas, os donos dos meios de produção (as fábricas, os bancos, as minas e as terras), guiados pelo lucro. A massa da população, os trabalhadores e os homens do campo, ao contrário, viam-se reduzidos à salários de fome.
Num sentido mais geral do sistema de cultural, outro respeitado filósofo, aliás, O. Spengler (1880-1936), escreveu há já algum tempo A DECADÊNCIA DO OCIDENTE.
“A obra A Decadência do Ocidente, de Oswald Spengler, trata de visionar o destino de uma cultura, por sinal da única no nosso planeta a ter alcançado a sua plenitude, a saber a cultura da Europa ocidental e das Américas.O tema estrito é, portanto, uma análise da decadência da cultura ocidental, hoje espalhada pelo globo inteiro. Mas o propósito é expor uma filosofia com seu método característico, o qual consiste na morfologia comparativa da História Universal. Esse método terá de ser posto à prova aqui. O trabalho divide-se, naturalmente, em duas partes. A primeira, “Forma e Realidade”, toma como ponto de partida a linguagem formal das grandes culturas, esforça-se por avançar até as derradeiras raízes das suas origens, e obtém assim as bases de uma simbólica. A segunda, “Perspectivas da História Universal”, estuda inicialmente os fatos da vida real e, pela análise da prática histórica da humanidade superior, procura extrair a quintessência da experiência histórica, à base da qual poderemos empreender o trabalho de plasmar as formas do nosso futuro”.
Outras visões, igualmente, estruturais têm se seguido, como a do Economista Kozlick, destacando o CAPITALISMO DO DESPERDÍCIO - O capitalismo é um sistema econômico que depende do consumo, e a sociedade capitalista é refém do consumismo. O consumismo é quando as pessoas adquirem produtos e serviços além do que é essencial para a sua sobrevivência-
ou mais recentemente, as que apontam para a SOCIEDADE DO CANSAÇO. -“A sociedade do cansaço” é o nome de um ensaio do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han sobre uma enfermidade que está acometendo a sociedade. Segundo os conceitos de Han, o cansaço seria uma resposta do corpo para o excesso de positividade e cobrança que a sociedade impõe. e a SOCIEDADE DE RISCO - Risikogesellschaft, de Ulrich Beck, em 1986. Todas apontando para um certo esgotamento do mundo em que vivemos. Veja-se, por exemplo, o caso de São Paulo ...
PORTO ALEGRE – QUEM PERDE, QUEM GANHA?
ADELI SELL
Aqui, quem escreve é um “não eleito”. Vão dizer que é choro de “derrotado”. Nada disso, aos 71, não tenho mais idade para chorar sobre o “leite derramado”.
A verdade é que um terço dos porto-alegrenses negou o processo eleitoral em 2024.
Não importam as razões do absenteísmo, de todo modo foi rejeição à política.
Fiquei decepcionado com a votação que fiz, 2406 votos. Outrora, fiz quase 9 mil. Com menos amplitude de campanha.
Os tempos eram outros. Neste momento não há espaço para “políticos intelectualizados, com visão abrangente de mundo, dotados daquele humanismo universal que Marx via como a essência superior dos seres”, escreve um amigo meu, que não é do PT. Aqueles tempos acabaram.
Com orgulho me considero um dos resistentes ao “domínio do particular, à visão fragmentada das coisas, da pequenez dos interesses de grupos”, usando os ditos do amigo.
Recebi dezenas de recados e uma frase foi recorrente: “perdeu a cidade”. Há anos me preparo para a revisão do Plano Diretor. Estive novato na melhor de suas formulações em 1999, como estive em 2009. Queria estar agora. Não estarei. Lastimo por isso, não só pelo meu preparo, pois em minha volta há os melhores quadros do urbanismo local.
O que será da revisão? Pela força da direita mais radical, pelos amigos do Estado mínimo, pelos adoradores do Capital e das privatizações, salve-se quem puder, o que sobrará de nosso capital?Meu compromisso sempre foi com a verdade e com o livre debate. Agora, sem as amarras do parlamento, sem condições de concorrer mais uma vez, vou tentar trazer à baila todos os temas cruciais da cidade, como pensador.
Vou desagradar os segmentos majoritários da atualidade no parlamento, reflexo da sociedade. E sem “papas na língua” começo uma série de artigos nos quais falarei sempre e cada vez mais de nossa Porto Alegre. Por enquanto “nossa”; amanhã, não sei...
ADELI SELL é professor, escritor e bacharel em Direito.
A Constituição como Sagrado Contrato Social?
O Contrato é o produto registrado do consenso entre os componentes de uma parceria . Pode ser referir a um negócio, a uma ação social, inclusive o casamento, a uma sociedade disposta a conviver pacificamente sobre um território. Neste caso o Contrato tem o nome de Constituição. Ela substituiu o direito divino dos soberanos como método de constituição dos Poderes Públicos, isto é, a forma de organizar a capacidade de cimentar solidariedade social, vigente desde os primórdios da civilização, lá no Império Acadiano, até o século XIX. A Revolução Francesa, em 1789, é o marco deste trânsito do monarquismo autoritário para as Repúblicas Modernas. República, Constituição e Democracia, neste sentido, são dimensões do Estado Moderno, pelo menos no mundo Ocidental. A Constituição, não é um mero papel. Ela é um símbolo profano mas de caráter sagrado que fundamenta a harmonia do corpo social com vistas a assegurar seu desenvolvimento em segurança. Foi Thomaz Hobbes (1588 - 1679), filósofo inglês, ponte entre o Renascimento e o Illuminismo, autor de “Leviatã”, quem definiu esta nova forma de constituição do Poder.
"A nova ciência política de Hobbes apareceu primeiro em Elementos da Lei, de 1640, um tratado que ele não tinha a intenção publicar, mas de que fosse utilizado pelos correligionários do rei Carrlos I para justificar as ações deste diante de um parlamento crescentemente hostil.
Hobbes passou os dez anos seguintes em exílio voluntário na França, onde se tornou famoso como respeitado filósofo.
Seu De Cive, publicado em Paris no ano de 1642, desenvolve temas de Elementos da Lei, mas seu pensamento é exposto mais tavelmente em sua obra-prima, Leviatã.
Segundo Hobbes, os homens agem conforme certas leis naturais.
Numa analogia à Primeira Lei do Movimento de Newton, de acordo com a qual a matéria se comportará de maneira uniforme a menos que sofra uma ação, Hobbes acredita que o estado natural do homem é o de guerra e conflito, a não ser que haja alguma ação sobre ele e que seja governado pelas regras da vida social.
Só um pacto mantido pela lei da espada pode impedir o homem de recair em seu estado natural. Sem o pacto, diz Hobbes, a sociedade se desintegraria e haveria "uma guerra em que cada homem luta por si", sendo o resuItado, inevitavelmente, um estado em que a vida do homem "solitária, pobre, sórdida, brutal e breve".
Por isso, Hobbes avança sobre a noção de contrato social, pelo qual somos impedidos - e nós impedimos - de cair nesse estado sombrio, natural, de guerra e conflito. Todo homem age, conclama Hobbes, de acordo com a lei natural de autoconservação.
Cada um de nós deseja, naturalmente, o que é bom para nós mesmos, e o pacto assegura que isso só se obtém levando-se em conta o bem dos outros."
Fonte: Philip Stokes - Ed. Difel - Pag. 134.
No Brasil, tivemos várias Constituições, mas as de 1946 e de 1988, ambas promulgados após períodos autoritários, marcaram nosso avanço rumo ao aprofundamento da democracia-entre-nós. No último dia 05 (outubro) , cumprimos 36 anos de sua vigência da última dela, realizada numa Assembleia livre e soberana, com o concurso de centenas de entidades da sociedade civil, personalidadesao e até mesmo instituições públicas, entre elas Universidade, ao longo dos quais conseguimos sustentar seus princípios. O fato não é corriqueiro, sobretudo num país assaltado por golpes militares e pesada herança patrimonialista, mas estamos avançando, apesar, desta vez das ameaças da extrema direita incitada por ex Presidente ainda vivo e atuante. As eleições deste fim de semana bem o demonstram. Vivemos sob o império da Lei Magna e suas instituições mas não estamos livres destas ameaças. O país desperta neste semana sereno com a consecução do voto, mas preocupado por resultados que demonstram um peso considerável na vida pública do país dos Partidos do Centrão. Num certo sentido, esta presença pode significar um reforço do patrimonialismo, mas, por outro, foi, talvez, o preço que pagamos para diminuir o risco do retrocesso autoritário. Tudo indica que depois disso o bolsonarismo já não é o mesmo..
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O FIM DO MUNDO À VISTA
"Nunca estivemos tão perto de uma guerra nuclear como agora", diz Jeffrey Sachs. - https://www.brasil247.com/mundo/nunca-estivemos-tao-perto-de-uma-guerra-nuclear-como-agora-diz-jeffrey-sachs#google_vignette
O acirramento das tensões entre Israel e Irã traz à tona, novamente, o risco de nova Guerra Mundial.
A II Guerra Mundial (1939-45) teve seu início em 1939, quando Hitler decidiu retomar o corredor que dava à Polônia uma saída para o mar, tomando a cidade de Dantzig. O romance de Gunter Grass, que ali vivia, levado às telas, bem demonstra o que ocorreu: O TAMBOR. Começava ali a brutalidade da Wermacht, â qual Inglaterra e França respondem com declaração de Guerra à Alemanha. Seguem-se, primeiro, a ocupação sucessiva dos países a oeste, culminando com a tomada de Paris em 1940 e a invasão da União Soviética no ano seguinte. Resultado 50 milhões de mortos. Tudo para nada, como diria o poeta Ascenso Ferreira. A extrema direita, com várias faces, volta à tona ainda que o III Reich prometido pelos nazistas não tenha durado duas décadas. Seus fantasmas já haviam se espalhado por todos os ventos. Mas os poloneses não se conformaram e se insurgem em Varsóvia entre 1941 e 1943, disso resultando um atroz morticínio de 45 mil civis, mulheres e crianças e a extensão da resistência a outros segmentos da sociedade polonesa. W. Bach, o comandante da reação alemã nunca foi punido. Talvez tenha faltado no Tribunal de Nuremberg, que julgou os criminosos de guerra, como talvez tenham faltado, também, na República de Weimar derrubada por Hitler, em 1933, promotores e juízes mais duros na defesa da condição humana e das instituições democráticas. W. Bach alé alegou, depois da guerra, que havia cumprido ordens e intercedido por milhares de civis. Morreu tranquilo em sua casa décadas depois. Nesta dia 2 de outubro daquele ano de 1944, há exatos 80 anos, depois de todas as atrocidades, os alemães firmam, na Polônia destruída, um protocolo pelo qual os poloneses entregaram suas armas e ficaram aguardando o fim da guerra para se sentirem livres novamente.
Agora, diante da escalada do confronto Ocidente x Oriente, ao qual se agrega a este difuso bloco o Sul Global na periferia do sistema atlântico gerado nos últimos 500 anos, estamos às portas de um novo conflito mundial, já instalado na Guerra na Ucrânia, iminente na regionalização da guerra no Oriente Médio, com o provável enfrentamento entre Israel e Irã, insinuado na Asia, diante da crescente supremacia econômica da China em disputa com Estados Unidos. Ninguém cede. Vários analistas já prevêm o inevitável: um holocausto nuclear no qual enterraremos a experiência civilizatória do homem. Vitória do homo pugnat sobre todas as espécies. Isso foi previsto, desde a Bíblia até Holywood.
Strangelove, é um filme britano-estadunidense de 1964, uma comédia de guerra dirigida por Stanley Kubrick, com roteiro dele, Peter George e Terry Southern baseado no romance Red Alert, de Peter George. Columbia Pictures Corp. O enredo mostra um mundo dividido entre ocidentais e comunistas, típico da Guerra Fria, em verdadeiro estado de suspense pelo terror nuclear, na crença de que a Um general insano que acredita que os comunistas planejam dominar o mundo dá ordens para bombardear a Rússia, iniciando processo de guerra nuclear. Ao mesmo tempo, o presidente americano e seus assessores do Pentágono tentam desesperadamente parar o processo. Impossível. O mundo já está totalmente automatizado e a ação humana para desativar a catástrofe é em vão.
O medo, agora, é que a vida imite a arte.
EDITORIAL:
Alvaro Costa e Silva - A bola de cristal do senador
Folha de S. Paulo
Senador diz que haverá loucura em 2026; mas loucura de quem ou contra quem?
Democracia Política e novo Reformismo: Alvaro Costa e Silva - A bola de cristal do senador (gilvanmelo.blogspot.com)
Aprendiz de Mãe Dinah, Ciro Nogueira prevê que o impeachment de ministros do STF será uma das principais pautas na eleição do Senado em 2026. "Vai ser uma loucura, você não tem ideia do que vai acontecer", ameaçou em entrevista à Folha. O líder do centrão acredita que Jair Bolsonaro vai recuperar os direitos políticos —ou por meio do próprio Judiciário que o tornou inelegível, ou por anistia do Congresso— e poderá ser candidato ao Planalto daqui a dois anos.
Não há novidade no discurso de Ciro. É a ladainha que se ouviu no ato de extrema direita realizado na avenida Paulista no 7 de Setembro, que ficou aquém das expectativas, com os manifestantes ocupando alguns quarteirões. A surpresa é o uso da palavra "loucura" na boca do adivinho. O senador quis dizer que os ministros do Supremo, de uma hora para outra, vão ficar birutas? Ou será cometido algum desatino contra eles?
Ciro foi o articulador da campanha à reeleição, recorrendo ao que chamou de "relógio da democracia" para fazer nas redes sociais uma contagem regressiva até a vitória de Bolsonaro. Mesmo com Lula à frente nas pesquisas de intenção de voto desde o primeiro turno, o ex-ministro da Casa Civil costumava promover um infantil tic-tac para referendar a tese da virada. Deu no que deu.
A bola de cristal do senador está embaçada. A julgar pelas eleições municipais, o crime continuará no centro do debate nacional. É nesse contexto que vive Bolsonaro, alvo de inúmeras investigações: inquérito das fake news, interferência na Polícia Federal, vazamento de dados de investigação sigilosa da PF, relacionar a vacina contra Covid à Aids, adulteração de cartões de vacina, joias doadas pela Arábia Saudita e a tentativa de golpe de Estado e atentado ao Estado democrático de Direito.
Não espanta que, após quatro anos de Bolsonaro, a sociedade tema o avanço de organizações criminosas de todo tipo. A pauta da segurança domina o pleito atual. O candidato bolsonarista no Rio é um fiasco, e em São Paulo o mais combativo aliado de Nunes é Tarcísio de Freitas. A turma do capitão se identifica com o coach que desidrata sob o peso da rejeição
O Poder de Hitler
Temporada 1
Num dos momentos mais significativos do século passado, a 30 de janeiro de 1933, Adolfo Hitler ascendia ao poder na Alemanha. A série explora o facto de um insignificante ‘zé-ninguém’ ter conquistado tanto poder tão depressa, e o porquê de ter seguidores.
O Poder de Hitler: Minissérie mostra como o ditador conquistou apoio dos alemães
Dividida em três episódios, produção narra como "zé-ninguém" obteve o apoio da maioria dos alemães, com foco na relação entre o líder e seu povo
por Fabio Previdelli=fprevidelli_colab@caras.com.br
Publicado em 06/08/2024, às 13h02 - Atualizado às 16h29
Em 30 de janeiro de 1933, Adolf Hitler foi nomeado Chanceler na Alemanha. Com o nazista no poder, em pouco tempo ele começou a colocar em prática seu plano de perseguir e exterminar judeus e outras minorias.
+ Mentiras, manipulações e falsas promessas: como os alemães compraram o papo de Hitler?
Mas como alguém até então desconhecido conseguiu uma ascensão tão rápida? É justamente essa resposta que aborda a minissérie inédita 'O Poder de Hitler' ('Hitler's Power'), que será exibida pelo History a partir do próximo sábado, 10.
O Poder de Hitler
Dividida em três episódios, a produção explora como um "zé-ninguém" conseguiu conquistar o apoio da maioria dos alemães e ganhar tanto poder em apenas alguns anos. A minissérie foca na relação entre o líder nazista e o povo alemão.
Apresentando fotografias históricas recém-descobertas, 'O Poder de Hitler' também oferece uma perspectiva incomum da sociedade nazista em tempos de guerra e paz. Através dessas imagens, além de vídeos, documentos, depoimentos e análises de especialistas, a minissérie responde a grande questão: como e por que o Holocausto surgiu na Alemanha?.
No episódio de estreia, chamado 'Ascensão ao Poder', a produção mostra como, em apenas alguns anos, Adolf Hitler passou de uma pessoa totalmente inexpressiva e sem interesse genuíno em política, a um ditador adorado pelo povo alemão.
A produção também relata como a propaganda nazista transformou o führer em um visionário. Porém, sua chegada ao poder foi fomentada graças a destruição da democracia e na imposição de uma ditadura totalitária, culminando no terrível Holocausto e na Segunda Guerra Mundial.
Jornalista de formação, curioso de nascença, escrevo desde eventos históricos até personagens únicos e inspiradores. Entusiasta por entender a sociedade através do esporte. Vez ou outra você também pode me achar no impresso!
Milton Saldanha- NADA A FESTEJAR. O BRASIL REGRIDE.
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Podem falar que é papo de véio, porque é mesmo: estou cansado e não me iludo mais com falsas esperanças.
Cheguei aos 79 anos cruzando décadas de lutas políticas, nunca só como espectador passivo. Estive sempre envolvido em algum grau.
Combati a ditadura e fui preso político. Fiz militância em diversas eleições e utilizei minha profissão, o jornalismo, como arma de luta política dentro das possibilidades possíveis. Os patrões sempre foram de direita. Quem não os teve?
Na adolescência, com 16 anos, já era de esquerda e atuava na política estudantil. Fundei um curso de alfabetização de adultos em Santa Maria (RS), no começo dos anos 1960, obviamente com alunos pobres.
Escrevendo, hoje seria impossível quantificar minha contribuição ao esclarecimento das pessoas, em panfletos, discursos, jornais, revistas, rádio, livros. E agora em espaços como este.
Realizei o sonho de todo jornalista: ter o seu próprio jornal. Meu Dance circulou com sucesso durante 21 anos e me proporcionou uma tonelada de alegrias.
Tudo isso sem nenhum prejuízo de uma vida gostosa, sempre com dança de salão e muitas viagens pelo mundo. Pisei em mais de 80 países, de 6 continentes, e retornei a vários deles. Só aos Estados Unidos e Europa foram cinco ou seis vezes. À Argentina (pelo tango) e pelo Brasil perdi a conta.
Estou gratificado? Não. Estou é frustrado.
É uma tristeza costatar a regressão mental de metade da população brasileira. Essa que vota em gente como Marçal e Bolsonaro, exemplos do que pior pode existir na raça humana, em todos os sentidos. Caras que veneram torturadores, condecoram milicianos, e não emitem uma única frase que não seja lamentável e grotesca.
Um cara que se declara imbrochável do alto de um palanque é uma calamidade quando se pensa na necessidade de educar o povo.
Enfim, estou cansado e preciso cuidar da minha saúde.
Apesar de tudo, não desisti da vida.
Hoje é dia traz o Dia Nacional da Radiofusão
25 de setembro também marca o nascimento de Roquette Pinto-- Edgard Roquette Pinto (1884/1954)- foi um médico legista, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta brasileiro. Membro da Academia Brasileira de Letras, é considerado o pai da radiodifusão no Brasil. Criador da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, com o intuito de difundir a educação por este meio, por volta de 1923. Wikipédia
Pollyane Marques - Repórter da Radioagência Nacional
Publicada em 24/09/2023 - 07:15
Brasília
Nunca antes na história da humanidade o acesso à informação foi tão fácil, veloz e múltiplo. Mas isso não significa que a nossa forma de nos informar seja maravilhoso. Do mesmo jeito, nunca antes foi tão necessário estar atento às fontes das informações que consumimos para evitar e enfraquecer a proliferação das fake news. E esta quinta semana de setembro é uma boa ocasião para se refletir sobre isso.
No dia 25 celebramos o Dia Nacional do Rádio e da Radiodifusão. A data foi criada para relembrar o nascimento de Edgar Roquette-Pinto, considerado o pai da radiodifusão no país. Médico, professor, escritor, antropólogo, etnólogo e ensaísta, Roquette-Pinto fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, chamada posteriormente de Rádio MEC após ser doada, em 1936, ao Ministério da Educação. Clicando aqui você poderá acessar um especial sobre a história do rádio. Elaborado pelos profissionais da Radioagência Nacional e publicado pela Agência Brasil as reportagens lembram a importância desse veículo, que continua sendo fundamental na comunicação brasileira. E a programação de todas as rádios da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) pode ser conferida no Portal das Rádios.
Já o 28 é reservado pala lembrarmos o Dia Internacional do Acesso Universal à Informação. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com o objetivo de promover o acesso à informação por meio de todas as plataformas, como uma maneira essencial de cumprir a Agenda de Desenvolvimento 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A Unesco acredita que o acesso à informação é uma forma de reduzir o fosso das desigualdades sociais no planeta.
E fechamos a semana com uma pergunta: uma boa história contada ao pé do ouvido vale mais que muitas imagens? Não temos uma resposta definitiva para isso, mas o que se sabe é que o crescimento da audiência para podcasts no Brasil tem sido exponencial, de acordo com a Associação Brasileira de Podcasters. E em 2023 a EBC entrou neste mundo. E no Dia Internacional do Podcast, comemorado no dia 30, te convidamos a conhecer Histórias Raras, Copa Delas e Sala de Vacina, produções da Radioagência Nacional. É só clicar aqui!.
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Lula na ONU in Relatório Reservado
De acordo com os planos traçados no Planalto e no Itamaraty, o discurso do presidente Lula na ONU, no início da semana que vem, servirá, externa e internamente, como uma forma de mostrar mobilização frente às mudanças climáticas e seus efeitos.
A intenção será, ao mesmo tempo, indicar mobilização no Brasil mas, também, passar a mensagem de que é preciso ir além. Ou seja, cobrar os países ricos, abertamente, bem como, nas entrelinhas, o Congresso Nacional. E, com isso, criar uma válvula de escape para o desgaste enfrentado - e cujo foco, as queimadas pelo país, continuarão ativos.
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Cúpula do Futuro termina hoje com debate sobre desafios do século 21-Cúpula do Futuro termina hoje com debate sobre desafios do século 21 | Brasil 247
Líderes mundiais subirão ao pódio nesta segunda-feira para se aprofundarem nas ações necessárias exigidas pelas crises do século 21
"Precisamos de coragem e vontade política para mudar", diz Lula na Cúpula do Futuro, em Nova York-"Precisamos de coragem e vontade política para mudar", diz Lula na Cúpula do Futuro, em Nova York | Brasil 247
Discurso do presidente no evento ressaltou a necessidade de reforma da governança global
Líderes mundiais adotam pacto com 56 ações para o futuro do planeta-Líderes mundiais adotam pacto com 56 ações para o futuro do planeta | Brasil 247
Eliane Cantanhêde - Protagonismo do STF- O Estado de S. Paulo- Dino está para as queimadas assim como Alexandre de Moraes para o golpe: líder da resistência-CONTINUAR LEITURA
Monitoramento mostra que 99% dos incêndios são por ação humana
Pesquisadora alerta para situação crítica em três biomas- https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-09/monitoramento-mostra-que-99-dos-incendios-sao-por-acao-humana
BRUNO DE FREITAS MOURA - REPÓRTER DA AGÊNCIA BRASIL
20/09/2024 - Rio de Janeiro © Mayangdi Inzaulgarat/Ibama- Versão em áudio
Apenas uma parte ínfima dos incêndios florestais que se proliferam pelo país é iniciada por causas naturais. A constatação é da doutora em geociências Renata Libonati, coordenadora do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“De todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são de ação humana”, afirma.
A pesquisadora é responsável pelo sistema Alarmes, um monitoramento diário por meio de imagens de satélite e emissão de alertas sobre presença de fogo na vegetação. Ao relacionar os dados com a proibição vigente de colocar fogo em vegetação, ela afirma que “todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos”, disse em entrevista à Agência Brasil.
Com base em dados que ficam disponíveis a cada 24h, a professora constata que “a situação é muito crítica” nos três biomas analisados, sendo a pior já registrada na Amazônia. Em relação ao Cerrado e o Pantanal, ela ressalta que a presença das chamas está “muito próxima do máximo histórico”.
Renata Libonati associa o fogo que consome vegetação em diversas regiões brasileiras a atividades econômicas. “A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra”.
Com o olhar de quem acompanha cada vez mais eventos climáticos extremos, a pesquisadora percebe um ultimato: “Nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro”.
Acompanhe os principais trechos da entrevista:
A pesquisadora Renata Libonati associa o fogo que consome vegetação em diversas regiões brasileiras a atividades econômicas. Foto: Environmental Justice Foundation
Agência Brasil: A partir do monitoramento realizado pelo sistema Alarmes, é possível traçar um retrato de como está a situação no país?
Renata Libonati: O sistema Alarmes monitora atualmente os três principais biomas do Brasil: Amazônia, Cerrado e o Pantanal. Principais no sentido dos que mais queimam. No Pantanal, do início do ano até 18 de setembro, já teve cerca de 12,8% da sua área queimada. Fazendo um comparativo com 2020, o pior ano já registrado, 2020 queimou no ano todo cerca de 30% do bioma.
A média anual que o Pantanal queima é em torno de 8%. Então, 2020 foi muito acima e 2024 também ultrapassou a média de porcentagem diária atingida. Isso representa cerca de 1,9 milhão de hectares queimados em 2024 [para efeito de comparação, o estado do Sergipe tem quase 2,2 milhão de hectares]. Esse acumulado está abaixo do que queimou em 2020 no mesmo período, mas até o início de setembro, o acumulado era maior que o mesmo período de 2020.
A Amazônia já teve cerca de 10 milhões de hectares queimados [o que equivale a mais que o estado de Santa Catarina]. Como a Amazônia é muito grande, isso representa em torno de 2,5% da sua área queimada. A situação é muito crítica. Esse é o pior ano já registrado desde que a gente tem medição aqui no nosso sistema, em 2012.
O Cerrado já queimou cerca de 11 milhões de hectares, o que corresponde a quase 6% da sua área. Esse valor está ligeiramente abaixo do ano que mais queimou, que foi em 2012.
De uma forma geral, a situação é muito crítica nos três biomas. A Amazônia no máximo histórico; e nos outros biomas, muito próxima do máximo histórico.
Agência Brasil: Com os dados coletados, notam-se indícios de ações criminosas e/ou coordenadas?
Renata Libonati: O monitoramento por satélite não permite fazer distinção de que tipo de ignição originou determinado incêndio. O que posso dizer é que existem duas formas de iniciarmos um incêndio. A primeira é a forma humana, seja intencional ou criminosa. A segunda é a causa natural, que seriam os raios.
Percebemos um padrão que, de todos os incêndios que acontecem no Brasil, cerca de 1% é originado por raio. Todos os outros 99% são originados de ação humana. Desde maio até agora, não teve nenhuma ocorrência no Pantanal de incêndio começado por raio. Isso monitorado por satélite e com dados de descargas atmosféricas.
Isso nos indica que é fogo humano. Sabendo que existe decreto que tem proibido o uso do fogo em todas essas regiões devido à crise climática que a gente está vivendo esse ano, todos esses incêndios, mesmo que não tenham sido intencionais, são de alguma forma criminosos. Exceto quando é acidental.
Agência Brasil: São ligações com atividades econômicas, mais notadamente a agropecuária?
Renata Libonati: Existem vários fatores que estão relacionados a esses inícios de incêndio. Por exemplo, o desmatamento, um fator que fica muito ligado ao início de incêndio, porque, em geral, utiliza-se o fogo em algumas situações de desmatamento.
A ocorrência dos incêndios no Brasil está intimamente relacionada ao uso da terra, às atividades econômicas, principalmente, ligadas ao desmatamento para abrir áreas de pastagem e agricultura e, quando já está consolidado, muitas vezes se utiliza o fogo por várias razões, e isso causa os grandes incêndios que estamos observando.
Agência Brasil: O fogo, que já foi um grande aliado da humanidade, está cada vez mais se tornando um inimigo?
Renata Libonati: É muito importante não esquecer que o fogo nem sempre é ruim. Regiões como o Cerrado e parte do Pantanal, que são constituídas basicamente de regiões savânicas, são o que chamamos de dependentes do fogo. Precisam da ocorrência anual do fogo para manter a sua biodiversidade e padrão ecossistêmico. O que ocorre é justamente isso que você comentou, a ação humana alterou completamente o regime de fogo natural dessas regiões para um regime atual que é muito mais agressivo, no sentido que os incêndios são mais intensos, mais extensos e mais duradouros. Isso tem um efeito muito ruim mesmo em regiões que são dependentes do fogo.
É diferente da Amazônia e de qualquer floresta tropical, que a gente chama de ecossistemas sensíveis ao fogo. Quando ocorre, é altamente prejudicial. É sempre bom fazer essa distinção entre o Cerrado, Pantanal e Amazônia, porque as relações que cada ecossistema tem com o fogo são diferentes, e o uso do fogo precisa ou não ser tratado de forma diferente de acordo com o ecossistema.
Rio de Janeiro (RJ), 19/07/2024 – Sistema de alarme de queimadas. Foto: Lasa/Reprodução - Lasa/Reprodução
Agência Brasil: Como o sistema Alarmes faz o monitoramento?
Renata Libonati: O sistema Alarmes foi lançado em 2020. Até aquela época, o monitoramento de área queimada por satélite era feito com atraso que podia chegar a três meses para a gente ter estimativas de quanto e de onde queimou. O sistema Alarmes veio para trazer uma informação que era muito requerida pelos órgãos de combate e prevenção, que era informação da área queimada de alguma forma rápida, em tempo quase real, para fazer as ações de planejamento do combate.
Nós utilizamos imagens de satélite da Nasa [agência espacial americana], aprendizado de máquina profundo [um método de inteligência artificial] e informações de focos de calor. Isso nos permitiu criar esses alertas rápidos. Enquanto antes nós precisávamos esperar de um a três meses para ter essas localizações do que queimou, nós temos essa informação no dia seguinte que queimou. Ele é atualizado diariamente com novas informações e vem sendo aprimorado através da colaboração com entidades públicas, privadas e até da sociedade. Nos ajudam a validar os nossos alertas e a qualidade dos nossos dados, por exemplo, através do sistema Fogoteca.
Brigadistas que estão combatendo tiram fotografias georreferenciadas e inserem isso no sistema como uma forma de saber que os nossos alertas estão corretos no tempo e no espaço. A Fogoteca vem crescendo desde então, nos auxiliando a melhorar essas estimativas com informação de campo, que é muito importante para validar e verificar a acurácia do monitoramento que fazemos por satélite.
Agência Brasil: Houve uma atualização esta semana no Alarmes, para aumentar a precisão.
Renata Libonati: Essa diferença de dar a área queimada com atraso de três meses ou de um dia vai fazer com que você tenha uma melhor precisão quando tem mais tempo para trabalhar aquelas imagens do que quando você tem que fazer uma coisa muito rápida, quando perde um pouco a precisão. É aquele cobertor curto, quando eu tenho um processamento rápido, eu perco qualidade, mas ganho agilidade. Quando eu tenho um processamento lento, eu perco em agilidade, mas ganho em qualidade.
Os nossos alertas, por terem essa capacidade de identificar rapidamente o que que aconteceu, têm uma qualidade mais restrita que um dado mais lento. O que fizemos para atualizar isso foi juntar os dados mais lentos com os mais rápidos, de forma a diminuir essas imprecisões: efeitos de borda (superdimensionamento da área identificada) e omissões em casos específicos
"O que estamos vivenciando hoje é um resultado do que a humanidade vem fazendo ao longo de várias décadas", afirma a pesquisadora Renata Libonati. Foto: Environmental Justice Foundation
Agência Brasil: O sistema Alarmes é uma ferramenta. Para conter a proliferação de incêndios no país são necessárias ações da sociedade e governos. Como especialista no assunto, sugere caminhos?
Renata Libonati: A gestão do incêndio não passa apenas pelo combate. Muito pelo contrário, o pilar precisa ser a prevenção. Passa, por exemplo, por uma gestão da vegetação antes da época de fogo, fazer aceiros [terreno sem vegetação que serve como barreira para impedir a propagação do fogo], diminuir material combustível seco, muitas vezes através de queimas prescritas, quando se usa o que chamamos de "fogo frio", antes da época de fogo, quando a área ainda está úmida. Fragmentar a paisagem para quando chegar a época de fogo, ele não ter para onde ir porque você já tirou aquela biomassa dali, contendo o incêndio.
Essas técnicas de prevenção também englobam maior conscientização e educação ambiental sobre o uso do fogo. Maior fiscalização. Ações que precisam ser feitas de forma continuada ao longo de vários anos.
Diante das condições climáticas que estamos vivenciando nas últimas décadas e, principalmente, nos últimos anos, observamos que esses eventos extremos, como grandes secas e ondas de calor estão cada vez mais frequentes, duradouros e persistentes e essas são as condições que levam a grandes incêndios. Então qualquer ignição vai se propagar de uma forma muito rápida, muito intensa, e o combate é muito difícil.
Mesmo que tenhamos um empenho muito grande, como está acontecendo este ano por parte dos governos federal e estaduais empenhados no combate, mesmo assim essas condições climáticas são muito desfavoráveis ao combate. É muito difícil combater, por isso que é preciso sempre priorizar a prevenção. O Brasil deu um primeiro passo para isso, que foi a lei do Manejo Integrado do Fogo, aprovada o final de julho, sancionada pelo presidente da República.
Essa lei vai permitir uma mudança de paradigma na forma em que o Brasil realiza a sua gestão de incêndios, permitindo um pilar muito forte na prevenção do que propriamente no combate. Já demos um primeiro passo.
Agência Brasil: Pode se dizer que mudanças climáticas são uma ameaça não para o planeta, e, sim, para a vida humana?
Renata Libonati: O que estamos vivenciando hoje é um resultado do que a humanidade vem fazendo ao longo de várias décadas. Realmente é preciso fazer uma mudança na forma que a gente utiliza o planeta porque o nosso estilo de vida atual é incompatível com o bem-estar da nossa sociedade no futuro.
Se continuarmos a emitir gases do efeito estufa na mesma faixa que estamos hoje, vamos ter, os modelos climáticos indicam, nos 2050 até 2100, ocorrências muito mais frequentes de ondas de calor, de secas, enchentes como a que a gente viu no Rio Grande do Sul. Isso vai impactar diretamente a vida humana. É importante chamar atenção que sempre as pessoas que vivem em maior vulnerabilidade são aquelas que vão ser as mais impactadas.
Agência Brasil: Voltando ao sistema Alarmes, é uma mostra de que a academia está centrada para as necessidades atuais da sociedade?
Renata Libonati: Essa ideia de que a universidade vive fechada nas suas quatro paredes já não procede. As universidades públicas, há algumas décadas, mudaram a forma de fazer ciência, passando por uma ciência que visa auxiliar na solução dos problemas que a nossa sociedade tem hoje. O Alarmes é, de fato, um bom exemplo de que todo o conhecimento gerado na academia pode ser utilizado na forma de trazer um benefício para a solução desses problemas. No caso, a gestão dos incêndios, que vai levar também a uma melhoria da qualidade do ar.
No caso do Alarmes, o desenvolvimento foi possível por conta de uma aproximação do Prevfogo [Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais] do Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis], que financiou um edital no CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico]. Foi um edital inédito e eles trouxeram os principais problemas que eles tinham. Um desses problemas era o monitoramento mais rápido da área queimada. Então é muito importante que haja investimentos públicos na universidade para que a gente possa ter condições de desenvolver e melhorar cada vez mais a inovação que podemos ter.
Nós tivemos também muitos investimentos de ONGs [organizações não governamentais], como Greenpeace, Wetlands Internacional, WWF, CEPF, Terra Brasilis. Uma série de ONGs preocupadas com a questão ambiental e que fomentaram algumas melhorias no sistema.
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Brasil verde?- BERNARDO JUREMA 19 DE SETEMBRO DE 2024 MEIO AMBIENTE
Entre os muitos contrastes entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e seu antecessor Jair Bolsonaro está sua abordagem diferente ao meio ambiente. Enquanto Bolsonaro descreve o aquecimento global como uma "conspiração marxista", Lula prometeu transformar o país em uma "potência ambiental" de classe mundial. O primeiro afrouxou as regulamentações sobre as empresas madeireiras, autorizou a exploração de petróleo em áreas de rara biodiversidade e enfraqueceu as agências ambientais estaduais. O último, desde que retornou ao cargo para um terceiro mandato em janeiro de 2023, impôs restrições mais rígidas ao desmatamento, que caiu 68% na Amazônia naquele ano. Ele reverteu certas atividades de mineração, usou os serviços de segurança para reprimir práticas comerciais ecologicamente destrutivas, financiou parques nacionais e locais de conservação e renomeou o antigo Ministério do Meio Ambiente para dar destaque às mudanças climáticas.
No entanto, enquanto outros países amazônicos como Equador e Colômbia tomaram medidas concretas para controlar o capital fóssil, o Brasil – o sétimo maior emissor do mundo, com um setor de petróleo e gás que responde por 10% do seu PIB – continua a arrastar os pés. Apesar de fazer algum progresso em iniciativas verdes, Lula ainda parece determinado a usar recursos fósseis para impulsionar o desenvolvimento, na esperança de consolidar seu apoio entre o subproletariado e manter o bolsonarismo sob controle. Com base nisso, ele está apoiando uma proposta da estatal petrolífera, Petrobras, para empreender exploração de petróleo na Margem Equatorial, a 500 quilômetros da foz do Rio Amazonas: uma área que poderia conter até 5,6 bilhões de barris de petróleo e aumentar as reservas do Brasil em 37%. Ele também apoiou uma série de megaprojetos de infraestrutura: uma linha ferroviária que poderia acelerar o desmatamento em terras indígenas, uma rodovia cortando a floresta tropical intocada e uma licença renovada para uma grande barragem hidrelétrica. Questionado sobre o impacto ambiental de tais medidas, Lula insistiu que "não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade de crescer".
Como devemos entender essa lacuna entre a retórica verde do presidente e a realidade? Interesses comerciais e políticas nacionalistas há muito tempo estão unidos em apoio à indústria brasileira de combustíveis fósseis. Em 1939, a descoberta de petróleo na Bahia provocou um influxo de empresas estrangeiras e um clamor da população nacional, que viu suas atividades como uma violação da soberania brasileira. Isso levou à campanha nacionalista O petróleo é nosso!, liderada pelo presidente Getúlio Vargas, que culminou na criação da Petrobras em 1953. Nas duas décadas seguintes, a exploração offshore foi uma parte fundamental do esforço do país para reduzir sua dependência de combustível estrangeiro, com o governo estabelecendo uma meta de produzir 500.000 barris por dia até 1985. Uma série de grandes depósitos foram eventualmente descobertos na plataforma continental, primeiro em Sergipe e depois na Bacia de Campos, transformando o Brasil no maior produtor da região.
Em 1997, o monopólio estatal do petróleo do Brasil foi desmantelado e a Agência Nacional do Petróleo foi criada como um órgão federal para supervisionar o setor. O estado continuou sendo o acionista majoritário da Petrobras, mas a empresa agora tinha que competir em igualdade de condições com empresas privadas em processos de licitação, em linha com o programa neoliberal do presidente Fernando Henrique Cardoso. Foi essa estrutura que o Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula decidiu desafiar durante seus quatorze anos no cargo (2003-2016), aumentando o investimento e desenvolvendo novas reservas extensas. No final desse período, a produção nacional de petróleo havia disparado para mais de 2,6 milhões de barris por dia, 78% dos quais foram produzidos pela Petrobras. O desenvolvimento industrial foi consistentemente priorizado em detrimento das preocupações ecológicas. O estado financiou a expansão da indústria de carne bovina na Amazônia – um grande impulsionador do desmatamento – enquanto supervisionava o lançamento de vários novos projetos de barragens, incluindo a Belo Monte, que aumentou os níveis de pobreza local e causou invasão urbana na floresta. A repressão era frequentemente usada para lidar com as consequências sociais, com repressões a protestos e mobilizações militares em áreas pobres.
Hoje, Lula frequentemente enquadra a indústria do petróleo como uma ferramenta de justiça econômica, afirmando que "Aqueles que vivem na Amazônia têm direito aos bens materiais que todos os outros têm" - embora quando se trata da destruição e miséria que ela pode infligir às populações locais, ele seja notavelmente menos vocal. O histórico de acidentes do setor na grande Amazônia e em outros lugares, incluindo 62 vazamentos de óleo somente em 2022, é alarmante para dizer o mínimo. E a disputa por petróleo na Margem Equatorial já parece estar causando migração externa de áreas próximas, mesmo antes do primeiro poço ter sido perfurado. A agência ambiental estadual, Ibama, negou o primeiro pedido de exploração da Petrobras, alegando que não havia dado garantias suficientes sobre possíveis vazamentos de óleo nem considerado o impacto em terras indígenas. Outro pedido está agora sob análise.
No entanto, o nacional-desenvolvimentismo não é o único fator que inibe políticas climáticas mais robustas. A poderosa indústria do agronegócio do Brasil também se mobilizou contra elas a todo momento, usando sua influência para minar proteções ambientais, direitos indígenas e regulamentações de pesticidas. O governo também enfrenta pressão sustentada da Petrobras, que está determinada a se tornar a terceira maior produtora do mundo até 2030, e de políticos que buscam atrair mais empregos e receitas para suas regiões. O resultado é uma economia extrativista típica assolada por déficits comerciais e dependência estrangeira. Embora o primeiro governo de Lula tenha conseguido gerar superávits graças ao aumento dos preços das commodities na década de 2000, isso foi impossível de sustentar quando eles caíram na década de 2010. Agora está claro que, enquanto o país resistir a uma transição verde significativa, ele terá que continuar produzindo bens e serviços para o Norte Global às custas de sua ecologia doméstica. Isso, juntamente com termos comerciais desfavoráveis e tarifas impostas pelos países avançados, prenderá o Brasil em um ciclo vicioso: depender de indústrias extrativas para financiar suas importações e dívidas.
Apesar da necessidade de mudar de rumo, o mais recente plano de negócios da Petrobras aloca 72% de seu investimento total para os setores de petróleo e gás e apenas 11% para iniciativas de "baixo carbono" nos próximos cinco anos. Ela gastará meros US$ 7 bilhões em fontes de energia não fósseis, como eólica, solar e biocombustíveis, embora as condições para a transição para uma energia mais limpa sejam relativamente favoráveis. O principal cliente de petróleo do Brasil, a China, planeja atingir o pico de consumo antes de 2030 e reduzir sua dependência de combustível importado em meio a tensões com os Estados Unidos. Nesse contexto, ter uma empresa pública como a Petrobras, bem como propriedade pública sobre os recursos naturais, deve permitir que o estado se adapte a esse cenário econômico em mudança: priorizando investimentos estratégicos de longo prazo em vez de imperativos de mercado de curto prazo. Mas ainda não há sinal disso.
Por meio de suas tentativas retóricas de equilibrar "sustentabilidade" e "desenvolvimento", Lula pode ter comprado tempo suficiente para evitar um desastre de relações públicas quando sediar a COP30 na cidade amazônica de Belém do Pará em 2025. Mas logo ele perceberá que não pode quadrar esse círculo. No verão passado, houve ondas de calor recordes no Peru, Paraguai e Bolívia, e temperaturas acima de 40 °C em partes do Brasil. Um estudo recente prevê que o centro-oeste, nordeste, norte e sudeste do país podem ficar inabitáveis em cinquenta anos. Enquanto isso, estima-se que entre 10% e 47% da floresta amazônica sofrerá maior estresse hídrico, potencialmente empurrando o ecossistema para além de um ponto crítico e arriscando um colapso irreversível. Dada a inação do governo, caberá aos movimentos sociais do Brasil desafiar o domínio do capital fóssil e do agronegócio - pressionando pela proibição da exploração de petróleo e pela regeneração da floresta tropical. Este é um conflito em que não há meio-termo. Lula terá que escolher de que lado ficará.
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O DIA DO TEATRO
O dia de hoje, 19 de setembro, no Brasil, é o DIA DO TEATRO, instituído pelo Projeto de Lei nº 6.139/13. . A expressão artística surgiu, por aqui, no século XVI, mas, inicialmente, o objetivo era disseminar a crença religiosa. Foi apenas em 1808 – por conta da chegada da Família Real Portuguesa – que o teatro ganhou a configuração de entretenimento. No século XX explodiu em popularidade com sua disseminação no rádio e telenovelas. No teatro tradicional brasileiro temos principalmente a comédia e o romance voltados para a vida urbana.. O teatro é uma arte de representação artística ao vivo que contêm os seguintes elementos: atores, palco e público. Vários autores e produtores se destacaram no Teatro brasileiro. Três nomes, entretanto, se distinguem: Nelson Rodrigues, pela reconstituição da vida como ela é, João Cabral de Melo Neto, pela capacidade de juntar Poesia e Teatro e José Celso Martinez, pela versatilidade e pertinácia na defesa da Oficina Teatral. E uma homenagem à nossa Dama do Teatro: Fernanda Montenegro.,
O teatro no Brasil, assim como a cultura em geral, tem sofrido diversos ataques e tentativas de esvaziamento. O teatro brasileiro conquistou um lugar de destaque na cena cultural do país, sendo reconhecido também internacionalmente. Hoje em dia, há ainda diversos grupos que se dedicam ao estudo da expressão, tanto companhias experimentais quanto comerciais.. Para muitos críticos, o teatro está muito afastado da população brasileira, seja pelo preço do ingresso, localidade das salas ou por já existirem outras formas de entretenimento. Importante destacar a importância das salas de espetáculo teatral no Brasil: O Teatro Municipal do RJ, o Teatro de São Paulo, O Teatro de Manaus, o Teatro SÃO PEDRO, de POA, construído com recursos públicos daquela época, inaugurado em 1858.
Anexo :História do Teatro no Brasil
Laura Aidar - Arte-educadora, fotógrafa e artista visual
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O início da história do teatro no Brasil tem como referência as exibições teatrais idealizadas por padres jesuítas durante o século XVI.
Um nome de grande importância para a origem do teatro brasileiro foi o padre José de Anchieta (1534-1597), considerado o primeiro dramaturgo do país.
Com o tempo, essa linguagem artística ganha novas características, atendendo aos interesses da aristocracia e, posteriormente, passa a retratar também outras parcelas da população.
Foram muitas as transformações no teatro brasileiro, surgindo apenas na primeira metade do século XX os primeiros grupos teatrais verdadeiramente nacionais.
Como surgiu o teatro no Brasil?
Quando chegaram em solo brasileiro e se depararam com a população indígena, os portugueses prontamente começaram a elaborar estratégias de dominação do lugar e, sobretudo, do povo nativo.
Assim, com o objetivo de converter a população indígena ao cristianismo, os religiosos utilizaram o teatro como instrumento de doutrinação, no que se chamou de teatro de catequese.
O formato teatral foi escolhido pois facilitava a apresentação das ideias cristãs, trazidas pelos portugueses.
A tela Na cabana de Pindobuçu (1920), de Benedito Calixto, retrata os missionários jesuítas Anchieta e Nóbrega catequizando indígenas
Como características do teatro de catequese destacam-se:
• preocupação em transmitir ensinamentos católicos;
• valorização do propósito bíblico em detrimento da expressão artística;
• locais de apresentação acessíveis, como escolas, espaços públicos de lazer e ruas;
• mistura de elementos da cultura indígena, como a música e a dança.
No século seguinte, ainda abordando temas religiosos, surge um teatro mesclado a festas populares e à encenação da Via Crucis. Esses eventos contam com a participação direta do povo.
Leia também: Padre José de Anchieta.
Evolução do Teatro no Brasil
Um evento marcante para a cena cultural brasileira foi a vinda, no final de 1807, de Dom João VI e sua família, fugindo de conflitos com Napoleão Bonaparte na Europa.
Buscando oferecer entretenimento e lazer à nobreza, o rei traz consigo diversos artistas das artes plásticas, música, dança e teatro.
Ele faz então um decreto que estabelece a criação de teatros que atendam as demandas da nova classe que aqui se instalava. Assim, o país passa a receber peças no modelo francês para a diversão da aristocracia, e obviamente não refletiam os costumes e a cultura do povo.
Uma obra marcante para o teatro brasileiro na primeira metade do século XIX foi Antônio José ou O Poeta e a Inquisição, de Gonçalves de Magalhães, encenada em 1838.
A peça é inserida na vertente do Romantismo e faz parte do gênero dramático. Com objetivos nacionalistas, teve como protagonista o ator carioca João Caetano (1808 - 1863).
Comédias de Costumes
No século XIX surge também a chamada comédia de costumes, um gênero teatral, baseado no humor e na sátira, que abordava os comportamentos da sociedade da época, com personagens caricatos.
O mais importante dramaturgo na comédia de costumes foi Martins Pena (1815-1848), responsável por algumas peças de destaque, como O juiz de paz da roça (1838), O inglês maquinista (1845) e O noviço (1845).
Teatro Realista
O teatro realista é uma das expressões artísticas que integram o Realismo, movimento surgido na Europa que se opunha ao Romantismo e tinha como propósito revelar questões sociais latentes na sociedade.
Desponta em uma época de grandes transformações no Brasil, com o fim da escravidão, a Proclamação da República e a vinda de imigrantes de várias partes do mundo para compor a classe trabalhadora.
Com caráter crítico, os espetáculos abordavam assuntos que envolviam a política, economia e os dilemas humanos.
São considerados como principais dramaturgos realistas os escritores Machado de Assis (1839-1908), José de Alencar (1829-1877), Joaquim Manoel de Macedo (1820-1882) e Artur de Azevedo (1855-1908).
O teatro brasileiro a partir do século XX
No século XX o teatro se torna uma linguagem mais autentica no país.Companhias nacionais surgem a partir da década de 30, como, por exemplo, o Teatro do Estudante do Brasil (TEB), em 1938.
Entretanto, foi em 1943 que essa expressão ganha maior visibilidade, com a estreia da peça Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, inaugurando um teatro moderno no país. Assinou a direção do espetáculo o dramaturgo polonês Ziembinski.
Outros grupos importantes surgem, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro. É o caso do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), criado em 1948 por Franco Zampari. Dele participam nomes importantes como Cacilda Becker, Paulo Autran, Walmor Chagas, Tônia Carrero e Fernanda Montenegro.
Anos depois é fundado o Teatro de Arena, em 1953. O grupo trazia uma aura revolucionária e contestadora frente a tensão política e social dos anos pré-ditadura. Uma peça que marcou o início da companhia foi Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarniere, encenada em 1958.
Um nome muito importante para a cena teatral brasileira é Augusto Boal, ator e dramaturgo que integrou o Teatro de Arena.
Ele idealizou um método de ensino, o Teatro do Oprimido, com a intenção de tornar essa linguagem mais democrática e acessível.
Durante os anos em que ocorreu a ditadura militar, entre 1964 e 1985, a linguagem teatral sofreu perseguição e censura, assim como todas as manifestações artísticas, principalmente nos anos 60 e 70. Portanto, alguns atores e dramaturgos tiveram que deixar o país ou só conseguiram realizar a montagens de espetáculos anos depois.
O teatro brasileiro conquistou um lugar de destaque na cena cultural do país, sendo reconhecido também internacionalmente.
Hoje em dia, há ainda diversos grupos que se dedicam ao estudo da expressão, tanto companhias experimentais quanto comerciais. Há ainda montagens de espetáculos de outros países, como grandes musicais.
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.
Veja também
• História do teatro
• Teatro Medieval
• Teatro Grego
• Fonte-https://www.todamateria.com.br/historia-do-teatro-no-brasil/#:~:text=O%20teatro%20brasileiro%20conquistou%20um,tanto%20companhias%20experimentais%20quanto%20comerciais.
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A VIOLÊNCIA POLÍTICA NUM MUNDO CADA VEZ MAIS DISTÓPICO
O episódio da “cadeirada” do candidato a Prefeito em São Paulo, Datena/ PSDB , num debate entre candidatos na TV Cultura daquele Estado, está não só repercutindo, aliás negativamente, como suscitando maiores reflexões sobre a violência política. A violência física, bofetões e cadeiradas, a propósito, são o corolário da violência verbal, que por sua vez resulta, no campo político, da radicalização de opiniões e situações. O extremismo, enfim, é, sempre, o resultado de polarizações extremadas , desembocando, inclusive, em atos de terrorismo que marcam a História da Humanidade desde priscas eras. Este é, também, o último recurso de populações e grupos sujeitos à processos de dominação, os quais, impossibilidades de reverberar e encaminhar demandas correspondentes à sua liberdade ou sobrevivência, desembocam em atitudes até suicidas. A revolta dos escravos liderados por Spartacus, na antiga Roma é um clássico deste processo. Esse tipo de revolta teria levado o grande abolicionista brasileiro, Luiz Gama, a sustentar, num processo em que defendia escravos que haviam assassinado seu amo, que “todo aquele que mata o seu ‘Senhor’, o faz em legítima defesa’. Na antiguidade, os romanos também enfrentaram a ira dos zelotes judeus na ocupação de suas terras: os grupos mais extremistas eram chamados de Sicários, que usavam táticas violentas e furtivas atacando os centuriões com pequenas adagas escondidas sob suas vestes. No mundo moderno, os anarquistas costumavam manifestar sua contrariedade com o mundo burguês emergente com bombas e atentados. Um deles gerou, na Sérvia, a I Guerra Mundial. Nações colonizadas – e neo colonizadas - também desembocaram no uso da violência como manifestação de seu descontetamento. A Grande Marcha da China, que acabou na Revolução liderada por Mao Tse Tung em 1949, teve início como reação nacional à barbárie da ocupação japonesa de seu território. Várias revoluções do século passado também obedeceram á esta lógica, como a Luta pela Independência da Argélia, na década de 1960, a Revolução Cubana, e vários outros processos de luta pela auto-determinação no resto do mundo, dos quais não se pode esquecer da questão palestina. Ultimamente, porém, a violência vem ocorrendo, também, em países ditos democráticos e com altos níveis de institucionalização da sociedade e encaminhamento de solução pacífica de conflitos. O caso dos Estados Unidos é um exemplo. A violência grassa não só no campo da Política, vitimando Presidentes e ameaçando candidatos, como se espraia sobre toda a sociedade que vê no direito de usar e abusar das armas um instituto libertário. Agora mesmo, dois atentados já se registraram contra Donald Trump. Nestes casos, a violência não resulta propriamente do última recurso contra formas de dominação autoritária e excludente. Trata-se de um processo mais complexo de acúmulo de frustrações e ausência de auto-contenção social quando, à banalidade da vida em comum se sucede a “banalidade do mal” e desta para a “banalidade da loucura”. Um dos principais fatores neste processo é uma espécie de anomia na perda posições e dificuldades de grupos internos para acompanharem transformações estruturais da economia e sociedade. É o que está acontecendo em várias partes do mundo ocidental, primneiro como resultado da globalização, que levou à degradação de vastas áreas industrais, depois, agora, com o reescalonamento em escala mundial das plantas industriais como resultado da recuperação da ideia de construção de um mínimo de soberania nacional sobre produtos e serviços estratégicos. Isso está reanimando um discurso de ódio oportunisticamente explorado pela extrema direita. Curiosamente, como demonstrou um autor argentino recentemente, ela recorre a consignas e formas de luta da velha esquerda, hoje institucionalizada, como proselitismo ant-sistema, empolgando as massas com o uso de Redes Sociais hoje disponíveis. Acabam manipuladas por interesses ocultos que sequer eles próprios, protagonistas, muitas vezes desconhecem. Dissemina-se então o ódio , a violência verbal e até física. Pessoas contaminadas por estes discursos perdem a capacidade de agir civilizadamente e chegam até ao terrorismo e assassinato. Vide aquele caso no Paraná, em que um possesso bolsonarista invade uma festa particular e assassina o aniversariante. Aliás, ontem foi posto em liberdade...
A cadeirada, enfim, gera suas reflexões.
Aí, pois, entramos num mundo distópico, como afirma Ualid Rabah, líder dos palestinos no Brasil, após as explosões, ontem, de pagers, supostamente planejadas por Israel, sobre supostos dirigentes do Hezbollah, um partido organizado no Líbano, com assento no seu Parlamento.
“Mundo, mundo vasto mundo...”
AS CONTROVERTIDAS e DUVIDOSDAS CLASSIFICAÇÕES
Franklin Cunha
sáb., 14 de set., 08:27 (há 2 dias)
para Tito, Ruy, Gilbertoschwartsmann, Silvio, Walpicci, Wmanfroi, Je, Mloguercio, Zilabester, Fernandoabscruz, Fernando, Blaufsouza, Celso, Carpinejar, Dione, Rosane, Franciscomarshall, che@hotmail.com, Antônio, Joaocafruni, Brunomcosta, Daiello, Daniel, Gunteraxt, PAULO, mim, Rodrigoperincunha, Rodrigo
ROGOWSKI, J.F - jurista <j.f.rogowski@gmail.com> escreveu:
Saudações, caro amigo Dr. Franklin, e demais integrantes do grupo,
Sua crônica é excelente ao ilustrar a tendência da mente humana em compartimentar a realidade. Parabéns!
Recentemente, tive a oportunidade de assistir a uma palestra de um psicólogo coronel da Aeronáutica, que abordou essa necessidade — ou limitação — da mente humana e usou as Forças Armadas como exemplo.
Ele destacou como as Forças Armadas se dividem em diferentes ramos: Marinha, Exército e Aeronáutica. Cada um desses ramos, por sua vez, se subdivide em especializações ainda mais específicas, como o pessoal de terra e o pessoal do ar dentro da Força Aérea Brasileira.
Essa subdivisão continua, com distinções entre aviação de transporte de carga, aviação de transporte de passageiros e aviação de caça/combate, cada segmento frequentemente valorizando-se mais do que os outros.
Esse fenômeno ilustra um ponto fundamental: a arbitrariedade das classificações do universo nos leva a uma reflexão profunda sobre a natureza da realidade e nossa dificuldade em compreender o todo de forma integrada.
A dualidade é um princípio que permeia nosso universo, abrangendo desde fenômenos naturais até construções sociais. Contudo, essa dualidade, embora útil, não captura a totalidade da complexidade cósmica.
Historicamente, as classificações têm sido simplificações da realidade. Desde a Antiguidade até a modernidade, a tentativa de categorizar o mundo revela mais sobre nossas limitações do que sobre a essência das coisas.
Portanto, a classificação deve ser vista como uma ferramenta e não como um objetivo em si mesma. É crucial reconhecer a importância da diversidade e da complexidade do universo, evitando a rigidez de sistemas classificatórios que não conseguem abranger a riqueza da vida.
Concluo agradecendo pela partilha de seu perspicaz texto. Em um mundo conturbado e em constante conflito, a alma encontra refúgio na beleza da poesia. Por isso, envio em anexo para todos os integrantes do grupo uma amostra do meu recente livro, Ultraverso da Alma, uma coleção de poemas e reflexões, que foi recentemente lançado no Brasil e está prestes a ser lançado em Portugal e na Espanha. Espero que gostem e sintam-se à vontade para compartilhá-la, se desejarem.
Fraterno abraço,
Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
Dia do Cerrado por PAULO TIMM
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O Cerrado vem sendo ameaçado e hoje sofre mais com o desmatamento do que a Amazônia. Todos os dias são colocadas em risco espécies da fauna e flora nativas. Nas áreas do Cerrado, mormente no Centro Oeste se encontram as vertentes de grandes bacias brasileiras, responsáveis, em última análise pelas águas que alimentam nossa vida no campo e na cidade. Com a destruição do cerrado, cada vez mais ameaçado pelo avanço indiscriminado do agro, corremos o risco de secar o Brasil. Morei 40 anos entre Brasília e Goiás e aprendi a amar essa região, sua gente e sua biodiversidade que tem, na caliandra, a rosa do cerrado, uma de suas mais belas flores. Vi, inclusive, com meus próprios olhos como potentes tratores de esteira arrastavam as pequenas árvores do cerrado para limpar os campos para a agricultura, deixando-as inertes em valas à beira das estradas, esperando a queimada nas secas inclementes. Triste espetáculo: Cemitérios de árvores... Neste dia homenageio um dos grandes defensores do Cerrado, o Jornalista Washington Novaes, falecido em 2020 e com vários artigos e livros sobre o que considerava a “floresta invertida” do Brasil. Ele foi, como Secretário do Meio Ambiente de Brasília, o inspirador da criação da Reserva de Biosfera do Cerrado, a qual, sucendendo-o na pasta, tive ocasião de ver confirmada pela UNESCO. Com efeito, o Cerrado não tem a imponência das Matas Atlântica e Amazônica. É um sistema intermediário entre as duas, de baixa qualidade do solO, rico em minerais. Não obstante, é rico em biodiversidade. Um. Projeto, Save Cerrado, chama a atenção para a salvação deste importante bioma. Alie-se a esta causa.
Com oito das 12 principais bacias hidrográficas que abastecem o país, Cerrado é bioma mais devastado do Brasil
Washington Novaes – 1934/2020
https://envolverde.com.br/politica-publica/ambiente/com-oito-das-12-principais-bacias-hidrograficas-que-abastecem-o-pais-cerrado-e-bioma-mais-devastado-do-brasil/
Washington Luís Rodrigues Novaes (Vargem Grande do Sul, 3 de junho de 1934 — Aparecida de Goiânia, 24 de agosto de 2020) foi um jornalista brasileiro que tratou com especial destaque os temas de meio ambiente e culturas indígenas. Recentemente, era colunista dos jornais O Estado de S. Paulo[1] e O Popular, bem como consultor de jornalismo da TV Cultura.[2] Um de seus trabalhos mais recentes foi a realização da série de documentários Xingu - A Terra Ameaçada.[3]
Durante sua passagem pelo jornal Ultima Hora, empreendeu uma reforma capitaneada a distância pelo diretor do veículo, Samuel Wainer, que estava exilado em Paris. Foi Secretário do Meio Ambiente do D.F.e um dos maiores defensores do Cerrado.
Morreu no dia 24 de agosto de 2020 em Aparecida de Goiânia, aos 86 anos.[
O Cerrado tem nascentes de oito das 12 principais bacias hidrográficas que abastecem o Brasil e conecta a Amazônia ao norte, a Caatinga a nordeste, o Pantanal a sudoeste e a Mata Atlântica ao sudeste. Apesar de sua importância socioambiental, é o bioma mais rapidamente devastado do país: em 2023, perdeu cerca de 1 milhão de hectares de vegetação nativa para o desmatamento.
O número representa uma área do tamanho de dois Distritos Federais e um
aumento de 67,7% em relação ao ano anterior. Foi também a primeira vez que a
área desmatada de Cerrado foi maior que a área amazônica, desde o início da
publicação do Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD) da rede
MapBiomas.
Por “bombear” água para o restante do território brasileiro, o Cerrado é chamado de
“Coração das Águas” em uma nova campanha cujo objetivo é sensibilizar
brasileiros e brasileiras sobre o bioma e esta região. Ao todo, são mais de 3.500
nascentes que correm apenas para a Amazônia, sem falar no Pantanal, na Caatinga
e na Mata Atlântica, e abastecem milhares de cidades, a indústria e a própria
agropecuária.
O segundo maior bioma da América do Sul possui ainda mais características
fundamentais, afinal, presente em 11 estados do Brasil e no Distrito Federal, abriga
cerca de 12% da população (25 milhões de pessoas), além de 80 etnias
indígenas e diversas comunidades quilombolas, geraizeiras, de quebradeiras
de coco babaçu e diversos outros segmentos de povos tradicionais. Apesar de
prover quase metade da água doce do Brasil, a conversão de áreas nativas do
Cerrado para pastagens e agricultura já tornou o clima na região quase 1°C mais
quente e 10% mais seco, indica um estudo publicado na revista científica Global
Change Biology.
No quesito diversidade, é a savana mais antiga e biodiversa do planeta.
Estima-se que abrigue mais de 12 mil espécies de plantas. A região conta também
com pelo menos 2.373 espécies de vertebrados, cerca de um quinto dos quais são
endêmicos, ou seja, exclusivos do Cerrado.
A magnitude do Cerrado também está embaixo da terra, uma vez que abriga uma
“floresta invertida”, ou seja, tem árvores com raízes profundas que atuam
como uma esponja gigante absorvendo e estocando água da chuva, distribuída
para milhões de nascentes durante todo o ano, inclusive no período de seca. Ao
desmatar essa vegetação, acontece a compactação e erosão do solo, dificultando a
retenção de água para os aquíferos e prejudicando rios de todo o bioma.
É por isso, também, que a campanha “Cerrado, Coração das Águas” gira em
torno da questão hídrica. A ideia é apresentar o bioma como fundamental para a
vida humana na COP de Belém, que será realizada em 2025 na capital paraense.
“Queremos que todos saibam da relevância do Cerrado para as nossas vidas,
inclusive para a agropecuária”, diz Yuri Salmona, diretor-executivo do Instituto
Cerrados.
O Cerrado é hoje responsável por 60% de toda a produção agrícola do Brasil,
incluindo culturas como soja, milho e algodão- 14% de toda a soja do mundo e 16%
da carne são produzidas no Cerrado. Plantações que dependem da estabilidade
climática já começam a sofrer os impactos do desmatamento. A expansão agrícola,
principal indutora do desmatamento do Cerrado, muda o cenário climático local e
regional, o que pode levar à queda de produtividade e à diminuição do número de
safras, além de agravar o aquecimento global. “Cerca de 28% das áreas agrícolas
de milho e soja do Centro-Oeste já estão fora do ideal climático para plantio, número
que pode aumentar para 70% em 30 anos”, explica Ane Alencar, diretora de
Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), em referência a
um estudo publicado pela instituição na revista científica Nature Climate Change. O
início da estação chuvosa agrícola já está 36 dias atrasada e as chuvas já
reduziram 8,6% em média no Cerrado.
As barreiras para conter o avanço do desmatamento no bioma são poucas. O
Código Florestal brasileiro determina que, pelo menos, 20% da área dos
imóveis rurais no Cerrado seja mantida como vegetação nativa, e essa
proteção passa para 35% em áreas de Cerrado dentro da Amazônia Legal. Na
Amazônia, uma propriedade privada é obrigada a manter até 80% da vegetação
nativa de sua área- o inverso. Além disso, no Cerrado existem poucas Unidades
de Conservação (UCs) e Terras Indígenas, ocupando apenas 8,6% e 4,8% do
território do bioma, respectivamente. “A perspectiva de aumentar essa
porcentagem é baixa, devido ao preço da terra e ao pequeno orçamento destinado
pelo governo à criação de áreas protegidas”, diz Isabel Figueiredo, coordenadora
do Programa Cerrado do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).
“O Cerrado está em degradação. Foram mais de 20 mil km² desmatados nos
últimos 2 anos. Além disso, hoje, o Cerrado tem sido diretamente impactado pela
crise climática, o bioma está se tornando mais seco e quente. Temos os
incêndios iniciados por atividade humana. Precisamos reverter esse cenário
catastrófico, para garantir que o bioma mantenha todos os seus serviços
ecossistêmicos, ao mesmo tempo em que restauramos o que já foi destruído”,
complementa Bianca Nakamato, especialista em conservação do WWF-Brasil
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Mitos sobre o suicídio e como preveni-lo
http://mortesemtabu.blogfolha.uol.com.br/2015/01/29/mitos-sobre-o-suicidio-e-como-preveni-lo/
Camila Appel 29/01/15 08:13
Os dados confirmam: as taxas de suicídio têm crescido no Brasil e no mundo e aparentam seguir essa tendência. Nosso país já é o oitavo no ranking, em números absolutos.
O porquê dessa realidade não é uma discussão fácil. No post “A era dos adictos”, há um caminho para reflexão. Mas com certeza é possível traçar inúmeras outros.
Esse tema vem ganhando espaço e no final do ano passado tivemos a publicação de importantes estudos e cartilhas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou em seu site ser possível prevenir o suicídio e disponibiliza material para consulta nesse link. Entre as “mensagens-chave” do estudo, está a restrição ao acesso a objetos ou insumos que possam ser usados para tirar a vida, como pesticidas, armas de fogos e certos medicamentos, e a identificação precoce de distúrbios mentais e do abuso prejudicial de álcool e outras drogas.
A cartilha da OMS “Preventing Suicide” (Prevenindo o suicídio), indica algunsmitos sobre o suicídio, listados abaixo em tradução livre.
• Mito: “Pessoas que falam sobre suicídio não estão falando sério”. Fato: pessoas que falam a respeito estão buscando ajuda e suporte. Um número significativo daqueles que contemplam o suicídio estão experienciando ansiedade, depressão e falta de esperança e podem sentir que não há outra alternativa.
• Mito: “A maior parte dos suicídios acontece sem aviso prévio”. Fato: a maioria dos suicídios ocorre precedidos de sinais de alertas, sejam verbais ou comportamentais. Claro que alguns ocorrem sem avisos, mas é importante entender quais são os sinais e procurar por eles, como: ter tido uma tentativa prévia de suicídio, distúrbios mentais, perda financeira ou de emprego, dor crônica ou doença, falta de esperança (normalmente acompanhada de distúrbios mentais ou tentativas anteriores de suicídio), histórico familiar, abuso de álcool e outras substâncias, genética e fatores biológicos (como baixos níveis de serotonina, que são associados a pacientes com distúrbios de humor, esquizofrenia e distúrbios de personalidade).
• Mito: “Alguém que é suicida está determinado a morrer”: Fato: pessoas com tendências suicidas são ambivalentes sobre viver ou morrer e o ato pode ocorrer por impulso. Acesso a apoio emocional na hora certa pode ser determinante para evitá-lo.
• Mito: “Uma vez suicida, ele ou ela será para sempre um suicida em potencial”. Fato: muitas vezes a vontade de se matar é temporária e especifica a uma situação. Pensamentos suicidas podem retornar, mas não são permanentes.
• Mito: “Só pessoas com distúrbios mentais são suicidas”. Fato: o comportamento suicida indica uma profunda infelicidade, mas não é necessariamente fruto de um distúrbio mental. Muitas pessoas que vivem com doenças mentais não são afetadas por comportamentos suicidas e nem todos que tiram sua própria vida tinham esses tipos de distúrbios.
• Mito: “Falar sobre suicídio é uma ideia ruim e pode ser interpretado como encorajamento”. Fato: devido ao tabu em torno do tema, muitas pessoas que estão contemplando o suicídio não sabem com quem falar a respeito. Ao invés de encorajar o comportamento, falar abertamente sobre isso pode dar outras opções ou um tempo para repensarem sua decisão, evitando o ato.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), junto ao Conselho Federal de Medicina, recentemente lançou a cartilha “Suicídio: informando para prevenir”. Em seu site, mencionam que 17% da população brasileira já pensou, em algum momento, em cometer o suicídio. A cartilha fala sobre como “abordar um paciente, explica de que forma as doenças mentais podem estar relacionadas ao suicídio, os fatores psicossociais e dados atualizados sobre o tema”.
Acreditam que desmistificar o suicídio seja fundamental para quebrar o preconceito que cerca o tema e ajudar a preveni-lo. Como a OMS, também listam alguns mitos. Um mito não mencionado pela OMS é o de que:
• - Mito: “o suicídio é uma decisão individual, já que cada um tem pleno direito a exercitar o seu livre arbítrio”. Fato: “suicidas estão passando quase invariavelmente por uma doença mental que altera, de forma radical, a sua percepção de realidade e interfere em seu livre arbítrio. O tratamento eficaz da doença mental é o pilar mais importante de prevenção do suicídio. Após o tratamento da doença mental, o desejo de se matar desaparece”.
A cartilha da ABP indica que para uma prevenção, é necessário procurar fatores de risco, como: eventos adversos na infância e na adolescência, como abuso físico e sexual, histórico familiar e genética. A cartilha diz que “estudos de genética epidemiológica mostram que há componentes genéticos, assim como ambientais envolvidos”. Por exemplo: “O risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou”.
A cartilha sugere a psiquiatras como abordar o paciente com desejo suicida e como identificar doenças mentais, como depressão, transtorno bipolar, transtorno relacionado ao uso de álcool e outras substâncias, esquizofrenia e transtorno de personalidade. Também ajuda a avaliar o risco real da pessoa cometer o suicídio.
A publicação americana de neurociência, Nature, lançou o artigo “A base molecular do cérebro suicida” (em tradução livre) analisando que há mudanças no sistema de neurotransmissores, mudanças inflamatórias e disfunção das células de glia no cérebro de quem está prestes a se matar.
O artigo da Nature defende que alguns fatores, como predisposição familiar, assim como adversidades no início da vida, aumentam o risco de suicídio na medida em que alteram as respostas do cérebro ao stress e a outros processos através de mudanças epigenéticas nos genes e na regulação da emoção e do comportamento.
A “American Foundation for Suicide Prevention” (uma organização americana voltada a prevenção do suicídio) diz que 90% das pessoas que cometem suicídio tem algum distúrbio mental. O mais comum é a depressão grave e outros distúrbios de humor, que podem levar ao suicídio se não forem diagnosticados corretamente ou recebido tratamento adequado. A organização aponta certas condições que podem ser consideradas riscos em potencial e divulga estudos comprovando análises post-mortem indicando diferenças biológicas no cérebro de quem cometeu suicídio.
Segundo essa organização, os sinais de alerta são: A pessoa falar sobre se matar, dizer não ter mais razão para viver, ou achar que é um fardo para os outros e falar sobre uma sensação de se sentir preso e sentir uma dor insuportável. Deve-se prestar atenção em mudanças bruscas de comportamento, especialmente relacionado a algum evento dolorido como perdas, notar se a pessoa aumentou o uso de álcool e drogas e passou a agir imprudentemente. Um sinal de alerta importante é a pessoa se isolar de familiares e amigos.
Na seção das perguntas mais frequentes do site da instituição, indicam que a melhor forma de agir quando vemos alguém considerando o ato, não é tentar convencê-lo a sair da situação com frases como: “você tem tanto para viver” ou “pensa em como isso vai machucar sua família”, mas sim mostrar empatia: “imagino como deve ser difícil para você estar se sentindo assim” e se colocar a disposição para ouvir.
“Desisti porque fui escutado”
Em palestra no TED “A Ponte entre o Suicídio e a Vida” um guarda rodoviário que patrulhava a ponte do Rio São Francisco, a Golden Gate Bridge, local reconhecido como a maior taxa de suicídios nos Estados Unidos, conta ter salvo um homem da beira da ponte que alegou desistir de pular porque foi escutado. O guarda coloca esse item como fundamental para prevenir uma pessoa de se matar. Segue uma fala interessante da sua palestra:
“Escute para entender. Não discuta, não culpe, ou diga à pessoa que sabe como ela se sente, porque você provavelmente não sabe. Apenas por estar lá, você talvez seja exatamente o ponto crucial que ela precisa. Se vocês acham que alguém está pensando em suicídio, não tenham medo de confrontá-lo e fazer a pergunta. Um jeito de lhes fazer a pergunta é assim: “Outros, em circunstâncias parecidas, pensaram em acabar com a própria vida; você já teve esses pensamentos?” Confrontar a pessoa cara a cara pode salvar sua vida e ser o ponto da virada para eles. Alguns outros sinais para observar: Falta de esperança, acreditar que as coisas são terríveis e que nunca vão melhorar; desamparo, crer que não há nada que possa ser feito a respeito disso; afastamento social recente; e perda de interesse na vida” (trecho copiado da transcrição em português da palestra, disponível nesse link).
Artigo recente da uol, sobre os suicídios no estádio Morenão no Mato Grosso do Sul, também traz essa questão da importância de “escutar”, com o depoimento de um voluntário do CVV. Veja a matéria completa aqui.
“Depressão é um segredo de família que todo mundo tem”
Em palestra no TED, o escritor americano Andrew Solomon declarou já ter pensado em suicídio durante uma crise de depressão crônica. Só não foi adiante porque conseguiu um bom tratamento a tempo. Ele toca numa questão importante, a de que os tratamentos são caros e não acessíveis a todos. Em entrevistas com pessoas, na busca para entender o porquê alguns parecem ser mais resistentes a depressão do que outros, Solomon descobriu que as que conseguiram lidar com isso foram as que encararam a situação, falando a respeito e compartilhando. “Quando tentam escondê-la ou negá-la, ela aumenta”, ele diz. Veja a palestra aqui.
O escritor descreve o estado depressivo como estar incapaz de funcionar no mundo e relembra uma frase escutada em uma das entrevistas que fez: “É uma maneira mais lenta de estar morto”. Ele diz que “na depressão, você não vê o mundo através de um véu, você acha que agora o véu saiu e você está vendo o mundo como ele realmente é. O deprimido acha que está vendo a realidade, como as coisas são de verdade. Mas a verdade mente. Essa é a grande questão”. Por fim, Solomon declara que o oposto de depressão não é felicidade, mas sim a vitalidade.
A psicóloga Flávia Penteado acredita que o suicida que sofre de depressão comete o ato na descida até o fundo do poço ou quando começa a sair dele. Porque no estado depressivo, a pessoa não quer sair da cama, comer, não quer agir. Mas quando ela começa a sair desse estado, há o perigo maior, porque já existe força para se matar. Por isso alguns estudos sugerem como sinal de alerta a melhora muito brusca do paciente. Ela acompanhou o caso da mulher de um paciente seu, morto num acidente, que se recusou a fazer um tratamento psiquiátrico para lidar com o luto e optou por se auto-medicar, misturando remédios e dosagens aleatórias. Um dia ela escreveu no Facebook “fuiiiii” e se matou. Flavia acredita que ela não queria mesmo morrer, o que ela queria era esquecer.
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EMENDAS PARLAMENTARES: Fator de crise de governabilidade e de representatividade
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Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso. Parlamentares vêm aumentando poder sobre Orçamento e querem manter autonomia sobre fatia bilionária. Emendas impositivas somam R$ 33,6 bilhões em 2024 e devem crescer nos próximos anos.
Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso | Política | G1 (globo.com)
Maria Cristina Fernandes - Negociação de emendas se inicia com o Congresso acuado
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina...
Marcos Mendes - Brasil foge do padrão em ação do Legislativo no Orçamento
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../marcos-mendes-brasil...
Análise do Inesc aponta aumento das candidaturas únicas e duplas, com predominância de partidos de direita, escassa representação feminina e racial, gerando preocupações sobre a pluralidade democrática nas Eleições 2024.- Maioria das cidades possui só 1 ou 2 candidatos(as) na disputa pela Prefeitura - INESC
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As ditas Emendas Parlamentares, que conferem a parlamentares o direito de fazerem alocação de recursos orçamentários para obras de seu interesse é uma invenção brasileira, inserida na Constituição, no vértice da redemocratização do país, fora das competências exclusivas do Poder Legislativo – representação e fiscalização – mas que não tem correspondência em nenhum lugar do mundo. Mas foram ganhando corpo e se convertendo em fator de crise de governabilidade, ao subtrair do Executivo controle sobre seu Plano de Governo, com manobras de transferência de recursos cada vez mais obscuras, senão ilegais, e, e crise no próprio processo de renovação política, indispensável ao funcionamento da democracia-entre-nós.
“Em 2015, sob o clima de embate entre o governo de Dilma Rousseff e a Câmara comandada por Eduardo Cunha, nascia o Orçamento Impositivo – mecanismo que obriga o governo federal a pagar as emendas de cada um dos 513 deputados e 81 senadores. Na sequência, durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Legislativo, sob o comando do Centrão, ganhou cada vez mais poder – e mais dinheiro de emendas, neste ano na casa dos R$ 44,6 bilhões. Semana passada, STF entrou nesta questão impedindo a continuidade da FARRA DAS EMENDAS. Gerou uma crise institucional, ontem atenuada numa reunião entre o Presidente da Corte, representante do Governo Federal e líderes da Câmara e Senado. As EMENDAS propriamente ditas não foram questionadas, apenas sua aplicação. Deverão, doravante garantir transparência e rastreabilidade de forma a serem identificadas e fiscalizadas pelo TCU. Tampouco se tem discutido as implicações das EMENDAS PARLAMENTARES para a indispensável renovação das Casas Legislativas, eis que acabam se constituindo em estratégico poder aos detentores de mandato, dificultando a renovação dentro das respectivas agremiações partidárias. O resultado, apontado pelo INESC, é o estreitamento das oportunidades de escolha nos pleitos eleitorais, com a consequente eternização dos mesmos políticos ao longo de décadas, não raro se estendendo sobre a familiarização destes mandatos. No Senado, chega-se ao cúmulo de ter como suplente de Senador, esposa ou filhos de titulares.
O cenário cria o que Marcos Nobre, presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Marcos define o que chama de “presidencialismo flex”, ou de conveniência: um governo sem maioria lida com parlamentares que votam de acordo com os próprios interesses. Relatório do INSPER, instituição de ensino e pesquisa de São Paulo, de outra parte, comprova não haver este tipo de EMENDAS PARLAMENTARES sequer em países com regime parlamentarista.
Hora, portanto, não só de questionar a legalidade financeira das EMENDAS PARLAMENTARES, mas suas implicações para a oxigenação da democracia brasileira.
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O TEATRO SÃO PEDRO
Neste dia, 5 de setembro, o Teatro São Pedro faz aniversário. Uma casa de animação e espetáculos, inaugurada em meados do século XIX, mimo do bovarismo de uma época em que a capital porto alegre se resumia a um vilarejo com mais administração do que comércio, que é um orgulho da cidade. Deveria, haver, aliás, num país com tantas leis, uma, especial, obrigando a todas os municípios a criarem, além de escolas e hospitais, Casas de Cultura. Elas cumprem papel fundamental na valorização da escala cultural da cidade como subsídio à formação para a cidadania. Cidadania, enfim, não é algo que se adquire ao nascer. É uma consciência de deveres e direitos que se adquire socialmente, para a qual o Estado tem decisivo papel. Neste data, recupero, todos os anos o depoimento de um velho colega dos bancos do Colégio das Dores, idos da década de 50 do século passado, Flavio Oliveira, pianista e compositor famoso, sobre suas recordações do Teatro São Pedro.
O Teatro São Pedro – por Flávio Oliveira, pianista POA
Hoje é CINCO DE SETEMBRO !!! Quem se lembrará? Muito antes, mas muito antes mesmo da por assim dizer “nova construção do Teatro São Pedro” que procurou restaurá-lo (usw) , que ganhou um “h” no Teatro e ficou Theatro, como no frontispício, havia, nos fundos de quem entrava por um grande portão de ferro, descendo pelo lado esquerdo (que vai dar na rua da ladeira, cortando a Riachuelo) em torno do qual (protão de grades) se enroscavam indisciplinadamente folhagens de guaco, de glicínias e de canela, uma construção que abrigava um teatro de amador chamado TEATRO CINCO DE SETEMBRO. Meus pais, que adoravam teatro, me levavam a assistir as montagens dos grupos amadores que lá se apresentavam, incluindo o Teatro Universitário (que ensaiava nas dependências do Restaurante Universitário, onde hoje é... a ... Escola de Polícia... perto da ponte da Azena) . Posso citar duas: OS INIMIGOS NÃO MANDAM FLORES , de Pedro Bloch, 1951 – eu tinha 7 anos de idade - e FELIZ VIAGEM A TRENTON (The Happy Journey to Trenton and Camden) de Thornton Wilder, dirigida por Carlos Murtinho, com Fernando Peixoto e elenco... (não consultei minha hemeroteca) em 1955.. e eu já tinha 11 anos. O que foi feito daquele prédio? Só a história de prédios e sua burocracia poderá contar... se é que existe... porque vivemos em um país que mata a sua memória, sistematicamente, premeditadamente, etc etc etc . Não fosse assim, eu clicaria no Google ou em outro “site” do governo do RS “Teatro Cinco de Setembro” e lá estariam todas as informações históricas. Há uma obra de Fernando Peixoto que pode ser referência, com o título de UM TEATRO FORA DO EIXO. Isto ajuda. Quem souber pesquisar na internet, que o faça. Em todo caso, em todos os CINCOS DE SETEMBRO eu me lembro daquele pequeno prédio que tanto me ensinou sobre teatro e sobre a bondade, sensibilidade e benevolência de meus pais em me levarem, sempre, a espetáculos teatrais (afinal, componho música de cena para o teatro desde o ano de 1963... e nunca parei..) . de qualquer nível, concertos, espetáculos de declamação... Margarida Lopes de Almeida... os Jograis de Pernambuco... etc etc etc... sim, havia-os... Voilà. Viva o CINCO DE SETEMBRO !!!
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70 anos da morte de Getúlio Vargas: o homem que moldou o Brasil moderno
Publicado em agosto 21, 2024 por LUIZ MÜLLER1 c
Por Alexandre Cruz – jornalista político
Nesta sexta-feira, às 18h30, no Plenarinho da Assembleia Legislativa em Porto Alegre, ocorrerá um evento que transcende o simples marco histórico. Trata-se de uma palestra em homenagem aos 70 anos da morte e da carta testamento de Getúlio Vargas, uma figura cuja trajetória se entrelaça com a própria fundação do Estado Nacional brasileiro. Sob a luz de suas ações e palavras, construímos um Brasil que ainda ressoa nas conquistas sociais e na luta pela soberania nacional.
Os professores Juremir Machado e Nilton Araújo de Souza, junto ao mediador professor Cassio Moreira, conduzirão uma reflexão que vai além do passado, tocando o presente com um vigor que só os grandes discursos são capazes de evocar.
Getúlio Vargas, filho de um abolicionista republicano, herdeiro da luta pela justiça, despontou como um líder que sempre soube saudar os “Trabalhadores do Brasil” com o respeito e a dignidade que a classe merece. Desde cedo, Vargas se destacou por sua perspicácia em compreender as forças históricas que exploram os países periféricos, e em sua jornada, tomou para si a missão de transformá-las.
Como Ministro da Fazenda, Vargas inovou ao inaugurar audiências abertas ao diálogo com o povo, estabelecendo um canal direto com as demandas populares. Líder da Revolução de 1930, ele pôs fim à República Velha, abrindo caminho para um novo Brasil. Criou o voto secreto, garantiu o voto feminino, e concedeu anistia aos rebeldes tenentistas, dando voz a quem sempre fora silenciado. Em apenas um mês, ergueu o Ministério da Educação e o Ministério do Trabalho, pilares de um Estado que começava a olhar para o futuro com uma visão social.
Fundador do Estado Social brasileiro, Vargas deu à luz à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e à previdência social, marcos que até hoje são alvos de ataques daqueles que desejam precarizar o que é direito do trabalhador. Na sua luta pela soberania nacional, Vargas anulou concessões petrolíferas a empresas multinacionais, aprovou o Estatuto da Lavoura Canavieira, a primeira experiência de reforma agrária e sindicalização rural do Brasil.
Durante o turbulento contexto mundial que deu origem ao Estado Novo, Vargas iniciou a industrialização do Brasil, criando a Usina de Volta Redonda, a Hidrelétrica de Paulo Afonso e a Vale do Rio Doce, que se tornaria a maior mineradora do mundo. Também foi o visionário que fundou o Instituto Nacional de Música, convidando Villa-Lobos, o maior compositor das Américas, para liderar a educação musical da juventude brasileira. Criou a Rádio Mauá, a emissora dos trabalhadores, e lançou a Voz do Brasil e o jornal Última Hora, de Samuel Wainer.
Getúlio Vargas realizou uma auditoria na dívida externa, reduzindo-a pela metade e anulando contratos lesivos à nação. Fundou o BNDES, lançou a Eletrobrás e, com um olhar estratégico, fundou a Petrobrás, símbolos de um país que acreditava na sua própria capacidade de crescimento e inovação. Mas os conservadores, liderados por Carlos Lacerda, conspiraram, apoiados pela Rádio Globo de Roberto Marinho. Em um gesto final de coragem e sacrifício, um tiro no coração de Vargas silenciou as “aves de rapina”, mas manteve vivas as conquistas de uma era. Ele saiu da vida para entrar na história, e deixou como legado a eleição de Juscelino Kubitschek e João Goulart.
Este evento, portanto, não é apenas uma palestra, mas uma convocação para relembrar e reavivar o espírito de luta que Getúlio Vargas personificou. Que suas palavras e ações continuem a nos inspirar, mantendo viva a chama da justiça social e da soberania nacional. Porque, como ele próprio disse, “é o ódio, a infâmia e a calúnia que me espezinham, mas o meu sacrifício manterá o direito dos brasileiros, e o futuro a julgará.” Que a história continue a nos iluminar nesta jornada.
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RECORDAR É VIVER. VIVER DE NOVO. DORES E GLORIAS...: A invasão da Tchecoslovaqui em 22 de agosto de 1968
Memória | Primavera de Praga - Manifesto de Intelectuais Brasileiros*
Democracia Política e novo Reformismo: Memória | Primavera de Praga - Manifesto de Intelectuais Brasileiros* (gilvanmelo.blogspot.com)
Os abaixo-assinados democratas que acreditam no socialismo como forma digna de viver em sociedade, querem manifestar de público sua mais viva repulsa contra à invasão da Tchecoslováquia por cinco potências do pacto de Varsóvia.
Convencidos que estão do acerto e da oportunidade das transformações estruturais e administrativas que se processavam na vida desse país, em busca de uma aplicação correta dos princípios fundamentais do socialismo, causa-lhes indignação e sofrimento que aquelas Repúblicas lideradas pela URSS – a primeira nação socialista do mundo – estejam desrespeitando o princípio da autodeterminação dos povos, que alegam defender.
Socialismo é liberdade. O socialismo, que por sua essência não admite a exploração do homem pelo homem, por isso mesmo não pode admitir quaisquer razões políticas e econômicas que justifiquem a dominação de um povo.
Viva a liberdade!
Viva o socialismo!
Viva o povo tchecoslovaco!
Rio de Janeiro, GB, 22 de agosto de 1968
Affonso Romano de Sant’Anna – Alex Vianny – Almir de Castro – Álvaro Lins – Anísio Teixeira, Antônio Aragão, Antônio Houaiss, Bolivar Lamounier, Assis Brasil, Carlos Heitor Cony, Célia Neves, César Guimarães, Cid Silveira, Claudio Santoro, Dias Gomes, Djanira, Doutel de Andrade, Edson Carneiro, Edmar Morel, Edmundo Muniz, Eduardo Portela, Eli Diniz, Ênio Silveira, Fausto Ricca, Felix de Athayde, Fernando Segismundo, Ferreira Gullar, Flávio Rangel, Flora Abreu Henrique, Geir Campos, Helena Ignez, Hélio Silva, Irineu Garcia, James Amado, João das Neves, Joel Silveira, José Paulo Moreira da Fonseca, Josefa Magalhães Dauster, Júlio Bressane, Leon Hirchmann, Lúcio Urubatan de Abreu, Luis Fernando Cardoso, Marcelo Cerqueira, Margarida Boneli, Maria Yedda Linhares, Mário da Silva Brito, Miguel Borges, Miguel Faria, Moacyr Felix, Otavio Ianni, Oto Maria Carpeaux, Paulo Alberto, Paulo Francis, Pedrívio Guimarães Ferreia, Poty, Roberto Pontual, Rodolfo Konder, Roland Corbisier, Sebastião Neri, Sinval Palmeira, Susana de Moraes, Tati Moraes, Vamireh Chacon.
*Revista Civilização Brasileira – Caderno Especial 3, p. 387.
Em 1968: Soviéticos invadem Tchecoslováquia e reprimem Primavera de Praga
Soldados e tanques do Pacto de Varsóvia chegam à capital do país na madrugada do dia 21
Naief Haddad / Folha de S. Paulo (21/8/2018)
AGOSTO DE 1968
A celebrada Primavera de Praga se aproxima do fim. Às 23h de 20 de agosto, cerca de 165 mil soldados da União Soviética e de nações aliadas deram início à invasão da Tchecoslováquia |1|, país localizado na Europa Central.
A operação é conduzida pelo Pacto de Varsóvia, liderado pelo Partido Comunista da União Soviética. Integram o grupo países como Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Bulgária e Romênia.
Nos últimos meses, a cúpula soviética, sob a liderança de Leonid Brejnev, vinha demonstrando irritação com as reformas promovidas por Alexander Dubcek, primeiro-secretário do Partido Comunista da Tchecoslováquia.
Sob o mote "socialismo com uma face humana", assim batizado por Dubcek, seu governo ampliou os direitos civis e a liberdade de imprensa, restringiu a ação da polícia secreta, começou a limitar o poder dos burocratas, entre outras medidas. Esse período de liberalização passou a ser chamado de Primavera de Praga.
Embora enfatizasse a lealdade a Moscou, Dubcek rejeitou as pressões soviéticas para recuar no movimento de democratização da Tchecoslováquia.
A resposta das tropas do Pacto de Varsóvia veio em uma ação colossal. Cerca de 4.600 tanques entraram no país por meio das fronteiras com a Alemanha Oriental (ao noroeste), Polônia (ao norte), União Soviética (ao leste) e Hungria (ao sudeste).
Neste dia 21, por volta de 4h da madrugada, as tropas chegaram à capital, Praga. Além de Dubcek |2|, foram presos o presidente do Conselho de Ministros, Oldrich Cernic, e o presidente da Assembleia Nacional, Joseph Smrskovsky.
Poupado pelos soldados soviéticos, o presidente da Tchecoslováquia, Ludvík Svoboda, fez um pronunciamento em defesa das mudanças recentemente promovidas pelo governo e recomendou ao povo que resistisse sem violência.
Não foi apenas o pacifismo que guiou Svoboda. O presidente do país sabe que as Forças Armadas da Tchecoslováquia não têm uma linha de comando independente e, portanto, não saberiam agir sem a liderança soviética.
Muito popular no país, a rádio Praga também pediu serenidade aos habitantes.
Parte dos tchecoslovacos, de fato, reagiram sem atos violentos, colocando-se à frente dos tanques ou discutindo com os jovens soldados. Outros, no entanto, jogaram coquetéis Molotov e pedras nos militares invasores.
Já entre as tropas do Pacto de Varsóvia, a truculência tem prevalecido. Há registros de tiros disparados pelos soldados em direção à multidão e tanques que abriram fogo para atingir manifestantes que rasgavam folhetos distribuídos pelos russos.
Ao final deste primeiro dia de invasão, contam-se pelo menos 23 tchecoslovacos mortos |3|.
Caso tenha mesmo chegado ao seu fim, o que neste momento parece muito provável, a Primavera de Praga terá durado apenas oito meses.
Nascido no vilarejo de Uhrovec, na região da Eslováquia, Dubcek atuou na resistência às forças nazistas durante a Segunda Guerra, período em que passou a integrar o Partido Comunista do país. Teve uma carreira política de destaque e assumiu, aos 47 anos, o cargo máximo da Tchecoslováquia em 5 de janeiro de 1968.
Àquela altura, o país vivia uma fase de estagnação econômica e censura severa aos meios de comunicação.
Poucos foram os sinais de reforma nas primeiras semanas de gestão. Em abril, no entanto, Dubcek respondeu às expectativas da população.
Lançou o Programa de Ação do Partido Comunista Tchecoslovaco, que preconizava "um novo modelo de democracia socialista". Jornais, rádios e TVs ganharam uma autonomia incomum, inclusive para criticar o governo Dubcek, a polícia secreta perdeu poder para investigar crenças políticas e religiosas, o mercado iniciou uma abertura para produtos trazidos do Ocidente, entre outras iniciativas de liberalização.
O 1º de Maio, Dia do Trabalho, mostrou ao mundo uma nova Tchecoslováquia. Enquanto as demais capitais de países comunistas promoviam solenes paradas militares, Praga viu os jovens tomarem as ruas com música e cartazes. Havia dizeres como "Menos Monumentos e Mais Pensamentos", "Democracia, Custe o que Custar" e "Deixem Israel Viver".
Para a satisfação dos taxistas e dos donos de hotéis da capital do país, a vida cultural se renovou rapidamente. Em texto recente sobre a cidade, o jornal The New York Times escreveu: "Para as pessoas com menos de 30 anos, Praga parece o lugar certo para se estar neste verão".
Casas de espetáculo e bares promoviam shows de rock e jazz, e os 22 teatros da cidade passaram a oferecer programação intensa. Entre as peças em cartaz, estava "Quem Tem Medo de Franz Kafka?"|4|, proibida durante a gestão do linha-dura Antonín Novotný, antecessor de Dubcek como primeiro-secretário do PC.
Outra montagem bem-sucedida foi "Last Stop". Os autores Jiri Sextr e Jiri Suchy imaginaram uma Tchecoslováquia sob o efeito do cancelamento das reformas, ou seja, de volta à era de rigidez comunista.
Neste 21 de agosto, com Praga completamente tomada pelos militares do Pacto de Varsóvia, "Last Stop" ganha ares de profecia |5|.
FOLHA PUBLICA SÉRIE SOBRE 1968
Reportagens relatam, como se tivessem ocorrido nos dias de hoje, fatos que marcaram ano de mudanças
|1| Após um longo processo histórico, a República Tcheca e a Eslováquia se dividiram em 1º de janeiro de 1993
|2| Depois de deixar a prisão, Alexander Dubcek retomou o posto de primeiro-secretário do PC da Tchecoslováquia, mas muito enfraquecido politicamente. Foi retirado do cargo em abril de 1969. Três décadas depois, com o fim do comando comunista, elegeu-se líder da Assembleia Federal. Morreu em 7 de novembro de 1992 em um acidente de carro
|3| Até 2 de setembro de 1968, 72 tchecoslovacos tinham sido mortos pelas tropas do Pacto de Varsóvia, segundo o livro "1968 - O Ano que Abalou o Mundo", de Mark Kurlansky
|4| Proibidos sob o comando comunista, os livros do tcheco Franz Kafka foram liberados durante a Primavera de Praga
|5| Acuado pelo bloco soviético, Dubcek assinou novas medidas, que reduziam de forma expressiva as iniciativas postas em prática nos meses anteriores. O processo de democratização refluiu substancialmente, e milhares de pessoas deixaram a Tchecoslováquia. Definitivamente, era o fim da Primavera de Praga
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EMENDAS PARLAMENTARES: Fator de crise de governabilidade e de representatividade
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Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso. Parlamentares vêm aumentando poder sobre Orçamento e querem manter autonomia sobre fatia bilionária. Emendas impositivas somam R$ 33,6 bilhões em 2024 e devem crescer nos próximos anos.
Conheça os tipos e valores das emendas parlamentares, motivo de embate entre STF e Congresso | Política | G1 (globo.com)
Maria Cristina Fernandes - Negociação de emendas se inicia com o Congresso acuado
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina...
Marcos Mendes - Brasil foge do padrão em ação do Legislativo no Orçamento
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../marcos-mendes-brasil...
Análise do Inesc aponta aumento das candidaturas únicas e duplas, com predominância de partidos de direita, escassa representação feminina e racial, gerando preocupações sobre a pluralidade democrática nas Eleições 2024.- Maioria das cidades possui só 1 ou 2 candidatos(as) na disputa pela Prefeitura - INESC
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As ditas Emendas Parlamentares, que conferem a parlamentares o direito de fazerem alocação de recursos orçamentários para obras de seu interesse é uma invenção brasileira, inserida na Constituição, no vértice da redemocratização do país, fora das competências exclusivas do Poder Legislativo – representação e fiscalização – mas que não tem correspondência em nenhum lugar do mundo. Mas foram ganhando corpo e se convertendo em fator de crise de governabilidade, ao subtrair do Executivo controle sobre seu Plano de Governo, com manobras de transferência de recursos cada vez mais obscuras, senão ilegais, e, e crise no próprio processo de renovação política, indispensável ao funcionamento da democracia-entre-nós.
“Em 2015, sob o clima de embate entre o governo de Dilma Rousseff e a Câmara comandada por Eduardo Cunha, nascia o Orçamento Impositivo – mecanismo que obriga o governo federal a pagar as emendas de cada um dos 513 deputados e 81 senadores. Na sequência, durante os governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, o Legislativo, sob o comando do Centrão, ganhou cada vez mais poder – e mais dinheiro de emendas, neste ano na casa dos R$ 44,6 bilhões. Semana passada, STF entrou nesta questão impedindo a continuidade da FARRA DAS EMENDAS. Gerou uma crise institucional, ontem atenuada numa reunião entre o Presidente da Corte, representante do Governo Federal e líderes da Câmara e Senado. As EMENDAS propriamente ditas não foram questionadas, apenas sua aplicação. Deverão, doravante garantir transparência e rastreabilidade de forma a serem identificadas e fiscalizadas pelo TCU. Tampouco se tem discutido as implicações das EMENDAS PARLAMENTARES para a indispensável renovação das Casas Legislativas, eis que acabam se constituindo em estratégico poder aos detentores de mandato, dificultando a renovação dentro das respectivas agremiações partidárias. O resultado, apontado pelo INESC, é o estreitamento das oportunidades de escolha nos pleitos eleitorais, com a consequente eternização dos mesmos políticos ao longo de décadas, não raro se estendendo sobre a familiarização destes mandatos. No Senado, chega-se ao cúmulo de ter como suplente de Senador, esposa ou filhos de titulares.
O cenário cria o que Marcos Nobre, presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), Marcos define o que chama de “presidencialismo flex”, ou de conveniência: um governo sem maioria lida com parlamentares que votam de acordo com os próprios interesses. Relatório do INSPER, instituição de ensino e pesquisa de São Paulo, de outra parte, comprova não haver este tipo de EMENDAS PARLAMENTARES sequer em países com regime parlamentarista.
Hora, portanto, não só de questionar a legalidade financeira das EMENDAS PARLAMENTARES, mas suas implicações para a oxigenação da democracia brasileira.
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Biden faz balanço de seu Governo em Convenção do Partido Democrata e passa o bastão para Kamala.
O Presidente Joe Biden participou, ontem, em Chicado- EUA -, da Convenção do Partido Democrata que deverá oficializar a indicação de Kamala Harris como candidata à Presidência do país. Biden foi recebido efusimente pelos 2000 convencionais e falou quase uma hora, sem tropeços, nem vacilações, embora não seja considerado um grande orador. Não entusiasma. Mas foi recebido com carinho e bandeirolas que diziam – AMO JOE. No pronunciamento, Biden criticou duramente Trump e fez um pré balanço de seu Governo, destacando o grande volume de investimentos públicos, a atenção à transição energética, a retomada da economia, que hoje tem baixo nível de desemprego, a defesa da democracia, interna e externamente, quando enalteceu o fortalecimento da OTAN com inclusão de novos membros na Europa e o apoio à Ucrânia e Israel. Neste caso, mostrou-se confiante com a iniciativa de seu Secretário de Estado, Blinken, de obter brevemente um acordo capaz de devolver um mínimo de paz à Gaza. Não obstante, apesar de vivamente aplaudido pelos seus correligionários, Biden não é bem aceito pelo eleitor comum americano, que ainda sofre as mazelas da inflação, em baixa, mas deixando um rastro de elevação dos preços, que lhe corroeu 20% do poder de compra, sem qualquer aumento dos salários. A Convenção teve que repelir, também, com rigor uma manifestação de jovens que protestavam contra a política de apoio praticamente incondicional do Governo à Israel. Ao final, Biden enalteceu a candidata Kamala Harris, primeira mulher que poderá presidir o país, destacando sua origem na classe média, sua determinação e caráter e confiança na sua vitória que consolidará a política de assistência aos mais necessitados e fortalecimento da democracia. Quebrando o protocolo, Kamala, ao final do discurso de Biden, agradeceu ao atual Presidente cumprimentando-o pelos seus serviços à Nação durante 50 anos. O discurso de Biden ainda não foi uma despedida, eis que ainda permanecerá na Casa Branca por mais cinco meses, aproximadamente, mas deixou, claramente, um rastro neste sentido. Saiu ovacionado, mas inevitavelmente candidato à planície num país imperial mas que luta para manter seu papel hegemônico no mundo, cada vez mais contestado, seja pela concorrência econômica com a China, seja pela rebeldia de vários países do Sul que se dizem cansados de receber do Tio Sam apenas sermões, seja também pelos intensos conflitos sociais e raciais internos.
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Luiz Carlos Azedo - Com Silvio Santos candidato, a história seria outra . O apresentador recusara todos os convites para ingressar na política, mas a eleição direta para a Presidência, com apoio de Sarney, era muito tentadora https://gilvanmelo.blogspot.com/.../luiz-carlos-azedo-com...
18 de agosto de 2024 - Correio Braziliense
A história poderia ter sido outra na primeira eleição direta para presidente da República após a redemocratização, que elegeu Fernando Collor de Mello, numa disputa de segundo turno com outro candidato que surpreendeu os políticos da época, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Quem poderia ter mudado esse curso? O apresentador e empresário Silvio Santos, fundador e dono SBT, que faleceu na madrugada deste sábado, em São Paulo, aos 93 anos. Seu nome de batismo era Senor Abravanel.
O “dono do Baú da Felicidade” era considerado um aventureiro diante de figuras como Ulysses Guimarães (PMDB), Mario Covas (PSDB0, Leonel Brizola (PDT), Paulo Maluf (PDS) e Aureliano Chaves (PFL). Ma non troppo. Tinha um padrinho poderoso, o ex-presidente José Sarney, que havia virado vidraça na campanha eleitoral, porque ninguém o defendia. Outros candidatos também confrontavam Sarney: Afonso Camargo (PTB), Afif Domingos (PL), Celso Brant (PMN), Fernando Gabeira (PV), Roberto Freire (PCB) e Ronaldo Caiado (PSD). E o histriônico Eneas (PRONA), que se destacou entre os desconhecidos.
Sílvio Santos foi uma cartada de última hora, articulada pelo deputado Marcondes Gadelha, que seria seu vice, e mais dois cardeais do PFL muito ligados a Sarney: Hugo Napoleão e Edison Lobao. Os três aliados do presidente da República à época quase conseguiram remover a candidatura de Aureliano Chaves, mas faltou combinar com o empresário Antônio Ermírio de Moraes, que prometeu financiar a campanha do ex-vice-presidente.
Aureliano Chaves havia sido vice do presidente João Batista Figueiredo, o general que deixou o Palácio do Planalto pela garagem, sem passar a faixa para Sarney. Político mineiro, fora um dos que insurgira contra a candidatura de Paulo Maluf na antiga Arena, para apoiar Tancredo Neves no colégio eleitoral.
A elite paulista temia que a entrada em cena de Sílvio Santos favorecesse os candidatos de esquerda. Com os votos concentrados, Collor estaria no segundo turno. Silvio Santos foi obrigado a buscar um partido pequeno, o PMB, que removeu da disputa o pastor Armando Corrêa.
Também faltou combinar com o jornalista Roberto Marinho, dono do maior grupo de comunicação do país, que apoiava aquele que viria a vencer o pleito: Collor de Mello, que se notabilizara no governo de Alagoas como “caçador de marajás”. Filho do senador Arnon de Mello, sócio do dono da rede Globo em Alagoas, Collor candidatou-se por um pequeno partido, o PRN, e fez sua campanha tendo como alvo o governo Sarney. Caiu nas graças de Marinho porque defendia a abertura da economia e as privatizações, além de herdar os antigos laços comerciais com o amigo de seu pai. Marinho era o principal fiador de sua candidatura.
A candidatura de Silvio Santos foi oficializada duas semanas antes da eleição, no dia 31 de outubro de 1989. De pronto, se tornou uma alternativa para derrotar os dois candidatos de esquerda, Lula e Brizola, diante do fato de as candidaturas de Ulysses e Covas não terem emplacado. O primeiro foi “cristianizado” pelo governador de São Paulo, Orestes Quércia (PMDB); o segundo, era líder de um partido ainda em formação, o PSDB.
Populismo de centro
Collor já liderava a disputa, mas não teve apoio da mesma elite política que mais tarde viria a se articular com os jovens cara-pintadas da campanha do impeachment, que o levou à renúncia. Sílvio Santos nunca exercera um cargo político, porém, era um empresário competente e sabia se movimentar nos bastidores do poder. Só com a popularidade de apresentador de tevê não teria construído seu império de comunicação.
Foi durante o regime militar que Sílvio Santos obteve autorização para operar canais de TV no Rio, São Paulo, Porto Alegre e Belém, e formar o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT. O programa “Semana do Presidente”, criado em 1981, para divulgar as ações do governo Figueiredo, agora divulgava as ações do presidente Sarney.
Até então, Silvio Santos recusara todos os convites para ingressar na política, mas a eleição direta para a Presidência, com apoio de Sarney, era muito tentadora. Marconde Ferraz defendia a tese de que o apresentador seria um “populista de centro”, contra um populista de direita e outro de esquerda. Quem mais se sentiu ameaçado foi Collor de Mello, que agora enfrentava um segundo colocado que lhe tirava votos e não dois concorrentes que disputavam votos entre si, como acontecia com Lula e Brizola.
A operação para remover Silvio Santos foi articulada pelo tesoureiro da campanha de Collor, PC Farias, e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, então funcionário da Xerox do Brasil, que descobriu irregularidades no registro da candidatura. O PMB não havia realizado as convenções estaduais exigidas pela legislação eleitoral. Foi um ovo de Colombo: seis dias antes das eleições, por 7 votos a 0, a candidatura de Silvio Santos foi impugnada. Collor obteve no primeiro turno 30% dos votos, quase o dobro de votos do segundo colocado, Lula. No segundo, venceu o petista por 53% a 46%
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Anexos
Silvio Santos Day - Como Silvio transformou os domingos do brasileiro; veja especial g1
ESPECIAL - Silvio Santos, o maior apresentador da TV brasileira
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2024/08/18/o-assunto-1281-especial-silvio-santos-o-maior-apresentador-da-tv-brasileira.ghtml
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DIA DO FILÓSOFO –
No Brasil, a data é celebrada desde quando foi instituída pela Lei nº 12. A iniciativa partiu do professor e filósofo Luiz Felipe Pondé, que é também um dos coordenadores do Movimento Filosofar é Preciso.15 de ago. de 2022
Legado Socratico
Não sei nada.
O único que sei é que nada sei.
Mas tenho que descobrir-me,
Arrancar a verdade das profundezas da consciência,
Baixá-la dos céus à terra,
Sob o crivo erótico da razão humana,
Numa aproximação crescente da sabedoria e da verdade.
Da Virtude.
Ninguém peca porque quer,
Ninguém é louco porque quer,
Ninguém é ignorante porque quer,
Ninguém é mestre de ninguém.
Sequer é mau quem quer,
Mas são todos infelizes ,
Nas apalpadelas de uma realidade sensível,
Que ludibria ,pela retórica o imutável , universal ,
Eterno.
Já o sábio , que sabe que não sabe, pode ser feliz,
Porque tem a felicidade dentro de si mesmo,
Numa equação de bem agir e de bem viver,
Sem preocupação com os resultados da ação ,
A que chamao eupraxia .
Ouço uma voz,
e toda vez que isso acontece
ela me desvia do que estou a ponto de fazer, mas nunca me leva à ação.
Não! Não importa o que eu possuo,
Mas o que conheço de mim mesmo.
Conhecendo-me , aprendo que nada sei
E , assim,
posso chegar a saber alguma coisa.
Qualquer coisa por mim descoberta,
Numa incessante indagação,
Sobre as coisas como elas simplesmente são.
Eu mesmo conhecendo-me melhor,
conhecendo-me a mim mesmo,
Compreenderei o sou pelo que faço,
O que faço pelo que sou,
Alcançando assim a virtude e a verdadeira felicidade.
Parece que o deus me designou à cidade com a tarefa de despertar,
Persuadi-los destas coisas,
e repreender cada um de vós, por toda a parte, durante todo o dia,
Quando delas se desviam.
Por isto me acusam..
Mas não se preocupem , meus amigos,
Eu nada afirmo.
Faço apenas o que minha mãe parteira faz com as vidas humanas:
Trago à luz o espírito que lhe complementa.
Se a alguns molesta o que faço,
Não os condeno.
Mas ao acusar-me, como Meleto, eles brincam com coisas sérias,
Pois não sou eu a fazer o que faço,
Mas a fazer o que fui destinado a fazê-lo.
Onde esteja,
Onde vá,
Enquanto estiver vivo.
Não fazer nada de injusto e de ímpio, isso sim me importa acima de tudo.
Portanto , não me condenem ao exílio da pátria,,
Pois seria meu destino ir de lugar em lugar
Sempre exilado.
Não me condenem a calar-me na minha pátria..
Aí sim eu estaria contrariando a vontade do deus,
Que me designou esta tarefa .
Mas vejo que muitos gostam da minha companhia.
Me escutam e me acompanham.
Parece que eles, seus filhos, seus pais,
Também apreciam o que faço..
Não há ninguém a quem eu tenha feito concessões com desprezo da justiça
e por medo.
E se tiverem juízo
Verão que , na minha idade, aos setenta,
As coisas tendem a se resolver “naturalmente”.
Porque não adianta matar os homens pelo que fazem,
Quando o que fazem é melhor do fazem os que o acusam.
Nunca um homem pior poderá fazer mal a um melhor.
Mesmo matando-o.
Apresento, enfim,
um testemunho suficiente da verdade do que digo: a minha pobreza.
Fui vencido.
Perdi por falta ,
não de raciocínios, mas de audácia
e impudência.
E por não querer dizer-vos coisas tais que vos teriam sido gratíssimas de ouvir, choramingando:
Lamentando-me ,
fazendo e dizendo muitas coisas indignas
que estais habituados a ouvir de outros.
Não farei isto.
Minha mulher e meus filhos não verão este espetáculo.
Vou morrer. Mas sem medo.
Talvez o difícil não seja isso: fugir da morte.
Bem mais difícil é fugir da maldade,
que corre mais veloz do que a morte,
como a insídia do povo,
da qual nem o mais sábio e virtuoso escapa.
Também a morte me leva a pensar:
Ter medo da morte significa imaginar que sabemos o que não sabemos ,
pois sobre ela ignoramos tudo,
e nem mesmo sabemos se não é um grande bem para nós.
Temer a morte não é outra coisa que parece ter sabedoria, não tendo..
É , de fato, parecer saber o que não se sabe.
Não sabendo coisas bastante do Hades,
delas não fugirei.
Mas, se acreditais, matando os homens,
iludir alguns dos vossos críticos, não pensais justo;
esse modo de vos livrardes do que falam não é ,
decerto ,
eficaz .
Nem belo.
Belíssimo e facílimo é não contrariar os outros,
mas aplicar-se a se tornar, quanto se puder, melhor.
Em verdade este meu caso arrisca ser um bem.
Estamos longe de julgar retamente,
quando pensamos que a morte é um mal..
Não é possível haver algum mal para um homem de bem,
nem durante sua vida,
nem depois de morto...
Paulo Timm – Olhos D Agua, 26 de maio de 2002
CCJ do Senado adia discussão da PEC 65, que dá autonomia total ao Banco Central
O presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre, concedeu vista coletiva após pedido do líder do governo no Senado, Jaques Wagner
247 - A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado adiou, mais uma vez, a discussão da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa dar ao Banco Central (BC) autonomia financeira. A decisão foi tomada na manhã desta quarta-feira (14), após o presidente da comissão, senador Davi Alcolumbre (União-AP), conceder vista coletiva ao projeto. O pedido foi feito pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que argumentou a necessidade de mais tempo para analisar o complemento de voto do relator, senador Plínio Valério (PSDB-AM), apresentado no mesmo dia.
Jaques Wagner destacou que a análise técnica do governo ainda levanta preocupações sobre o impacto do modelo jurídico proposto para o BC, especialmente em situações em que o órgão possa registrar prejuízos. "Eu mandei [o relatório] ao governo para consulta e já recebi as primeiras manifestações. Não me resta outra opção senão pedir vista ao processo", afirmou Jaques Wagner.
Por outro lado, o relator da PEC, senador Plínio Valério, lamentou que o governo não tenha buscado diálogo sobre o texto desde que a discordância do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi tornada pública. "No recesso ou na primeira semana, não fomos chamados para conversar. Como o X da questão era empresa pública e o governo não acenou com uma solução para esse impasse e o BC, sim, eu acatei a sugestão do BC", explicou o senador. O relatório do senador prevê tornar o BC uma "corporação integrante do setor público financeiro que exerce atividade estatal".
Entidades associativas que representam os servidores ativos e aposentados do Banco Central divulgaram uma nota nesta quarta-feira (14), antes da reunião da CCJ, em que criticam o relatório de Plínio Valério. O manifesto é assinado por SINAL, Sindsep-DF, ANAFE e SintBacen. Leia:
Nota pública de SINAL, Sindsep-DF, ANAFE e SintBacen contra o relatório apresentado em 14/8/2024 pelo senador Plínio Valério
As entidades associativas abaixo assinadas, que representam os servidores ativos e aposentados do Banco Central do Brasil, vêm à público reiterar suas críticas à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 65/2023, e repudiar, de modo especial, o último relatório apresentado pelo senador Plínio Valério.
Na prática, a substituição da “empresa pública” pela "corporação integrante do setor financeiro" não altera substancialmente as coisas, pois mantém-se a fragilização do vínculo do BACEN com o Estado e a sociedade brasileira.
Importante destacar que tanto o Governo, quanto alguns senadores de oposição e as entidades que assinam esta nota estavam lutando por negociações em torno de um projeto para resolver os problemas orçamentários do BC por meio de legislação infra constitucional, mantendo o regime de autarquia e os servidores no RJU, na busca de consenso. Porém, o senador Plínio Valério, desconsiderando as tratativas pela busca de um acordo, agiu de forma unilateral e protocolou um texto de sua própria autoria.
Essa mudança semântica enfraquece o papel do Estado na gestão da política monetária e cambial e na supervisão do sistema financeiro. A nova corporação, assim como a empresa pública, pode acentuar o risco de captura da autoridade monetária e supervisora pelo mercado.
Ademais, a fragilização do vínculo com o Estado brasileiro acentua o distanciamento da sociedade civil em relação à tomada de decisões sobre a política monetária e sobre a regulação do mercado.
A ausência de uma governança transparente e de mecanismos de accountability pode resultar na alienação dos cidadãos em relação às decisões que afetam suas vidas. Quando a prestação de serviços essenciais passa a ser gerida por corporações em vez de entidades públicas, a responsabilidade social e o compromisso com a equidade podem ser relegados a um segundo plano, perpetuando desigualdades e prejudicando os segmentos mais vulneráveis da população.
Por fim, essa nova configuração proposta pela PEC 65/2023 também abre espaço para a privatização de funções que historicamente foram de responsabilidade do Estado, colocando em risco a soberania nacional sobre setores estratégicos.
Portanto, a adoção da PEC 65/2023, na forma como se apresenta coloca em risco a integridade das instituições que devem assegurar a estabilidade econômica e o desenvolvimento equitativo. A sociedade brasileira precisa estar atenta a esses movimentos que, sob o pretexto de modernização e eficiência, podem perpetuar desigualdades e enfraquecer a capacidade do Estado de atuar em favor do interesse público.
Por fim, se o novo relatório apresentado pelo senador Plínio Valério for aprovado hoje de forma açodada, atropelando os debates necessários para o assunto, o SINAL, o Sindsep-DF, a ANAFE e o SintBacen já sinalizam com uma possível RADICALIZAÇÃO na luta contra a PEC 65/2023 a partir de amanhã.
SINAL, Sindsep-DF, ANAFE e SintBacen
Assis Moreira - A proporção de jovens 'nem-nem' no Brasil chega a 20,6%
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../assis-moreira...
Novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela uma elevada proporção de jovens fora do mercado de trabalho e de programas de educação e treinamento, comumente chamados de “nem-nem”. Em 2023, um em cada cinco jovens no mundo, ou seja, 20,4%, era considerado “nem-nem”.
OIT: em 2023, 20,4% jovens no mundo são ‘nem-nem’
monitormercantil.com.br/oit-em-2023-204-jovens-no-mundo-sao-nem-nem/
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HISTÓRIA: As aparências, muitas vezes, enganam. No amor e no ódio....
O título fez sucesso com uma série de Carlos Estevão na Revista Cruzeiro, de tempos idos e vividos, do que hoje chamaríamos memes que mostrava uma imagem em preto e branco, alarmista, do tipo de um assassino atacando sua vítima pelas costas e, depois, outra, ao lado, iluminada, na qual tudo se esclarecia da maneira mais gentil. Um exercício de farsa, poético, encantador. Era meu preferido.
Depois apareceu uma música da Elis Regina, com o mesmo título sobre os descaminhos do amor e do ódio: aparências enganam - https://www.youtube.com/watch?v=xRI_CI4c_bk
As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam
Na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo
E depois não há nada que os apague
Se a combustão os persegue
As labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno, o pão
O vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão
Sonhos vividos de conviver
As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam
Na geleira das paixões
Os corações viram gelo
E depois não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele
Vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer
Não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer
Senão chorar sob o cobertor
As aparências enganam
Aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam
No outono das paixões
Os corações cortam lenha
E depois se preparam pra outro inverno
Mas o verão que os unira
Ainda vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira
Na reticente primavera
No insistente perfume
De alguma coisa chamada amor
Composição: Sergio Natureza / Tunai
E, em 1994, vi um filme, com igual título e enredo. Sempre trazendo à tona aparência e realidade.
Sinopse de As Aparências enganam
Três garotos que residem em um subúrbio decidem ir até a cidade para pagar uma prostituta, pois desejam ver uma mulher nua. Eles quase são assaltados e por acaso são salvos por uma "profissional" (Melanie Griffith), que acaba se afeiçoando a um deles, um garoto órfão de mãe (Michael Patrick Carter). O garoto pretende unir ela e seu pai (Ed Harris), mesmo que tenha de mentir um pouco para chegar a este objetivo, e como ela está sendo perseguida por um criminoso e seu carro está com problemas ela vai ficando na pequena localidade onde ele reside, se apaixonando pelo pai do garoto. Porém, gradativamente as coisas se complicam.- https://www.adorocinema.com/filmes/filme-31423/
Hoje, a confusão entre o real e o imaginário, vem associada à virtualidade, que a inteligência artificial só faz acentuar.
Vale, entretanto, lembrar, que apesar desta era da pós verdade, há sempre um grande hiato entre o que são fatos e os processos que os envolvem, situam e explicam. Desde os Diálogos, de Platão... Este é, aliás, o grande corte metodológico entre cientistas sociais de inclinação conservadora e progressista. Os conservadores se fixam nos fatos e procuram por sofisticados meios captá-los para dar conta e razão de um dado momento da História, descambando, não raro, para o neo-positivismo da Ciência Política, da Economia, do Direito e até mesmo da Psicologia. “A vida como ela é”...Mais cautelosos, weberianos e marxistas, como fundamento do pensamento progressista, preferem situar os fatos nos processos que os condicionam. Daí a acusação que lhe fazem os neopositivistas de que são reféns das “grandes narrativas”. Grandes ou pequenas, entretanto, as narrativas existem e constituem o substrato não só da História das Sociedades Humanos, mas, também, dos próprios humanos. É conhecida a lembrança de Eduardo Galeano de esta passagem que ouviu de um jornalista:
“Os cientistas dizem que somos feitos de átomos, mas um passarinho me contou que somos feitos de histórias.” (Os filhos dos dias”)
Com efeito, estamos mergulhados na História. E a História Contemporânea, vinda à tona com a Revolução Francesa, 1789, nos remeteu inexoravelmente às Revoluções e às Guerras. Já não vivemos sob o manto da falsa harmonia medieval. O mundo, convulsionado pelas Grandes Navegações e pelo impulso da modernidade capitalista, está em efervescente guerra.
A verdade, portanto, na História, não reside nos fatos em si, muitas vezes incompreensíveis, como o nazi fascismo, as revoluções sociais, o autoritarismo , o populismo, o bolivarismo, mas nos processos que os produziram. E o processo que se desenrola no mundo contemporâneo é o da GUERRA. Guerra de classes, guerra contra o colonialismo e neocolonialismo, guerra contra a fome, guerra contra o cinismo ocidental que ostenta valores clássicos como máscaras da sua violência explícita, na disseminação de armas e bases militares no mundo inteiro; violência implícita, na financeirização da economia mundial sob o império do dólar. Como diz, com voz rouca e baixa, Amilton Krenak: "Estamos em guerra..." .
As aparências enganam... E guerra é guerra! Até que se compreenda o real significo da paz e seus requisitos.
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Luiz Carlos Azedo - Quem sabe o destino das emendas secretas? Correio Braziliense -https://gilvanmelo.blogspot.com/2024/08/luiz-carlos-azedo-quem-sabe-o-destino.html?spref=fb&fbclid=IwY2xjawEn5_5leHRuA2FlbQIxMQABHZ_m1m6oW6e4lnziPfDktqJg7jKcgRCVo6blgU1h6hhyiE0osd9IcbcsDg_aem_9nRX9UZ9qtcGQI4nwus-GQ
O ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino baixou duas liminares duríssimas para acabar com o chamado “orçamento secreto”. Deputados e senadores têm R$ 49 bilhões em emendas ao longo de 2024, uma parcela das quais é conhecida como “emendas pix”, que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu que fossem auditadas pela Controladoria-Geral da União. A decisão contrariou os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Amanhã, haverá uma reunião de líderes da Câmara para discutir como reagir à decisão do ministro. Os deputados temem uma devassa na destinação das emendas, principalmente as “emendas pix”, que não têm nenhuma transparência, embora esse seja um dos princípios constitucionais do Orçamento da União. O Supremo proibiu a existência do “orçamento secreto”, sob a presidência da então ministra Rosa Weber.
As emendas de deputados e senadores na Lei Orçamentária passaram de R$ 9 bilhões em 2015 para R$ 49 bilhões em 2024, conforme dados do “Siga Brasil – Painel Emendas”, site mantido pelo Senado. Na Lei Orçamentária de 2020, as “emendas RP 9”, que são feitas pelo relator da Comissão Mista de Orçamento, chegaram a 20 bilhões. Em 2021, R$ 16 bilhões. Em 2022, R$ 8 bilhões. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o governo com R$ 15 bilhões de “emendas RP 9” herdadas do governo Bolsonaro. Ainda restam pagar R$ 5 bilhões.
As “emendas pix” foram criadas para burlar a proibição do “orçamento secreto”. Chegam a R$ 15 bilhões neste ano, sem nenhuma transparência e controle. Alguns até destinaram verbas para obras em estados diferentes dos quais foram eleitos, o que o ministro Dino agora proibiu. Há troca de destinação dos recursos por ajuda eleitoral. Tudo em segredo. A CGU tem até setembro para preparar um relatório sobre as dez cidades que mais recebem repasses de emendas e uma análise sobre os riscos por trás das “emendas RP 8”, que podem virar caso de polícia.
O Tribunal de Contas da União (TCU) mapeará as emendas até 21 de agosto e terá 180 dias para colocar no Portal da Transparência informações completas sobre padrinhos e destinatários de “emendas RP 8 e RP 9”. A CGU também auditará os repasses feitos de 2020 a 2024 por meio de “emendas pix” e como a verba foi gasta na ponta. Nada disso seria necessário se os relatores do Orçamento abrissem essa caixa-preta. Ninguém sabe para onde foi o dinheiro, mas eles sabem.
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O DIA NACIONAL DAS ARTES
O Dia Nacional das Artes é comemorado anualmente no dia 12 de agosto. A data foi criada para celebrar as diversas manifestações artísticas que abrangem variadas áreas, como a música, a literatura, o cinema, o teatro, a pintura e tantas outras.
Origem do Dia Nacional das Artes
A origem do Dia Nacional das Artes é o decreto de lei nº 82.385, de 5 de outubro de 1978 e a Lei nº 6.533, de 24 de maio de 1978. Essas leis regulamentaram a profissão de Artista e Técnico em Espetáculos de Diversões, além de reconhecerem mais de 100 outras funções que também compõem o trabalho artístico.
Conforme a legislação brasileira, artista é o profissional que “cria, interpreta ou executa obra de caráter cultural de qualquer natureza para efeito de exibição ou divulgação pública, através de meios de comunicação de massa ou em locais onde se realizam espetáculos de diversões públicas”.
Dia Mundial da Arte
Além de existir o Dia Nacional das Artes, existe um dia internacional dedicado a isso. O Dia Mundial das Artes é comemorado no dia 15 de abril. A data foi criada pela Associação Internacional de Arte (IAA, na sigla em inglês) como forma de conscientizar a atividade criativa no mundo todo.
A data foi comemorada pela primeira vez em 2012 e foi escolhida em homenagem ao nascimento de Leonardo da Vinci. Nos Estados Unidos, há uma série eventos — como exibições, performances, rodas de conversa com artistas — todos os anos, desde 2015, para celebrar a data. Em 2020 a celebração se dará na cidade de Los Angeles pelo quarto ano consecutivo.
Como trabalhar o Dia das Artes na escola?
Essa data tão importante merece ser celebrada nas escolas. As artes podem ser trabalhadas nas aulas dos mais diversos componentes curriculares, não se limitando à área de Linguagens e suas Tecnologias. Veja abaixo algumas ideias de como trabalhar o Dia das Artes na escola.
Excursão para um museu, exposição, teatro ou apresentação musical
Excursões para museus, exposições, teatros ou apresentações musicais são muito interessantes para comemorar o Dia das Artes, já que os alunos costumam gostar muito de excursões. Além disso, essas atividades têm muito a contribuir com as práticas pedagógicas de forma interdisciplinar.
Sessão de cinema na escola
A escola pode promover uma sessão de cinema como forma de celebrar o Dia das Artes. Pode escolher passar um filme para todos os alunos ou vários filmes em salas diferentes e deixar que os alunos escolham qual desejam assistir.
Para tornar a atividade mais rica, é interessante promover debates e rodas de conversa sobre os filmes assistidos e relacioná-los com os conteúdos estudados na escola.
Festival de talentos
Quer forma melhor de trabalhar as artes na escola do que incentivando a produção dos próprios alunos? Um festival de talentos é uma excelente maneira de valorizar os artistas que existem dentro da escola, mostrando a importância da profissão e sua contribuição para a sociedade.
ANEXO
PRA QUE SERVE A ARTE
História das Artes > Olho-Vivo > Pra que serve a arte
As obras de arte, desde a Antiguidade até hoje, nem sempre tiveram a mesma função. Ora serviam para contar uma história, ora para rememorar um acontecimento importante, ora para despertar o sentimento religioso ou cívico.
Foi só neste século que a obra de arte passou a ser considerada um objeto desvinculado desses interesses não artísticos, um objeto propiciador de uma experiência estética por seus valores íntimos.
Assim dependendo do propósito e do tipo de interesse com que alguém se aproxima de uma obra de arte, podemos distinguir três funções principais para a arte.
Função Utilitária: A arte serve ou é útil para se alcançar um fim não artístico, isto é, ela não é valorizada por si mesma, mas só como meio de se alcançar uma outra finalidade.
Esses fins não artísticos variam muito no curso da história. Na Idade Média, por exemplo, na medida em que a maior parte da população dos feudos era analfabeta, a arte serviu para ensinar os principais preceitos da religião católica e para relatar as histórias bíblicas.
Função Naturalista: A obra é encarada como um espelho, que reflete a realidade e nos remete diretamente a ela. Em outras palavras, a obra tem função referencial de nos enviar para fora do mundo artístico, para o mundo dos objetos retratados. Essa atitude perante a arte surge bastante cedo. Ela aparece na Grécia, no século V a.C., nas esculturas e pinturas que “imitam” ou “copiam” a realidade. Essa tendência caracterizou a arte ocidental até meados do século XIX, quando surgiu a fotografia. A partir de então, a função arte, especialmente da pintura, teve de ser repensado e houve uma ruptura do naturalismo.
Função Formalista: Preocupa-se com a forma de apresentação da arte. Há, nessa função, uma valorização da experiência estética como um movimento em que, pela percepção e pela intuição, temos uma consciência intensificada do mundo, ou seja, é a análise da obra de arte como todo, pela sua forma, seu conteúdo, sua temática, seu contexto histórico, sua técnica, enfim, todos os elementos para a compreensão da obra em si.
Quando o ser humano precisa pensar sobre algo, geralmente, busca encontrar elementos funcionais que lhe deem sentido e um valor. Então ele procura responder perguntas como: para que serve? E qual sua importância no mundo?
Esse sentido utilitarista é comum a todos os povos desde as suas formações iniciais. O homem primitivo, por exemplo, precisava se cercar, primeiramente, de objetos que respondessem à sua necessidade urgente de sobrevivência. Por isso, os desenhos nas cavernas, as danças e as representações primitivas precisavam ter utilidade, ou seja, deveriam servir para que os espíritos dos animais fossem atraídos e aprisionados, ajudando os homens nas caçadas.
Com o tempo, essas manifestações artísticas primitivas começaram a ser desvinculadas das suas funções primitivas nas comunidades. O homem passou a revelar interesse por aspectos e objetos que não possuíam função prática na vida, como as formas, as cores, as texturas em tecidos, certos sons, que passaram a ser apreciados por puro prazer. Nesse sentido, tais utensílios e representações passaram, cada vez mais, a ser criados e executados pelo prazer em si, desligando-se de uma utilidade.
Assim, os humanos demonstram, desde tempos ancestrais, interesse pelo enfeite, pelo belo, por elementos e fatos capazes de instigar e manifestar pensamentos e emoções.
A pintura corporal em uma tribo indígena, na maioria das vezes, tem a função de camuflar, preparar-se para a guerra, determinar uma posição social do individuo, preparativos para diversos rituais da tribo, como culto aos deuses, casamento, funeral, ou, simplesmente, enfeitar-se. Atualmente, a pintura da pele, como as tatuagens, na maioria das vezes, estão ligadas a um sentido decorativo, servindo apenas para adornar ou decorar o corpo.
Há vertentes e perspectivas diferentes quanto à função da arte. Isso ocorre porque cada sociedade estabelece uma relação muito específica com os objetos artísticos, definindo necessidades e importâncias particulares. Pode-se, contudo, definir duas correntes de pensamento muito comuns, no que se refere à utilidade da arte.
A primeira defende que as artes não derivam de uma necessidade prática, existindo independentemente de qualquer utilidade, tais como: ensinar, entreter, instigar, inspirar ou educar. Uma das escolas defensoras dessa vertente foi o Romantismo, que estabeleceu o que ficou conhecido como autonomia da arte.
A outra corrente defende que a arte só pode existir ligada a alguma funcionalidade, ou algo que lhe dê um sentido, tal qual ocorria nas sociedades primitivas. Nessa concepção, só pode haver objeto artístico se este se relacionar, por exemplo, a uma função social, histórica, educativa ou psicológica.
Obviamente, as duas correntes possuem fundamentos e argumentos necessários de serem discutidos, mas é inevitável que convivam, em um mesmo processo de criação artística, elementos estéticos e outros de ordem funcional, econômica, etc.
Vale dizer que a humanidade não vive sem a arte, seja ela funcional, mista ou puramente ligada à fruição da beleza.
https://www.historiadasartes.com/olho-vivo/pra-que-serve-a-arte/
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9 de agosto - Dia Internacional dos Povos Indígenas.
Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas - https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_Unidas_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf
O Brasil tem, hoje, cerca de 1,7 milhão de indígenas. Quando do “Descobrimento”, porém, em 1500, mais de 5 milhões deles habitavam nosso território. No contato com o colonizador, foram sendo sumariamente dizimados, tanto pelo contágio, que os expunha a doenças fatais, como pelo extermínio provocado no confronto com os brancos, ou sua captura para trabalhar como escravos nas lavouras coloniais. Já em 1650, no Maranhã, o Padre Vieira, em seus sermões denunciava esta chacina provocada pela cobiça dos portugueses, o que lhe valeu a remoção para Roma - https://revistacienciaecultura.org.br/?p=2645 .
O profundo humanista que foi Padre António Vieira não podia ficar indiferente à brutalidade com que os ameríndios e os escravos negros eram tratados no Brasil. Uma prática, aliás, consentida por toda a Europa colonizadora. O missionário tudo viu e tudo denunciou na corte portuguesa. O religioso fez parte da Companhia de Jesus e defendia, além dos indígenas, a liberdade dos judeus, perseguidos na época pela Inquisição da Igreja Católica.
Nas Guerras Guaraníticas, no sul do Brasil, que destruiriam as Missões, em 1756/7, em apenas um dia pereceram mais de mil índios, daí resultando o lema ainda hoje defendido pelo MST: “ESTA TERRA TEM DONO!”. Um século antes, bandeirantes oriundos de São Vicente já haviam aprisionado talvez milhares deles, arrasando diversas reduções que se haviam instalado desde 1626, no Rio Grande, por obra e graça de Roque Gonzalez. No começo do século XX, o ilustre republicano, General Rondon, em sua peregrinação pelo interior do Brasil, que inspiraria Darci Ribeiro à antropologia – e que o acompanharia até o leito de morte - proclamava sua célebre frase que consagraria a Política Indigenista do país: “Matar (um índio) nunca; morrer se for preciso”. Dele, também, o exemplo que levou à criação da FUNAI e à ação de exemplares sertanistas como os irmãos Villas Boas que tanto fizeram pela preservação da vida e cultura dos povos originários do Brasil, destacando-se aí seus esforços para transferi-los para uma área protegida na Ilha do Bananal, onde ainda se encontram, como se pode ver em documentários antológicos como “Xingu”- XINGU : TRAILER OFICIAL • DT - YouTube . Graça a tais esforços, muitos indígenas se educaram e hoje ocupam importantes papeis na vida pública do país: médicos, engenheiros, administradores, professores, todos com fortes vínculos com suas aldeias. Soninha guajajara é, por primeira vez no Brasill, Ministra dos Povos Indígenas. Amilton Krenak, escritor, por sua vez hoje ocupa um assento na Academia Brasileira de Letras e, com sua voz calma e profunda, não se cansa de repetir: -“Estamos em guerra”. Guerra pela sobrevivência de uma cultura ancestral, com mais de 200 línguas, todas clamando: “ É na ancestralidade que repousa nosso futuro”...
O Dia Internacional dos Povos Indígenas é comemorado no dia 9 de agosto. Essa data marca a importância dos povos indígenas para as sociedades mundiais. Foi criada em 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Esse dia comemorativo é um instrumento de luta e apoio às causas indígenas.
Leia também: 19 de abril — Dia Nacional dos Povos Indígenas
Tópicos deste artigo
• 1 - Resumo sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas
• 2 - Origem do Dia Internacional dos Povos Indígenas
• 3 - Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas
• 4 - Importância do Dia Internacional dos Povos Indígenas
• 5 - Povos indígenas no Brasil
• 6 - História dos povos indígenas
Resumo sobre o Dia Internacional dos Povos Indígenas
• O Dia Internacional dos Povos Indígenas é comemorado internacionalmente no 9 de agosto.
• Criado pela ONU em 1995, esse dia comemorativo permite valorizar as práticas dos povos indígenas, tidos como os primeiros habitantes dos territórios americanos, por meio de eventos diversos.
• A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU).
• Esse documento apresenta um conjunto de direitos universais para as populações indígenas dos diferentes países do globo.
• O Censo Demográfico de 2022, feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que há cerca de 1,7 milhão de indígenas no Brasil.
Origem do Dia Internacional dos Povos Indígenas
Celebrado no dia 9 de agosto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas foi criado em 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU). O contexto histórico de criação dessa data esteve atrelado à necessidade de demarcar a importância desses povos para as sociedades mundiais. Além disso, a referida data busca reconhecer e valorizar toda a contribuição histórica, política, econômica e cultural dos povos indígenas. Portanto, o Dia Internacional dos Povos Indígenas é parte de um movimento maior de valorização dos povos indígenas mundiais.
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Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas - https://www.acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_Unidas_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf
A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas foi criada em 2007 pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O referido documento é composto por 46 artigos, que buscam apresentar todos os direitos básicos das populações indígenas mundiais, sendo essa a ideia central dele. Entre os principais pontos defendidos pela Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, estão:
• igualdade de condições perante as leis internacionais;
• autodeterminação dos povos;
• combate a qualquer tipo de discriminação;
• direito aos territórios;
• respeito às cultura, língua e religião tradicionais.|1|
A Declaração também aponta a necessidade de políticas públicas no contexto indígena e, ainda, apoia a contribuição financeira de agentes estatais para a manutenção dos direitos básicos dos povos indígenas.
Importância do Dia Internacional dos Povos Indígenas
O Dia Internacional dos Povos Indígenas é um instrumento de luta e apoio às causas indígenas, visto que visibiliza a grande importância dessas populações. Nesse sentido, essa data possibilita o estabelecimento de reflexões e debates sobre o cenário atual das populações indígenas.
Ademais, o dia permite a valorização das práticas indígenas no contexto mundial, o que se dá por meio de eventos diversos. Ressalta as contribuições e tradições indígenas para a população em geral, bem como destaca a importância desses povos em diferentes âmbitos da sociedade. O Dia Internacional dos Povos Indígenas permite, ainda, o amplo debate sobre os direitos básicos dessas populações.
Povos indígenas no Brasil
O Censo Demográfico de 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que há cerca de 1,7 milhão de indígenas no Brasil.|2| Esse número representa menos de 1% do total da população absoluta do país.
Os povos indígenas brasileiros compõem um conjunto muito diverso de tribos e populações com práticas culturais bastante distintas. Nesse cenário, evidenciam-se os troncos indígenas macro-jê e tupi. Os povos indígenas brasileiros possuem línguas, religiões e demais tradições bastante diferentes entre si, compondo um grande mosaico cultural que sustenta um dos principais pilares da sociedade brasileira.
As populações indígenas brasileiras possuem tradições bastante heterogêneas. [1]
A região Norte do Brasil é a que possui o maior número de indígenas, com destaque para o estado do Amazonas. O número de indígenas também se destaca nos seguintes estados: Bahia, Roraima, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. A população indígena brasileira encontra-se distribuída de forma bastante desigual ao longo do território nacional.
A maior parte dos indígenas habita a Amazônia Legal. Nessa região está a maior reserva indígena em população do país, chamada de Terra Indígena Yanomami. Contudo, a maior parte dos indígenas brasileiros mora fora de terras indígenas, oficialmente demarcadas pelos agentes estatais.
Veja também: Funai — o órgão do governo brasileiro que atua na proteção e na garantia dos direitos das populações indígenas
História dos povos indígenas
Os povos indígenas são agrupamentos humanos considerados os primeiros habitantes dos territórios americanos. Essa população habitava vastas áreas naturais do espaço geográfico da América ao longo de milhares de anos, assim, já estava estabelecida nos territórios nacionais na época da chegada de exploradores e colonizadores.
Por exemplo, no Brasil, os indígenas já viviam em vastas extensões do território muito antes da chegada dos colonizadores portugueses, em 1500, praticando diferentes atividades de subsistência, como caça e pesca.
Os povos indígenas compõem um grupo histórico e populacional bastante diverso, com diferentes práticas culturais em termos de língua, religião e demais ações cotidianas. A história desses povos está comumente associada a perseguições diversas, fruto do vasto processo de colonização empreendido por povos estrangeiros.
Notas
|1| ONU. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. ONU, 2008. Disponível em: https://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf.
|2| IBGE. Panorama do censo 2022. IBGE, 2023. Disponível em: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/indicadores.html?localidade=BR.
Crédito de imagem
[1] Joa Souza / Shutterstock
Fontes
AZOUBEL, H. Dia Internacional dos Povos Indígenas. UFMG, 2022. Disponível em: https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/dia-internacional-dos-povos-indigenas/.
CABRAL, U.; GOMES, I. Brasil tem 1,7 milhão de indígenas e mais da metade deles vive na Amazônia Legal. IBGE, 2023. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/37565-brasil-tem-1-7-milhao-de-indigenas-e-mais-da-metade-deles-vive-na-amazonia-legal.
IBGE. A origem dos índios. IBGE, c2023. Disponível em: https://brasil500anos.ibge.gov.br/territorio-brasileiro-e-povoamento/historia-indigena/a-origem-dos-indios.html.
IBGE. Indígenas. IBGE, c2023. Disponível em: https://indigenas.ibge.gov.br/.
ONU. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. ONU, 2008. Disponível em: https://www.un.org/esa/socdev/unpfii/documents/DRIPS_pt.pdf.
VELASCO, C.; CROQUER, G.; PINHONI, M. Censo do IBGE: Brasil tem 1,7 milhão de indígenas. G1, 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/censo/noticia/2023/08/07/censo-do-ibge-brasil-tem-17-milhao-de-indigenas.ghtml.
Escrito por: Mateus CamposLicenciado em Geografia e Mestre em Gestão e Avaliação da Educação Pública pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Atua como produtor de conteúdo educacional e professor da educação básica na área de Geografia.
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
CAMPOS, Mateus. "9 de agosto - Dia Internacional dos Povos Indígenas"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-internacional-dos-povos-indigenas.htm. Acesso em 09 de agosto de 2024.
ANEXO
P. António Vieira (1608-1697) e a defesa da liberdade dos indígenas -https://revistacienciaecultura.org.br/?p=2645 .
O português António Vieira veio menino para o Brasil. Foi ordenado na Bahia em 1634 e, como pregador na igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Salvador, defendeu a colônia, a expulsão dos holandeses da Bahia e de Pernambuco. Em 1641, ao fim da União Ibérica, retornou a Lisboa. Nessa volta, D. João IV restaurava o reino de Portugal em nome da casa de Bragança. Vieira ficou muito próximo do rei tornando-se seu conselheiro, pregador régio e representante de Portugal em questões econômicas e políticas em Paris, Amsterdã e Roma. Na Restauração Pernambucana foi contemporizador, propondo ao rei que entregasse Pernambuco aos holandeses para trazer paz à colônia. Não foi isso que aconteceu, mas no fim das negociações a coroa portuguesa pagou uma indenização proposta pelos holandeses, pelo calote dos senhores de engenho de Pernambuco. D. João IV também ouvia queixas de que os bandeirantes estavam escravizando os indígenas, e que estes também eram escravizados pelos colonizadores do Pará e Maranhão. A pedido de Vieira, em 1655 o rei concedeu aos jesuítas o direito de serem os administradores temporais dos aldeamentos.
De volta ao Brasil, Vieira trabalhou nas missões no Pará e no Maranhão entre 1653 e 1661. Nessa época os padres jesuítas tinham ganhado amplo controle sobre os trabalhadores nativos, com poder de determinar se estavam sendo escravizados, ou não. Também lhes cabia gerenciar o uso de trabalhadores indígenas livres que viviam nos aldeamentos missionários para servirem os moradores.
Diferentemente de outras regiões da América portuguesa, o então Estado do Maranhão e Pará se estabeleceu com base principalmente no uso de trabalhadores indígenas. Os índios eram empregados tanto nas lavouras, como na extração dos produtos da floresta, as drogas do sertão. Por muito tempo, a principal força de trabalho na região continuou sendo a mão de obra indígena escravizada pelos colonizadores.
Atendendo ao desejo de D. João IV, Vieira lutou contra os colonos portugueses que desejavam escravizar índios no Maranhão. Os jesuítas tinham um projeto de aculturação e controle dos indígenas, executado através dos aldeamentos, que contrariava os interesses dos colonizadores. Mas, como as coisas estavam, os índios escravizados pelos colonizadores sentiam-se violentados; os colonizadores sem escravos indígenas sentiam-se prejudicados porque também não recebiam, como os religiosos, os bens cedidos pelos reis, nem doações ou heranças legadas pelos fieis. No entanto, eram eles que administravam extensas fazendas de gado, plantações de algodão, engenhos e participavam ativamente do comércio das drogas do sertão, sobre cujas atividades, no regime do padroado, a coroa recolhia o dízimo.
Pela revolta dos colonizadores, em 1661 Vieira foi expulso do Maranhão com os companheiros da ordem. Vieira foi pessoalmente atacado porque, sendo próximo de D. João IV, como vimos, foi um dos articuladores dessa política indigenista adotada por esse monarca, que definiu as principais diretrizes em relação aos índios do Maranhão e Pará, que passaram a vigorar no início da década de 1650. Em dois meses, a revolta se espalhou para a vizinha capitania do Pará. A população de Belém se dirigiu ao colégio jesuíta de Santo Alexandre e deteve o padre Vieira que aí tinha vindo. Imediatamente enviado a São Luís, daí foi enviado para Lisboa, de onde nunca mais voltaria ao Maranhão e Pará.
Em Lisboa, Vieira por sua vez defendeu a liberdade religiosa dos judeus e cristãos novos, numa época em que as pessoas suspeitas de heresia eram condenadas pela Inquisição. Sem o beneplácito de D. Afonso VI, rei na época, acabou sendo preso pela Inquisição entre 1666 e 1667.
Sendo anistiado em Lisboa, Vieira foi para Roma onde foi absolvido pelo papa em 1668. Retornando à Bahia em 1681 já com problemas de saúde viveu recolhido dedicando-se a escrever seus Sermões, falecendo em 1697 com 89 anos.
Com a subida ao trono de D. Afonso VI em 1662, os jesuítas e, principalmente, o padre Vieira, caíram em descrédito na corte portuguesa. Esta nova situação ficou clara com o perdão concedido em 1663 aos revoltosos do Maranhão e Pará, e com a proibição explícita do retorno do padre Vieira àquela colônia.[1] Em 1663 D. Afonso VI retirou dos jesuítas a administração temporal dos povos nativos no Estado do Maranhão. Os jesuítas foram expulsos do Maranhão em 1684 na esteira da Revolta de Beckman (1684-1685) quando a revolta não era só pela questão indigenista, mas também pela criação da monopolista Companhia Geral de Comércio do Maranhão.
No entanto, o estabelecimento de missões religiosas católicas no litoral norte da Amazônia Portuguesa era a solução para conter tentativas de cooptação dos povos nativos pelos calvinistas franceses e reformistas ingleses, holandeses e irlandeses que colocavam em perigo os interesses mercantis e políticos dos portugueses na região. Os jesuítas eram considerados hábeis para estabelecer alianças militares com os povos nativos. Mas se o confronto dos jesuítas era antes só com os colonizadores portugueses que escravizavam os indígenas, agora os missionários e os colonizadores portugueses eram colocados contra os invasores franceses.
Por volta de 1680 havia tensões entre os governos da Capitania do Grão-Pará (Belém) e da Guiana Francesa (Caiena) pela manutenção e expansão de seus domínios no Cabo do Norte, atual Amapá. O Cabo do Norte era aquela capitania doada em 1637 por Felipe IV da Espanha ao português Bento Maciel Parente. Cumprindo determinação de Luís XIV, o marquês de Ferroles atacaria o Cabo do Norte em 1681. Em 1680, Pedro II (1648-1706) ainda príncipe-regente, fez expedir uma carta régia determinando que os jesuítas fossem trabalhar no Cabo Norte. O rei não queria que os índios passassem para o lado dos franceses. Os jesuítas recuperaram a autoridade que tinham perdido em 1661 e, para viabilizar o plano do rei, eles ganharam também o poder temporal sobre os aldeamentos de povos nativos. Atendendo a um pedido do príncipe regente, o padre Vieira que ainda estava em Portugal providenciou a vinda do padre Pfeil a essa região.
O Regimento das Missões do Estado do Maranhão e Grão-Pará decretado por D. Pedro II em 1686 restaurou a autoridade temporal dos jesuítas para administrar os aldeamentos e permaneceu em vigor até 1758. Esse ano o marquês de Pombal introduz o Diretório dos Índios e, no ano seguinte, ele expulsaria os jesuítas de Portugal e todas as colônias, de forma definitiva.
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Notas
[1] Chambouleyron, Antônio Vieira Rafael, Padres fora!, Revista de História, 9, 24-27, 2013.
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/padresfora
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REBECA É A MULHER INESQUECÍVEL
Rebeca Andrade enfrentou os pedregulhos, e viveu entre entulhos, numa ruela ferida de feios barulhos.
Sim, Rebeca nasceu e cresceu em Guarulhos e de lá saiu para encher de orgulho o país da desigualdade.
Rebeca retribuiu com puro ouro o ferro velho que recebeu com os punhos fechados da vida real. Filha de mãe solo, Rebeca dourou o solo olímpico, mesmo sendo filha de um solo que quase nunca foi gentil.
Rebeca é filha da periferia que lhe feria os sentidos, quando ela fazia sua forçada marcha atlética, trotando dois quilômetros até o treino, pois a mãe diarista não tinha dinheiro para pagar a passagem, já que o suor do seu rosto mal rendia pão amanhecido de cada dia.Rebeca enriqueceu a pátria que poucas vezes lhe foi mátria - o país padrasto em que ela cresceu sem pai. A mãe limpava a casa e fazia a comida - dos outros. Quando dormia no “quarto da empregada”, terá em alguma madrugada insone sonhado acordada emver Paris aos pés da filha, ao lado da Torre Eiffel?
Nesse país tantas vezes às avessas, Rebeca não pode nem deve virar Rebíquel, a mulher inesquebeca, simplesmente porque seu passado nos cobres e seu presente de ouro precisavam se manter inesquecíveis para nos lembrar que o Brasil é uma imensa Guarulhos, com vielas abertas que só não nos causam engulhos porque fingimos que não as vemos - a caminho do aeroporto, que tem gente que julga ser a melhor saída.
O Brasil de Rebeca Andrade comprova que esse país por vezes parece um suspense psicológico dirigido por Hitchcok, baseado no romance que Daphne Du Maurier roubou descaramente da escritora brasileira Carolina Nabuco, filha do abolicionista Joaquim Nabuco, o diplomata que lutou por um país onde milhões de mulheres e os homens pretos pudessem transformar seu suor em ouro para si mesmos - e se tornarem de fato inesquecíveis, como nossa sapeca e inesquebeca Rebeca, a garota dourada, a mulher inesquecível.
(Eduardo Bueno)
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Carlos Benedito Martins, Felipe Maia* - Intelectuais ainda têm influência nos debates públicos? Folha de S. Paulo
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A figura de intelectual público, simbolizada por pessoas com amplo repertório cultural, destreza na escrita e na interação com o público e disposição para se engajar em discussões que mobilizam a sociedade, ganhou popularidade no século 20, tendo em Jean-Paul Sartre uma de suas mais célebres expressões. Nas últimas décadas, contudo, mudanças sociais, sobretudo na produção e difusão de conhecimento nas universidades, acarretaram o declínio desse modelo e apontam novas modalidades de intervenção intelectual
Ao escrever sobre a representação do intelectual, Edward Said destacou que sua imagem foi moldada pelo caso do capitão Alfred Dreyfus, durante o qual o romancista Émile Zola mobilizou diversos homens de letras —sim, quase todos, homens— em uma causa política e moral que colocava em questão os fundamentos e a dinâmica da República francesa.
Em vista disso, o intelectual, na visão de Said, teria como missão confrontar ortodoxias, atuar de forma crítica na sociedade e agir com base em princípios universais. Essa categoria social surgiu no final do século 19, em um contexto de transformações sociais, como o processo de urbanização na Europa, o desenvolvimento de universidades e a industrialização da imprensa e da atividade editorial.
Esses eventos contribuíram para a formação de um espaço público aberto a debates políticos e culturais e, igualmente, propiciaram a autonomia da esfera da produção intelectual. Assim, os escritores e os artistas puderam se libertar da chancela de diversas modalidades de mecenato e passaram a viver de seus trabalhos e a se inserir na arena pública, ao lado de professores universitários, cientistas e profissionais liberais.
O nascente modelo de intelectual público passou a ser simbolizado por figuras que conquistaram visibilidade na arena cultural e política, combinando habilidades como o conhecimento humanista, a capacidade de escrever bem, de falar em público e de se engajar em causas sociais, éticas e políticas.
São personagens que falam "a verdade diante do poder", na expressão de Said —e que tiveram na figura de Jean-Paul Sartre uma de suas mais célebres expressões. Este modelo dominou o imaginário social e foi considerado, em larga medida e em muitos lugares, a forma legítima de atuação dos intelectuais na sociedade.
Durante o século 20, como detentores de um capital cultural adquirido nas instituições escolares e/ou no meio familiar, os intelectuais conquistaram visibilidade participando de eventos significativos nas arenas cultural e política de diversas sociedades pelo mundo.
Para tanto, combinaram suas capacidades de produzir ideias com ações que permitiram que elas circulassem para além dos meios profissionais ou literários, afetando a compreensão e a motivação de audiências amplas. Isso tornou os intelectuais personagens públicos associados a representações coletivas sobre crises, questões sociais e alternativas de mudanças.
Alguns deles viraram figuras icônicas a partir de uma combinação de performance na arena pública e de elaboração de narrativas persuasivas a respeito da vida social, contando com uma infraestrutura de comunicações composta por editoras, revistas, jornais, organizações políticas ou de mídia. No entanto, seria enganoso imaginar que o espaço intelectual se restringe aos intelectuais que se tornaram célebres.
Transformações sociais em escala global reverberaram na reconfiguração nas modalidades de participação dos intelectuais nos dias correntes e impactaram suas articulações com a esfera pública, com as instituições de produção e transmissão de conhecimento, em especial com a universidade e com a própria vida cultural e política.
Nesta direção, ao longo do tempo, ocorreu uma crescente diversificação do espaço intelectual. Além de escritores, artistas, cientistas, acadêmicos, passou a contar com a presença de administradores públicos, especialistas em meios de comunicação, jornalistas, blogueiros, entre outras categorias.
Diante deste cenário, no qual estes atores travam uma acirrada luta concorrencial em busca do significado legítimo da figura do intelectual, qualquer definição social a priori sobre este grupo corre o risco de efetuar um "coup de force", incluindo ou excluindo de forma arbitrária os atores deste espaço.
Isso posto, a esfera intelectual ficou mais heterogênea, menos centralizada em personalidades consagradas e mais matizada no que diz respeito aos modos de intervenção ou engajamento destes atores, o que significa também uma intensificação da disputa em torno dos atributos de legitimidade para lidar com questões públicas, assim como em suas relações com as instituições de produção de conhecimento e as organizações políticas ou da sociedade civil.
Os trabalhos de Richard Posner, "Public Intellectuals: A Study of Decline", e de Russell Jacoby, "The Last Intellectuals: American Culture in the Age of Academe", ressaltaram que a expansão das universidades no pós-guerra passou a absorver uma parte expressiva dos intelectuais em seu interior. Para eles, as universidades contemporâneas impulsionaram a diversificação e a especialização do conhecimento, ao mesmo tempo em que profissionalizaram a carreira acadêmica.
Assim, os intelectuais que gradativamente tornaram-se acadêmicos organizaram suas vidas em função dos critérios de suas carreiras e encontram-se submetidos de forma crescente a formas de avaliação institucional.
Ao mesmo tempo, passaram a divulgar seus trabalhos em periódicos especializados, utilizando uma linguagem acessível basicamente aos membros de uma determinada área ou sub-área de conhecimento, tendo como audiência prioritária seus colegas de profissão. Com isso, perderam a comunicação com uma audiência mais ampla.
Atualmente, o ambiente cultural se tornou menos favorável ao tipo de intelectual que marcou o século passado. Patrick Baert, em seu trabalho sobre a figura de Sartre, "The Existentialist Moment: The Rise of Sartre as Public Intellectual", mostrou que as condições de reprodução da figura do intelectual público "universal" ou, como ele prefere, do "intelectual com autoridade" para tratar de temas diversos, para além de sua especialidade profissional, ficaram cada vez mais problemáticas.
Para ele, essa modalidade de intelectual surgiu em sociedades nas quais o capital cultural encontra-se concentrado numa pequena elite e, ao mesmo tempo, em que o meio acadêmico possui uma estrutura amorfa, indicando uma limitada especialização do conhecimento.
A institucionalização das ciências sociais e o surgimento do estruturalismo na França, a partir de 1950, abalaram a posição destacada que ocupava a filosofia, disciplina que constituía em larga medida o celeiro dos intelectuais públicos. Desde então, esses processos de institucionalização e profissionalização das ciências sociais, que ocorrem em várias partes do mundo, têm criado obstáculos para a atuação do intelectual público "universalista", que trata de questões sociais, políticas e culturais desprovido do treino adequado à respectiva área do conhecimento.
No mesmo sentido, a expansão mundial do ensino superior, que vem se processando desde os anos 1970, incrementou o volume da produção, circulação e difusão de conhecimento disponível para a esfera pública, contribuindo também para a disseminação de um sentimento de ceticismo com relação à plausibilidade das formulações realizadas por este tipo de intelectual.
Essas considerações não significam que os intelectuais públicos desapareceram. Ao contrário, trata-se de reconhecer o surgimento de novas formas de intervenção na vida social, transformando o registro de narrativas de declínio ou decadência numa narrativa de mudança na atuação intelectual.
Se determinadas transformações sociais e acadêmicas tornaram mais complexo o surgimento do intelectual público universalista, precisamos indagar o que surgiu em seu lugar. Na esteira da segmentação do conhecimento produzido nas universidades, cujo primado tem norteado a organização dos departamentos, dos laboratórios de pesquisas e direcionado a contratação do corpo docente, crescem as oportunidades de atuação de intelectuais públicos especializados, que utilizam seu conhecimento profissional, proveniente de suas investigações nas ciências sociais ou naturais, para se envolver em debates precisos e relevantes.
A especialização não significa um abandono da crítica ou da preocupação com valores que procuram defender no espaço público. Diferentemente de experts que procuram apoiar suas intervenções na suposta neutralidade de seus conhecimentos, como indício de cientificidade, os intelectuais públicos especializados desenvolvem a crítica sem se identificar com a figura do intelectual universal.
Na década de 1970, quando Michel Foucault formulou sua concepção de intelectual específico, em oposição à figura do intelectual universal, tinha em mente essa forma de engajamento, de tal modo que sua pesquisa sobre a história da punição, exposta em "Vigiar e Punir", estava vinculada à sua luta contra o sistema prisional.
Em sua visão, a função do intelectual não é dizer aos outros o que fazer, tampouco modelar a vontade política dos atores, mas sim repensar, por meio de sua competência profissional, as categorias de análises do mundo social, interrogar as evidências e os postulados rotineiros.
Para ele, a função do intelectual consiste em diagnosticar o presente, longe de raciocinar em termos de totalidade para formular promessas de um tempo vindouro. Busca lutar, a partir de questões circunscritas, contra as diversas formas de poder em situações nas quais ele é mais invisível e insidioso.
Alguns dias após a morte de Foucault, em junho de 1984, Pierre Bourdieu publicou no jornal Le Monde um artigo em sua homenagem. Nele ressaltou que, ao elaborar a noção de intelectual específico, Foucault aliou de forma recorrente a realização de seus trabalhos pontuais com engajamentos políticos, mas abdicou, de forma deliberada, do papel de portador da verdade e da justiça.
Bourdieu, diante do avanço da "restauração conservadora neoliberal", expressão cunhada por ele mesmo, percebeu a necessidade de criar a figura do intelectual coletivo.
Nesse ponto de vista, as intervenções individuais dos intelectuais deixaram de ser suficientes diante da forte presença do neoliberalismo, daí a premência de criar um trabalho de equipe, apoiado nos conhecimentos das ciências sociais, em defesa dos dominados e contra a destruição de uma civilização, conforme ele manifestou em intervenção pública realizada na estação ferroviária de Lyon, durante as greves de 1995. Em sua perspectiva, a ação do intelectual coletivo envolve o difícil equilíbrio entre as atividades de pesquisador e a participação em intervenções públicas sobre temas polêmicos de interesse geral.
Não seria improcedente afirmar que a questão do sucesso dos intelectuais ocupa posição destacada no imaginário social e na opinião pública, em função, principalmente, da visibilidade e celebridade adquiridas pela alta exposição e projeção na mídia.
No entanto, essa obsessão pelo êxito de intelectuais que se destacam na arena pública tende a ofuscar a participação importante de milhares de outros que atuam em espaços locais da vida social. Por não receberem os holofotes da mídia, tornam-se menos visíveis em escala nacional ou planetária.
Esses intelectuais anônimos estão presentes em diversos movimentos, envolvem-se com as comunidades locais e influenciam aspectos sociais, culturais e políticos de suas sociedades. Cada um desses ambientes envolve a interação com um público específico, diversificado e, muitas vezes, denso para a reflexividade social em torno de problemas e formas de ação.
Nessas situações, a relação do intelectual e do saber especializado com outros saberes, tais como aqueles que se desenvolvem em movimentos sociais, organizações e em grupos de profissionais, beneficia-se da dissolução da hierarquia e da autoridade em favor de práticas que levam ao aprendizado mútuo e a um sentimento de participação. São aspectos valorizados na concepção de uma "sociologia pública", tal como defendida por Michael Burawoy, que tem ganhado difusão e variações locais na prática disciplinar.
Os intelectuais também estão inseridos em comunidades epistêmicas, ou seja, em redes formais e/ou informais, localizadas em diversas sociedades nacionais, das quais fazem parte profissionais de diferentes áreas do conhecimento, que operam em dimensões locais e nacionais. Dado que tendem a compartilhar princípios e crenças comuns a respeito de determinadas questões sociais, políticas e culturais, encontram-se inclinados a identificar e intervir em assuntos que consideram de relevância geral.
Com o processo de globalização da esfera cultural e da vida acadêmica, propiciando o intercâmbio de ideias e de informações entre os países, essas comunidades epistêmicas atuam também em plano global, em diversidade de temas, tais como direitos humanos, imigração internacional, aquecimento global, entre outros. Ainda que pouco visíveis individualmente, esses intelectuais contribuem para projetar uma série de questões relevantes para o debate público.
Essas transformações na modalidade de intervenção na sociedade incidem também nas relações com a audiência pública mais ampla, em situações que lidam com causas e questões semelhantes àquelas que marcaram a história dos intelectuais.
Como exemplo, podemos citar os dilemas postos pelas múltiplas dimensões das crises contemporâneas: das emergências climáticas às guerras na Ucrânia e na Palestina, da pandemia à crise das democracias. Em todas elas, o conhecimento especializado constitui um elemento fundamental, porém necessita ser suplementado por uma articulação mais geral de perspectivas éticas, políticas e culturais, que excedem os procedimentos estritamente controlados da pesquisa científica e do trabalho acadêmico mais restrito.
A mobilização do capital cultural e do reconhecimento adquiridos no meio científico são valorizados e podem ser úteis para o acesso à esfera pública, mas não fornecem, por si mesmos, condições de autoridade e para uma intervenção eficaz.
Uma compreensão mais democrática dos intelectuais aponta que seu engajamento no debate público se dá, necessariamente, na condição de um participante que não detém uma posição de enunciação privilegiada, mas está sujeito ao confronto com outros pontos de vista. Apenas assim podem favorecer o autoentendimento das sociedades e de seus problemas.
Assim como determinadas condições sociais propiciaram o surgimento dos intelectuais como uma categoria social no final do século 19, atualmente um conjunto de transformações ocasionou a emergência de novas modalidades de suas presenças na vida social.
São formas mais descentralizadas de intervenções e de modos de participação, possivelmente menos visíveis, quando comparadas com décadas passadas, e que são realizadas, crescentemente, de forma coletiva, em diferentes esferas da sociedade.
Longe de serem insignificantes, esses novos formatos de atuação expressam uma renúncia a uma posição do intelectual como legislador, sem, no entanto, abrir mão de uma postura crítica diante das conjunturas.
Ao mesmo tempo, torna-se oportuno assinalar a persistência de um ethos anti-intelectualista conduzido por parte de grupos políticos de extrema direita, que procuram desacreditar socialmente o conhecimento científico, atacar às produções artística e literária e depreciar a figura de seus autores. Representam, enfim, a contraparte cultural de uma aversão à democracia política.
Essa disposição anti-intelectualista possui uma longa tradição que perpassa a investida de Maurice Barrés, que acusava os apoiadores de Alfred Dreyfus de serem maus franceses, inimigos do instinto vital da nação.
Em tempos recentes, essa perspectiva evidenciou-se, por exemplo, em livros como "Os Intelectuais", de Paul Johnson, que os caracterizam como seres ilógicos, arrogantes, que deveriam ser objeto de constante suspeita e mantidos longe do poder, uma vez que procurariam impor de forma obstinada suas ideias abstratas a homens e mulheres.
No Brasil, essa visão intolerante sobre a vida acadêmica e a produção cultural esteve presente em vários momentos históricos, como durante a ditadura militar instaurada em 1964 e o governo passado que manifestou profunda aversão ao trabalho intelectual.
Diante desse cenário de intimidação, é preciso proteger a liberdade de produção de conhecimento nas esferas artística, literária e científica, assim como seus modos de participação no espaço público.
A autonomia da produção cultural pressupõe a existência de uma sociedade plural, na qual as intervenções dos intelectuais, ao estabelecerem relações entre problemas específicos e questões de interesse público, possuem fundamental relevância social e contribuem igualmente para a preservação de uma sociedade democrática.
*Carlos Benedito Martins, professor titular do Departamento de Sociologia da UnB (Universidade de Brasília)
*Felipe Maia, professor Associado do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de Juiz de Fora
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A CRISE DOS CUIDADOS
A pandemia do COVID, que abalou o país de 2021 e 2022, matando cerca de 700 mil pessoas, trouxe uma mudança estrutural nos cuidados da sociedade com pessoas doentes e vulneráveis. Conheça o GUIA SOBRE TRABALHO DOMÉSTICO E DE CUIDADOS - https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/guia-sobre-trabalho-domestico-e-de-cuidados.pdf .
Cresceu a questão dos cuidadores, geralmente mulheres, em 87% dos casos, pressionando-as diante deste pesado encargo que se soma a outras atribuições domésticas que identificam a múltipla jornada delas. Muitas, inclusive, tiveram que abandonar seus empregos. Este processo vem sendo intensificado, também, pelo envelhecimento da população, a qual se estabilizará, pelos óbitos do COVID, antes de 2035. São as mulheres da família que acabam se responsabilizando pelos país e familiares em situação de vulnerabilidade.
Isso posto, os “cuidados” deixam de ser um assunto restrito e acabam desenvolvendo preocupações econômicas:
Economia do Cuidado no Brasil - Economia do Cuidado – Entenda lab.thinkolga.com
https://lab.thinkolga.com › laboratorioPesquisas, Dados e Inteligência Feminina para Entender Questões de Gênero no Brasil. Análises e Exercícios para Construir Futuros...
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Resultados da pesquisa
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Trecho da Web em destaque
Imagine se esse tempo dedicado a cozinhar, limpar e cuidar de crianças, por exemplo, fosse contabilizado. A conta já foi feita! Essas jornadas valem quase 11 trilhões de dólares por ano. Portanto, entende-se por “economia do cuidado” o trabalho invisibilizado, e não remunerado, exercido majoritariamente por mulheres.5 de fev. de 2024
Economia do cuidado: o trabalho não remunerado ... - Politize!
Isso colocou em cheque o art. 269 da Constituição que frisa que os país devem cuidar dos filhos e os filhos, dos país. Mas que país, se as tarefas acabaram recaindo principalmente sobre as mães? Releva, então, o recurso a cuidadores. Hoje, a profissão de CUIDADOR já está criada por lei, PEC DAS DOMÉSTICAS, mas não adequadamente regulamentada. Isso traz à tona a crise dos cuidados e dos cuidadores. O cuidado, não é propriamente um trabalhador doméstico, embora não seja, também, um enfermeiro. Tampouco, pela sua importância na economia, na sociedade e na família, é um assunto privado mas do interesse social, portanto, do Estado.
Imagine se esse tempo dedicado a cozinhar, limpar e cuidar de crianças, por exemplo, fosse contabilizado. A conta já foi feita! Essas jornadas valem quase 11 trilhões de dólares por ano. Portanto, entende-se por “economia do cuidado” o trabalho invisibilizado, e não remunerado, exercido majoritariamente por mulheres.6 de fev. de 2024
O CUIDADO, enfim, está, cada vez mais no centro da vida de todos e de todas as famílias. Faz-se necessário, cada vez mais, estender a questão do cuidado ao sistema de proteção social. Até porque a liberação das mulheres destas responsabilidades familiares para sua inserção no mercado de trabalho pode gerar um aumento de até 3¨% do PIB – VER site GÊNERO E NÚMERO - https://webstories.generonumero.media/direitos/crise-do-cuidado/ . A importância do assunto vem, aliás, ganhando peso cada vez maior na Academia, como se pode ver por este artigo de Nadya Araujo Guimarães que reflete o caso brasileiro - https://www.scielo.br/j/sant/a/qv89WgWxdGKgmkcB9GtjxXt/ >:
“O texto reflete sobre os diversos modos de significar as práticas do cuidar, explorando as especificidades que esses modos adquirem em nossa realidade. Com base em evidências retiradas do caso brasileiro, o texto documenta quão longa e diversa tem sido a chamada “crise do cuidado” e explora como essa organização social do cuidado foi desafiada pela pandemia, obrigando-nos, assim, a repensar a relação entre cuidado e crise. Conclui-se que, dada a especificidade da nossa organização social do cuidado, o diagnóstico de uma recente “crise do cuidado”, tal como cunhado na literatura sobre os países do norte, talvez mereça ser repensado, tomando em conta os desafios colocados por realidades nas quais a mercantilização do cuidado se deu num contexto de persistente familiarização e fraca externalização dessa atividade, sob condições de elevada desigualdade, pobreza extrema, e fragilidade das políticas estatais de bem-estar.”
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Brasil, Colômbia e México pedem verificação imparcial da eleição
Eleições Presidenciais da República Bolivariana da Venezuela — Comunicado Conjunto de Brasil, Colômbia e México –Nota
Publicado em 01/08/2024 18h15 Atualizado em 01/08/2024 18h20
Os governos do Brasil, Colômbia e México felicitamos e expressamos nossa solidariedade com o povo venezuelano, que compareceu massivamente às urnas em 28 de julho para definir seu próprio futuro.
Acompanhamos com muita atenção o processo de escrutínio dos votos e fazemos um chamado às autoridades eleitorais da Venezuela para que avancem de forma expedita e divulguem publicamente os dados desagregados por mesa de votação.
As controvérsias sobre o processo eleitoral devem ser dirimidas pela via institucional. O princípio fundamental da soberania popular deve ser respeitado mediante a verificação imparcial dos resultados.
Nesse contexto, fazemos um chamado aos atores políticos e sociais a exercerem a máxima cautela e contenção em suas manifestações e eventos públicos, a fim de evitar uma escalada de episódios violentos.
Manter a paz social e proteger vidas humanas devem ser as preocupações prioritárias neste momento.
Que esta seja uma oportunidade para expressar, novamente, nosso absoluto respeito pela soberania da vontade do povo da Venezuela. Reiteramos nossa disposição para apoiar os esforços de diálogo e busca de acordos que beneficiem o povo venezuelano.
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Agosto, do latim augustus, é o oitavo mês do calendário gregoriano. É assim chamado por decreto em honra do imperador César Augusto. Antes dessa mudança, agosto era denominado Sextilis ou Sextil, visto que era o sexto mês no calendário de Rômulo.
Agosto – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Agosto
Por que agosto é considerado o mês do desgosto?
Há mais de uma origem para a crendice de que agosto é o mês mais agourento do calendário.
Por Júlia Warken - https://mdemulher.abril.com.br/cultura/por-que-agosto-e-considerado-o-mes-do-desgosto/
(Apoiado em texto de Carolina Horita/MdeMulher)
Mesmo que você não seja supersticiosa, certamente já ouviu falar que agosto é o “mês do desgosto”. É o tipo de coisa que as avós falam quando julho acaba, né? E essa má fama é bem mais antiga do que as nossas avós, mas pouca gente realmente sabe qual a sua origem.
Na verdade, há mais de uma explicação para essa crendice tão popular e ela não existe só aqui no Brasil. No século 1, os antigos romanos já temiam o mês de agosto, por acreditar que, nessa época, um dragão cuspindo fogo aparecia no céu durante a noite. Seria um dos filhos de Daenerys Targaryen? Nada disso. Era apenas a constelação de Leão, que fica mais visível durante o período do ano.
Pulando alguns vários séculos, a clássica rima “agosto é o mês do desgosto” surgiu em Portugal, durante a época dos descobrimentos. Originalmente, a expressão era “casar em agosto traz desgosto”, pois as caravelas costumavam partir para o Novo Mundo nessa época. Aí, quem se casava em agosto acabava nem fazendo lua-de-mel e as noivas corriam o risco de tornarem-se viúvas antes mesmo de aproveitar a fase inicial do casamento.
Outra expressão bem conhecida diz que agosto é o “mês do cachorro louco”. A origem disso é o fato de que, supostamente, agosto é o mês com maior incidência de cadelas no cio. Por conta disso, os machos ficam ~loucos~ e brigam entre si.
Essas disputas também seriam responsáveis pela proliferação da raiva durante esse mês. Isso porque a doença é transmitida quando um cachorro infectado morde outro. Quando estão com raiva, os cães ficam espumando pela boca, o que contribui para que eles ganhem a fama de loucos.
Além disso tudo, alguns acontecimentos históricos muito marcantes também contribuíram para que agosto levasse a fama de agourento. No dia 2 de agosto de 1934, Hitler tornou-se líder da Alemanha – e todo mundo sabe no isso resultou. Já em 6 e 9 de agosto de 1945, Hiroshima e Nagazaki foram atacadas pelas bombas atômicas, culminando numa das tragédias mais emblemáticas do século 20.
Aqui no Brasil, dois episódios políticos muito marcantes também aconteceram nesse mês. No dia 24 de agosto de 1954, o então presidente Getúlio Vargas cometeu suicídio. Já em 21 de agosto de 1961, Jânio Quadros renunciou à presidência, quase levando o país a uma Guerra Civil. No Rio Grande do Sul o mês de agosto é sempre muito frio e ventoso. Para os velhos “é o mais cruel dos meses”. Costumam dizer que, ultrapassado o agosto, chegam no Natal...
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As eleições na Venezuela estão sacudindo a esquerda latino-americana
A América Latina é um continente complexo, não só pela sobreposição dos “conquistadores” sobre uma civilização originária avançada, principalmente no México e nos Andes, como pela precocidade de seus respectivos processos de independência, na crise de suas metrópoles nas invasões napoleônicas, como ainda pelos dilemas enfrentados na consolidação destes processos no século XX, sob os mantos da “Doutrina Monroe” e da Guerra Fria -1947/91. África e Ásia, igualmente colonizados, viveram outras experiências. Aqui, a ferida narcísica da verdadeira autonomia, negada pelos interesses neocoloniais da Inglaterra, primeiro, Estados Unidos, depois, herdada de Bolivar, San Martin, Artigas e José Marti, alimentou um original nacional-desenvolvimentismo que se desenrolou do México, com Cárdenas, até a Argentina, com Perón, deixando no seu rastro profundas raízes políticas: aprismo, varguismo, peronismo, bolivarismo etc. Foi tão forte este movimento que se espraiou sobre outros países promovendo lideranças nacionalistas como Nasser, no Egito, Partido Baat, no Iraque e Síria, onde despontou Sadam Hussein, Mossadegh, no IRA etc.
A Revolução Bolivariana de Chaves no início deste século segue o mesmo curso. Tem caráter eminentemente latino-americano na busca da consolidação de seu processo de autonomia e desenvolvimento. Encontrou-se, diante dos desafios impostos pelo seu enfrentamento com os Estados Unidos, com a liderança cubana, inclinando-se crescentemente à construção de um ideal socialista. A farta oferta de petróleo lhe garantiu relativo êxito na redistribuição de benefícios para o conjunto da população, até então restrita a um pequeno núcleo de classe média alta. Aí foi vítima do mesmo processo vivido pela Holanda tempos atrás: o fácil acesso às importações impediu a consecução de um processo de substituição de importações. O país entregou-se à fáceis e baratas importações. A morte de Chaves coincidiu com o fim da era do petróleo venezuelano e a ascensão de um novo líder, MADURO, que viria a absorver não só os percalços da crise do setor exportador, como o peso das sanções impostas pelos Estados Unidos. Sobreveio a crise econômica e política.
As eleições de domingo passado passam todo este processo a limpo. Sua natureza, seu desenvolvimento, suas contradições e perspectivas.
Diante deste processo o universo político se divide: a direita, como sempre faz, condena a criança com a água do banho e pretende livrar-se de MADURO enterrando toda a experiência “bolivariana”. A esquerda está divida. Uma parte, mais afinada com os requisitos da construção democrática simultânea à reconstrução social dos processos internos de desenvolvimento capitalista, como Uruguai de Pepe Mojica e Chile, de Boric condenam Maduro; outra parte, CUBA e NICARÁGUA , alinhadas da China e Russia, o apoiam incondicionalmente; Brasil, Colombia e México, acompanham com atenção e cuidado, certos da necessidade do apoio interno favorável a Venezuela.
Lula está neste último bloco. Procura ganhar tempo exigindo de Maduro mais clareza na comprovação de sua vitória. O tempo espreita e acabará exigindo de Lula maior clareza. Se não apoiar Maduro , corre o risco de perder a liderança de esquerda que ainda mantém no continente. Se apoiar, corre o risco de perder a simpatia americana e das correntes centristas que o apoiam internamente. Sinuca de bico.
ANEXOS
Maria Cristina Fernandes - O fator Kamala na reeleição de Maduro
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina...
O ASSUNTO: como o governo, Lula e o PT enxergam Maduro de formas diferentes. Lula cobra dados da votação e minimiza crise: 'Nada de anormal'
Quando o então candidato à reeleição Nicolás Maduro falou sobre o risco de “banho de sangue” caso perdesse a disputa, Lula disse ter ficado “assustado” com a declaração e exigiu respeito às urnas. Encerrada a eleição, a oposição denunciou uma série de irregularidades, inclusive uma suposta fraude na contagem de votos pelo Conselho Nacional Eleitoral, que proclamou a vitória ao chavista. A Venezuela entrou em ebulição: protestos se espalham por várias cidades e as lideranças da oposição acusam o regime de realizar mais prisões arbitrárias. Em meio ao caos, o presidente brasileiro afirmou que não vê “nada de grave, assustador e anormal” no país vizinho. Embora Lula tenha reiterado a posição do Itamaraty em exigir a apresentação de todas as atas eleitorais para certificar o resultado, o tom condescendente com o regime de Maduro coloca em dúvida a independência brasileira para mediar a resolução do conflito. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN, para analisar as causas e consequências dos atos da diplomacia oficial, do PT e do próprio presidente.
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Café da Manhã Podcast Folha Uol
Podcast debate a posição de Lula e do Brasil em crise política na Venezuela. Presidente diz não ver nada de anormal em processo contestado, mas cobra divulgação de atas; protestos têm mortes e prisões
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2024/07/podcast-debate-a-posicao-de-lula-e-do-brasil-em-crise-politica-na-venezuela.shtml
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30 julho Dia Internacional da AmizadeNa resolução da Assembleia Geral da ONU de 2011, reafirmou-se a importância da data para a difusão da “Cultura de paz e não violência”.
Durante a sexagésima quinta sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, realizada no dia 27 de abril de 2011, o Dia da Amizade foi reconhecido como uma importante data, sobretudo para a divulgação da “Cultura de paz e não violência”. A Assembleia culminou na criação de um documento assinado pelos países participantes, entre eles o Brasil, no qual ficou reafirmado a relevância e a pertinência dos seguintes tópicos:
→ A importância da amizade como um valoroso e nobre sentimento na vida dos seres humanos ao redor do mundo;
→ A conscientização de que a amizade entre os povos, países e culturas, bem como as amizades individuais, pode inspirar na criação de pontes entre comunidades, celebrando assim a diversidade cultural;
→ A afirmação de que a amizade pode contribuir para os esforços da comunidade internacional, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, para a promoção do diálogo entre as civilizações, da solidariedade, da compreensão mútua e da reconciliação;
→ A importância de envolver os jovens e futuros líderes em atividades comunitárias voltadas para a inclusão e o respeito entre as diferentes culturas, bem como para a promoção da compreensão internacional de acordo com a Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz.
A amizade, assim como o amor, é dada de graça e semeada ao vento, como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade. Portanto, esteja sempre entre amigos e faça a data valer todos os dias!
Por Luana Castro - Graduada em Letras
Comemorado no dia 30 de julho, o Dia do Amigo foi considerado uma importante data pela ONU. Seu maior compromisso é difundir a paz entre os povos
https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-amigo.htm
Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja
PEREZ, Luana Castro Alves. "Dia Internacional da Amizade"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-amigo.htm. Acesso em 20 de julho de 2020.
Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir
Mas quem ficou, no pensamento voou
Com seu canto que o outro lembrou
E quem voou, no pensamento ficou
Com a lembrança que o outro cantou
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração
Pois seja o que vier, venha o que vier
Qualquer dia, amigo, eu volto
A te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.
(Canção da América. Milton Nascimento e Fernando Brant. Lp Sentinela, 1980- https://www.google.com/search?q=milton+nascimento+AMIGO+%C3%89+COISA+PRA+SE+GUARDAR&oq=milton+nascimento+AMIGO+%C3%89+COISA+PRA+SE+GUARDAR&gs_lcrp=EgZjaHJvbWUyDAgAEEUYORjjAhiABDIHCAEQLhiABDIHCAIQABiABDIICAMQABgWGB4yCggEEAAYgAQYogQyCggFEAAYgAQYogSoAgiwAgE&sourceid=chrome&ie=UTF-8 )
A Canção da América, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, é considerada um hino à amizade. Difícil quem não conheça a canção, que traduz em versos aquele que é um dos mais belos sentimentos. É certo que a amizade deve ser celebrada todos os dias, mas existe no calendário uma data especial, conhecida mundialmente como o Dia Internacional da Amizade.
No Brasil, Uruguai e Argentina, a data é comemorada no dia 20 de julho, apesar da sugestão da Assembleia Geral das Nações Unidas de que todos os países-membros celebrassem o Dia Internacional da Amizade, ou Dia do Amigo, no dia 30 de julho (vale ressaltar que não existe distinção entre o Dia do Amigo e o Dia Internacional da Amizade). A escolha da data foi impulsionada pelo médico paraguaio Ramón Artemio Bracho, fundador da Cruzada Mundial da Amizade, campanha que visava à difusão da cultura de paz ao realçar a importância da boa convivência entre os povos. Todo dia 30 de julho o médico conclamava paraguaios a reunirem-se para realizar diversas atividades sociais e culturais, com o propósito de oferecer ajuda mútua, fortalecendo assim os valores da amizade.
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UM BRASIL VESTINDO RETROCESSO por Solon Saldanha
https://wp.me/p1jFYb-2me
Desde minha adolescência – e talvez antes – eu ouvia falar que o Brasil era o país do futuro. Pois ontem, tantos e tantos anos passados, descobri que somos o país do passado, ao ver a abertura das Olimpíadas 2024, que têm Paris como sede. O uniforme da delegação brasileira foi de um retrocesso tão vergonhoso que não há como encontrar palavras para ser isso descrito de forma apropriada. No país que é a maior referência da moda mundial, que escolheu um desenho sofisticado para o de seus atletas, utilizando de modo discreto as cores da bandeira nacional, com o desenho feito pela Berluti – famosa grife parisiense que foi fundada pelo italiano Alessandro Berluti, no ano de 1895 – nós fomos com a “criação” da equipe de Flávio Rocha, o herdeiro das Lojas Riachuelo.
Este brasileiro, que talvez seja um gênio incompreendido do design de moda, é membro da Igreja Neopentecostal Sara Nossa Terra. Adivinhe: ele conseguiu essa boquinha junto ao Comitê Olímpico Brasileiro, sem concorrência, ainda em 2021, uma recente época onde relacionamentos pouco ortodoxos abriam portas como nunca. Sua empresa foi – e cito aqui um exemplo que talvez possa esclarecer tudo – forte apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro. Então, nada mais coerente do que ser o uniforme olímpico do nosso país uma referência ao conservadorismo, ao retrocesso, ao preconceito. Parece muito mais roupa para usar em cultos do que em um evento grandioso, acolhedor e plural como este que ocorre de quatro em quatro anos.
As mulheres usam uma saia branca na altura dos joelhos ou, conforme sua estatura, abaixo deles. Lembram as que identificavam normalistas, lá pelos anos 1960 e anteriores. O conjunto tem ainda uma blusinha com listras horizontais amarelas e brancas, além de uma jaqueta jeans mais básica impossível. Os homens receberam calças também brancas e as suas camisetas são distintas apenas porque as listras têm o verde ao invés do amarelo, com as mesmas jaquetas. Aliás, essa última peça foi a única que teve um bafejo de ousadia, que infelizmente ficou escondido nas costas: são bordados feitos à mão por artesãs do Rio Grande do Norte, com desenhos que representam a fauna e a flora brasileiras. Eles são vários e distintos, como a onça-pintada, araras, tucanos e folhas de plantas nativas. No complemento, abrigos pretos com ombreiras verdes e duas listras brancas em “vê”, abaixo delas.
Comparando com o que fizeram outros países, nossa posição fica ainda mais desconfortável. Os Estados Unidos vieram com uma vestimenta all american, usando calças jeans com cintos de couro e uma versão muito moderna do blazer azul marinho da Ralph Lauren. O México, que quase sempre usava temas astecas e maias, inovou ao apostar no streetwear, com a ousadia da cor rosa-choque em detalhes inspirados do graffiti, tudo feito pela grife Men’s Fashion, que partiu de um ponto turístico se sua capital, a estátua El Angel de la Independencia. A Coréia do Sul veio com ternos elegantérrimos, para homens e mulheres, em tons de azul claro. A Espanha fez algo semelhante, mas mesclando as cores da sua bandeira com o bege e o branco, atingindo um alinhamento de fato impecável.
Até países em tese com menor probabilidade de estarem preocupados com o requinte de seus trajes souberam surpreender positivamente. Um exemplo é o Haiti, que causou furor nas redes sociais. Seus atletas vieram com peças desenhadas em trabalho colaborativo entre a designer italiana Stella Novarino, fundadora da Stella Jean, e o pintor haitiano Philippe Dodard. A Mongólia, por sua vez, veio com um desenho feito pela grife local Michel & Amazonka, carregado de referências à cultura daquela nação asiática, tudo feito em apenas três meses.
Por aqui tivemos três anos, que não resultaram em nada. Quando os uniformes se tornaram conhecidos, o mundo da moda ficou mais do que surpreso, estarrecido. Foi quando o COB, tentando justificar as razões da escolha das Lojas Riachuelo, declarou ser uma parceria firmada com o objetivo de se “criar uma identidade para o Brasil, que fosse moderna e inovadora”. O que, convenhamos, complicou ainda mais o entendimento. A diretora de marketing da rede de lojas então concedeu entrevista na qual jurou que a inspiração para a criação das peças foi “a alegria do povo brasileiro”. Nisso ela conseguiu um resultado melhor, uma vez que não foram poucos os risos que a explicação causou.
A única vantagem que talvez exista é que os corajosos e as corajosas que desejarem adquirir peças deste uniforme as encontrarão nas Lojas Riachuelo, agora ou em breve. E baratinho, pois vale muito pouco mesmo.
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Olimpíadas 2024 – “Nós sempre teremos Paris...”
Abre hoje, em Paris, a cerimônia das Olimpíadas 2024. O mundo revive neste dia a glória de tempos imemoriais da Antiga Grécia, origem das Olimpíadas. O esporte seria uma maneira de sublimar as pulsões de competividade e disputa do homo pugnat.
Os Jogos Olímpicos da Antiguidade eram um festival religioso e atlético da Grécia Antiga, que se realizava de quatro em quatro anos no santuário de Olímpia, em honra de Zeus. A data tradicional atribuída à primeira edição dos Jogos Olímpicos é 776 a.C..
Origens WIKIPEDIA
Representação artística da Olímpia antiga
Segundo os estudiosos da antiguidade de Élis, da época de Pausânias, o templo de Olímpia foi feito pelos homens da região na época em que Cronos era o rei dos titãs, a chamada Idade de Ouro.[4] Quando Reia deixou Zeus aos cuidados dos dáctilos, ou curetes, de Ida,[4] Héracles de Ida, o mais velho, derrotou seus irmãos numa corrida, e foi coroado com um ramo de oliveira.[5] A partir daí, os jogos passaram a ser celebrados a cada quinto ano, pois eram cinco os irmãos [6] (Héracles, Peoneu, Epímedes, Iáusio e Idas[4]).
Segundo algumas versões, Zeus derrotou Cronos em Olímpia, mas outras versões dizem que ele celebrou lá jogos para comemorar sua vitória.[7] O campeão de vitórias entre os deuses foi Apolo, que venceu Hermes na corrida e Ares no pugilismo; por este motivo, a flauta é tocada quando os competidores do pentatlo estão na prova de salto, pois a flauta é sagrada a Apolo.[7]
Cinquenta anos após o dilúvio de Deucalião, Clímeno, filho de Cardis, descendente de Héracles de Ida, veio de Creta para Olímpia e fundou um altar para seu ancestral Héracles e os outros curetes.[8] Clímeno foi deposto por Endimião, filho de Étlio, que deixou o reino para o seu filho que vencesse uma corrida.[8]
Os próximos a celebrarem jogos em Olímpia foram Pélope, Amitaão, filho de Creteu, os irmãos Neleu e Pélias,[9] Augias e Héracles, filho de Anfitrião.[10] Óxilo foi o último desta era a celebrar os jogos, que não voltaram a ser celebrados até seu descendente Ífito de Élida.[11]
Ao final do século XIX Pierre de Coubertin propõe retomar esta tradição e, desde então, o mundo se comove diante deste acontecimento, que reúne no Comitê Olímpico Internacional mais nações do que a própria ONU.
A delegação brasileira à Olimpíada Paris 2024 tem 276 atletas e será liderada pelos porta-bandeiras Raquel Kochhann, do rugby, e Isaquias Queiroz, dono de quatro medalhas olímpicas e esperança de novas conquistas para o país, da canoagem. A expectativa é que, em Paris, o Brasil conquiste seu recorde de medalhas em uma só edição das Olimpíadas: a projeção do jornalista Guilherme Costa, produtor de esportes olímpicos da Globo, é de 22, sendo 5 delas de ouro.
Conheça o espírito olímpico e a história de Pierre de Coubertin:
Os valores atribuídos por Coubertin ao movimento olímpico foram: igualdade, equidade, justiça, respeito pelas pessoas, racionalidade, compreensão, autonomia e excelência.
Carta Olímpica: conheça o documento que rege o Olimpismo
A Carta Olímpica é o documento que guarda os princípios do Olimpismo e rege toda a estrutura do Movimento Olímpico: COI, Comitês Nacionais e federações
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Fernando Gavini
A última versão da Carta Olímpica foi publicada em 26 de junho de 2019 (Reprodução)
A Carta Olímpica regulamenta não só o que acontece durante os Jogos, mas também tudo o que envolve o Olimpismo, que foi inicialmente descrito a mão pelo Barão de Coubertin em 1899. Mas o documento só foi ganhar forma e batizado com o nome atual em 1978. Seu objetivo é publicar e reafirmar os princípios fundamentais e os valores essenciais do Olimpismo, servir de estatuto para o Comitê Olímpico Internacional (COI) e definir os direitos e as obrigações dos Comitês Nacionais, Federações Internacionais e do Comitê Organizador dos Jogos.
Em sua introdução, a Carta Olímpica define seus princípios: “O Olimpismo é uma filosofia de vida que exalta e combina num conjunto harmônico a qualidades do corpo, a vontade e o espírito. Ao associar o esporte com a cultura e a educação, o Olimpismo se propõe a criar um estilo de vida baseado na alegria do esforço, no valor educativo do bom exemplo e no respeito pelos princípios éticos universais. O objetivo do Olimpismo é colocar sempre o esporte a serviço do desenvolvimento harmônico do homem com o fim de favorecer o estabelecimento de uma sociedade pacífica e comprometida com a manutenção da dignidade humana”.
LEIA A VERSÃO OFICIAL DA CARTA OLÍMPICA EM INGLÊS E ESPANHOL
Carta Olímpica: conheça a curiosa e misteriosa história de Pierre de Coubertin, o 'fundador' das Olimpíadas
Em 1894, o barão francês Pierre de Coubertin decidiu reviver os Jogos Olímpicos fundando o Comitê Olímpico Internacional (COI), que organizou os primeiros jogos de verão em 1896, em Atenas.
Por g1 - 22/07/2024 17h03 Carta Olímpica: conheça a curiosa e misteriosa história de Pierre de Coubertin
Faltam apenas quatro dias para os Jogos de Paris, e o g1 relembra uma história curiosa e misteriosa sobre um dos principais nomes da história dos Jogos Olímpicos: o Barão Pierre de Coubertin, famoso por seu grande bigode e suas ideias grandiosas.
Em 1892, ele foi ridicularizado quando propôs a recriação dos Jogos Olímpicos, uma prática dos gregos que estava esquecida há mais de mil anos.
“Acharam que ele estava louco. Todos riram, e ele ficou chateado, mas nunca abandonou essa ideia”, conta um historiador do esporte.
Dois anos depois, Coubertin conseguiu fundar o Comitê Olímpico Internacional (COI). Na rua de Paris onde morava o Barão, uma placa indica que a primeira sede do COI foi ali. Isso significa que, para criar o comitê que até hoje comanda as Olimpíadas, o Barão teve que dar o endereço da própria casa. Atualmente, o COI é tão grandioso que possui mais países membros do que a ONU, totalizando 206, quase o mesmo número de atletas que participaram da primeira edição dos Jogos.
Carta Olímpica: conheça a curiosa e misteriosa história do barão Pierre de Coubertin, o 'fundador' das Olimpíadas — Foto: Montagem/g1
Tesouro encontrado no Brasil
Em 1931, numa época em que o telefone já era amplamente utilizado, Coubertin fez questão de registrar em uma carta um pedido de desculpas ao jornalista e medalhista olímpico Frantz Reichel. Na mensagem, Coubertin escreveu:
“Meu caro amigo, impedido de realizar nossa entrevista, adiada para uma data posterior, lamentações e saudações. Pierre de Coubertin.”
O endereço também foi escrito à mão pelo Barão: Rue Cavalotti, 14, Paris. A carta deveria ter ficado apenas no destinatário. No entanto, após ser lida, a carta se perdeu pelo mundo. Quase um século depois, o manuscrito do Barão atravessou o oceano e está guardado no acervo do Comitê Olímpico do Brasil. A surpresa foi encontrada há três meses em uma caixa.
“Nós não sabemos como ela chegou. Não foi um objeto comprado para nosso acervo. Foi provavelmente uma doação”, afirmaram os responsáveis", afirma Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico do Brasil.
Falas controvérsias e críticas
A família Coubertin montou uma exposição e um prédio público de Paris, e mesmo aqui é preciso falar das controvérsias e críticas que ele recebeu. O Barão tinha opiniões consideradas racistas e era contra a participação de mulheres nos Jogos.
Alexandra de Coubertin, da quarta geração de descendentes, ressalta que as atitudes do Barão eram diferentes das suas palavras: “A participação das mulheres e de atletas de todos os povos só aumentou enquanto o Barão cuidou diretamente dos Jogos”.
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Dia 25, 200 anos da imigração alemã no RS
Paulo Timm – Publ. A FOLHA Torres RS 25 JUL 24
Perdoem os leitores e ouvintes, mas há temas sobre os quais volto sempre. Um deles, um imperativo para mim: a imigração alemã - http://www.tonijochem.com.br/bibl_livros.htm .
Há 200 anos, 39 colonos alemães chegavam, exangues , depois de penosa viagem transatlântica, na qual muitos não resistiam, à Feitoria do Linho Cânhamo, onde seria São Leopoldo. Antes, Dom João VI já vinha estimulando a vinda de colonos europeus que viriam a se localizar entre a Bahia e Rio de Janeiro. Mas em 1824, teve início a aventura da imigração teuta no Sul do Brasil. Pela importância do fato, o dia 25 de julho ficou consagrado como “Dia do Colono”, (Lei Nº 5.496, 05/09/1968 ).
Ontem visitei São Leopoldo. Lamentavelmente, a cidade ainda está se recuperando da inundação de maio e os Museus e monumentos referentes à data só serão reabertos em novembro.
Contudo, o maior significado da data não está no fato em si da chegada de colonos livres em solo brasileiro, mas de que este seria um marco do fim da escravidão no Brasil. Contribuiria, também, sobremaneira para a personalização mui peculiar da sociedade riograndense, marcada pela pequena propriedade familiar, pelo artesanato que viria a dar origem à indústria doméstica, pelo estímulo às letras e à música, como frisa Angelita Kasper em sua pesquisa http://angelitakasper.blogspot.com/ . Em 1872 o pequeno núcleo já estava consolidado e se interligaria, por via férrea a Porto Alegre, dando considerável impulso à economia, às artes e à urbanização da capital. Este fato, poucos anos depois, levaria a cidade a assumir papel preponderante na vida social do Rio Grande do Sul, enfrentando-a, sob o republicanismo emergente, com a sua metade sul, reduto dos grandes fazendeiros, em duas sangrentas guerras civis: 1893 e 1925.
Depois desta primeira leva de alemães para o Rio Grande do Sul, que logo se alastrou de São Leopoldo para Torres (S.Pedro de Alcântara e Três Forquilhas-1826) e daí para outras cidades e países, cerca de 60 milhões de europeus pobres seriam expatriados, entre 1824 e 1924. Isto está contado em várias épicos da literatura e do cinema, merecendo destaque o já quase esquecido “América, América”, do diretor Elia Kazan e o magnífico nacional “ O Quatrilho”, de Fábio Barreto, uma saga dos italianos aqui no Estado. No Brasil, tivemos a oportunidade de perceber este processo graças a algumas novelas, algumas memoráveis, da Rede Globo, tanto sobre a imigração italiana, como japonesa. Falta-nos, ainda, uma grande obra de ficção, de alcance nacional, sobre os alemães. Merece destaque o romance de Rui Nedel “Te arranca alemão batata”, Ed. Tchê, e “A ferro e fogo: tempo de solidão” e “A ferro e fogo: tempo de guerra”, de Josué Guimarães L&PM Ed. - http://www.reitoria.uri.br/~vivencias/Numero_010/artigos/artigos_vivencias_10/li1.htm
Os nomes destes primeiros colonos alemães ficaram registrados nos Livros da época e permanecerão inscritos na memória de seus descendentes, hoje plenamente integrados na sociedade riograndense :
“A primeira leva de imigrantes era formada pelas seguintes pessoas, num total de 39: Miguel Kräme e esposa Margarida (católicos). João Frederico Höpper, esposa Anna Margarida, filhos Anna Maria, Christóvão, João Ludovico (evangélicos). Paulo Hammel, esposa Maria Teresa, filhos Carlos e Antônio (católicos). João Henrique Otto Pfingsten, esposa Catarina, filhos Carolina, Dorothea, Frederico, Catarina, Maria (evangélicos). João Christiano Rust (Bust?), esposa Joana Margarida, filha Joana e Luiza (evangélicos). Henrich Timm, esposa Margarida Ana, filhos João Henrique, Ana Catarina, Catarina Margarida, Jorge e Jacob (evangélicos). August Timm, esposa Catarina, filhos Christóvão e João (evangélicos). Gaspar Henrique Bentzen, cuja esposa morreu na viagem, um parente, Frederico Gross; o filho João Henrique (evangélicos). João Henrique Jaacks, esposa Catarina, filhos João Henrique e João Joaquim (evangélicos). Essas 39 pessoas, seis católicos e 33 evangélicos, são as fundadoras de São Leopoldo, nome e lugar então inexistentes, porque tudo se resumia à Feitoria do Linho-Cânhamo.”
Este pequeno grupo, ao qual se seguiram outros, para outras partes do mundo, drenando a região alemã de cerca de 250 mil homens, venceu os obstáculos e se impôs como uma nova realidade no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A Alemanha de Hitler até sonhou em fazer destes núcleos um ponto de apoio do III Reich, o que levou o Presidente Getúlio Vargas, em1939, a proibir o funcionamento das Escolas alemãs e circulação de jornais entre os colonos. Finda a guerra, porém, restabeleceu-se a concórdia, mas se perdeu o fio da meada de um rico patrimônio literário teuto-brasileiro, só acessível em raros trabalhos acadêmicos como “A Literatura da imigração alemã e a imagem do Brasil” da Prof. Dra Valburga Huber – F. Letras/UFRJ- http://www.letras.ufrj.br/liedh/media/docs/art_valb2.pdf .
Mas foi de tal ordem o impacto da imigração alemã, seguida mais tarde da vinda de italianos, poloneses e outros, que se pode dizer que a história do Rio Grande do se divide em dois períodos: antes e depois de 1824, marco da imigração. Aleluia!
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Convenções municipais abrem processo eleitoral
Sábado passado já tiveram início as convenções municipais para indicação de Prefeitos e Vereadores em todo o país. Na nossa região, Passo de Torres saiu na frente com a indicação, em chapa puro sangue PT, de Jeff, um jovem advogado, oriundo da terra, com 23 anos para Prefeito. Animada e concorrida convenção que tem o apoio naquela cidade da Direção Provisória Municipal do PTB encabeçada por Fernando Freitas.
Convenção do PT indicará neste sábado MARIA DO ROSÁRIO, com 38% de preferência dos eleitores nas pesquisas, como candidata a Prefeita de Porto Alegre. Lula deverá estar presente. Esta será , certamente, a mais importante vitória do PT no país e a Direção Nacional do PT dará todo apoio à campanha de Maria do Rosário. Ela tem o apoio da Federação PT-PV-PCdoB e do PSOL, que indicará a vice prefeita. Cabeça de chapa só de mulheres. O PTB apoia este chapa e indicará , como candidato a vereador , pela legenda PT , CASSIO MOREIRA.
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Neste dia em 2013, nascido em 1942 , morre Dominguinhos, cantor, compositor e músico brasileiro - José Domingos de Morais
José Domingos de Morais (Garanhuns, 12 de fevereiro de 1942 — São Paulo, 23 de julho de 2013), conhecido como Dominguinhos, foi um instrumentista, cantor e compositor brasileiro. Exímio sanfoneiro, teve como mestres nomes como Luiz Gonzaga e Orlando Silveira. Teve em sua formação musical influências de baião, bossa nova, choro, forró, xote e jazz.
BIOGRAFIA
José Domingos de Morais nasceu na cidade de Garanhuns, agreste pernambucano, oriundo de uma família humilde e numerosa, eram ao todo dezesseis irmãos. O pai, "mestre Chicão", era um conhecido sanfoneiro e afinador de sanfonas e sua mãe era conhecida como "dona Mariinha", ambos alagoanos.[1]
Desde menino José Domingos já se interessava por música, por influência do pai, que lhe deu de presente uma sanfona de oito baixos. Aos seis anos de idade aprendeu a tocar o instrumento e começou a se apresentar em feiras livres e portas de hotéis em troca de algum dinheiro, junto com dois de seus irmãos, Moraes e Valdomiro, formando o trio Os Três Pinguins. No início da formação, tocava triângulo e pandeiro, passando depois a tocar sanfona. Praticava o instrumento por horas a fio e tornou-se um exímio sanfoneiro, passando a ser conhecido em Garanhuns como "Neném do acordeon".[nota 1][1]
ENCONTRO COM LUIZ GONZAGA[ Conheceu Luiz Gonzaga quando tocava no hotel em que este estava hospedado, em Garanhuns. O nome do hotel era Tavares Correia e o trio, que sempre tocava na porta, foi convidado naquele dia a tocar dentro do hotel para Gonzaga e seus acompanhantes.[nota 2]
Luiz Gonzaga se impressionou com a desenvoltura do menino e o convidou a ir ao Rio de Janeiro, onde morava. Essa viagem aconteceria anos mais tarde, pois algum tempo depois deste encontro, em 1948, Neném do acordeon foi para Recife estudar.
IDA AO RIO DE JANEIRO[EDITAR |
Alguns anos depois, em 1954, seu pai decide ir para o Rio de Janeiro procurar Gonzaga, devido às dificuldades que passavam em Garanhuns. Junto com o pai, foi também o menino Neném do acordeon, então com treze anos de idade, numa viagem de pau de arara que durou onze dias. Foram morar em Nilópolis, onde já estava o seu irmão Moraes.[1]
Em pouco tempo foram procurar Luiz Gonzaga, que morava no bairro do Méier, zona norte do Rio de Janeiro. Este deu-lhe de presente uma sanfona de oitenta baixos logo neste primeiro encontro. A partir de então, o menino passou a frequentar a casa de Gonzaga, o acompanhando em shows, ensaios e gravações.
Nos anos seguintes, o menino que ainda era conhecido como Neném do acordeon, passou a participar de programas de rádio e se apresentar em casas noturnas, aprendendo outros estilos de música, como o chorinho, samba e outros estilos da época.
Somente em 1957, receberia o nome artístico de Dominguinhos dado pelo próprio Gonzaga em homenagem a Domingos Ambrósio. Foi quando Luiz Gonzaga pegou um acordeom 120 baixos pela primeira vez, das mãos do saudoso Domingos em Juiz de Fora - Minas Gerais.
De 1957 a 1958, integra a primeira formação do grupo de forró Trio Nordestino, ao lado de Miudinho e Zito Borborema, que haviam deixado o grupo que acompanhava Gonzaga. Neste mesmo ano de 1958 casa-se com Janete, sua primeira mulher. Deste casamento nascem os filhos Mauro e Madeleine.
Depois de deixar o Trio Nordestino em 1958, continuou a se apresentar em programas de rádio e casas noturnas, até gravar seu primeiro disco, o LP Fim de festa em 1964.
VIAGENS COM GONZAGA E CONSAGRAÇÃO
Depois de mais dois discos gravados, volta a integrar o grupo de Gonzaga em 1967, viajando pelo nordeste e dividindo as funções de sanfoneiro e motorista. Em uma dessas viagens, naquele mesmo ano, conhece uma cantora de forró, a pernambucana Anastácia, com quem compôs mais de 200 canções, inclusive um de seus maiores sucessos, Eu só quero um xodó,em uma parceria que durou onze anos.
Anastácia revelou em 2013 que se arrependeu de ter destruído 150 fitas cassete com melodias inéditas de Dominguinhos, depois de ter sido abandonada por ele.[2]
A sua integração ao grupo de Luiz Gonzaga fez com que ganhasse reputação como músico e arranjador, aproximando-se de artistas consagrados dos movimentos bossa nova e MPB, nos anos 70 e 80. Fez trabalhos junto a músicos de renome, como Nara Leão, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Chico Buarque, Toquinho e Roberto Carlos.
Acabou por se consolidar em uma carreira musical própria, englobando gêneros musicais diversos como bossa nova, jazz e pop.[3]
No final dos anos 70, Dominguinhos conhece a também cantora Guadalupe Mendonça, com quem se casa em 1980. Deste casamento, nasceria uma filha, a cantora Liv Moraes.[4]
DOMINGUINHOS - EU SÓ QUERO UM XODÓ - YOUTUBE
www.youtube.com › watch
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Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Que falta eu sinto de um bem
Que falta me faz um xodó
Mas como eu não tenho ninguém
Eu levo a vida assim tão só
Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim do meu jeito assim
Que alegre o meu viver
Fonte: LyricFind
Compositores: Jose Moraes / Jose Domingos De Moraes / Lucinete Ferreira
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Biden desiste e indica Kamala Harris
Acabou-se a tensão sobre a questão Biden no processo eleitoral americano. Depois de visitado por Nancy Pelosi, o Presidente entregou os pontos. Desistiu de ser candidato e indicou sua vice Kamala Harris para substitui-lo. Tempos difíceis, entretanto, para ela , mulher negra sem grande peso no Partido Democrata, obscurecida no seu cargo na Administração Biden, e para os democratas, em geral, diante da franca dianteira de Donald Trump depois do atentado de que foi vítima. O grande desafio de Kamala, primeiro, será a de ser consagrada pelo Partido como efetiva candidata na Convenção em agosto. Importantes políticos do Partido Democrata, inclusive, o ex Presidente Obama, preferem uma disputa interna que poderá dar maior popularidade aos candidatos. Alguns chegam a dizer que prefeririam Michele Obama a Kamala, pelo protagonismo dela em favor das populações mais vulneráveis. Kamala, como Procuradora, ficou caracterizada como dura cumpridora de leis que levaram à prisão milhares de jovens negros. Ela, porém, tem a seu favor, não só a indicação de Biden, este com grande peso no Partido Democrata, como por ser a mais legítima e legal sucessora de seu legado. O segundo desafio de Kamala será a campanha contra Trump. Além de ser moída pela máquina da extrema direita, Kamala terá que enfrentar o duro embate com um candidato que está à sua frente nas pesquisas, como conhecido pela combatividade de seus enfrentamentos. A solução, para ela, será tentar levar o debate para o campo prático das propostas. Trump tem narrativas, mas não indica como as realizará. É o demagogo populista clássico, pregoeiro de um passado romantizado, mas vai apontar os pontos fracos do governo Biden, por ela representado: Migrações e Guerras. Ela, entretanto, deve contrapor apresentando resultados concretos do Governo Biden no tocante à economia, defesa das instituições e da democracia. Tem formação e capacidade performática para se enfrentar com altivez ao truculento Trump. Não será apenas um confronto entre um Republicano e uma Democrata. Será um libelo à democracia americana com reflexos sobre o mundo inteiro.
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Anexo
Luiz Gonzaga Belluzzo - Entre Lincoln e Trump
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../luiz-gonzaga-belluzzo...
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O declínio da Política e dos políticos
Estamos entrando no calendário eleitoral. Neste fim de semana inicia-se o prazo para a realização de Convenções partidárias que indicarão os candidatos a Prefeito e Vereadores em mais de cinco mil municípios brasileiros. O espetáculo da democracia, entretanto, instituído pelos antigos gregos, séculos antes de Cristo, como fórmula para a tomada de decisões de interesse público, está em crise. No mundo dito Ocidental, que se jacta das tradições helênicas, o regime democrático foi fortalecido no século XX com a disseminação de Constituições que, ao lado dos deveres do cidadão, lhes conferia direitos: Direitos civis, direitos políticos, direitos sociais. Foi o tempo da consagração dos Direitos Humanos. Tratou-se de uma verdadeira revolução no caráter do Estado que, desde então (século passado) ,passou de órgão gestor dos interesses dominantes, a caixa de ferramentas para a formulação de Políticas Públicas de interesse geral, tendo nos Partidos instrumento de articulação destes interesses. Isso não ocorreu em brancas nuvens em céu de brigadeiro. Revoluções e guerras selaram esta mudança. (Vide aqui mesmo no Rio Grande do Sul a crueza de duas guerras civis travadas na I República opondo, em 1893, “federalistas” contra “pica paus” republicanos, e em 1925, “maragatos contra chimangos”, ambas no bojo do ocaso do “ancien régime” oligárquico.) E onde elas não se realizaram, no sentido da promoção do bem estar geral da população, as águas represadas das revoltas sociais impulsionaram rupturas que acabariam moldando formas de organização social avessas ao Ocidente. Aí estão experiências tão díspares que dificilmente se poderia acreditar que constituíssem um bloco como o atual SUL-SUL rebelde: China, Rússia, Irã, Turquia, Síria, América Latina, todas com baixa intensidade de organização institucional interna indispensável para mover a Sociedade Civil no sentido da democratização da vida pública, mas, todas, articuladas a notáveis projetos de desenvolvimento humano. A China retirou nada menos do que 400 milhões de pessoas da pobreza nos últimos 30 anos. No Ocidente, entretanto, o avanço democrático do século XX começa a tropeçar diante da incapacidade da Política e seus instrumentos assegurarem paz e prosperidade a todos. Um autor consagrado, Richard Sennet, escreveu o livro “O declínio do homem público”, evidenciando a perda de capacidade dos Políticos para se legitimarem perante o público. Outros livros, mais recentes, tratam do mesmo assunto apontando para a crise da democracia nos tempos atuais. E ontem mesmo, dois artigos publicados na imprensa corporativa do Brasil, um deles traduzido do Financial, apontam para o mesmo problema: A cidadania odeia cada vez mais a Política e os políticos. Vale ler, as conclusões são alarmantes:
Janan Ganesh* - O círculo vicioso da política moderna- O ódio aos políticos afasta as pessoas boas da atividade, o que piora o governo, o que faz com que os eleitores odeiem ainda mais os políticos
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../janan-ganesh-o... - Financial Times / Valor Econômico
Maria Hermínia Tavares - As raízes da desfaçatez. A rigor, são institucionais os fatores que sustentam um sistema partidário tão autônomo quanto distante da sociedade
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-herminia... - Folha de S. Paulo
É precisamente esta crise no sistema democrático contemporâneo que está corroendo os Partidos tradicionais e erodindo o processo que os credencia à sua legitimação perante o público. Insatisfeitos, os eleitores correm atrás dos Salvadores da Pátria que lhes prometem o retorno a um passado mitificado, incapaz de se reproduzir. No caso da Argentina de Milei a promessa nem é de voltar ao século XX, no qual, aliás, os hermanos alcançaram alto nível de vida, mas ao século XIX. Verdadeiro absurdo. Nos Estados Unidos o triunfante Trump volta a proclamar a promessa de fazer aquele país Great Again, tarefa difícil diante de sua perda de competitividade no mercado mundial.
De qualquer, forma, bem vindas Convenções. Bem vindos candidatos à renovação ou continuidade de administrações municipais. Já tentamos, no Brasil, fazer mudanças de cima pra baixo, seja no longo regime militar de 21 anos – 1964-1985 - , seja na malfadada Lavajato, que não deram certo. O melhor mesmo, será ir mudando de baixo para cima, formando novas e promissoras lideranças, afinadas com o interesse público, a partir das Prefeituras. Daí, certamente, emergirão quadros capazes de reafirmar a confiança na Política e nos Políticos capazes de levar a cabo à recuperação do prestígio da DEMOCRACIA-ENTRE-NÓS.
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Anexo
Um dos livros mais estimulantes e desafiadores jamais escritos,” O declinio do homem público – As tiranias da intimidade” , clássico da década de 1970 e surpreendentemente ainda atual, examina o crescente descompasso entre a esfera pública e privada. E urge a todos a se reconectar com a comunidade. Solidão e individualidade. ... Google Books
Data da primeira publicação: 21 de outubro de 2014
Autor: Richard Sennett
Como as democracias morrem? Levitsk
ASSINANTE
26 min
Entrevista com Steven Levitsky, autor de do livro 'Como as democracias morrem'
Marcelo Lins entrevista Steven Levitsky, autor de do livro 'Como as democracias morrem'.
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A delicada questão das aposentadorias dos militares
O aprofundamento da discussão sobre a questão fiscal no Brasil traz à tona o déficit crescente da Previdência, especialmente pública, onde releva o peso dos militares. O assunto, quando se refere a militares, é sempre delicado. Nas últimas reformas da previdência eles não só ficaram de fora das restrições, como ampliaram, sobretudo no Governo Bolsonaro, privilégios. Além de terem um tempo de serviço menor, os militares têm garantidos os vencimentos da ativa, devidamente corrigidos, quando se reformam. Ao final da carreira, os oficiais superiores, como não recebem FGTS, ganham um bônus compensatório de R$300 mil. Todas estas vantagens dos militares acabam se traduzindo num elevado peso das aposentadorias militares na Previdência. Resta saber como um governo inclinado á esquerda poderá rever este estatuto.
Remuneração e aposentadoria de militares pode ser revista para corte - Carlos Lisboa em 14 de junho de 2024 às 13:21
Recentemente, o tema da revisão da aposentadoria militar ganhou destaque na agenda da equipe econômica do governo, visando reduzir gastos e melhorar o desempenho das contas públicas.
Sob a supervisão dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento), essa proposta está sendo cuidadosamente avaliada antes de ser submetida à análise do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A seguir, confira mais detalhes, incluindo as possíveis mudanças na reforma da aposentadoria militar.
O que você vai ler neste artigo:
• Militares assumem o maior gasto por beneficiário anual
• Quais benefícios dos militares podem ser alterados?
• Embate no governo
• Perguntas frequentes
•
Militares assumem o maior gasto por beneficiário anual
Atualmente, o sistema de aposentadoria dos militares na reserva ou reformados destaca-se pelo custo elevado por beneficiário, sendo 16 vezes maior do que o déficit constatado no setor privado – aqueles que contribuem com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Enquanto o déficit por beneficiário no setor privado é cerca de R$ 9,4 mil e entre os servidores públicos civis alcança aproximadamente R$ 69 mil, os militares têm um custo significativamente maior, chegando a R$ 159 mil.
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Quais benefícios dos militares podem ser alterados?
Os benefícios que estão sendo considerados para possíveis mudanças na reforma da aposentadoria militar incluem:
• Remuneração dos militares da reserva
• Idades máximas de transição para a reserva
• Pensão vitalícia por morte para filhas solteiras
• Recebimento de ajuda de custo para militares que ingressam na reserva
• Instituto da “morte ficta” – pagamento de pensão aos beneficiários do militar que comete crime comum ou grave infração disciplinar
Embate no governo
A proposta de revisão da aposentadoria militar tem gerado um embate dentro do atual governo.
Confira também: Como pedir aposentadoria especial para aeronautas
Setores mais à esquerda, juntamente com aqueles alinhados a políticas liberais, mostram apoio à iniciativa, argumentando que as mudanças são essenciais para equilibrar as contas públicas.
Por outro lado, a oposição mais ideológica tem manifestado resistência à proposta, principalmente os aliados do antigo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que possuía militares em cargos de primeiro escalão.
Carlos Lisboa
Com o sol em copywriting, ascendente em marketing de conteúdo e lua em storytelling, o Carlos é um dos redatores SEO da meutudo. Formado em publicidade e propaganda, esse sergipano é apaixonado por ouvir e contar histórias!
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15 de Julho – Dia do Homem
O Dia do Homem tem, entre outros objetivos, chamar a atenção para a saúde do homem e é celebrado, no Brasil, no dia 15 de julho.3023
Em 15 de julho é celebrado, no Brasil, o Dia do Homem. Entretanto, essa mesma data é comemorada por muitas nações do exterior aos 19 dias do mês de novembro. Ambas as datas têm o propósito de chamar a atenção da sociedade para problemas e circunstâncias que possam atingir, em especial, o sexo masculino. Além disso, ambas foram instituídas na década de 1990.
No Brasil, a data foi proposta pela Ordem Nacional dos Escritores em 1992. Desde esse ano, as atenções para tal data vêm se tornando crescentes, sobretudo por parte de autoridades políticas e por núcleos de especialistas na saúde do homem. Em se tratando do tema da saúde do homem, o médico Jerome Teelucksingh, de Trinidad e Tobago, tendo em vista exatamente pôr em destaque a saúde do gênero masculino à comunidade internacional, propôs à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1999, que fosse criado um dia para tal objetivo.
O dia escolhido foi 19 de novembro. Desde o início do século XXI, muitas campanhas vêm sendo feitas em vários países com o objetivo de conscientizar os homens da importância de cuidarem de seu corpo e de sua saúde. Um exemplo desse tipo de conscientização diz respeito ao câncer de próstata, que atinge grande parcela da população masculina de todo o mundo. Outras doenças relacionadas com o uso do tabaco e de bebidas alcoólicas também são colocadas em questão na oportunidade desse dia.
Outro dos objetivos da reflexão que propõe o Dia do Homem é a igualdade entre os gêneros masculino e feminino. O alvo principal dessa proposta é a mudança de comportamento com relação a muitas posturas colocadas, tanto por condutas machistas quanto por condutas do radicalismo feminista, que tendem a restringir o debate da valorização profissional e social da mulher e do papel fundamental que o homem desempenha nesse processo.
Além disso, há ainda a discussão sobre o paradigma do homem contemporâneo, que já não segue o mesmo padrão comportamental do século passado, nem em seu seio familiar nem em seu trabalho ou na convivência com círculos de amigos, etc.
Sendo assim, tanto o dia 15 de julho quanto o dia 19 de novembro são situações oportunas para esse tipo de reflexão.
AVISO - A Saúde do Homem: Hospital do Homem
Anexo
Homens só se tornam adultos aos 54 anos
https://osegredo.com.br/2015/03/homens-so-se-tornam-adultos-aos-54-anos/
O Segredo • 11 de março de 2015
A vida começa aos 54 anos para homens. O número bastante preciso foi apontado por uma pesquisa como a idade em que eles finalmente crescem e começam a aproveitar a vida como “adultos de verdade”. O estudo com 1000 homens descobriu que esta era a idade em que eles se sentiam “resolvidos e seguros”, segundo o jornal “Telegraph”.
Ele sugere que os homens levam mais tempo do que as gerações passadas para atingir este estágio, principalmente devido às pressões financeiras e à paternidade adiada. Hoje, dois terços dos bebês nascem de pais com mais de 30 anos, com a média de 32 anos para o primeiro filho nos EUA.
A pesquisa sugere que os homens de 54 anos de idade, como Simon Cowell, Hugh Laurie e Kevin Spacey estão apenas no início de sua vida bem resolvida. Realizado pelo Centro Crown Clinic, em Manchester, o estudo mostra que aos 40, os homens ainda não deixaram para trás suas inseguranças juvenis.
A pesquisa revelou inseguranças que não deixam o homem amadurecer mais jovem, incluindo imperfeições físicas, problemas com dinheiro e solidão. Eles citaram medos como o de não conseguir adquirir a primeira casa, perder o cabelo e estar desempregado. O processo de envelhecimento também apareceu com força, além de ter que lidar cabelos grisalhos, queixo duplo e mamas.
– Estamos vivendo muito mais e, com os custos de vida aumentando e a paternidade sendo adiada, homens inevitavelmente levam mais tempo para se sentirem resolvidos – comentou Asim Shahmalak, da Crown Clinic.
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POR QUE É QUE OS HOMENS RARAMENTE ESTÃO DEPRIMIDOS
L.F.Veríssimo
Não engravidam. Os mecânicos não mentem pra eles...
Nunca precisam procurar outro posto de gasolina para achar um banheiro limpo.
Rugas são traços de caráter...
Barriga é prosperidade!
Cabelos brancos são charme...
Ninguém fica encarando os peitos deles quando estão falando.
Os sapatos não lhes machucam os pés.
As conversas ao telefone duram apenas 30 segundos.
Para férias de 5 dias, apenas precisam de uma mochila.
Se outro aparecer na mesma festa usando uma roupa igual, não há problema.
Cera quente não chega nem perto.
Ficam assistindo a TV com um amigo, em total silêncio, por muitas horas, sem ter que pensar: "Deve estar cansado de mim."
Se alguém se esquece de convidá-los para alguma festa, ainda assim vai continuar sendo seu amigo.
Sua roupa íntima custa no máximo 20 reais (em pacote de 3).
Três pares de sapatos são mais que suficientes.
São incapazes de perceber que a roupa está amassada.
Seu corte de cabelo pode durar anos, aliás, décadas.
Meia dúzia de cervejas geladas e um jogo de futebol na televisão são o suficiente para a extrema felicidade.
Os shoppings não fazem falta para eles.
Podem deixar crescer o bigode.
Se um amigo chamá-lo de gordo, careca, bicha velha etc, não abala em nada a amizade. Aliás, é prova de grande amizade.
Podem comprar os presentes de Natal para 25 pessoas, no dia 24 de dezembro em, no máximo, 25 minutos!
Que maravilha é ser homem!
Faltou falar de um churrasco...precisa carne e sal grosso, uma faca e uma tábua e no máximo uma bermuda para limpar os dedos sujos de gordura.
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A difícil questão dos moradores de rua
A questão dos moradores de rua tornou-se um problema mundial. Mesmo capitais de países desenvolvidos hoje estão repletas de pessoas que vivem sem teto. Mais de 60 ONGs ajudam pessoas em situação de rua em Buenos Aires, como resultado da crise sócio-econômica que avança na Argentina.
No Brasil a situação chegou a tal ponto que o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL já se pronunciou exigindo que Governos tomem iniciativas para solucionar o problema.Como resultados várias Prefeituas já elaboraram Relatórios sobre as respectivas populações de rua Em PORTO ALEGRE, por exemplo, sabe-se que, antes das inundações, havia cerca de 5000 moradores em situação de rua, a maior parte alfabetizado e que já trabalharam com carteira assinada. Só 30% eram drogadictos ou portadores de doença mental. Os próprios moradores veem se organizando e participando de encontros em busca de soluções. Querem participar destas soluções. Em Torres, por exemplo, eles são liderados por NILTON POLICENA, ex morador de rua, que informa haverem 80 moradores em permanente situação de rua na cidade.
A Rede Globo está dedicando, agora, uma série de reportagens sobre os moradores em situação de rua. Vale acompanhar.
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Anexo
‘Vidas na rua’: não ter onde morar é perder o acesso a uma série de direitos fundamentais
O último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, de 2022, mostra que em 10 anos a quantidade de pessoas em situação de rua aumentou 211% no Brasil.
Por Jornal Nacional - 11/07/2024 -https://g1.globo.com/jornal-nacional/vidas-na-rua/noticia/2024/07/11/vidas-na-rua-nao-ter-onde-morar-e-perder-o-acesso-a-uma-serie-de-direitos-fundamentais.ghtml
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‘Vidas na rua’: não ter onde morar é perder o acesso a uma série de direitos fundamentais
Nesta semana, o Jornal Nacional está chamando a atenção para a situação peculiar em que se encontram milhões de pessoas no mundo todo. Gente que passa os dias e as noites na rua por não ter um teto. As duas primeiras reportagens da série especial mostraram que países ricos como os Estados Unidos e o Reino Unido têm milhares de seres humanos nessas condições. Nesta quinta-feira (11), o nosso olhar é para o Brasil.
Uma vez por semana a praça, em Copacabana, é o que foi feita para ser: um lugar de encontros. Moradores do entorno e voluntários dividem afeto e comida com quem também vive por ali, mas não tem endereço.
“Somos todos vizinhos. Assim como você conhece o vizinho, o padeiro, o jornaleiro, você pode conhecer a pessoa que está em situação de rua naquele momento”, diz Deborah Barrocas, diretora-executiva do Proj. Ruas.
“Boa noite, meu nome é Carlos Martins. Cheguei aqui cansado, receoso, agora estou feliz e grato”, diz um homem em situação de rua.
Olhar para uma pessoa e enxergar uma pessoa. Parece óbvio, mas esse é o primeiro passo. A chamada situação de rua vai muito além de dormir ao relento. Perder um teto é perder o acesso a uma série de direitos fundamentais que deveriam ser garantidos a todos.
“Habitação, trabalho, educação, assistência social, saúde. Essa é a realidade da rua: são andarilhos da alimentação”, afirma a defensora pública Cristiane Xavier.
Quando os voluntários vão embora, o lugar deixa de ser praça e volta a ser uma fronteira entre dois mundos que mal se olham.
“Muitos olham com cara de nojo”, conta uma mulher em situação de rua.
“Eu acho que elas enxergam o morador de rua como um verdadeiro trapo humano”, afirma um homem em situação de rua.
“Tem algumas pessoas que cospem, debocham. E tem algumas pessoas que chegam com uma comida, uma coberta”, diz outro.
“A gente sabe que a população em situação de rua cresceu. Para começo de conversa, o olhômetro das pessoas indica isso, quem mora nas grandes cidades sabe que aumentou, e o que a pesquisa do Ipea mostra é que essa impressão que a gente tem, ela condiz com a realidade”, afirma Marco Natalino, pesquisador do Ipea.
O último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, de 2022, mostra que em 10 anos a quantidade de pessoas em situação de rua aumentou 211%. O número é ainda mais chocante se comparado com o crescimento geral da população: 2,4% no mesmo período.
“A pandemia pode ser considerada uma causa do crescimento nos últimos anos porque ela, na verdade, gerou uma série de vulnerabilidades, não só de ordem econômica, que é uma das principais causas, mas também fragilização dos vínculos familiares e de amizade, comunitários das pessoas”, diz Marco Natalino.
Crescimento da população — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Um outro levantamento, mais recente, mostra que o número segue aumentando. Segundo o CadÚnico, no último mês de maio, mais de 290 mil pessoas estavam em situação de rua; 13% são mulheres - uma a cada cinco é mãe.
Em meio à multidão masculina e solitária, uma voz feminina se destaca ainda mais. Voz de comando. Nathália Mendes nasceu na favela, viveu de perto o problema das ruas e desistiu de enxugar gelo. Ela percebeu que não vai haver comida que chegue se, junto com o alimento, não oferecer oportunidades.
“É uma lenda, um absurdo quando falam que população de rua não quer trabalhar. Para a gente é o que eles mais pedem”, afirma Nathália Mendes, diretora da ONG Recomeçar.
Mas nessa busca, muitas vezes, a porta se fecha logo na primeira linha da ficha de emprego.
“Que endereço é esse? Abrigo? Não. Como uma pessoa em situação de rua vai em uma entrevista de trabalho? Ela não tem roupa. A gente tem que viabilizar roupa. A gente precisa inúmeras vezes... Toma aqui, vamos lá cortar seu cabelo para você chegar na entrevista apresentável”, conta Nathália.
VIDAS NA RUA
• Série especial mostra problema que desafia governos no Brasil e no mundo
• Iniciativa nos Estados Unidos inspira projetos de acolhimento no mundo todo
De roupa nova, cabelo cortado e barba feita, Arquimedes Pereira Lima relembra os tempos em que tinha casa, família, três filhos, e trabalhava em uma grande empresa.
“Quando eu separei, de lá para cá, minha vida começou a decair. Devagarzinho, mas decaiu. Você não percebe, mas vai caindo devagarzinho”, afirma.
Ele não percebia que estava doente: alcoolismo.
“Quando eu vi, eu já estava no papelão, deitado no papelão enrolado”, lembra.
Na calçada, se equilibrava entre os olhares tortos e o desprezo.
“Passei muita fome, passei muita fome. Eu passei muita fome. Pedia um pão e ninguém me dava, cara”, conta.
Ele nunca desistiu de tentar um emprego. Perdeu a conta de quantas vezes ouviu um “não”. Foi então que as histórias de Arquimedes e Nathália se encontraram.
"Não tinha R$ 1 no bolso. Recorria a Nathália. Era meu anjo, sempre foi o meu anjo", diz Arquimedes.
“Sem um trabalho onde a pessoa consiga autonomia para ela ter dignidade, para ela se suprir as próprias necessidades, pode ser que eu seja radical, mas sem isso não funciona”, afirma Nathália.
Com a ajuda da Nathália, Arquimedes arrumou emprego: serviços gerais em um hotel. Nem chega a ser uma visita. Ele está de licença enquanto se recupera de uma cirurgia que foi paga pelo plano de saúde da empresa. Para quem tinha o céu como telhado, a vida deu uma reviravolta completa.
“Agora eu tenho uma casa, graças a Deus, onde morar, onde botar minha cabeça”, comemora.
A história de Wallace percorreu outros caminhos, mas também passou pela calçada. Abandonado pela mãe, foi criado em um abrigo. Na adolescência, fugiu em busca de ser livre. Foram 13 anos de caminhada até descobrir que a liberdade mora da porta para dentro.
Habitação primeiro. Essa ideia inverteu a lógica do atendimento à população de rua, e fez o menino das calçadas, pela primeira vez na vida, ter quatro paredes só para ele. A moradia é mantida pela mesma ONG que atua na praça de Copacabana.
“A casa em primeiro lugar. A casa é um fator estabilizador para a pessoa que está em situação de rua. Em um modelo tradicional, a pessoa primeiro passa por diversas etapas e para depois conquistar a casa. No entanto, a casa é uma base, é um fator de segurança que entra como estabilizador para essa pessoa se cuidar, para essa pessoa se tratar”, explica Allini Fernandes, presidente do projeto Ruas.
Wallace tem a responsabilidade de cuidar desse pedacinho do mundo, e a oportunidade de decorar o próprio espaço. O que ilumina a casa é o sorriso do morador.
“Foram dois, três meses para eu me adaptar. Porque eu não estava acreditando que eu estava dentro de uma casa que seria minha”, diz.
Um cômodo, cozinha e banheiro. Um novo mundo para quem nunca se acostumou a dormir no chão duro da rua.
Repórter: O que você mais gosta da sua casa?
“É a cama. É que antigamente eu dormia no papelão. Tinha vezes que eu não conseguia achar um papelão devido à chuva e, hoje em dia, a cama para mim agora está sendo...”, conta.
No canto oposto, um objeto igualmente importante. O diploma de cozinheiro, um pedaço de papel capaz de transformar uma vida. O fogão é bem velhinho, deixado pelo antigo morador. Mas Wallace prepara quentinhas para distribuir pelas ruas. Quem ganhava comida hoje oferece.
Hora de descansar. Amanhã, ele vai acordar cedo. Sabemos disso porque a casa não tem cortina, a claridade não incomoda. Quem viveu tanto tempo nas ruas aprendeu que uma casa não resolve todos os problemas da vida, mas é o mínimo de que um ser humano precisa para se reencontrar.
Na sexta-feira, o Jornal Nacional vai mostrar a situação na cidade de São Paulo.
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Dia da População
O Dia Mundial da População é um evento anual, celebrado no dia 11 de julho.] No século XIX a população do globo não passava de 1 bilhão de pessoas, em 1900 éramos 1,2 bilhões e no ano 2000 já chegávamos a perto de 7 bilhões. O objetivo do DIA MUNDIAL DA POPULAÇÃO é alertar para as questões do planejamento e desenvolvimento populacional, quando parte significativa da humanidade não tem acesso a recursos e serviços básicos como saúde, educação, saneamento e alimentação, entre outros. O evento foi criado pelo Conselho de Governo do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas em 1989. Foi inspirado pelo interesse público no Dia dos Cinco Bilhões, em 11 de julho de 1987, data aproximada em que a população mundial atingiu cinco bilhões de pessoas. Os seis bilhões foram atingidos em outubro de 1999, e os sete bilhões em outubro de 2011. E segue crescendo devendo chegar a 10,4 bilhões na década de 2080.
No Brasil, íamos acompanhando as primeiras décadas do século XX com um crescimento em torno de 10 milhões ano, .partindo do número de 14 milhões de pessoas no ano da Proclamação da República. Chegamos a 1970 com “noventa milhões em ação”, como dizia uma canção muito cantada á época da Copa do Mundo. Daí saltamos, em 30 anos, para 180 milhões no ano 2000 e agora somos 214 milhões, maior parte vivendo em condições precárias nas regiões metropolitanas.
Responsabilidade compartilhada
População mundial deve ultrapassar marca de 8 bilhões ainda este ano | ONU News
Ele lembra que atingir uma população global de oito bilhões é um marco numérico. Mas o foco deve permanecer nas pessoas como responsabilidade compartilhada, que é “cuidar do planeta” e honrar os compromissos mútuos.
De acordo com o relatório publicado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, a população mundial está projetada para atingir um pico de cerca de 10,4 bilhões de pessoas durante a década de 2080 e permanecer nesse nível até 2100.
O estudo aponta que a população global está crescendo no ritmo mais lento desde 1950, tendo caído abaixo de 1% em 2020. As últimas projeções da ONU sugerem que a população mundial pode crescer para cerca de 8,5 bilhões em 2030 e 9,7 bilhões em 2050.
Metade dos 8 bilhões adicionados à população mundial foi resultado da expansão demográfica da Ásia. A África fez a segunda maior contribuição, com quase 400 milhões.
Dez países contribuíram para mais da metade do crescimento populacional: Índia, China e Nigéria são os países com maior índice. A África e a Ásia devem impulsionar o crescimento populacional até que o 9º bilhão seja alcançado em 2037.
O levantamento aponta que mais da metade do aumento projetado da população global entre 2022 e 2050 fique concentrada em apenas oito países: República Democrática do Congo, Egito, Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, Filipinas e República Unida da Tanzânia.
As populações da República Democrática do Congo e da Tanzânia devem crescer rapidamente, entre 2% e 3% por ano entre 2022 e 2050.
Segundo os dados, as taxas de crescimento populacional díspares entre os maiores países do mundo mudarão sua classificação por tamanho: a Índia deverá superar a China como o país mais país populoso em 2023.
Desigualdades
Guterres afirma que um mundo de oito bilhões de pessoas significa “oito bilhões de oportunidades para viver vidas dignas e realizadas”. Na contramão, ele lembra que se habita num mundo de grande desigualdade e destaca a questão de gênero.
O líder da ONU ressalta que estamos testemunhando novos ataques aos direitos das mulheres, incluindo serviços essenciais de saúde. As complicações relacionadas à gravidez e ao parto ainda são a principal causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos.
Dados
Segundo os dados da ONU, desde meados do século 20, o mundo experimentou um crescimento populacional sem precedentes. A população mundial mais do que triplicou de tamanho entre 1950 e 2020.
A taxa de crescimento da população mundial atingiu um pico entre 1965 e 1970, quando o número de pessoas aumentou em média 2,1% ao ano.
Durante o período de 2000 a 2020, embora a população global tenha crescido a uma taxa média anual de 1,2%, 48 países ou áreas cresceram pelo menos duas vezes mais rápido: estes incluíam 33 países ou áreas na África e 12 na Ásia.
A expectativa de vida dos adultos no mundo desenvolvido aumentou desde meados do século 20 - o número de pessoas que atingem a idade de 100 anos nunca foi maior do que é hoje.
Em todo o mundo, o número de mortes em relação ao tamanho da população vem diminuindo desde a década de 1950. Nas próximas décadas, as projeções das Nações Unidas preveem uma diminuição gradual contínua nas taxas de mortalidade específicas por idade.
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PARA ONDE SOPRAM OS VENTOS?
Diz-se que breve é a vida, longa a arte. E a Política, faz parte da vida ou da arte? Aqui é bom lembrar que a natureza é a arte de Deus e a arte natureza do homem. Uma e outra, porém, dançam no tablado do tempo. Se entrelaçam. Revezam-se. O tecido político é um de seus resultados: breve e longa ao mesmo tempo. Tem raízes mas voa no vento das circunstâncias. Sempre uma incógnita, daí o erro de muitas pesquisas de opinião. A recente vitória da esquerda, na França, é um exemplo. Em 1974, no Brasil, quando não havia eleições diretas nem para Presidente nem para Governadores, ainda sob o impacto do “Milagre Econômico” dos anos 1969-1973, as urnas revelaram a vitória de 17 Senadores da Oposição. Um susto, que obrigaria o Presidente General Geisel ao Pacote de abril de 1977 e instituição dos Senadores biônicos, para evitar a precipitação da crise do regime militar. Não adiantou. Acabou na lenta, segura e gradual redemocratização.
E agora, então, o que estaria acontecendo no Brasil? Será que estamos na iminência de novos ventos?
Aparentemente, subsiste a polarização Lula x Bolsonaro, mas há indícios de mudança no ar.
A estrela de Bolsonaro acendeu em 2018, amparada pelo impeachment da Dilma dois anos antes, pela refrega da Lavajato e pela prisão de Lula. Um obscuro deputado do baixo clero, ex capitão expulso do Exército como “mau militar”, nas palavras do então Presidente Geisel, engole o centro e lidera um inédito movimento de extrema direita no país que viria desembocar, em 2022, na maior bancada – PL – na Câmara dos Deputados e inúmeros governadores, inclusive de São Paulo.
Lula havia saído muito bem ao final do seu mandato em 2010 e, graças a isso, conduziu sua sucessão com o que se considerava um “poste”, Dilma Roussef, tanto neste ano quanto em 2014. Mesmo impedido, sustentou, com bom resultado, embora vencido, outro “poste”, Haddad, em 2018. Lutou pela sua reabilitação judicial, venceu uma máquina infernal a serviço da reeleição de Bolsonaro em 2022 e governa com bons resultados, tanto em indicadores como em pesquisas de opinião, há um ano e meio, embora enfrentando um Congresso Nacional francamente contrário. Faz “milagres”, já perto de seus 80 anos. Diz-se rejuvenescido e pronto para o Lula IV em 2026.
Bolsonaro ainda tem peso. Entretanto, não só perdeu a reeleição em 2022 mas vem perdendo terreno na Justiça Eleitoral, onde já cavou sua inelegibilidade, e agora, enfrentará os processos criminais abertos pelo seu indiciamento pela Polícia Federal. Num primeiro momento, ainda tentou se fazer de vítima de perseguição política. Diante dos fatos, vai se inclinando ao modelo Trump: Descaramento aberto, do tipo “Meti a mão grande, sim , e daí”. Indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no embrulho das joias, ele não pode mais bater no peito e dizer-se honesto Isso vai abrindo fendas no seu próprio campo, embora ninguém ainda o tenha confrontado. Mas no seu berçário político, Rio de Janeiro, já não convence. Eduardo Paes, candidato a Prefeito, apoiado por Lula, surfa com 53% de preferência, enquanto o Delegado Ramagem, bolsonarista, na alcança dois dígitos. Em São Paulo, outro reduto eleitoral importante do país, Boulos, também apoiado por Lula, parece levar a melhor sobre o Prefeito Nunes, MDB, candidato a reeleição com um vice bolsonarista raíz. Em Porto Alegre, outro aliado circunstancial, o Prefeito Mello, vai se despedaçando em folhetins depois das inundações. Resta-lhe, entretanto, o interior: interior da sociedade, interior da economia, interior das almas obcecadas pelo fanatismo.
Lula, enquanto isso, peleja para manter a economia sob controle, intercalando diatribes anti-mercado com concessões, como a que resultou do encontro dele com economistas heterodoxos que lhe explicaram o poder real do sistema financeiro para o qual trouxeram o famoso discurso de F.D.Roosevelt de 1936. No plano político, consciente de já não ter um grande Partido procura ampliar e fortalecer uma frente democrática capaz de ganhar o tempo suficiente para enterrar a onda extremista de direita. Seu maior problema é a sucessão, eis que não se percebe um herdeiro natural da sua obra. Outro questão é a incógnita do desenvolvimento. A China até inventou um modelo mas antes teve que fazer uma Revolução e atravessar, além da Longa Marcha daquele processo, outra longa marcha de desacertos que lhe custou milhões de mortos. Cingapura, também, sem marchas nem revoluções, mas é menor do que São Paulo. Continuamos singrando a resteva do baixo crescimento, assombrados pelo risco da inflação e da subida do dólar.
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DATA MAGNA DE SÃO PAULO – 9 JULHO
São Paulo é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado na Região Sudeste e tem por limites os estados de Minas Gerais a norte e nordeste, Paraná a sul, Rio de Janeiro a leste e Mato Grosso do Sul a oeste, além do Oceano Atlântico a sudeste. É dividido em 645 municípios e sua área total é de 248 222,362 km², o que equivale a 2,9% da superfície do Brasil, sendo pouco maior que o Reino Unido. Sua capital é o município de São Paulo . Com quase 50 milhões de habitantes, ou cerca de 22% da população brasileira, é o estado mais populoso do Brasil, a terceira unidade política mais populosa da América do Sul (superado pela Colômbia e pelo restante da federação brasileira) e a subdivisão nacional mais populosa do continente americano. A população paulista é uma das mais diversificadas do país e descende principalmente de italianos, que começaram a emigrar para o país no fim do século XIX, num processo similiar ao que passou Buenos Aires, de portugueses, que colonizaram o Brasil e instalaram os primeiros assentamentos europeus na região, de povos ameríndios nativos, de povos africanos e de migrantes de outras regiões do país. Outras grandes correntes imigratórias, como de árabes, alemães, espanhóis, japoneses e chineses, também tiveram presença significativa na composição étnica da população local.
Conhecido como a "locomotiva do Brasil". O PIB paulista equivale à soma das economias de Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia.[10] Se fosse um país independente, seu PIB nominal poderia ser classificado entre os 20 maiores do mundo (estimativa de 2010).[11] Além da grande economia, São Paulo possui bons índices sociais em comparação ao registrados no restante do país, como o segundo maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o segundo maior PIB per capita, a segunda menor taxa de mortalidade infantil, a menor taxa de homicídios e a terceira menor taxa de analfabetismo entre as unidades federativas brasileiras.
O que foi a revolução constitucionalista de 1932?
O movimento conseguiu mobilizar 35 mil homens pelo lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas
POR Eliza Kobayashi 07 de Março | 2018
Cartaz de convocação de voluntários.Acervo do Instituto Histórico e Geográficode São Paulo Foto: Renato Chaui)
Antes de falar sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, é preciso voltar alguns anos na história para buscar os embriões deste que foi um dos maiores movimentos armados da história do Brasil. Durante a República Velha (1889-1930), formou-se uma aliança entre os estados mais ricos e influentes do país na época, São Paulo e Minas Gerais, cujos representantes alternavam-se no posto da presidência da república naquilo que ficou conhecido como a "política do café com leite". Em 1930, porém, o presidente Washington Luís, representante dos paulistas, rompe a aliança com os mineiros e indica o governador de São Paulo Júlio Prestes como seu sucessor, que venceu as eleições. As oligarquias mineiras não aceitam o resultado e, por meio de um golpe de estado articulado com os estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, colocam Getúlio Vargas no poder.
"Getúlio vem com uma nova proposta de modernização do país. O grupo que chega ao poder pretende promover essas mudanças de maneira autoritária, sem consultas eleitorais", conta Alexandre Hecker, professor de História Contemporânea da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Mackenzie. O novo presidente fecha o Congresso Nacional, anula a Constituição de 1891 e depõe governadores de diversos estados, passando a nomear interventores. As medidas desagradam profundamente as elites paulistas tradicionais. "Esses grupos, que eram ligados ao Partido Republicano Paulista (PRP) e haviam sido derrotados pela revolução de 1930, passam a trabalhar em oposição ao governo de Getúlio", diz Alexandre. Já, a partir de 1931, se junta a essa elite deposta um "grupo mais moderno", que exige do governo a criação de uma carta magna que regesse a legislação do país - algo que Vargas vinha adiando cada vez mais - além de eleições gerais para presidente da república.
Ao mesmo tempo em que se formava esse grupo opositor, fortaleciam-se, em São Paulo, os chamados tenentistas, constituídos não apenas por militares, mas também de civis que agiam sob sua liderança. "Eles se reuniam no Clube Três de Outubro e apoiavam as ações do governo", explica o professor. "Havia diversas brigas de rua entre os estudantes do Largo São Francisco e esse grupo getulista, os tenentistas". No dia 23 de maio, essas forças se encontraram e se defrontaram nas ruas de São Paulo, o que resultou na morte de alguns estudantes em praça pública, que ficaram famosos como MMDC (sigla das iniciais dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Mais tarde, adicionou-se a letra A, de Alvarenga, ao final da sigla, de outro jovem que acabou morto por causa do conflito).
Essas mortes foram o estopim que deu início no dia 9 de julho de 1932 à Revolução Constitucionalista. Com a ajuda dos meios de comunicação em massa, o movimento ganha apoio popular e mobiliza 35 mil homens pelo lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas. "Havia uma possibilidade de que outros estados viessem em apoio ao governo do estado de São Paulo, mas ele ficou isolado e, com isso, se desenvolveu uma série de batalhas", destaca Alexandre. Foram quase três meses de batalhas sangrentas, encerradas em 2 de outubro daquele mesmo ano, com a derrota militar dos constitucionalistas. "Moralmente, porém, em termos de denúncia política, o movimento foi vencedor, porque logo depois do término do conflito, o governo federal convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição do Brasil em 1934. Foi também quando, pela primeira vez no país, as mulheres participaram do processo eleitoral", ressalta o historiador.
O termo "revolução" para o movimento constitucionalista não é muito adequado àquilo que se propunha fazer, segundo o professor. "Não era uma revolução. Na verdade, desejava-se a normatização da legislação e do processo eleitoral, e não uma mudança no sentido de alteração das relações de poder ou qualquer coisa que significasse uma limitação no processo de desenvolvimento capitalista", afirma. Ele diz que, para alguns historiadores, o movimento é considerado até conservador e anti-revolucionário. "Era uma elite derrotada que queria voltar ao poder e encontraram nesse movimento uma desculpa para isso".
https://novaescola.org.br/conteudo/333/o-que-foi-a-revolucao-constitucionalista-de-1932
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Nós sempre teremos Paris...
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A Nova Frente Popular, de esquerda, sem dúvida é a maior vitoriosa do segundo turno, enquanto a Reunião Nacional, da extrema direita, é derrotada, caindo para o terceiro lugar, atrás do grupo liderado pelo presidente Emmanuel Macron. Embora deva dobrar o número de cadeiras na Assembleia, o partido de Marine Le Pen ficou longe da maioria absoluta necessária para liderar o governo. A esquerda da Frente Popular também não tem maioria para governar e terá que se compor com o Centro de Macron numa espécie de geringonça capaz de reproduzir a instabilidade reinante na Itália antes de Meloni. Os interesses, enfim, da esquerda e do centro não são metais que se fundem com facilidade. Como assinala o sociólogo Renato S. Oliveira a distância entre Macron, líder o Centro e Presidente da República, e Mélanchon, líder da esquerda, será um espaço a ser duramente construído. João Carlos Brum Torres destaca a peculiaridade institucional da França: “A situação é muito complexa. Não só politicamente complexa, mas institucionalmente. Uma professora de direito esclareceu que, no texto constitucional, o Presidente é árbitro e garantidor da integridade territorial, da unidade nacional, com prerrogativas com relação à política externa, ocorrendo, porém, que quando tem maioria parlamentar torna-se chefe o governo. Quando isso não ocorre, com agora, ele se torna um rei da Inglaterra um pouco mais forte e quem governa passa a ser efetivamente o primeiro ministro. Como os franceses não têm a tradição alemã do pós-guerra de criar alianças interpartidárias estáveis é bem possível que se formem governos instáveis e sem poderes para governar, o que, se ocorrer, obviamente facilitará avanços ainda mais robustos da extrema direita. Por ora, alívio ! “
Não obstante, a esquerda celebrou a vitória, que junto com a vitória trabalhista no Reino Unido freia o impulso ultradireitista que vinha alarmando a Europa Ocidental.
“Formada por cinco partidos, a Nova Frente Popular se aglutinou rapidamente após a dissolução da Assembleia Nacional, por Macron. São partidos que têm diferenças ideológicas entre si, mas em comum, alcançaram o mesmo objetivo: frear a ascensão do RN neste segundo turno e impedir a nomeação do discípulo de Marine Le Pen — o jovem Jordan Bardella — a primeiro-ministro francês. Não por acaso Jean-Luc Mélenchon, o líder da França Insubmissa, foi o primeiro a se pronunciar, como o principal partido do bloco, para cobrar e reivindicar a vitória de seu bloco, logo após a divulgação das projeções dos resultados.
“O presidente tem que se curvar e admitir que isso é uma derrota. Ele tem o poder e o dever de chamar a Nova Frente Popular para governar”, vaticinou Mélenchon. Não por acaso, Macron preferiu se manter calado até que o panorama esteja mais claro.”
Enfim, como ao final do “Casablanca” : NÓS SEMPRE TEREMOS PARIS...
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Candidatos apoiados por Bolsonaro lideram em quatro capitais contra três apadrinhados por Lula = https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/candidatos-apoiados-por-bolsonaro-lideram-em-quatro-capitais-contra-tres-apadrinhados-por-lula,54fed29db41d626cc1cadcbdff7e583buslzg6rm.html
Disputa entre apadrinhados por Bolsonaro e por Lula está parelha em outras três capitais, incluindo São Paulo, e há localidades ainda sem definição; segundo especialista, pré-candidatos precisam dosar o índice de rejeição do candidato antes de colar sua imagem a deles
Por Gabriel de Sousa, Juliano Galisi, Karina Ferreira e Rayanderson Guerra - 03/07/2024 | 09h30
BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - Quatro pré-candidatos que recebem o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na disputa pelo comando das capitais lideram as intenções de voto conforme levantamentos mais recentes dos principais institutos de pesquisa do País. Os nomes apadrinhados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão à frente em outras três capitais.
Os pré-candidatos que têm o aval do ex-presidente disputam as prefeituras em Aracaju (SE), Belém (PA), Curitiba (PR) e Salvador (BA). Já os concorrentes que recebem o apoio de Lula lideram nas intenções de voto em Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). Somadas, as cidades onde os postulantes apoiados pelo petista são favoritos possuem sete milhões de eleitores. As que os apadrinhados de Bolsonaro estão na frente, totalizam 4,9 milhões.
Os dados fazem parte de levantamento feito pelo Estadão com base em pesquisas eleitorais mais recentes da Atlas Datafolha, Quaest, Paraná Pesquisas e Real Time/Big Data.
Na capital paulista, a última pesquisa Real Time Big Data, divulgada nesta segunda-feira, 1º, mostrou que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), que é o pré-candidato de Lula, está empatado com prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado por Bolsonaro. De acordo com o levantamento, que ouviu 1.500 eleitores paulistanos entre os dias 25 e 28 de junho, ambos tem 29% das intenções de voto.
O mesmo ocorre em Rio Branco (AC) onde, segundo levantamento do Real Time Big Data divulgado no início de abril, o ex-prefeito Marcus Alexandre (MDB), apoiado por Lula está empatado com o atual prefeito Tião Bocalom (PL), com 34% de menções. A margem de erro é de três pontos percentuais.
Em Fortaleza (CE), Campo Grande (MS) e Belo Horizonte (BH), os pré-candidatos do ex-presidente Bolsonaro estão à frente dos apoiados pelo petista, mas ambos não lideram as intenções de voto. Na capital cearense, o preferido é Capitão Wagner (União), na “Cidade Morena” é Rose Modesto (União Brasil) e em BH o líder é Mauro Tramonte (Republicanos).
Em Vitória (ES), nem o pré-candidato apoiado por Lula, o deputado estadual João Coser (PT), nem o afilhado de Bolsonaro, o também deputado estadual Capitão Assumção (PL), lideram na pesquisa mais recente. Divulgada há mais de um mês, em 22 de maio, o levantamento do Paraná Pesquisas apontou que o atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), segue à frente da disputa, com 47,1%. Em seguida, o pré-candidato do PT tem 17% e é seguido pelo deputado do PL, com 7,10% das intenções de voto.
Vinícius Alves, pesquisador da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e diretor da IPESPE Analítica, explica que as eleições municipais representam um quadro multifacetado, com características específicas de cada cidade. Pesam o contexto político local, se o apoio dos padrinhos veio precoce ou tardiamente, por exemplo, além de um possível histórico de votação mais à esquerda ou à direita.
Por estar relacionada ao contexto local, o voto na eleição municipal é permeado por fatores que escapam à polarização entre Lula e Bolsonaro. Ainda assim, em cada capital estadual, a preferência do eleitorado é diferente e pode distinguir o potencial de votos dos pré-candidatos avalizados ou pelo petista ou pelo ex-presidente.
No segundo turno da eleição presidencial de 2022, por exemplo, a capital mais bolsonarista do País foi Boa Vista (RR), onde 78% do eleitorado optou pela reeleição do então presidente. Por outro lado, a capital com o maior porcentual de votos a Lula naquela ocasião foi Salvador, onde 71% dos votos válidos foram direcionados ao petista.
Além das variáveis, o cientista político também pontua que o apoio de Lula e de Bolsonaro não tem a mesma “intensidade” em todas as cidades, ou seja, há locais em que é preciso medir a quantidade de rejeição que um ou outro tem, antes que os pré-candidatos e seus partidos decidam que a melhor estratégia é colar a imagem ao petista ou a Bolsonaro. “Os dois são capazes de atrair apoiadores, mas eles também atraem rejeição em considerável medida, portanto, se associar claramente a um deles no início da disputa, antes da fase de definição, pode ter algum custo”, indica.
Por serem cidades com maior proporção de pessoas engajadas ou mais ativas politicamente, ambiente proporcionado por organizações políticas mais estruturadas, as capitais tendem a ser locais onde a disputa nacional reverbera com mais peso. O cientista político avalia que a polarização pode ser uma estratégia instrumentalizada nessas grandes cidades para gerar ainda mais engajamento contra o adversário.
“Acredito que, em geral, existe um terreno mais favorável nas capitais de grandes cidades para tentar polarizar a disputa, de alguma maneira, emular isso, o que acontece no plano nacional. Mas não dá para achar que vai ser do mesmo jeito em todos os locais”, adverte.
O Estadão procurou os comandos do PT e do PL que são responsavéis pelas estratégias para as eleições deste ano, mas não obteve retorno.
Veja o cenário nas capitais
Aracaju (SE)
A vereadora e ex-defensora pública Emília Corrêa, pré-candidata apoiada por Bolsonaro, lidera a disputa pela prefeitura de Aracaju (SE). O nome do PL aparece com 26% das intenções de voto, em uma liderança isolada para o pleito. Já a petista Candisse Carvalho (PT) tem apenas 1% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa do Real Time Big Data, encomendada pela Record.Os dados foram divulgados no dia 11 de junho. O Real Time Big Data ouviu mil pessoas entre 8 e 10 de junho de 2024. A pesquisa tem SE-02812/2024 com nível de confiança de 95% com margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Belém (PA)
Na capital paraense, o pré-candidato e deputado federal Éder Mauro (PL), apoiado por Jair Bolsonaro, detém vantagem ante o prefeito Edmilson Rodrigues, do PSOL. É o que aponta levantamento do Paraná Pesquisas divulgado em 15 de junho. Em um dos cenários estimulados, o deputado federal figura com 30% de menções, ante 13,4% do atual chefe do Executivo local. O Paraná Pesquisas realizou 800 entrevistas em Belém entre os dias 9 e 14 de junho. O intervalo de confiança é de 95% e a margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais. O levantamento está registrado no TSE sob o número PA-04749/2024.
Belo Horizonte (MG)
Em Belo Horizonte, tanto o PL quanto o PT devem ter candidatos próprios na disputa pela prefeitura. O pré-candidato petista é o deputado Rogério Correia que, de acordo a última pesquisa divulgada pela Real Time Big Data no dia 17 de junho, tem 9% das intenções de voto. O pré-candidato do partido de Bolsonaro é o deputado estadual Bruno Engler, que tem 14% da preferência dos eleitores. Os dois estão atrás do deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), que lidera a corrida com 23%.. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais e para menos. A equipe da Real Time Big Data entrevistou 1.000 eleitores entre os dias 14 e 16 de junho. O índice de confiabilidade é de 95% e o levantamento está registrado no TSE sob o número MG-00754/2024.
Campo Grande (MS)
Adriane Lopes (PP), pré-candidata à reeleição apoiada pelo PL, sigla de Jair Bolsonaro, detém 14,4% de intenções de voto, figurando em terceiro lugar no principal cenário estimulado. Adriana está na frente da deputada federal Camila Jara (PT), apoiada por Lula, que tem 6,5% e está na quinta colocação. Contudo, ambas estão atrás da ex-deputada federal Rose Modesto, com 19,5% de menções, e do ex-governador do Estado André Puccinelli (MDB), que lidera com 26,4% de intenções de voto. Por outro lado, o cenário está indefinido, pois Puccinelli desistiu da disputa desde a realização da pesquisa. O Paraná Pesquisas realizou 800 entrevistas na capital do Mato Grosso do Sul entre os dias 19 e 24 de abril. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais. O registro no TSE é o número MS-05358/2024.
Curitiba (PR) - vai apoiar o deputado federal Luciano Ducci (PSB) que, segundo o último levantamento do Paraná Pesquisas, divulgado no último dia 14 de maio, tem 13,1% das intenções de voto. Já Jair Bolsonaro vai apoiar o candidato da situação, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD). Segundo a pesquisa, ele lidera a corrida com 22,9% da preferência dos eleitores no principal cenário estimulado.A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais. O Paraná Pesquisas ouviu 800 eleitores entre os dias 8 e 13 de maio. O índice de confiabilidade é de 95% e o estudo está registrado no TSE sob o número PR-01291/2024.Na capital do Ceará, o candidato avalizado por Lula é o deputado federal Evandro Leitão (PT), que apareceu no último levantamento do Datafolha, divulgado nesta quinta-feira, 27, com 9% das intenções de voto. O candidato de Bolsonaro é o deputado federal André Fernandes (PL), que pontuou 12% no estudo. Ambos estão atrás do ex-deputado federal Capitão Wagner, que liderou o cenário estimulado com 33% de menções. A margem de erro é de quatro pontos percentuais. O Datafolha ouviu 644 eleitores entre os dias 24 e 26 de junho. O índice de confiança é de 95% e o levantamento está registrado no TSE sob o número CE-01909/2024.
Manaus (AM) Em Manaus, o candidato apoiado por Lula é o ex-deputado federal Marcelo Ramos, que recém se filiou ao PT e tem 8% das intenções de voto segundo a última pesquisa Quaest divulgada no dia 16 de maio. O candidato de Bolsonaro é o deputado federal Capitão Alberto Neto (PL), que tem 15% da preferência dos eleitores. Ambos estão atrás do atual prefeito David Almeida (Avante), que tem 30% e do deputado federal Amom Mandel (Cidadania), que tem 27%. A margem de erro do levantamento é de 3,1 pontos percentuais. O Quaest entrevistou 1.002 eleitores manauaras entre os dias 8 e 11 de maio de 2024. O índice de confiança é de 95% e a pesquisa está registrada no TSE sob o número AM-07730/2024.
Porto Alegre (RS)
Segundo levantamento Atlas/Intel realizado com eleitores de Porto Alegre (RS), a deputada federal e pré-candidata Maria do Rosário (PT), apoiada por Lula, tem 30% de intenções de voto no principal cenário estimulado. Com o índice, ela figura na frente do prefeito Sebastião Melo (MDB), pré-candidato à reeleição apoiado por Jair Bolsonaro, que detém 25% de intenções de voto.
A pesquisa ouviu 1.798 eleitores porto-alegrenses entre os dias 9 e 14 de junho e tem margem de erro de dois pontos porcentuais, com índice de confiança de 95%. O registro no TSE é RS-09253/2024.
Salvador (BA)
Segundo levantamento Paraná Pesquisas divulgado em 4 de junho, o prefeito de Salvador (BA), Bruno Reis (União Brasil), pré-candidato apoiado por Jair Bolsonaro, é favorito a se reeleger, com 64% de intenções de voto. O mandatário está na frente de Geraldo Júnior (MDB), nome apoiado por Lula, que detém 11% de menções.
O Paraná Pesquisas realizou 800 entrevistas presenciais em Salvador entre os dias 29 de maio e 3 de junho. A margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%. O registro no TSE é BA-01943/2024.
São Paulo (SP)
Na segunda-feira, 1º, o Real Time Big Data divulgou um levantamento que evidenciou um empate entre o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, e o deputado Guilherme Boulos (PSOL), apadrinhado por Lula. Ambos possuem 29% das intenções de voto do eleitorado paulistano.
A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Real Time Big Data realizou entrevistas com 1.500 eleitores paulistanos entre os dias 25 e 28 de junho e o índice de confiabilidade é de 95%. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número SP-06703/2024.
Recife (PE)
Em Recife, o atual prefeito João Campos (PSB) tentará a reeleição com o apoio do PT e do presidente Lula. A capital de Pernambuco é a cidade com o candidato apoiado pelo petista mais bem colocado entre todas as capitais. Caso a eleição fosse hoje, Campos seria eleito em primeiro turno com 57,3%, contra 21,4% do pré-candidato bolsonarista Gilson Machado (PL), ex-ministro do Turismo de Bolsonaro. É o que aponta levantamento do Atlas Intel/CNN divulgado em 26 de abril. O Atlas/CNN ouviu 827 moradores de Recife, por meio de Recrutamento Digital Aleatório (Atlas RDR), entre os dias 18 e 23 de abril. A margem de erro do levantamento é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE sob o número PE-05351/2024.
Rio Branco (AC)
Na capital do Acre, a disputa pela Prefeitura de Rio Branco está tecnicamente empatada. Segundo pesquisa do RealTime, divulgada em 9 de abril, os candidatos Marcus Alexandre (MDB), apoiado pelo presidente, está com 39% das intenções de voto, ante 34% de Tião Bocalom (PL), pré-candidato de Bolsonaro e atual prefeito que tenta reeleição. O instituto entrevistou 800 pessoas, entre 6 e 8 de abril. A pesquisa foi registrada no TSE sob o código AC-04245/2024 e tem nível de confiança de 95%.
Rio de Janeiro (RJ)
Uma pesquisa do instituto Quaest divulgada no último dia 18 de junho mostrou que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), que tem o apoio de Lula, pode ser eleito ainda em primeiro turno, com 51% das intenções de voto. O pré-candidato de Bolsonaro, o deputado Alexandre Ramagem (PL) tem 11% da preferência dos eleitores. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Quaest fez entrevistas presenciais com 1.145 cariocas entre os dias 13 e 16 de junho. O índice de confiabilidade é de 95% e a pesquisa está registrada no TSE sob o número RJ-04459/2024.
Vitória (ES)
Em Vitória, capital do Espírito Santo, nem o pré-candidato apoiado por Lula, o deputado estadual João Coser (PT), nem o afilhado de Bolsonaro, o também deputado estadual Capitão Assumção (PL), lideram de acordo com a pesquisa mais recente. Divulgada há mais de um mês, em 22 de maio, o levantamento do Paraná Pesquisas apontou que o atual prefeito, Lorenzo Pazolini (Republicanos), segue à frente da disputa, com 47,1%. Em seguida, o pré-candidato do PT tem 17% e é seguido pelo deputado apoiado por Bolsonaro, com 7,10% das intenções de voto. A pesquisa, registrada no TSE com o número ES-08077/2024, foi realizada entre os dias 17 a 22 de maio, entrevistou 800 pessoas e tem margem de erro de 3,5 p.p. para mais ou para menos.
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Maria do Rosário tem 29,2% e Mello, 28%, em Porto Alegre, aponta pesquisa Futura Inteligência
Pesquisa para prefeito em Porto Alegre: Maria do Rosário tem 29,2% e Mello, 28%, aponta Futura Inteligência | Exame
Na terceira posição, Juliana Brizola (PDT) aparece com 10%, seguida por Any Ortiz (Cidadania), que aparece com 5,8%, e Dr. Thiago (União), com 5,1%
(Câmara dos Deputados/Assembleia de POA/Reprodução)
André Martins
A deputada federal e pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre, Maria do Rosário (PT), tem 29,2% das intenções de voto, e o atual prefeito, Sebastião Melo (MDB), 28%, de acordo com a pesquisa da empresa 100% Cidades, em parceria com a Futura Inteligência, obtida com exclusividade pela EXAME. Pela margem de erro da pesquisa, há empate técnico entre o atual prefeito e a deputada.
Na terceira posição, Juliana Brizola (PDT) aparece com 10%, seguida por Any Ortiz (Cidadania), que aparece com 5,8%, e Dr. Thiago (União), com 5,1%. Luciano Zucco (PL) tem 3,1% das intenções de voto, e Felipe Camozzato (Novo) aparece com 2,9%. Ainda há um considerável número de eleitores indecisos ou que preferem votar nulo ou em branco, representando 7,8% e 7,9%, respectivamente.
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• Maria do Rosário (PT): 29,2%
• Sebastião Melo (MDB): 28%
• Juliana Brizola (PDT): 10%
• Any Ortiz (Cidadania): 5,8%
• Doutor Thiago Duarte (União): 5,1%
• Luciano Zucco (PL): 3,1%
• Felipe Camozzato (Novo): 2,9%
• Indecisos: 7,8%
• Voto branco/nulo: 7,9%
Outros cenários
Maria do Rosário lidera em todas as simulações de primeiro turno realizadas pelo instituto de pesquisa. Sem Juliana Brizola, a pré-candidata do PT aparece com 29,6%, seguida por Melo com 27,2%. Ortiz tem 8,9% nesse cenário, enquanto Duarte aparece com 6,5% e Luciano Zucco, 5,9%. Camozzato avança 1 ponto percentual e chega a 4,2%.
No terceiro cenário, sem o Dr. Thiago e com Fabiana Sanguiné, Rosário tem 28,6% e Melo, 28,5%. Brizola aparece na segunda posição com 10,6%. Os demais candidatos não têm variação significativa nessa projeção.
No último cenário estimulado, Rosário aparece com 28,1%, Melo com 25,3% e Juliana Brizola com 10,1%. Comandante Nádia (PL), incluída nesse cenário no lugar de Luciano Zucco, tem 9,6%. Dr. Thiago Duarte aparece com 7,9% e Delegada Nadine surge com 4%.
José Luiz Soares Orrico, fundador e diretor técnico da Futura Inteligência, afirma que Melo tinha uma situação confortável para uma reeleição tranquila até as enchentes que atingiram Porto Alegre, o que fortaleceu a candidata da oposição.
"Após as enchentes, o processo ficou indefinido. A campanha e a exploração do que foi feito ou não foi feito pelo prefeito é o que deve pautar a eleição. A candidata Maria do Rosário cresceu muito e, a pesquisa indica, que ela vai disputar a eleição com chances", diz Orrico.
A capital do Rio Grande do Sul vai enfrentar um contexto desafiador, marcado pela situação de calamidade devido às chuvas intensas que afetaram a região em maio. A cidade de Porto Alegre ainda enfrenta os impactos das enchentes, incluindo o fechamento do Aeroporto Salgado Filho - cuja reabertura está prevista para dezembro - como uma das mais graves consequências. Em todo o estado, as mortes chegaram a 180 e mais de meio milhão de pessoas ficaram desabrigadas.
Pesquisa espontânea em POA
Na pesquisa espontânea, quando o entrevistado afirma a preferência eleitoral por conta própria, sem sugestões do instituto, Melo lidera com 32,7%, enquanto Maria do Rosário aparece com 21,7%. Os demais candidatos não passam de 2% nesse levantamento.
Melo lidera na simulação de segundo turno
Apesar de aparecer com uma leve desvantagem em todos os cenários do primeiro turno, o atual prefeito de POA tem vantagem nas simulações de segundo turno. Melo aparece com 47,2% contra 39,5% da Maria do Rosário, sua principal concorrente neste momento da disputa eleitoral. O chefe do executivo portoalegrense também vence Juliana Brizona, Any Ortiz e Dr. Thiago Duarte.
Rosário aparece em empatada tecnicamente com Brizola em uma simulação de segundo turno, e venceria Ortiz com 40,7% contra 35,1% da pré-candidata do Cidadania.
A pesquisa Futura/100% Cidades foi registrada no TSE como RS-04997/2024 e ouviu 800 pessoas entre os dias 17 e 21 de junho, usando a abordagem CATI (entrevista telefônica assistida por computador). A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para um nível de confiança de 95%.
Enchentes no RS
Quando vai ser a eleição para prefeito?
As eleições municipais de 2024 vão acontecer no dia 6 de outubro de 2024, o primeiro domingo do mês. Já o segundo turno, se houver, deve acontecer no último domingo do mês, dia 27 de outubro, nas cidades com mais de 200.000 eleitores em que a candidata ou candidato mais votado à prefeitura não tenha atingido a maioria absoluta, isto é, metade mais um dos votos válidos (excluídos brancos e nulos).
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POR QUE O BRASIL É O SEGUNDO PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE NOVOS CASOS DE HANSENÍASE
MARCO ZERO CONTEÚDO/26/01/2024- https://marcozero.org/por-que-o-brasil-e-o-segundo-pais-com-maior-numero-de-novos-casos-de-hanseniase/
Por Fabiana Coelho
Vinte e seis de janeiro é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hanseníase. As estatísticas mais recentes registram mais de 200 mil casos novos da doença no mundo. Quase 30 mil deles estão no Brasil, que ocupa a vice-liderança mundial – atrás apenas da Índia. Neste Janeiro Roxo, mês em que a população deveria ser convocada a discutir a hanseníase, é o caso de questionar como uma doença, que tem cura e não se transmite facilmente, pode continuar existindo por mais de 3.500 anos?
Para quem atua na área, três pontos merecem ser destacados: as falhas nos diagnósticos; a negligência com alguns sintomas e as políticas públicas insuficientes de prevenção e tratamento.
O caso de Maurineia Vasconcelos é emblemático. Ela tem hanseníase há 23 anos. Quando obteve o diagnóstico, a doença já estava avançada. Não havia manchas no corpo, apenas dores. Os médicos falavam em reumatismo ou febre reumática. Foram quase dois anos de peregrinação pelos postos de saúde.
Maria (nome fictício) passou mais de 20 anos buscando a causa para suas dores. Recebeu diagnósticos de fibromialgia, Síndrome do Túnel do Tarso, polineuropatia, a lista é longa.
Ambas carregam no corpo as consequências destes diagnósticos tardios: Maurineia tem as “mãos em garra”, um nervo dos braços comprometido e metade da perna esquerda amputada; Maria tem pés e mãos deformados. “A hanseníase tem cura mas, se não tratada logo, as sequelas são permanentes, a exemplo de poblemas vasculares, feridas crônicas e nervos destruídos. Tudo isso pode causar cegueira, amputações e muitos outros problemas”, afirma Pollyane Medeiros, do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan), em Jaboatão.
Foi o que aconteceu com Maurineia. Com uma ferida crônica, que não foi tratada adequadamente, ela precisou amputar metade da perna esquerda em 2020. “Isso acontece com muitas pessoas e é uma de nossas lutas: que as pessoas com sequelas possam ter acesso a um acompanhamento digno, com salas de curativo e mais facilidade na assistência”, diz Pollyane.
SINTOMAS NEGLIGENCIADOS
Para Alexandre Menezes, diretor da organização não governamental Fundação NHR Brasil, pouquíssimos médicos estão capacitados para diagnosticar a doença. “Fala-se da hanseníase como uma doença dermatológica e a maioria dos especialistas da área são dermatologistas, mas trata-se de uma doença dos nervos. Geralmente as lesões na pele só surgem quando ela já está adiantada. Os sintomas neurais são negligenciados”, explica.
Andrea Maia é médica vascular e hansenóloga. Trabalha nessa área há 14 anos, no Serviço de Referência Municipal de Petrolina. Para ela, a própria OMS (Organização Mundial de Saúde) tem responsabilidade na negligência aos sintomas neurais quando define os casos da doença conforme o número de lesões na pele. “A bactéria parasita células que ficam dentro dos nervos periféricos ou em pequenos nervinhos da pele. Os profissionais de saúde não aprendem sobre o acometimento neural na faculdade. Como tentar acabar com uma doença neurológica se temos que esperar que ela apareça na pele?”, questiona.
Uma das pacientes de Andrea, que prefere não se identificar, descobriu a hanseníase por acaso. Com uma espécie de cansaço permanente nas pernas, procurou uma médica vascular para tratar o que ela acreditava ser um problema de circulação. Ao apalpar os nervos da paciente, Andrea percebeu um espessamento. Os sintomas eram discretos mas, com as observações clínicas e um exame PCR, a especialista conseguiu confirmar o diagnóstico.
A maioria dos exames disponíveis hoje podem apenas sugerir a doença. A baciloscopia só é positiva quando o paciente já apresenta muitos bacilos espalhados pela pele. A dosagem de anticorpos pode servir para acompanhamento, mas a presença de anticorpos apenas indica que o paciente está exposto à doença, e não que tenha a presença da bactéria. O PCR permite detectar a infecção e investigar o DNA do microorganismo.
No caso dos sintomas neurais, também é possível observar o espessamento e alterações dos nervos a partir de instrumentos como a ultrassonografia e a eletroneuromiografia. “Mas a ultrassom de nervos periféricos e a eletroneuromiografia não estão disponíveis na maioria das cidades. E o PCR, por enquanto, só é realizado em centros de pesquisa. Não está disponível comercialmente e nem pelo SUS”, afirma Andrea.
Para o diagnóstico, os médicos precisam levar em conta diversos fatores, incluindo o histórico do paciente. Segundo Andrea, área de pele aparentemente normal, mas com anestesia, já fecha o diagnóstico. É importante avaliar a sensibilidade e a força muscular dos olhos, mãos e pés. “Outro achado comum, mas desconhecido pela maioria das pessoas e profissionais de a saúde, é a presença de áreas sem pelo nas pernas de homens”, relata a médica.
FALTA PREVENÇÃO
Apesar de não ser uma doença cuja transmissão esteja relacionada à questões de saneamento básico ou higiene, a hanseníase afeta sobretudo as classes sociais mais baixas. “A qualidade da nutrição é um dos fatores que contribui para isso. Trata-se de uma doença que afeta de forma diferente as pessoas conforme o grau de imunidade. E uma alimentação inadequada diminui a imunidade”, explica Andrea.
Para Alexandre Menezes, questões como moradia e assistência à saúde também contribuem para que a doenca se torne uma doença que atinge sobretudo os mais pobres. “A hanseníase não se transmite facilmente, como uma covid ou uma gripe. É preciso haver um contato prolongado. Nas áreas mais pobres é comum mais de dez pessoas dividirem um único quarto. Ambientes pequenos, mal ventilados e com grande concentração de pessoas”, explica.
A recomendação da OMS e do Ministério da Saúde é que, nos casos de hanseníase, seja feita a investigação dos contatos, ou seja, que as pessoas próximas sejam acompanhadas clinicamente. Mas, os vários grupos que atuam no enfrentamento à doença são unânimes em afirmar que esse acompanhamento é falho e, quando acontece, restringe-se aos contatos domiciliares.
Entre outras iniciativas, a NHR Brasil tem se dedicado a uma pesquisa clínica de medicação preventiva para contatos próximos de pacientes com hanseníase. Os testes estão sendo feitos com famílias de Fortaleza e Sobral (Ceará), e também por filiais da organização na Índia e Indonésia. A pesquisa envolve estudos, mapeamento de casos e administração dos medicamentos. A expectativa é que seja concluída em 2026.
JUNTOS CONTRA O PRECONCEITO
Mesmo sendo uma doença que tem cura e de difícil transmissão, o estigma ainda pesa contra os que têm hanseníase. Recentemente, Pollyane Medeiros, do Morhan, testemunhou um episódio de preconceito que de um profissional de saúde em uma clínica de fisioterapia. “Ao ter acesso ao laudo de uma pessoa com sequelas, que já tinha cumprido tratamento, ele chegou a afirmar, na frente de todos, que a hanseníase não tinha cura, revelando sua ignorância sobre a doença e expondo a pessoa à discriminação e preconceito”.
Falta de informações e uma cultura milenar, atrelada a conceitos bíblicos e religiosos, contribuem para isso. Uma das entrevistadas que não quis se identificar relata: “Deixei de ser convidada para alguns eventos quando falei a colegas sobre minha doença”.
Organizações como a NHR Brasil e a Morhan, e diversos grupos de autocuidado, contribuem para que pessoas com hanseníase lidem de forma coletiva com a doença. Premiada no ano passado durante o Fórum Social Brasileiro de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, Maurineia Vasconcelos coordena o Grupo Saúde, que reúne pacientes da policlínica municipal Clementino Fraga, no Vasco da Gama. Atividades de empoderamento, oficinas de empreendedorismo, troca de experiências, apoio e assistência, festividades e eventos ajudam os participantes a lidar com a doença e com o preconceito.
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase existe há 42 anos. Crédito: Acervo pessoal
CONTROVÉRSIAS NO TRATAMENTO
A hanseníase tem cura, mas ainda há controvérsias quanto à forma de administração dos medicamentos. A médica Andrea Maia, por exemplo, é contra a padronização nos prazos de duração do tratamento. “Passado o período de seis meses ou um ano, sugerido pela OMS, é preciso haver um acompanhamento cuidadoso. Tenho observado casos em que algumas bactérias resistem”, conta.
Glauco Lima teve hanseníase na década de 80. Teve erupções na pele e demorou até obter o diagnóstico. Na época, o processo de tratamento era mais longo e complexo. Seis anos depois, a doença se manifestou nos tendões.
Ele garante que foi infectado duas vezes. Mas, para Andrea, é possível que alguma bactéria tenha resistido e, com o tempo, voltou a se reproduzir no organismo. “Este é o objeto de minha tese de mestrado. Venho acompanhando casos em que, mesmo depois do período de tratamento, o material coletado e enviado para biópsia revela a presença de bactérias vivas. Acredito na importância de haver um acompanhamento dos pacientes para que os prazos para administração dos medicamentos seja adequado a cada situação”, diz.
O fato é que, embora seja uma doença milenar, ainda há um longo caminho a percorrer até zerar a transmissão da doença, meta antiga para quem atua na Saúde Pública. Para isso, há que reforçar os estudos e informações sobre a doença; melhorar as políticas de prevenção e tratamento; dar atenção aos sintomas invisíveis e neurais; e agir contra a desinformação e preconceito.
Serviço:
Fique atento aos sintomas: não apenas manchas ou falta de sensibilidade na pele. Dormência ou formigamento em mãos ou pés, câimbras constantes, dores no corpo, fraqueza ou cansaço muscular. Tudo isso também pode ser um sinal de Hanseníase. O tratamento da doença é feito apenas pela rede pública. Se você tem alguns destes sintomas e é atendido na rede particular, pode convencer seu médico a fazer uma investigação mais aprofundada antes de procurar o posto de saúde de seu bairro.
• A NHR Brasil é filial da NLR, uma organização holandesa que atua há 50 anos no enfrentamento à Hanseníase no mundo. A sede fica no Ceará, mas ela tem atuação em todo o país. Você pode entrar em contato pelo e-mail nhr@nhrbrasil.org.br ou acompanhar a instituição pelo site ou no Instagram @nhrbrasil
• O Morhan tem 42 anos de atuação em todo Brasil. Em Pernambuco, possui núcleos no Recife, Jaboatão e Vitória de Santo Antão. Você pode se informar pelo site ou acompanhar pelo Instagram @morhanjaboataope e @morhanrecife
• Grupos de autocuidado: existem cinco grupos de autocuidado ativos em pernambuco: um no sistema prisional; um na policlínica Clementino Fraga; dois no hospital Otávio de Freitas; e um na policlínica municipal Lessa de Andrade, na Madalena.
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FRUSTRADA TENTATIVA DE GOLPE NA BOLÍVIA
Coluna Paulo Timm – Publicada em A FOLHA, Torres RS – 28 junho 2024
A Bolívia revive um pesadelo recorrente:Tentativa de golpe militar, entretanto, com tanques cercando Palácio de Governo que, felizmente, naufragou. O Presidente Luis Arce não se intimidou diante da soldadesca. Chamou o povo para as ruas e desceu as escadarias para enfrentar os golpistas. Passou uma descompostura no Chefe do Exército, Juan Zúñiga, na frente do assessores, dos soldados rasos e oficiais seguidores e o prendeu em praça pública. A União Europeia, a Organização dos Estados Americanos e o governo brasileiro repudiaram imediatamente a tentativa de golpe militar. Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, propondo uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A reunião, marcada para esta quinta-feira (27), visou emitir uma declaração conjunta dos países da região condenando a tentativa de ruptura democrática na Bolívia.
O Presidente Biden, depois de algum tempo, tempo a condenou. Tendo percebido, aliás, sinais de sabotagem dos Estados Unidos à sua gestão, sobretudo diante da questão do lítio, abundante no país, Arce convocou representante da Casa Branca em La Paz dias antes da tentativa de golpe. Convocando a encarregada de negócios americana, Debra Havia, para uma reunião a portas fechadas. Parece que resultou.
Milei, Presidente Argentino, calou-se. No fundo, torceu pelo sucesso do golpe. No Brasil, o deputado federal Ricardo Salles, bolsonarista de carteirinha, ex Sinistro do Meio Ambiente notabilizado pelo estímulo ao estouro da boiada na Amazônia , até regozijou-se com o golpe. Agora, certamente, terá que se explicar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados...
Afinal, as tropas recuaram, o que sinalizou o fracasso do movimento antidemocrático.
A Bolívia conheceu inúmeros golpes na sua vida republicana. Ganhou alguma tranquilidade e prosperidade depois da vitória de um líder indígena: Evo Morales. Justifica-se: Grande parte da população boliviana é indígena ou mantém estreitos laços com as comunidades indígenas. Nada mais justo do que um de seus líderes governe o país. Quando saiu do Governo, acossado pela direita, houve nova tentativa de golpe, felizmente contigo. Agora, tendo a frente do Governo um de seus seguidores, o golpismo ressurge no país Andino.
Um dos problemas da Bolívia é sua divisão entre o altiplano, majoritariamente indígena e a planície que se estende em torno de Santa Cruz de la Sierra, vizinha ao Brasil, mais ocidentalizada. Por várias vezes, esta região já tentou se separar do altiplano, sem êxito, mas continua sempre em ferrenha oposição à La Paz.
O ocorrido na Bolívia é uma advertência aos democratas latino-americanos. O ex Chanceler Celso Amorim alerta: - “Essa tentativa falhou, mas podem ocorrer outra.A Bolívia é um país que tem sido fracionado entre as forças populares. Tem que tomar muito cuidado". Celso Amorim destacou ainda a importância das relações entre Brasil e Bolívia, mencionando as compras de gás natural e a iminente adesão plena da Bolívia ao Mercosul. No entanto, ele fez uma ressalva: “tudo isso só funciona na democracia".
Aqui, a lembrança do velho ditado: Quem vê as barbas do vizinho arder, pôe as suas de molho... O nazi-fascismo não morreu com Hitler, em 1945. Virou um fantasma com novas roupagens, sempre à espreita do ressurgimento. Mas como dizia a velha UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL – UDN - , numa época em que abrigava um direita esclarecida e que se pretendia defensora da democracia:
“ O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Ó tempos! Bons tempos!
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A QUESTÃO DA MACONHA
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Decisão 'nobre', 'invasão de competência': veja como repercutiu a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
Lula disse que é 'nobre' diferenciar usuário de traficante; Pacheco disse considerar decisão 'invasão de competência' do legislativo. STF ainda precisa definir quantidade que diferencia usuário de traficante.
O que é mito e o que é verdade sobre maconha? Faça o QUIZ e veja infográfico sobre a droga - STF formou maioria para considerar que não há crime quando uma pessoa carrega consigo uma quantidade de maconha. Ministros vão agora definir parâmetros para separar usuário de traficante.
Porte de maconha para uso pessoal: entenda como fica a proposta em análise no Congresso após a decisão do STF - Tribunal decidiu que não é crime porte de maconha para consumo próprio e vai diferenciar usuário de traficante. Decisão não impede que Congresso analise proposta sobre o tema.
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Ao encerrarem, nesta quarta-feira (26), o julgamento sobre o porte de maconha para consumo próprio, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fixaram o parâmetro de 40 gramas ou seis plantas fêmeas para diferenciar usuários de maconha e traficantes da planta.
E é aí que começa uma outra parte da discussão. O que significam 40 gramas? É muito? É pouco?
Para Cristiano Maronna, doutor em Direito Penal pela USP e diretor da organização Justa, os ministros reconheceram a necessidade de fixar um parâmetro objetivo. Mas, na avaliação dele, essa não é a quantidade ideal para efeitos no sistema prisional.
É o que ele explica em entrevista ao podcast O Assunto desta quinta-feira (27).
"Eu entendo que um peso maior, uma quantidade maior, seria melhor para fins de impactos no sistema de Justiça criminal, sistema prisional. Mas, de qualquer modo, 40 gramas já é um parâmetro melhor do que existe hoje, em que há uma anomia."
"E vários ministros reconheceram isso. Daí a necessidade de fixação de parâmetros objetivos", complementa.
Ele também ressalta que a decisão é provisória e deve vigorar até que o Congresso ou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tratem da matéria.
Reproduzir vídeo40g de maconha é muito ou pouco?
Mais especificamente, Maronna lembra que a necessidade de fixar uma quantidade surgiu com mais força após o ministro Alexandre de Moraes, em agosto, fundamentar seu voto citando um estudo da Associação Brasileira de Jurimetria apontando a diferença de flagrantes para brancos e negros.
"Chegaram a conclusão de que pessoas negras flagradas com até 20 gramas de maconha são classificadas como traficantes, enquanto pessoas brancas flagradas com até 60 gramas de maconha são classificadas como usuárias", disse Maronna.
Os ministros não liberaram o uso de maconha nem legalizaram qualquer entorpecente. Outras condutas envolvendo a substância, que não o porte, podem ser configuradas como tráfico.
Por exemplo, se uma pessoa for flagrada com maconha, ainda que em quantidade inferior a 40 gramas, e haja elementos de que ela estava vendendo a droga, poderá ser presa e responder pelo crime de tráfico.
Ouça a íntegra do episódio.
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ASSANGE : Livre, porém culpado: entenda quem é Julian Assange e qual o acordo para sua liberdade
Liberdade para Assange, fundador do WikiLeaks, ocorre após 12 anos encarcerado por ter divulgado segredos de Estado dos EUA, como violações aos direitos humanos na Guerra do Iraque
Vanessa Martina-Silva - https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/livre-porem-culpado-entenda-quem-e-julian-assange-e-qual-o-acordo-para-sua-liberdade/?utm
• Quem é Julian Assange?
• Por que ele foi preso?
• Por que ele foi liberto?
• O que consta no acordo?
Julian Assange foi libertado após chegar a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. Ele se declarou culpado de um único crime grave, encerrando assim uma longa saga que envolveu vários continentes.
Quem é Julian Assange?
Assange nasceu em 1971 em Townsville, no estado australiano de Queensland. Começou a se interessar por computadores desde cedo e, no início dos anos 1990, já era considerado um dos hackers mais habilidosos da Austrália.
Em 2006, fundou o WikiLeaks, uma organização que publicava material vazado. Em 2010, Assange ganhou notoriedade mundial ao publicar uma série de vazamentos de Chelsea Manning, ex-soldado do exército estadunidense. Entre os arquivos, havia um vídeo de um ataque de helicópteros Apache das forças estadunidenses em Bagdá em 2007, no qual 11 pessoas foram mortas, incluindo dois jornalistas da agência Reuters.
O governo dos EUA iniciou uma investigação criminal e Manning foi finalmente condenada e presa pelos vazamentos, embora posteriormente sua pena tenha sido atenuada.
Em novembro de 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA.
Leia também | Esposa de Assange, sobre apoio de Lula: “É um líder global e pode mudar os rumos da história”
Em 2016, Assange voltou a ser notícia após o WikiLeaks publicar e-mails de operativos do Partido Democrata no período anterior às eleições presidenciais dos EUA. Segundo a Procuradoria dos EUA, os e-mails foram roubados pela inteligência russa e faziam parte de uma operação para interferir nas eleições a favor de Donald Trump.
Assange é aclamado por muitos em todo o mundo como um herói que revelou irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Protesto em Londres, em 26 de agosto de 2023, contra a prisão de Julian Assange e os processos de extradição dos EUA (Foto: Alisdare Hickson)
Por que ele foi preso?
Em 2010, foi emitida uma ordem de prisão contra Assange por duas acusações diferentes de abuso sexual na Suécia. Após um tribunal britânico decidir que ele poderia ser extraditado para a Suécia, Assange foi para a embaixada do Equador, onde foi concedido a ele asilo político pelo governo do então presidente Rafael Correa. Na época, se teve conhecimento de que ele temia que, uma vez extraditado para a Suécia, poderia ser extraditado para os Estados Unidos.
Ele permaneceu lá por quase sete anos, durante os quais suas relações com o governo equatoriano se tornaram cada vez mais hostis com a saída de Correa da presidência e a chegada de Lenin Moreno. Em 2019, o ministro das Relações Exteriores do país acusou Assange de comportamento inapropriado, o que incluía andar de patinete e jogar futebol dentro da embaixada, além de ameaçar funcionários da embaixada.
Em 2017, as autoridades suecas retiraram suas acusações contra Assange, mas sua ordem de prisão no Reino Unido por violar a fiança ainda estava em vigor. Em 2019, o Equador retirou o asilo e permitiu que a polícia britânica entrasse na embaixada para prendê-lo.
Após sair da embaixada, Assange foi detido em nome dos Estados Unidos, que haviam solicitado sua extradição. Os Estados Unidos queriam que ele respondesse a 18 delitos e o acusavam de incentivar e ajudar Manning a roubar arquivos militares. Se fosse condenado, poderia enfrentar uma pena de até 175 anos de prisão.
Por que ele foi liberto?
Nos últimos cinco anos, Assange ficou detido em uma prisão de segurança máxima no sul de Londres, onde teve a liberdade sob fiança negada por suposto risco de fuga. Durante todo esse tempo, sua família e simpatizantes afirmavam que sua saúde física e mental estava piorando.
Em 2021, um tribunal britânico disse que Assange poderia ser extraditado para os Estados Unidos, mas no início deste ano ele ganhou o direito de apelar desse veredicto.
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Em fevereiro, o Parlamento australiano aprovou uma moção pedindo aos governos dos EUA e do Reino Unido que permitissem que Assange retornasse ao seu país natal. Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que estava analisando um pedido da Austrália para retirar a acusação contra Assange.
A família de Assange — incluindo sua mãe — disse nessa terça-feira (25) que o fim de seu “calvário” se deve a uma “diplomacia tranquila”, enquanto seu pai agradeceu ao primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
O que consta no acordo?
Assange deve comparecer nesta quarta-feira (26) a um tribunal federal das Ilhas Marianas do Norte, uma comunidade dos EUA localizada no Pacífico ocidental, onde ele deve se declarar culpado de uma acusação prevista na Lei de Espionagem por conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações classificadas de defesa nacional. É esperado que o pedido de extradição seja retirado e que Assange não enfrente nenhuma outra acusação.
A audiência ocorre nas Ilhas Marianas do Norte devido à oposição de Assange de viajar para o território continental dos EUA e à proximidade do tribunal com a Austrália.
Leia também | Chomsky defende Assange: “Lei de Espionagem dos EUA não cabe em uma sociedade livre”
Os promotores concordaram com uma sentença de cinco anos, mas disseram que o tempo já cumprido em uma prisão britânica contará para isso. Isso significa que ele será libertado após a sentença.
A declaração de culpa ainda precisa ser aprovada por um juiz, e, neste caso, ele poderá retornar à Austrália após a sentença.
John Shipton, pai de Assange, declarou nesta terça (25) à mídia australiana que parece que “Julian poderá desfrutar de uma vida normal com sua família e sua esposa, Stella”.
* Este texto foi traduzido com o auxílio de Inteligência Artificial.
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Aumenta violência contra idosos no Brasil
Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Foram mais de 65 mil denúncias no primeiro semestre de 2023; segundo especialistas, as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar. Veja estados que tiveram maior crescimento.
Por Amanda Lüder, Fábio Santos, g1 SP e GloboNews
26/07/2023 11h55 Atualizado há 7 meses
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Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Um levantamento da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos aponta que houve um aumento de 38% nos casos de violência contra pessoas idosas no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram mais de 65 mil denúncias e o crescimento foi registrado em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal.
Veja os estados que tiveram alta mais significativa:
📍Tocantins + 155%
📍Amapá: +110%
📍Pernambuco: +90%
📍São Paulo: +44%
Segundo especialistas, os casos aumentaram, mas as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar.
"A gente precisa olhar com esses números com preocupação e, depois, pensar na política pública com certo otimismo. A preocupação é porque os casos aumentaram e o otimismo é que a gente tem a retomada do nosso 'Disque 100' e consequentemente as ações dessa gestão que estão sendo para explicar e educar quais são os tipos de violência que afetam mais as pessoas idosas", diz Alexandre da Silva, Secretário Nacional Dos Direitos da Pessoa Idosa.
Para a Marisa Acciolly, especialista em gerontologia pela SBGG e professora da USP, o crescimento indica que há um conhecimento maior por parte das pessoas idosas, no sentido de como procurar ajuda.
As violências mais denunciadas são a física, a patrimonial e a psicológica.
Idosa sofre etarismo ao tentar financiamento imobiliário
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Idosa diz que sofreu etarismo ao tentar financiamento imobiliário: 'Muito desdém'
A aposentada Marly Gama, que mora em São Paulo, foi até uma agência bancária para buscar informações a respeito de um financiamento para uma casa própria. No entanto, ao solicitar ao atendente, ele a atendeu com desrespeito e etarismo, algo que é mais comum do que parece.
"Eu fui pedir informações, e disse que eu era aposentada. E o atendente me olhou com muito desdém e disse: 'Quantos anos mesmo que a senhora tem?'. Eu me identifiquei que tinha 67 anos. E: 'Ah, mas com essa idade não precisa'. Esse problema de 'essa idade' a gente ouve quase que diariamente em várias situações", lamentou.
A idosa revelou que motoristas e cobradores de ônibus também fazem comentários etaristas, reclamando que pessoas velhas estejam andando nos coletivos.
"Na eleição do ano passado eu resolvi ir (votar). E ouvi: 'Esses velhos não têm o que fazer, e vão votar'. Por que isso?', indagou.
Saiba como denunciar
Qualquer tipo de violação contra idosos podem ser denunciados pelo disque 100, que funciona por qualquer tipo de aparelho telefônico. É possível, também, registrar a denúncia pelo site do Ministério dos Direitos Humanos, ou pelo aplicativo de celular. As denúncias podem ser feitas de forma anônima.
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Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
20-06-2024
Brasileiro é conservador, não fanático religioso ou político
Maria Cristina Fernandes - Eleitor é conservador, não fundamentalista
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina... Valor Eco.
Eleitor é punitivista, não aceita ser garfado em direitos nem se engana sobre a vítima de estupro
Foram duas derrotas consecutivas, num prazo de duas semanas, impostas pela sociedade, nas redes sociais e nas ruas, à extrema-direita: a proposta de emenda constitucional que prevê a venda de terrenos de marinha, chamada de “pec das praias”, e o projeto que criminaliza a prática do aborto, nos casos já previstos em lei (estupro, risco de vida da mulher e má-formação do feto), acima de 22 semanas.
Os governistas puseram o pescoço para fora depois que a derrota, em ambos os casos, já estava consolidada. Calejados pela derrubada do veto presidencial à proibição da saída temporária dos presos por razão familiar, as chamadas “saidinhas”, fruto de um cochilo em relação ao consenso punitivista vigente, deixaram de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema-direita fundamentalista.
Na PEC das praias e no PL do aborto o que aconteceu foi mais uma derrota da aliança entre o bolsonarismo e o centrão do que uma vitória do governo. No primeiro caso, a PEC já havia passado discretamente pela Câmara na legislatura passada, já sob a batuta do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e buscava uma via ligeira para ser referendada pelo Senado quando foi atravessada pelo ativismo digital de organizações não-governamentais de ambientalistas que contaminou as redes antes que a atriz Luana Piovani se engalfinhasse com o jogador Neymar Jr. e o assunto contaminasse as redes sociais.
No segundo caso, o acordo de gaveta entre o autor do projeto e Lira, acabou sendo confirmado por Sóstenes Cavalcante. O deputado do PL do Rio disse que, obtida a urgência, poderia votá-lo até o “último dia do mandato” do presidente da Câmara. A existência do acordo ficou patente quando o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo principal aliado de Lira no PT, lavou as mãos em relação ao projeto.
Foi só com as primeiras pesquisas sobre a surra do PL nas redes sociais e as manifestações de rua que a primeira-dama, Janja da Silva, sempre muito vigiada em seus posicionamentos sobre costumes, veio ao X, ex-Twitter, se manifestar, sendo seguida por uma miríade de ministros (Alexandre Padilha, Marina Silva, Silvio Almeida, Cida Gonçalves e Anielle Franco) e pelo próprio marido. De Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “insanidade” a tentativa de se imputar uma pena para as mulheres equivalente ao dobro daquela do estuprador.
Nenhum deles apareceu com sacadas melhores do que aquelas que pautaram a mobilização nas redes e nas ruas. Todos ficaram a reboque da campanha “criança não é mãe, estuprador não é pai”, que começou espontânea, puxada por grupos feministas e entidades de direitos humanos, e acabou impulsionada pela massificação de notícias dando conta de pastores evangélicos estupradores. A guerrilha digital recuperou um vídeo do médico Drauzio Varella, de 2014, por ocasião de uma primeira tentativa da bancada evangélica no tema, em que ele dizia que se estaria autorizando os homens a escolher em que mulheres desejavam fazer filhos.
No acompanhamento sistemático de grupos qualitativos de pesquisa, Esther Solano, socióloga e professora da Unifesp, constata que os governistas se limitam a ser reativos na pauta moral pela incapacidade de entender os paradoxos e sofisticações de uma sociedade que cultiva valores conservadores (veto às saidinhas) mas não aceita ser garfada em seus direitos (PEC das praias) nem enganada sobre quem é a vítima de um caso de estupro (PL do aborto).
A despeito das duas últimas derrotas, Solano aposta que o recuo da extrema-direita é tático. A grotesca encenação sobre assistolia fetal, método usado para a interrupção da gravidez acima de 22 semanas, no Senado na manhã desta segunda-feira é um exemplo. Já estava marcada quando o embate na Câmara se deu, mas não foi desmarcado nem amenizado e teria irritado o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O avanço da extrema direita fundamentalista nos conselhos tutelares estendeu o tapete vermelho para a entrada desta pauta nas eleições municipais, especialmente em São Paulo. A campanha do prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes poderá se valer do tema aquecido na opinião pública para confrontar o pré-candidato do Psol, Guilherme Boulos, que é favorável ao aborto para além dos casos previstos em lei, contrariamente à pré-candidata do PSB, Tabata Amaral.
Em maio, reportagem da revista digital “Pública” deu conta da ofensiva de Nunes contra o serviço de aborto legal do hospital municipal de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade. Funcionava ali o serviço com o maior número de casos da cidade de interrupção acima de 22 semanas, mas foi fechado pela prefeitura e seus médicos, perseguidos por uma aliança entre o Conselho Regional de Medicina e a prefeitura.
Cochilo do governo em relação ao consenso punitivista vigente, o privou de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema direita fundamentalista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 19 junho 24
O DIA DO QUÍMICO NO BRASIL –
Ontem celebrou-se, no Brasil, o Dia do Químico, data em que, no ano de 1956, foi regulamentada sua profissão que hoje abrange cerca de 50 denominações diferenciadas, todas contribuindo decisivamente para o desenvolvimento tecnológico do país: Técnicos em Química, Bacharéis/Licenciados em Química, Químicos Industriais ou Tecnólogos equivalentes, Engenheiros Químicos e suas especializações. A indústria química, através da química fina e petroquímica, foi o último setor a ser montado no Brasil, no sendeiro doi modelo de substituição de importações que impulsionou o desenvolvimento do país no século XX, durante o Governo Geisel, década de 1970.
“O dia do Químico serve para relembrar todas as conquistas que essa classe obteve com a Lei Mater e, principalmente, homenagear o trabalho árduo — e muitas vezes anônimo — que esses profissionais desempenham. Graças a eles, há um constante desenvolvimento técnico-científico e industrial do nosso país, pois esses profissionais adequam a Química à solução de problemas tecnológicos e impulsionam os centros de pesquisas químicas e universitárias do Brasil.
Isso torna evidente também o papel do Químico no bem-estar da sociedade, pois ele propicia que produtos, tais como medicamentos, alimentos e produtos de higiene e limpeza, sejam fabricados com uma melhor qualidade tanto para a saúde do consumidor e de quem os produz quanto para minimizar ao máximo os impactos ambientais. Desse modo, pode ser desfeito o preconceito que muitos desenvolveram sobre a Química e que dissemina a ideia de que essa ciência só traz malefícios para o meio ambiente e para nossas vidas.
Assim, gostaríamos de aproveitar essa oportunidade para agradecer aos profissionais da Química por seu importante trabalho! Parabéns a todos os Químicos do Brasil! Além do mais, que tal aproveitar essa data para conhecer de perto alguns dos cientistas que contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento da Química? Confira nossa seção exclusiva sobre os grandes Químicos da História neste link: Grandes Cientistas da Química.” –(Jennifer Fogaça
Graduada em Química)
Dentre os baluartes da Química no mundo, num contraponto científica do Iluminismo que marcou época na França do século XVIII, releva o papel de Antonio Lavoisier, célebre por suas pesquisas e pela sua frase: “Na natureza nada se perde, tudo se transforma”.
Anexo
Antoine Lavoisier - Antoine Lavoisier (Químico)1743-1794
Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)
Talvez uma das sentenças mais comentadas no mundo da química seja a célebre frase “Na Natureza, nada se perde e nada se cria, tudo se transforma.” Escrita de modo poético, essa frase aborda um dos princípios de edificação da química moderna: a lei de conservação de massa. De acordo com a mesma, o que mais tarde viria a ser aplicado analogamente à energia, a matéria está sujeita a constantes transformações, mas jamais à destruição ou criação. Ou, em uma linguagem mais técnica, a massa dos reagentes é sempre igual à dos produtos, em uma transformação de qualquer natureza.
O primeiro cientista a anunciar esse princípio foi Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), considerado hoje o grande precursor da química moderna. Lavoisier era proveniente de uma importante e abastada família francesa, herança que o proporcionou a estrutura necessária para a realização de suas pesquisas. “Ao jovem Antoine Laurent Lavoisier cabe o mérito da introdução do novo método na experimentação química. Gênio versátil, filho de rica família, Lavoisier cedo ficaria órfão de mãe. O pai e a tia, que o educaram, preferiam que ele estudasse Direito, e o encaminharam ao Colégio Mazzarino. Ao passar para a universidade, o interesse pela ciência prevaleceu. Era o começo de uma revolução dos métodos científicos”1.
Lavoisier ficou amplamente conhecido por suas contribuições na conservação da matéria e por sua refutação à teoria flogística da combustão, predominante na época. Isso fora possível por meio de seus trabalhos, e posterior descoberta, e nomenclatura, do elemento oxigênio. Além disso, descobrira a composição química da água, formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Dessa forma, acabaria também refutando a teoria de Tales de Mileto, a qual afirmava que a água era um dos quatro elementos dos quais todas as demais substâncias derivariam.
Na verdade, atribui-se a descoberta do oxigênio a Lavoisier, entretanto, o elemento químico fora realmente identificado por Lavoisier, mas o gás oxigênio foi apenas melhor compreendido em relação às suas propriedades físicas e químicas, o que viria a conformar a dependência desse gás nos processos da combustão e da calcinação.
Lavoisier também participou efetivamente de trabalhos que viriam a compreender melhor outros elementos químicos, como o nitrogênio. O nome nitrogênio significa “...azoto, e quer dizer ‘sem vida’. Este nome, sugerido por Lavoisier, designava um novo elemento, até então conhecido como ‘ar mefítico’. O ar mefítico havia sido descoberto em 1722, quando Priestley, queimando corpos em vasos fechados, verificou que, exaurido o oxigênio do ar, restava ainda um gás inerte junto ao gás carbônico. O gás recém descoberto não ativava a combustão e não podia ser respirado; era, portanto, alheio à vida”1.
Lavoisier acabará se envolvendo na coleta de impostos francesa, o que o levaria à morte em praça pública na guilhotina, durante a Revolução Francesa, fazendo-o interromper alguns trabalhos na área de fisiologia, envolvendo a respiração e a transpiração.
Referências:
1. http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/lavoisie.htm
FELTRE, Ricardo; Fundamentos da Química, vol. Único, Ed. Moderna, São Paulo/SP – 1990.
RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do Brasil, Makron Books, 1994.
Editorial Cultural FM Torres RS – 18 junho
ENCHENTE/PORTO ALEGRE
Holandeses vieram, viram e confirmam: O Sistema Contra Cheias de Porto Alegre é bom. Ruim é a gestão!
Publicado em junho 17, 2024 por LUIZ MÜLLERDeixe um comentário
Foi preciso que Técnicos da Holanda, que tem 70% do território abaixo do nível do mar e tem experiência de Sistema de Proteção contra Cheias desde o Século 17, viessem a Porto Alegre confirmar o que Diferentes Grupos de Técnicos e Engenheiros da UFRGS , DEMAE e outros daqui já tinham dito:
O relatório preliminar da comitiva holandesa, com as sugestões, foi apresentado no dia 10/06 e deve ser entregue ao DMAE até o dia 30:
Entre as propostas consta: “a recuperação do sistema de proteção contra enchentes, a instituição de um sistema de monitoramento de níveis, vazões e ventos, e a criação de mecanismos para verificar a integridade dos componentes do sistema, como diques.”
Ou seja: O Sistema é bom. Precisa ser “recuperado”, por que pela falta de manutenção e de Geradores, Casas de Bombas deixaram de funcionar e comportas romperam com a força da água e outras acabaram sendo derrubadas pela Prefeitura, por que o Nível da água no Centro de Porto Alegre durante vários dias esteve mais alto do que no próprio Rio Guaíba. Absurdo? Não. Estava mais alta aqui dentro, por que além de não jogar mais o grande volume de chuvas pra dentro do Rio, as bombas não funcionando, elas acabaram sendo “porta de entrada” pra água do Rio que se somou a água da chuva que caia. Como morador do Centro eu mesmo vi, ainda no dia 3/05, a água invadindo as ruas pela casa de bombas.
Os holandeses também sugeriram o acompanhamento das previsões climáticas, a emissão de alertas para a população e a criação de um Sistema Integrado de Proteção contra Enchentes, envolvendo município, estado e governo federal.
Essas sugestões já haviam sido dadas pela UFRGS, através do IPH, salientando-se que as previsões baseadas nos modelos hidrológicos da cheia foram muito precisas e deveriam ter sido utilizadas pela prefeitura para balizar as ações de enfrentamento da crise.
Mas… A forma atabalhoada como a Prefeitura e o Prefeito trataram moradores das regiões atingidas, criando pânico, gerando confusão e pior, com o Prefeito tentando responsabilizar os moradores, acusando-os de morar onde não deveriam, deixou patente que pelo menos até aquele momento, a ciência sobre os temas sobre o Meio Ambiente não tinham espaço no Gabinete e nem na gestão da Prefeitura.
“Há muito o tema do Saneamento não é mais tratado apenas como “básico”, mas sim como “Saneamento Ambiental”, por que diz respeito não mais só encaminhar e tirar o esgoto da cidade, mas de criar as condições para que a Vida e a Saúde dos Cidadãos seja preservada”, diz o Ex Diretor do DEP, Engenheiro Vicente Rauber.
O DEP – Departamento Municipal de Esgotos Pluviais, que foi desativado por Sebastião Melo em 2019, na contramão inclusive do Novo Marco Legal do Saneamento, era o órgão responsável pela supervisão e manutenção do Sistema de Proteção contra as Cheias e como diz seu nome, pelo Esgoto Pluvial, aquele das aguas que inundaram o Centro Histórico mesmo antes da chegada da água do Rio pelas comportas rompidas. Aliás, as águas da chuva meses antes já tinham alagado uma parte do Mercado Público e região, quando nem enchente do Rio havia.
Com o Desmonte do DEP, as atribuições foram passadas ao DMAE. No entanto, apesar da Vital Função do DEP, nenhum recursos novo foi injetado no DMAE e nem Técnicos e Servidores a mais destacados para manter funções essenciais para a vida dos cidadãos.
E pra piorar, o Prefeito, na ânsia de Privatizar tudo que é público, queria privatizar também o DMAE e pior, com muito dinheiro em Caixa.
Por isto, mesmo com o DMAE tendo mais de R$ 400 milhões em Caixa, proibiu que a autarquia fizesse muitos investimentos necessários como estes no Sistema de Proteção as Cheias, por que quer entregar a empresa “com dinheiro em caixa”, como ele próprio chegou a dizer.
O que fica cada vez mais evidente, é que ou propositalmente falta uma gestão da Cidade voltada para o conjunto de seus cidadãos, ou se trata de incompetência.
Olhando para posturas do Prefeito, que extinguiu o DEP, defendia a Derrubada do Muro da Mauá junto com o Governador, para que privatizada a área do Porto, ali também pudessem ser construídos suntuosos prédios só acessíveis a poucos milionários, e também a pressa em aceitar uma parceria com a tal Alvarez & Marçal, já envolvida com bilionárias negociatas em New Orleans depois do furacão Katrina, eu diria que isto faz parte de um Projeto mesmo.
Imagina agora, como assustados cidadãos vão querer vender suas casas nas regiões atingidas, por que julgadas “desvalorizadas”.
Há notícias de que os poucos voos possíveis para Porto Alegre, via Canoas, tem trazido muitos representantes de mega incorporadoras nacionais e internacionais, que obviamente estão comprando tudo que dá de cidadãos temerosos de novas enchentes, que virão, se esta ‘gestão” continuar com quem e como esta.
Mas, o SISTEMA DE PROTEÇÃO AS CHEIAS FUNCIONA, MAS PRECISA DE SUPERVISÃO, MANUTENÇÃO E ATUALIZAÇÃO PERIÓDICA, como disseram dezenas de técnicos daqui e que foram CONFIRMADOS pelos Especialistas Holandeses.
“Considerando que a Cidade possui mais de 40% de sua área praticamente na mesma cota das águas do Guaíba em tempos normais, tem a necessidade de completar, aperfeiçoar e manter o seu Sistema de Drenagem Urbana, manter e aperfeiçoar permanentemente o seu Sistema de Proteção contra inundações, é necessário e urgente recriar uma estrutura de primeiro escalão, o DEP ou semelhante. As empresas de saneamento de água potável e esgotos, por absoluta emergência e por ter tarifa específica para estas atividades, como é o caso do DMAE, não tem e não terão qualquer prioridade para as atividades de drenagem urbana e proteção contra inundações” Recorte do Documento dos Técnicos e Ex Diretores do DEP que pode ser conferido na íntegra clicando no link a seguir:
maio-de-2024-manifestacao-e-medidas-emergenciais-inundacao-porto-alegre.-versao-15maio-noite-1Baixar
Editorial Cultural FM Torres RS – 17 junho
Sociedade cansada. Inteligência humana comprometida. Geração deprimida
Vivemos tempos de um grande paradoxo: A tecnologia diminui os esforços físicos e até mentais para o desempenho de tarefas laborais e domésticas. Não obstante, a sociedade se sente cada vez mais cansada, as pessoas deprimidas, jovens, sobretudo, desanimados quanto ao futuro. Fala-se na "geração deprimida" que engloba já duas gerações: a dos millennials (também chamados de geração Y) e a geração Z. A primeira se refere, aproximadamente, às pessoas nascidas entre 1981 e 1995 e a segunda, aos que chegaram ao mundo entre 1995 e 2010. Um historiador, no final do século XIX, Eric Hobsbawn, já chamava a atenção para o fato de que o grande otimismo do começo do século XX havia se esvaído no seu curso. Fechamos o 1900 perplexos diante do futuro, já não confiávamos piamente nem na Ciência, nem na Política: A Crise Ambiental, o declínio do homem público, as intensas migrações de países pobres e ameaçados por conflitos internos ameaçavam o horizonte. O advento das Redes Sociais de Comunicação no começo do século XX , com o mergulho da juventude nos artefatos eletrônicos, proclamado como uma nova Era de Democracia Digital, não reverteu este quadro. Pelo contrário, reveladas como instrumento de manipulação da opinião pública pelo direcionamento dos algoritmos por “Engenheiros do Caos”, temperou o desânimo com o ódio às instituições, não poupando sequer as Universidades, a Ciência e os saberes seculares. O resultado tem sido apontado por Filósofos e Cientistas: O mundo está não só piorando como em risco, sob a crença de que a Terra é plana. Miguel Nicollelis, cientista brasileiro consagrado, autor de inúmeros livros, dentre eles o último, tipo ficção, no qual revela que a facilitação tecnológica está interferindo na nossa capacidade intelectual. Jovens tristes escrevem casa vez menos e com número de vocábulos cada vez mais reduzido, têm dificuldade para fazer contas. Confiamos na Inteligência Artificial como a solução definitiva para os problemas da humanidade sem nos darmos conta de que ela nem é Inteligência, que um atributo plástico da vida biológica, regida analogicamente, nem Artificial, pois que criada pelo homem na falsa perspectiva de se converter em VERDADE ABSOLUTA. Bem disse Nietzche: “O iluminismo matou Deus, mas deixou seu cadáver insepulto”. Sobre este Seu nome agora colocam a Inteligência Artificial... Fixa Nicollelis a data de 2036, marca temporal de sua ficção, na qual espera não estar vivo para ver, como um vórtice fatal, capaz de nos reconduzir à escuridão.
E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE, tentando, aqui e ali, colocar esperadrapos na represa fendida da contemporaneidade, ora tentando regulamentar as Redes, ora tentando impedir o acesso de jovens até 14 anos aos celulares, ora, tentando impedir o último confronto entre as grandes potências mundiais. Meras tentativas, até necessárias, mas que talvez não impeçam o agravamento da grave crise existencial que nos abala.
Editorial Cultural FM Torres RS – 14 junho 24
O dia em que Milei dobrou, pelo voto de sua Vice Presidente, o Senado argentino
Ontem, foi aprovado pelo Senado da Argentina, embora desidratado, reduzido de 600 artigos para cerca de 200, a Lei ônibus que dá poderes especiais ao Presidente Milei para governar por decreto. Poderá, por um ano, implementar sua moto-serra aos direitos fundamentais dos trabalhadores hermanos sob a alegação de modernizar o capitalismo no país, ferindo de morte a soberania popular e nacional. Será uma tristeza. Do lado de fora do Senado, as forças de repressão, que sequer pouparam alguns parlamentares, intimidaram a manifestação de populares que clamavam para a rejeição do Projeto. Com isso, a Argentina ingressa num período de virtual autoritarismo, cujo desfecho poderá culminar num novo banho de sangue naquele país, já tão massacrado pela ditadura militar. A aprovação da LEI ONIBUS de Milei tem uma nítida similaridade com o A Lei de Concessão de Plenos Poderes de 1933 ou Lei habilitante de 1933 (em alemão: Ermächtigungsgesetz), , aprovada, também sob pressão, pelo Reichstag da Alemanha e assinada pelo Presidente Paul von Hindenburg em 23 de março de 1933 e que habilitava Adolf Hitler a assumir autoridade excessiva para se afirmar no poder e implementar seu projeto totalitário do III Reich. Era o começo do fim da República de Weimar e o início da barbárie nazi-fascista, acompanhada pelos tons marciais da música de Wagner e combate às manifestações estéticas contemporâneas. Um país amante da Filosofia e da Cultura, tal como a Argentina, que tem o orgulho de deter uma população com alto nível educacional, a melhor Universidade do continente e um patrimônio cultural exuberante na quantidade de museus e bibliotecas que pululam na sua paisagem urbana, sucumbia ao demagogo. Até Heidegger, Filósofo, se deixa arrastar pela retórica autoritária neste fragmento de carta enviada a seu irmão:
Caro Fritz, querido Liesl, queridos meninos, Gostaríamos de lhe desejar um feliz Natal. Provavelmente está nevando onde você está, inspirando a esperança de que o Natal mais uma vez revele sua verdadeira magia. Costumo pensar nos dias que antecederam o Natal em nossa pequena cidade, e desejo que a energia artística capte verdadeiramente o clima, o esplendor, a emoção e a expectativa deste tempo.[...] Parece que a Alemanha está finalmente despertando, entendendo e aproveitando seu destino. Espero que você leia o livro de Hitler; seus primeiros capítulos autobiográficos são fracos. Esse homem tem um instinto político notável e seguro, e ele o teve mesmo enquanto todos nós ainda estávamos em uma névoa, não há como negar isso. O movimento nacional-socialista em breve ganhará uma força totalmente diferente. Não se trata de mera política partidária - trata-se da redenção ou queda da Europa e da civilização ocidental. Qualquer um que não entenda merece ser esmagado pelo caos. Pensar nessas coisas não impede o espírito do Natal, mas marca nosso retorno ao caráter e à tarefa dos alemães, ou seja, ao local onde se origina esta bela celebração.”
SEM “ESPÍRITO DE NATAL”. HEIDEGGER SONHANDO COM HITLER. Carta de Heidegger ao irmão: “18 de dezembro de 1931.
Ainda naquele momento, Hitler se apresentava como um gentleman, usando fraque e cartola no ato público da aprovação do Ato de Habilitação e prometendo converter o Partido Nacional Socialista numa alternativa popular a serviço dos trabalhadores contra as elites, às quais logo associaria aos judeus. Até 1938, quando se reúne com líderes europeus em Munique, ludibriando Lord Chamberlain, ele vende uma imagem de estadista preocupado em manter a paz, sem pretensões belicosas e territoriais. Internamente, porém, asfixiava a oposição, inclusive liquidando o até mesmo braço mais popular do Partido que o havia conduzido ao Poder, a S.A. – Sturm Apteilung -, ou tropa de choque, substituindo-o pela S.S., vinculada ao Exército. Suas relações internacionais são elogiadas e saúda, inclusive, as delegações estrangeiras, presentes às Olimpíadas de Berlim em 1936. Tudo aparecia como se a Alemanha vivesse um momento de edificante reconstrução nacional, até que se iniciam as ocupações sucessivas sobre a Austria, Sudetos e Dantzig, em 1939, quando, ainda surpresas e despreparadas, Inglaterra e França lhe decretam guerra. Guerra que perdurará surda por mais de seis meses, dando tempo a Hitler para preparar a ocupação da França. Começava a II GUERRA MUNDIAL, deixando em seus rastro mais de 50 milhões de vítimas.
Ontem, enfim, assistimos à reedição do Ato de Habilitação de Hitler aqui ao lado...
Anexo
O dia em que Hitler matou a democracia alemã - 23 MARÇO 33 - Michael Marek -https://www.dw.com/pt-br/o-dia-em-que-hitler-matou-a-democracia-alem%C3%A3/a-480521
Em 23 de março de 1933, o Reichstag adotou a chamada Lei Plenipotenciária, que permitia ao regime nazista impor leis sem a aprovação prévia do Parlamento. Era o início da ditadura nazista.
https://p.dw.com/p/210L
ANÚNCIO
O movimento nazista de Adolf Hitler começara a ganhar importância na Alemanha a partir de 1930. Aproveitando-se da onda de descontentamento nacional e do enorme índice de desemprego, seu Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP), com tendências extremamente antidemocráticas e antissemitas, tornou-se em 1932 o mais forte no Reichstag (Parlamento alemão até 1945). Um ano mais tarde, Hitler assumiu a chefia de governo.
Havia esperanças de poder evitar a supremacia nazista porque, além dos membros do NSDAP, o gabinete de governo era formado por ministros sem partido e políticos de outros partidos de direita. Mas a máquina de propaganda chefiada pelo ministro Joseph Goebbels usou o episódio do incêndio do Reichstag, em fevereiro de 1933, atribuído aos comunistas, para justificar medidas violentas de perseguição a eles. Cinco mil oposicionistas foram presos, principalmente comunistas e social-democratas, e cancelada grande parte dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição de Weimar.
Deputados foram intimidados
No dia 23 de março de 1933, o próprio Hitler compareceu à sessão parlamentar, que havia sido cercado pelas tropas das forças paramilitares nazistas SS e SA, para intimidar os deputados. Era o dia da votação da sua Lei de Concessão de Plenos Poderes. Se os parlamentares não a aprovassem, ele ameaçou usar "outros métodos" para impor seu regime ditatorial. Os social-democratas foram os únicos que votaram contra.
Ele optou por submetê-la ao Reichstag para calar os críticos dentro e fora do país e dar a impressão de legalidade parlamentar. Hitler compareceu à sessão vestido com uma camisa marrom. Atrás dele, uma enorme suástica cobria a parede. A lei que instaurou a ditadura nazista, aprovada por todos os partidos conservadores, levava o nome oficial "lei para acabar com a miséria do povo e do Reich".
Ela proibia todos os partidos, exceto o nazista, os sindicatos foram desmantelados e a liberdade de imprensa extinta. O regime passou a perseguir e internar em campos de concentração as pessoas indesejadas. Os órgãos parlamentares foram dissolvidos ou destituídos. Quando o presidente, marechal Paul von Hindenburg, morreu em 1934, Hitler também ocupou seu cargo, assumindo o controle total sobre a Alemanha. Estava consolidada a ditadura nazista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 13 junho
MENSAGEM DAS FLORES
Ontem foi o DIA DOS NAMORADOS mas hoje é dia de SANTO ANTONIO, o casamenteiro. Poucos sabem o que dizem as flores. Bom lembrar .Antigamente era comum o uso das flores como mensagens de sentimentos. Hoje esta linguagem estáesquecida e quase ninguém sabe o real significado delas. Por isso é bom lembrar;
Amor Perfeito : “Penso apenas em Você”.
Azaléia-Rosa-Claro: “Estou feliz porque Você me ama”.
Begônia : “ Podemos ser amigos”.
Camélia: “Sinto-me orgulhoso com seu amor”.
Cravo: “Amo Você com ardor”.
Cravina: “Sou seu escravo”.
Crisântemo : “Não acredito mais em Você”.
Dente-de-leão: “Meu coração está cheio de alegria”.
Erva Cidreira: “ Tenha pena de fazer sofrer o meu amor”
Gardênia Branca: “Fugindo de mim Você me faz sofrer”.
Hortência: “Posso ter esperança?”
Jasmim: “ Imploro que Você me ame”.
Lírio: “ Meus sentimentos são puros”.
Madressilva: “ Apesar de tudo, amo Você.”
Mimosa: “Fique tranqüilo. Ninguém sabe de nosso amor”
Miosótis: “Não se esqueça de mim”.
Orquídea: “ O meu amor é puro”
Petúnia: “ Uma carta de amor foi interceptada”.
Rosa branca: “ Meu amor é triste”
Rosa vermelha: Meu amor é ardente.:
Violeta: “ Ninguém deve saber do nosso amor”.
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Editorial Cultural FM Torres RS –Cartas de amor.
Fernanda Montenegro – (autoria não confirmada)
O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.
Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem os Homens!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:
- Habitat
Homem não pode ser mantido em cativeiro.
Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro.
Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA.
Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.
- Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã os mantêm viçosos, felizes e realizados durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.
- Carinho
Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor.
Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.
- Respeite a natureza
Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros?
Case-se com uma Mulher.
Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.
- Não anule sua origem
O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apóie.
- Cérebro masculino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino.
Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurônios a menos!).
Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração.
Se você se cansou de colecionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade.
Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você.
Não fuja desses, aprenda com eles e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens.
Não faça sombra sobre ele...
Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás.
Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.
A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma.
E Minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!
Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom!
Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.
Com carinho, F. M.
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O VERDADEIRO AMOR, Danielle Mitterrand |
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POR QUE O BRASIL É O SEGUNDO PAÍS COM MAIOR NÚMERO DE NOVOS CASOS DE HANSENÍASE
MARCO ZERO CONTEÚDO/26/01/2024- https://marcozero.org/por-que-o-brasil-e-o-segundo-pais-com-maior-numero-de-novos-casos-de-hanseniase/
Por Fabiana Coelho
Vinte e seis de janeiro é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hanseníase. As estatísticas mais recentes registram mais de 200 mil casos novos da doença no mundo. Quase 30 mil deles estão no Brasil, que ocupa a vice-liderança mundial – atrás apenas da Índia. Neste Janeiro Roxo, mês em que a população deveria ser convocada a discutir a hanseníase, é o caso de questionar como uma doença, que tem cura e não se transmite facilmente, pode continuar existindo por mais de 3.500 anos?
Para quem atua na área, três pontos merecem ser destacados: as falhas nos diagnósticos; a negligência com alguns sintomas e as políticas públicas insuficientes de prevenção e tratamento.
O caso de Maurineia Vasconcelos é emblemático. Ela tem hanseníase há 23 anos. Quando obteve o diagnóstico, a doença já estava avançada. Não havia manchas no corpo, apenas dores. Os médicos falavam em reumatismo ou febre reumática. Foram quase dois anos de peregrinação pelos postos de saúde.
Maria (nome fictício) passou mais de 20 anos buscando a causa para suas dores. Recebeu diagnósticos de fibromialgia, Síndrome do Túnel do Tarso, polineuropatia, a lista é longa.
Ambas carregam no corpo as consequências destes diagnósticos tardios: Maurineia tem as “mãos em garra”, um nervo dos braços comprometido e metade da perna esquerda amputada; Maria tem pés e mãos deformados. “A hanseníase tem cura mas, se não tratada logo, as sequelas são permanentes, a exemplo de poblemas vasculares, feridas crônicas e nervos destruídos. Tudo isso pode causar cegueira, amputações e muitos outros problemas”, afirma Pollyane Medeiros, do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase (Morhan), em Jaboatão.
Foi o que aconteceu com Maurineia. Com uma ferida crônica, que não foi tratada adequadamente, ela precisou amputar metade da perna esquerda em 2020. “Isso acontece com muitas pessoas e é uma de nossas lutas: que as pessoas com sequelas possam ter acesso a um acompanhamento digno, com salas de curativo e mais facilidade na assistência”, diz Pollyane.
SINTOMAS NEGLIGENCIADOS
Para Alexandre Menezes, diretor da organização não governamental Fundação NHR Brasil, pouquíssimos médicos estão capacitados para diagnosticar a doença. “Fala-se da hanseníase como uma doença dermatológica e a maioria dos especialistas da área são dermatologistas, mas trata-se de uma doença dos nervos. Geralmente as lesões na pele só surgem quando ela já está adiantada. Os sintomas neurais são negligenciados”, explica.
Andrea Maia é médica vascular e hansenóloga. Trabalha nessa área há 14 anos, no Serviço de Referência Municipal de Petrolina. Para ela, a própria OMS (Organização Mundial de Saúde) tem responsabilidade na negligência aos sintomas neurais quando define os casos da doença conforme o número de lesões na pele. “A bactéria parasita células que ficam dentro dos nervos periféricos ou em pequenos nervinhos da pele. Os profissionais de saúde não aprendem sobre o acometimento neural na faculdade. Como tentar acabar com uma doença neurológica se temos que esperar que ela apareça na pele?”, questiona.
Uma das pacientes de Andrea, que prefere não se identificar, descobriu a hanseníase por acaso. Com uma espécie de cansaço permanente nas pernas, procurou uma médica vascular para tratar o que ela acreditava ser um problema de circulação. Ao apalpar os nervos da paciente, Andrea percebeu um espessamento. Os sintomas eram discretos mas, com as observações clínicas e um exame PCR, a especialista conseguiu confirmar o diagnóstico.
A maioria dos exames disponíveis hoje podem apenas sugerir a doença. A baciloscopia só é positiva quando o paciente já apresenta muitos bacilos espalhados pela pele. A dosagem de anticorpos pode servir para acompanhamento, mas a presença de anticorpos apenas indica que o paciente está exposto à doença, e não que tenha a presença da bactéria. O PCR permite detectar a infecção e investigar o DNA do microorganismo.
No caso dos sintomas neurais, também é possível observar o espessamento e alterações dos nervos a partir de instrumentos como a ultrassonografia e a eletroneuromiografia. “Mas a ultrassom de nervos periféricos e a eletroneuromiografia não estão disponíveis na maioria das cidades. E o PCR, por enquanto, só é realizado em centros de pesquisa. Não está disponível comercialmente e nem pelo SUS”, afirma Andrea.
Para o diagnóstico, os médicos precisam levar em conta diversos fatores, incluindo o histórico do paciente. Segundo Andrea, área de pele aparentemente normal, mas com anestesia, já fecha o diagnóstico. É importante avaliar a sensibilidade e a força muscular dos olhos, mãos e pés. “Outro achado comum, mas desconhecido pela maioria das pessoas e profissionais de a saúde, é a presença de áreas sem pelo nas pernas de homens”, relata a médica.
FALTA PREVENÇÃO
Apesar de não ser uma doença cuja transmissão esteja relacionada à questões de saneamento básico ou higiene, a hanseníase afeta sobretudo as classes sociais mais baixas. “A qualidade da nutrição é um dos fatores que contribui para isso. Trata-se de uma doença que afeta de forma diferente as pessoas conforme o grau de imunidade. E uma alimentação inadequada diminui a imunidade”, explica Andrea.
Para Alexandre Menezes, questões como moradia e assistência à saúde também contribuem para que a doenca se torne uma doença que atinge sobretudo os mais pobres. “A hanseníase não se transmite facilmente, como uma covid ou uma gripe. É preciso haver um contato prolongado. Nas áreas mais pobres é comum mais de dez pessoas dividirem um único quarto. Ambientes pequenos, mal ventilados e com grande concentração de pessoas”, explica.
A recomendação da OMS e do Ministério da Saúde é que, nos casos de hanseníase, seja feita a investigação dos contatos, ou seja, que as pessoas próximas sejam acompanhadas clinicamente. Mas, os vários grupos que atuam no enfrentamento à doença são unânimes em afirmar que esse acompanhamento é falho e, quando acontece, restringe-se aos contatos domiciliares.
Entre outras iniciativas, a NHR Brasil tem se dedicado a uma pesquisa clínica de medicação preventiva para contatos próximos de pacientes com hanseníase. Os testes estão sendo feitos com famílias de Fortaleza e Sobral (Ceará), e também por filiais da organização na Índia e Indonésia. A pesquisa envolve estudos, mapeamento de casos e administração dos medicamentos. A expectativa é que seja concluída em 2026.
JUNTOS CONTRA O PRECONCEITO
Mesmo sendo uma doença que tem cura e de difícil transmissão, o estigma ainda pesa contra os que têm hanseníase. Recentemente, Pollyane Medeiros, do Morhan, testemunhou um episódio de preconceito que de um profissional de saúde em uma clínica de fisioterapia. “Ao ter acesso ao laudo de uma pessoa com sequelas, que já tinha cumprido tratamento, ele chegou a afirmar, na frente de todos, que a hanseníase não tinha cura, revelando sua ignorância sobre a doença e expondo a pessoa à discriminação e preconceito”.
Falta de informações e uma cultura milenar, atrelada a conceitos bíblicos e religiosos, contribuem para isso. Uma das entrevistadas que não quis se identificar relata: “Deixei de ser convidada para alguns eventos quando falei a colegas sobre minha doença”.
Organizações como a NHR Brasil e a Morhan, e diversos grupos de autocuidado, contribuem para que pessoas com hanseníase lidem de forma coletiva com a doença. Premiada no ano passado durante o Fórum Social Brasileiro de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, Maurineia Vasconcelos coordena o Grupo Saúde, que reúne pacientes da policlínica municipal Clementino Fraga, no Vasco da Gama. Atividades de empoderamento, oficinas de empreendedorismo, troca de experiências, apoio e assistência, festividades e eventos ajudam os participantes a lidar com a doença e com o preconceito.
Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas Pela Hanseníase existe há 42 anos. Crédito: Acervo pessoal
CONTROVÉRSIAS NO TRATAMENTO
A hanseníase tem cura, mas ainda há controvérsias quanto à forma de administração dos medicamentos. A médica Andrea Maia, por exemplo, é contra a padronização nos prazos de duração do tratamento. “Passado o período de seis meses ou um ano, sugerido pela OMS, é preciso haver um acompanhamento cuidadoso. Tenho observado casos em que algumas bactérias resistem”, conta.
Glauco Lima teve hanseníase na década de 80. Teve erupções na pele e demorou até obter o diagnóstico. Na época, o processo de tratamento era mais longo e complexo. Seis anos depois, a doença se manifestou nos tendões.
Ele garante que foi infectado duas vezes. Mas, para Andrea, é possível que alguma bactéria tenha resistido e, com o tempo, voltou a se reproduzir no organismo. “Este é o objeto de minha tese de mestrado. Venho acompanhando casos em que, mesmo depois do período de tratamento, o material coletado e enviado para biópsia revela a presença de bactérias vivas. Acredito na importância de haver um acompanhamento dos pacientes para que os prazos para administração dos medicamentos seja adequado a cada situação”, diz.
O fato é que, embora seja uma doença milenar, ainda há um longo caminho a percorrer até zerar a transmissão da doença, meta antiga para quem atua na Saúde Pública. Para isso, há que reforçar os estudos e informações sobre a doença; melhorar as políticas de prevenção e tratamento; dar atenção aos sintomas invisíveis e neurais; e agir contra a desinformação e preconceito.
Serviço:
Fique atento aos sintomas: não apenas manchas ou falta de sensibilidade na pele. Dormência ou formigamento em mãos ou pés, câimbras constantes, dores no corpo, fraqueza ou cansaço muscular. Tudo isso também pode ser um sinal de Hanseníase. O tratamento da doença é feito apenas pela rede pública. Se você tem alguns destes sintomas e é atendido na rede particular, pode convencer seu médico a fazer uma investigação mais aprofundada antes de procurar o posto de saúde de seu bairro.
• A NHR Brasil é filial da NLR, uma organização holandesa que atua há 50 anos no enfrentamento à Hanseníase no mundo. A sede fica no Ceará, mas ela tem atuação em todo o país. Você pode entrar em contato pelo e-mail nhr@nhrbrasil.org.br ou acompanhar a instituição pelo site ou no Instagram @nhrbrasil
• O Morhan tem 42 anos de atuação em todo Brasil. Em Pernambuco, possui núcleos no Recife, Jaboatão e Vitória de Santo Antão. Você pode se informar pelo site ou acompanhar pelo Instagram @morhanjaboataope e @morhanrecife
• Grupos de autocuidado: existem cinco grupos de autocuidado ativos em pernambuco: um no sistema prisional; um na policlínica Clementino Fraga; dois no hospital Otávio de Freitas; e um na policlínica municipal Lessa de Andrade, na Madalena.
Marco Zero Conteúdo = É um coletivo de jornalismo investigativo que aposta em matérias aprofundadas, independentes e de interesse público.
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FRUSTRADA TENTATIVA DE GOLPE NA BOLÍVIA
Coluna Paulo Timm – Publicada em A FOLHA, Torres RS – 28 junho 2024
A Bolívia revive um pesadelo recorrente:Tentativa de golpe militar, entretanto, com tanques cercando Palácio de Governo que, felizmente, naufragou. O Presidente Luis Arce não se intimidou diante da soldadesca. Chamou o povo para as ruas e desceu as escadarias para enfrentar os golpistas. Passou uma descompostura no Chefe do Exército, Juan Zúñiga, na frente do assessores, dos soldados rasos e oficiais seguidores e o prendeu em praça pública. A União Europeia, a Organização dos Estados Americanos e o governo brasileiro repudiaram imediatamente a tentativa de golpe militar. Lula telefonou para a presidente de Honduras, Xiomara Castro, propondo uma reunião extraordinária da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). A reunião, marcada para esta quinta-feira (27), visou emitir uma declaração conjunta dos países da região condenando a tentativa de ruptura democrática na Bolívia.
O Presidente Biden, depois de algum tempo, tempo a condenou. Tendo percebido, aliás, sinais de sabotagem dos Estados Unidos à sua gestão, sobretudo diante da questão do lítio, abundante no país, Arce convocou representante da Casa Branca em La Paz dias antes da tentativa de golpe. Convocando a encarregada de negócios americana, Debra Havia, para uma reunião a portas fechadas. Parece que resultou.
Milei, Presidente Argentino, calou-se. No fundo, torceu pelo sucesso do golpe. No Brasil, o deputado federal Ricardo Salles, bolsonarista de carteirinha, ex Sinistro do Meio Ambiente notabilizado pelo estímulo ao estouro da boiada na Amazônia , até regozijou-se com o golpe. Agora, certamente, terá que se explicar ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados...
Afinal, as tropas recuaram, o que sinalizou o fracasso do movimento antidemocrático.
A Bolívia conheceu inúmeros golpes na sua vida republicana. Ganhou alguma tranquilidade e prosperidade depois da vitória de um líder indígena: Evo Morales. Justifica-se: Grande parte da população boliviana é indígena ou mantém estreitos laços com as comunidades indígenas. Nada mais justo do que um de seus líderes governe o país. Quando saiu do Governo, acossado pela direita, houve nova tentativa de golpe, felizmente contigo. Agora, tendo a frente do Governo um de seus seguidores, o golpismo ressurge no país Andino.
Um dos problemas da Bolívia é sua divisão entre o altiplano, majoritariamente indígena e a planície que se estende em torno de Santa Cruz de la Sierra, vizinha ao Brasil, mais ocidentalizada. Por várias vezes, esta região já tentou se separar do altiplano, sem êxito, mas continua sempre em ferrenha oposição à La Paz.
O ocorrido na Bolívia é uma advertência aos democratas latino-americanos. O ex Chanceler Celso Amorim alerta: - “Essa tentativa falhou, mas podem ocorrer outra.A Bolívia é um país que tem sido fracionado entre as forças populares. Tem que tomar muito cuidado". Celso Amorim destacou ainda a importância das relações entre Brasil e Bolívia, mencionando as compras de gás natural e a iminente adesão plena da Bolívia ao Mercosul. No entanto, ele fez uma ressalva: “tudo isso só funciona na democracia".
Aqui, a lembrança do velho ditado: Quem vê as barbas do vizinho arder, pôe as suas de molho... O nazi-fascismo não morreu com Hitler, em 1945. Virou um fantasma com novas roupagens, sempre à espreita do ressurgimento. Mas como dizia a velha UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL – UDN - , numa época em que abrigava um direita esclarecida e que se pretendia defensora da democracia:
“ O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Ó tempos! Bons tempos!
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A QUESTÃO DA MACONHA
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Decisão 'nobre', 'invasão de competência': veja como repercutiu a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal.
Lula disse que é 'nobre' diferenciar usuário de traficante; Pacheco disse considerar decisão 'invasão de competência' do legislativo. STF ainda precisa definir quantidade que diferencia usuário de traficante.
O que é mito e o que é verdade sobre maconha? Faça o QUIZ e veja infográfico sobre a droga - STF formou maioria para considerar que não há crime quando uma pessoa carrega consigo uma quantidade de maconha. Ministros vão agora definir parâmetros para separar usuário de traficante.
Porte de maconha para uso pessoal: entenda como fica a proposta em análise no Congresso após a decisão do STF - Tribunal decidiu que não é crime porte de maconha para consumo próprio e vai diferenciar usuário de traficante. Decisão não impede que Congresso analise proposta sobre o tema.
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Ao encerrarem, nesta quarta-feira (26), o julgamento sobre o porte de maconha para consumo próprio, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) fixaram o parâmetro de 40 gramas ou seis plantas fêmeas para diferenciar usuários de maconha e traficantes da planta.
E é aí que começa uma outra parte da discussão. O que significam 40 gramas? É muito? É pouco?
Para Cristiano Maronna, doutor em Direito Penal pela USP e diretor da organização Justa, os ministros reconheceram a necessidade de fixar um parâmetro objetivo. Mas, na avaliação dele, essa não é a quantidade ideal para efeitos no sistema prisional.
É o que ele explica em entrevista ao podcast O Assunto desta quinta-feira (27).
"Eu entendo que um peso maior, uma quantidade maior, seria melhor para fins de impactos no sistema de Justiça criminal, sistema prisional. Mas, de qualquer modo, 40 gramas já é um parâmetro melhor do que existe hoje, em que há uma anomia."
"E vários ministros reconheceram isso. Daí a necessidade de fixação de parâmetros objetivos", complementa.
Ele também ressalta que a decisão é provisória e deve vigorar até que o Congresso ou o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) tratem da matéria.
Reproduzir vídeo40g de maconha é muito ou pouco?
Mais especificamente, Maronna lembra que a necessidade de fixar uma quantidade surgiu com mais força após o ministro Alexandre de Moraes, em agosto, fundamentar seu voto citando um estudo da Associação Brasileira de Jurimetria apontando a diferença de flagrantes para brancos e negros.
"Chegaram a conclusão de que pessoas negras flagradas com até 20 gramas de maconha são classificadas como traficantes, enquanto pessoas brancas flagradas com até 60 gramas de maconha são classificadas como usuárias", disse Maronna.
Os ministros não liberaram o uso de maconha nem legalizaram qualquer entorpecente. Outras condutas envolvendo a substância, que não o porte, podem ser configuradas como tráfico.
Por exemplo, se uma pessoa for flagrada com maconha, ainda que em quantidade inferior a 40 gramas, e haja elementos de que ela estava vendendo a droga, poderá ser presa e responder pelo crime de tráfico.
Ouça a íntegra do episódio.
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ASSANGE : Livre, porém culpado: entenda quem é Julian Assange e qual o acordo para sua liberdade
Liberdade para Assange, fundador do WikiLeaks, ocorre após 12 anos encarcerado por ter divulgado segredos de Estado dos EUA, como violações aos direitos humanos na Guerra do Iraque
Vanessa Martina-Silva - https://dialogosdosul.operamundi.uol.com.br/livre-porem-culpado-entenda-quem-e-julian-assange-e-qual-o-acordo-para-sua-liberdade/?utm
• Quem é Julian Assange?
• Por que ele foi preso?
• Por que ele foi liberto?
• O que consta no acordo?
Julian Assange foi libertado após chegar a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA. Ele se declarou culpado de um único crime grave, encerrando assim uma longa saga que envolveu vários continentes.
Quem é Julian Assange?
Assange nasceu em 1971 em Townsville, no estado australiano de Queensland. Começou a se interessar por computadores desde cedo e, no início dos anos 1990, já era considerado um dos hackers mais habilidosos da Austrália.
Em 2006, fundou o WikiLeaks, uma organização que publicava material vazado. Em 2010, Assange ganhou notoriedade mundial ao publicar uma série de vazamentos de Chelsea Manning, ex-soldado do exército estadunidense. Entre os arquivos, havia um vídeo de um ataque de helicópteros Apache das forças estadunidenses em Bagdá em 2007, no qual 11 pessoas foram mortas, incluindo dois jornalistas da agência Reuters.
O governo dos EUA iniciou uma investigação criminal e Manning foi finalmente condenada e presa pelos vazamentos, embora posteriormente sua pena tenha sido atenuada.
Em novembro de 2010, o WikiLeaks divulgou mais de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA.
Leia também | Esposa de Assange, sobre apoio de Lula: “É um líder global e pode mudar os rumos da história”
Em 2016, Assange voltou a ser notícia após o WikiLeaks publicar e-mails de operativos do Partido Democrata no período anterior às eleições presidenciais dos EUA. Segundo a Procuradoria dos EUA, os e-mails foram roubados pela inteligência russa e faziam parte de uma operação para interferir nas eleições a favor de Donald Trump.
Assange é aclamado por muitos em todo o mundo como um herói que revelou irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Protesto em Londres, em 26 de agosto de 2023, contra a prisão de Julian Assange e os processos de extradição dos EUA (Foto: Alisdare Hickson)
Por que ele foi preso?
Em 2010, foi emitida uma ordem de prisão contra Assange por duas acusações diferentes de abuso sexual na Suécia. Após um tribunal britânico decidir que ele poderia ser extraditado para a Suécia, Assange foi para a embaixada do Equador, onde foi concedido a ele asilo político pelo governo do então presidente Rafael Correa. Na época, se teve conhecimento de que ele temia que, uma vez extraditado para a Suécia, poderia ser extraditado para os Estados Unidos.
Ele permaneceu lá por quase sete anos, durante os quais suas relações com o governo equatoriano se tornaram cada vez mais hostis com a saída de Correa da presidência e a chegada de Lenin Moreno. Em 2019, o ministro das Relações Exteriores do país acusou Assange de comportamento inapropriado, o que incluía andar de patinete e jogar futebol dentro da embaixada, além de ameaçar funcionários da embaixada.
Em 2017, as autoridades suecas retiraram suas acusações contra Assange, mas sua ordem de prisão no Reino Unido por violar a fiança ainda estava em vigor. Em 2019, o Equador retirou o asilo e permitiu que a polícia britânica entrasse na embaixada para prendê-lo.
Após sair da embaixada, Assange foi detido em nome dos Estados Unidos, que haviam solicitado sua extradição. Os Estados Unidos queriam que ele respondesse a 18 delitos e o acusavam de incentivar e ajudar Manning a roubar arquivos militares. Se fosse condenado, poderia enfrentar uma pena de até 175 anos de prisão.
Por que ele foi liberto?
Nos últimos cinco anos, Assange ficou detido em uma prisão de segurança máxima no sul de Londres, onde teve a liberdade sob fiança negada por suposto risco de fuga. Durante todo esse tempo, sua família e simpatizantes afirmavam que sua saúde física e mental estava piorando.
Em 2021, um tribunal britânico disse que Assange poderia ser extraditado para os Estados Unidos, mas no início deste ano ele ganhou o direito de apelar desse veredicto.
Leia também | “Temos que continuar agindo, isso vai acabar bem”, diz líder pró-Assange na América Latina
Em fevereiro, o Parlamento australiano aprovou uma moção pedindo aos governos dos EUA e do Reino Unido que permitissem que Assange retornasse ao seu país natal. Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que estava analisando um pedido da Austrália para retirar a acusação contra Assange.
A família de Assange — incluindo sua mãe — disse nessa terça-feira (25) que o fim de seu “calvário” se deve a uma “diplomacia tranquila”, enquanto seu pai agradeceu ao primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese.
O que consta no acordo?
Assange deve comparecer nesta quarta-feira (26) a um tribunal federal das Ilhas Marianas do Norte, uma comunidade dos EUA localizada no Pacífico ocidental, onde ele deve se declarar culpado de uma acusação prevista na Lei de Espionagem por conspirar para obter e divulgar ilegalmente informações classificadas de defesa nacional. É esperado que o pedido de extradição seja retirado e que Assange não enfrente nenhuma outra acusação.
A audiência ocorre nas Ilhas Marianas do Norte devido à oposição de Assange de viajar para o território continental dos EUA e à proximidade do tribunal com a Austrália.
Leia também | Chomsky defende Assange: “Lei de Espionagem dos EUA não cabe em uma sociedade livre”
Os promotores concordaram com uma sentença de cinco anos, mas disseram que o tempo já cumprido em uma prisão britânica contará para isso. Isso significa que ele será libertado após a sentença.
A declaração de culpa ainda precisa ser aprovada por um juiz, e, neste caso, ele poderá retornar à Austrália após a sentença.
John Shipton, pai de Assange, declarou nesta terça (25) à mídia australiana que parece que “Julian poderá desfrutar de uma vida normal com sua família e sua esposa, Stella”.
* Este texto foi traduzido com o auxílio de Inteligência Artificial.
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Aumenta violência contra idosos no Brasil
Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Foram mais de 65 mil denúncias no primeiro semestre de 2023; segundo especialistas, as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar. Veja estados que tiveram maior crescimento.
Por Amanda Lüder, Fábio Santos, g1 SP e GloboNews
26/07/2023 11h55 Atualizado há 7 meses
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Violência contra idoso cresce 38% no Brasil, diz levantamento
Um levantamento da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos aponta que houve um aumento de 38% nos casos de violência contra pessoas idosas no primeiro semestre de 2023 em relação ao mesmo período do ano passado. Foram mais de 65 mil denúncias e o crescimento foi registrado em todos os estados do Brasil e no Distrito Federal.
Veja os estados que tiveram alta mais significativa:
📍Tocantins + 155%
📍Amapá: +110%
📍Pernambuco: +90%
📍São Paulo: +44%
Segundo especialistas, os casos aumentaram, mas as pessoas estão se sentindo confiantes em denunciar.
"A gente precisa olhar com esses números com preocupação e, depois, pensar na política pública com certo otimismo. A preocupação é porque os casos aumentaram e o otimismo é que a gente tem a retomada do nosso 'Disque 100' e consequentemente as ações dessa gestão que estão sendo para explicar e educar quais são os tipos de violência que afetam mais as pessoas idosas", diz Alexandre da Silva, Secretário Nacional Dos Direitos da Pessoa Idosa.
Para a Marisa Acciolly, especialista em gerontologia pela SBGG e professora da USP, o crescimento indica que há um conhecimento maior por parte das pessoas idosas, no sentido de como procurar ajuda.
As violências mais denunciadas são a física, a patrimonial e a psicológica.
Idosa sofre etarismo ao tentar financiamento imobiliário
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Idosa diz que sofreu etarismo ao tentar financiamento imobiliário: 'Muito desdém'
A aposentada Marly Gama, que mora em São Paulo, foi até uma agência bancária para buscar informações a respeito de um financiamento para uma casa própria. No entanto, ao solicitar ao atendente, ele a atendeu com desrespeito e etarismo, algo que é mais comum do que parece.
"Eu fui pedir informações, e disse que eu era aposentada. E o atendente me olhou com muito desdém e disse: 'Quantos anos mesmo que a senhora tem?'. Eu me identifiquei que tinha 67 anos. E: 'Ah, mas com essa idade não precisa'. Esse problema de 'essa idade' a gente ouve quase que diariamente em várias situações", lamentou.
A idosa revelou que motoristas e cobradores de ônibus também fazem comentários etaristas, reclamando que pessoas velhas estejam andando nos coletivos.
"Na eleição do ano passado eu resolvi ir (votar). E ouvi: 'Esses velhos não têm o que fazer, e vão votar'. Por que isso?', indagou.
Saiba como denunciar
Qualquer tipo de violação contra idosos podem ser denunciados pelo disque 100, que funciona por qualquer tipo de aparelho telefônico. É possível, também, registrar a denúncia pelo site do Ministério dos Direitos Humanos, ou pelo aplicativo de celular. As denúncias podem ser feitas de forma anônima.
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20-06-2024
Brasileiro é conservador, não fanático religioso ou político
Maria Cristina Fernandes - Eleitor é conservador, não fundamentalista
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../maria-cristina... Valor Eco.
Eleitor é punitivista, não aceita ser garfado em direitos nem se engana sobre a vítima de estupro
Foram duas derrotas consecutivas, num prazo de duas semanas, impostas pela sociedade, nas redes sociais e nas ruas, à extrema-direita: a proposta de emenda constitucional que prevê a venda de terrenos de marinha, chamada de “pec das praias”, e o projeto que criminaliza a prática do aborto, nos casos já previstos em lei (estupro, risco de vida da mulher e má-formação do feto), acima de 22 semanas.
Os governistas puseram o pescoço para fora depois que a derrota, em ambos os casos, já estava consolidada. Calejados pela derrubada do veto presidencial à proibição da saída temporária dos presos por razão familiar, as chamadas “saidinhas”, fruto de um cochilo em relação ao consenso punitivista vigente, deixaram de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema-direita fundamentalista.
Na PEC das praias e no PL do aborto o que aconteceu foi mais uma derrota da aliança entre o bolsonarismo e o centrão do que uma vitória do governo. No primeiro caso, a PEC já havia passado discretamente pela Câmara na legislatura passada, já sob a batuta do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e buscava uma via ligeira para ser referendada pelo Senado quando foi atravessada pelo ativismo digital de organizações não-governamentais de ambientalistas que contaminou as redes antes que a atriz Luana Piovani se engalfinhasse com o jogador Neymar Jr. e o assunto contaminasse as redes sociais.
No segundo caso, o acordo de gaveta entre o autor do projeto e Lira, acabou sendo confirmado por Sóstenes Cavalcante. O deputado do PL do Rio disse que, obtida a urgência, poderia votá-lo até o “último dia do mandato” do presidente da Câmara. A existência do acordo ficou patente quando o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo principal aliado de Lira no PT, lavou as mãos em relação ao projeto.
Foi só com as primeiras pesquisas sobre a surra do PL nas redes sociais e as manifestações de rua que a primeira-dama, Janja da Silva, sempre muito vigiada em seus posicionamentos sobre costumes, veio ao X, ex-Twitter, se manifestar, sendo seguida por uma miríade de ministros (Alexandre Padilha, Marina Silva, Silvio Almeida, Cida Gonçalves e Anielle Franco) e pelo próprio marido. De Roma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “insanidade” a tentativa de se imputar uma pena para as mulheres equivalente ao dobro daquela do estuprador.
Nenhum deles apareceu com sacadas melhores do que aquelas que pautaram a mobilização nas redes e nas ruas. Todos ficaram a reboque da campanha “criança não é mãe, estuprador não é pai”, que começou espontânea, puxada por grupos feministas e entidades de direitos humanos, e acabou impulsionada pela massificação de notícias dando conta de pastores evangélicos estupradores. A guerrilha digital recuperou um vídeo do médico Drauzio Varella, de 2014, por ocasião de uma primeira tentativa da bancada evangélica no tema, em que ele dizia que se estaria autorizando os homens a escolher em que mulheres desejavam fazer filhos.
No acompanhamento sistemático de grupos qualitativos de pesquisa, Esther Solano, socióloga e professora da Unifesp, constata que os governistas se limitam a ser reativos na pauta moral pela incapacidade de entender os paradoxos e sofisticações de uma sociedade que cultiva valores conservadores (veto às saidinhas) mas não aceita ser garfada em seus direitos (PEC das praias) nem enganada sobre quem é a vítima de um caso de estupro (PL do aborto).
A despeito das duas últimas derrotas, Solano aposta que o recuo da extrema-direita é tático. A grotesca encenação sobre assistolia fetal, método usado para a interrupção da gravidez acima de 22 semanas, no Senado na manhã desta segunda-feira é um exemplo. Já estava marcada quando o embate na Câmara se deu, mas não foi desmarcado nem amenizado e teria irritado o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O avanço da extrema direita fundamentalista nos conselhos tutelares estendeu o tapete vermelho para a entrada desta pauta nas eleições municipais, especialmente em São Paulo. A campanha do prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes poderá se valer do tema aquecido na opinião pública para confrontar o pré-candidato do Psol, Guilherme Boulos, que é favorável ao aborto para além dos casos previstos em lei, contrariamente à pré-candidata do PSB, Tabata Amaral.
Em maio, reportagem da revista digital “Pública” deu conta da ofensiva de Nunes contra o serviço de aborto legal do hospital municipal de Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte da cidade. Funcionava ali o serviço com o maior número de casos da cidade de interrupção acima de 22 semanas, mas foi fechado pela prefeitura e seus médicos, perseguidos por uma aliança entre o Conselho Regional de Medicina e a prefeitura.
Cochilo do governo em relação ao consenso punitivista vigente, o privou de enxergar o fosso que separa uma sociedade conservadora da extrema direita fundamentalista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 19 junho 24
O DIA DO QUÍMICO NO BRASIL –
Ontem celebrou-se, no Brasil, o Dia do Químico, data em que, no ano de 1956, foi regulamentada sua profissão que hoje abrange cerca de 50 denominações diferenciadas, todas contribuindo decisivamente para o desenvolvimento tecnológico do país: Técnicos em Química, Bacharéis/Licenciados em Química, Químicos Industriais ou Tecnólogos equivalentes, Engenheiros Químicos e suas especializações. A indústria química, através da química fina e petroquímica, foi o último setor a ser montado no Brasil, no sendeiro doi modelo de substituição de importações que impulsionou o desenvolvimento do país no século XX, durante o Governo Geisel, década de 1970.
“O dia do Químico serve para relembrar todas as conquistas que essa classe obteve com a Lei Mater e, principalmente, homenagear o trabalho árduo — e muitas vezes anônimo — que esses profissionais desempenham. Graças a eles, há um constante desenvolvimento técnico-científico e industrial do nosso país, pois esses profissionais adequam a Química à solução de problemas tecnológicos e impulsionam os centros de pesquisas químicas e universitárias do Brasil.
Isso torna evidente também o papel do Químico no bem-estar da sociedade, pois ele propicia que produtos, tais como medicamentos, alimentos e produtos de higiene e limpeza, sejam fabricados com uma melhor qualidade tanto para a saúde do consumidor e de quem os produz quanto para minimizar ao máximo os impactos ambientais. Desse modo, pode ser desfeito o preconceito que muitos desenvolveram sobre a Química e que dissemina a ideia de que essa ciência só traz malefícios para o meio ambiente e para nossas vidas.
Assim, gostaríamos de aproveitar essa oportunidade para agradecer aos profissionais da Química por seu importante trabalho! Parabéns a todos os Químicos do Brasil! Além do mais, que tal aproveitar essa data para conhecer de perto alguns dos cientistas que contribuíram sobremaneira para o desenvolvimento da Química? Confira nossa seção exclusiva sobre os grandes Químicos da História neste link: Grandes Cientistas da Química.” –(Jennifer Fogaça
Graduada em Química)
Dentre os baluartes da Química no mundo, num contraponto científica do Iluminismo que marcou época na França do século XVIII, releva o papel de Antonio Lavoisier, célebre por suas pesquisas e pela sua frase: “Na natureza nada se perde, tudo se transforma”.
Anexo
Antoine Lavoisier - Antoine Lavoisier (Químico)1743-1794
Por André Luis Silva da Silva
Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)
Talvez uma das sentenças mais comentadas no mundo da química seja a célebre frase “Na Natureza, nada se perde e nada se cria, tudo se transforma.” Escrita de modo poético, essa frase aborda um dos princípios de edificação da química moderna: a lei de conservação de massa. De acordo com a mesma, o que mais tarde viria a ser aplicado analogamente à energia, a matéria está sujeita a constantes transformações, mas jamais à destruição ou criação. Ou, em uma linguagem mais técnica, a massa dos reagentes é sempre igual à dos produtos, em uma transformação de qualquer natureza.
O primeiro cientista a anunciar esse princípio foi Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794), considerado hoje o grande precursor da química moderna. Lavoisier era proveniente de uma importante e abastada família francesa, herança que o proporcionou a estrutura necessária para a realização de suas pesquisas. “Ao jovem Antoine Laurent Lavoisier cabe o mérito da introdução do novo método na experimentação química. Gênio versátil, filho de rica família, Lavoisier cedo ficaria órfão de mãe. O pai e a tia, que o educaram, preferiam que ele estudasse Direito, e o encaminharam ao Colégio Mazzarino. Ao passar para a universidade, o interesse pela ciência prevaleceu. Era o começo de uma revolução dos métodos científicos”1.
Lavoisier ficou amplamente conhecido por suas contribuições na conservação da matéria e por sua refutação à teoria flogística da combustão, predominante na época. Isso fora possível por meio de seus trabalhos, e posterior descoberta, e nomenclatura, do elemento oxigênio. Além disso, descobrira a composição química da água, formada por dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Dessa forma, acabaria também refutando a teoria de Tales de Mileto, a qual afirmava que a água era um dos quatro elementos dos quais todas as demais substâncias derivariam.
Na verdade, atribui-se a descoberta do oxigênio a Lavoisier, entretanto, o elemento químico fora realmente identificado por Lavoisier, mas o gás oxigênio foi apenas melhor compreendido em relação às suas propriedades físicas e químicas, o que viria a conformar a dependência desse gás nos processos da combustão e da calcinação.
Lavoisier também participou efetivamente de trabalhos que viriam a compreender melhor outros elementos químicos, como o nitrogênio. O nome nitrogênio significa “...azoto, e quer dizer ‘sem vida’. Este nome, sugerido por Lavoisier, designava um novo elemento, até então conhecido como ‘ar mefítico’. O ar mefítico havia sido descoberto em 1722, quando Priestley, queimando corpos em vasos fechados, verificou que, exaurido o oxigênio do ar, restava ainda um gás inerte junto ao gás carbônico. O gás recém descoberto não ativava a combustão e não podia ser respirado; era, portanto, alheio à vida”1.
Lavoisier acabará se envolvendo na coleta de impostos francesa, o que o levaria à morte em praça pública na guilhotina, durante a Revolução Francesa, fazendo-o interromper alguns trabalhos na área de fisiologia, envolvendo a respiração e a transpiração.
Referências:
1. http://www.fem.unicamp.br/~em313/paginas/person/lavoisie.htm
FELTRE, Ricardo; Fundamentos da Química, vol. Único, Ed. Moderna, São Paulo/SP – 1990.
RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do Brasil, Makron Books, 1994.
Editorial Cultural FM Torres RS – 18 junho
ENCHENTE/PORTO ALEGRE
Holandeses vieram, viram e confirmam: O Sistema Contra Cheias de Porto Alegre é bom. Ruim é a gestão!
Publicado em junho 17, 2024 por LUIZ MÜLLERDeixe um comentário
Foi preciso que Técnicos da Holanda, que tem 70% do território abaixo do nível do mar e tem experiência de Sistema de Proteção contra Cheias desde o Século 17, viessem a Porto Alegre confirmar o que Diferentes Grupos de Técnicos e Engenheiros da UFRGS , DEMAE e outros daqui já tinham dito:
O relatório preliminar da comitiva holandesa, com as sugestões, foi apresentado no dia 10/06 e deve ser entregue ao DMAE até o dia 30:
Entre as propostas consta: “a recuperação do sistema de proteção contra enchentes, a instituição de um sistema de monitoramento de níveis, vazões e ventos, e a criação de mecanismos para verificar a integridade dos componentes do sistema, como diques.”
Ou seja: O Sistema é bom. Precisa ser “recuperado”, por que pela falta de manutenção e de Geradores, Casas de Bombas deixaram de funcionar e comportas romperam com a força da água e outras acabaram sendo derrubadas pela Prefeitura, por que o Nível da água no Centro de Porto Alegre durante vários dias esteve mais alto do que no próprio Rio Guaíba. Absurdo? Não. Estava mais alta aqui dentro, por que além de não jogar mais o grande volume de chuvas pra dentro do Rio, as bombas não funcionando, elas acabaram sendo “porta de entrada” pra água do Rio que se somou a água da chuva que caia. Como morador do Centro eu mesmo vi, ainda no dia 3/05, a água invadindo as ruas pela casa de bombas.
Os holandeses também sugeriram o acompanhamento das previsões climáticas, a emissão de alertas para a população e a criação de um Sistema Integrado de Proteção contra Enchentes, envolvendo município, estado e governo federal.
Essas sugestões já haviam sido dadas pela UFRGS, através do IPH, salientando-se que as previsões baseadas nos modelos hidrológicos da cheia foram muito precisas e deveriam ter sido utilizadas pela prefeitura para balizar as ações de enfrentamento da crise.
Mas… A forma atabalhoada como a Prefeitura e o Prefeito trataram moradores das regiões atingidas, criando pânico, gerando confusão e pior, com o Prefeito tentando responsabilizar os moradores, acusando-os de morar onde não deveriam, deixou patente que pelo menos até aquele momento, a ciência sobre os temas sobre o Meio Ambiente não tinham espaço no Gabinete e nem na gestão da Prefeitura.
“Há muito o tema do Saneamento não é mais tratado apenas como “básico”, mas sim como “Saneamento Ambiental”, por que diz respeito não mais só encaminhar e tirar o esgoto da cidade, mas de criar as condições para que a Vida e a Saúde dos Cidadãos seja preservada”, diz o Ex Diretor do DEP, Engenheiro Vicente Rauber.
O DEP – Departamento Municipal de Esgotos Pluviais, que foi desativado por Sebastião Melo em 2019, na contramão inclusive do Novo Marco Legal do Saneamento, era o órgão responsável pela supervisão e manutenção do Sistema de Proteção contra as Cheias e como diz seu nome, pelo Esgoto Pluvial, aquele das aguas que inundaram o Centro Histórico mesmo antes da chegada da água do Rio pelas comportas rompidas. Aliás, as águas da chuva meses antes já tinham alagado uma parte do Mercado Público e região, quando nem enchente do Rio havia.
Com o Desmonte do DEP, as atribuições foram passadas ao DMAE. No entanto, apesar da Vital Função do DEP, nenhum recursos novo foi injetado no DMAE e nem Técnicos e Servidores a mais destacados para manter funções essenciais para a vida dos cidadãos.
E pra piorar, o Prefeito, na ânsia de Privatizar tudo que é público, queria privatizar também o DMAE e pior, com muito dinheiro em Caixa.
Por isto, mesmo com o DMAE tendo mais de R$ 400 milhões em Caixa, proibiu que a autarquia fizesse muitos investimentos necessários como estes no Sistema de Proteção as Cheias, por que quer entregar a empresa “com dinheiro em caixa”, como ele próprio chegou a dizer.
O que fica cada vez mais evidente, é que ou propositalmente falta uma gestão da Cidade voltada para o conjunto de seus cidadãos, ou se trata de incompetência.
Olhando para posturas do Prefeito, que extinguiu o DEP, defendia a Derrubada do Muro da Mauá junto com o Governador, para que privatizada a área do Porto, ali também pudessem ser construídos suntuosos prédios só acessíveis a poucos milionários, e também a pressa em aceitar uma parceria com a tal Alvarez & Marçal, já envolvida com bilionárias negociatas em New Orleans depois do furacão Katrina, eu diria que isto faz parte de um Projeto mesmo.
Imagina agora, como assustados cidadãos vão querer vender suas casas nas regiões atingidas, por que julgadas “desvalorizadas”.
Há notícias de que os poucos voos possíveis para Porto Alegre, via Canoas, tem trazido muitos representantes de mega incorporadoras nacionais e internacionais, que obviamente estão comprando tudo que dá de cidadãos temerosos de novas enchentes, que virão, se esta ‘gestão” continuar com quem e como esta.
Mas, o SISTEMA DE PROTEÇÃO AS CHEIAS FUNCIONA, MAS PRECISA DE SUPERVISÃO, MANUTENÇÃO E ATUALIZAÇÃO PERIÓDICA, como disseram dezenas de técnicos daqui e que foram CONFIRMADOS pelos Especialistas Holandeses.
“Considerando que a Cidade possui mais de 40% de sua área praticamente na mesma cota das águas do Guaíba em tempos normais, tem a necessidade de completar, aperfeiçoar e manter o seu Sistema de Drenagem Urbana, manter e aperfeiçoar permanentemente o seu Sistema de Proteção contra inundações, é necessário e urgente recriar uma estrutura de primeiro escalão, o DEP ou semelhante. As empresas de saneamento de água potável e esgotos, por absoluta emergência e por ter tarifa específica para estas atividades, como é o caso do DMAE, não tem e não terão qualquer prioridade para as atividades de drenagem urbana e proteção contra inundações” Recorte do Documento dos Técnicos e Ex Diretores do DEP que pode ser conferido na íntegra clicando no link a seguir:
maio-de-2024-manifestacao-e-medidas-emergenciais-inundacao-porto-alegre.-versao-15maio-noite-1Baixar
Editorial Cultural FM Torres RS – 17 junho
Sociedade cansada. Inteligência humana comprometida. Geração deprimida
Vivemos tempos de um grande paradoxo: A tecnologia diminui os esforços físicos e até mentais para o desempenho de tarefas laborais e domésticas. Não obstante, a sociedade se sente cada vez mais cansada, as pessoas deprimidas, jovens, sobretudo, desanimados quanto ao futuro. Fala-se na "geração deprimida" que engloba já duas gerações: a dos millennials (também chamados de geração Y) e a geração Z. A primeira se refere, aproximadamente, às pessoas nascidas entre 1981 e 1995 e a segunda, aos que chegaram ao mundo entre 1995 e 2010. Um historiador, no final do século XIX, Eric Hobsbawn, já chamava a atenção para o fato de que o grande otimismo do começo do século XX havia se esvaído no seu curso. Fechamos o 1900 perplexos diante do futuro, já não confiávamos piamente nem na Ciência, nem na Política: A Crise Ambiental, o declínio do homem público, as intensas migrações de países pobres e ameaçados por conflitos internos ameaçavam o horizonte. O advento das Redes Sociais de Comunicação no começo do século XX , com o mergulho da juventude nos artefatos eletrônicos, proclamado como uma nova Era de Democracia Digital, não reverteu este quadro. Pelo contrário, reveladas como instrumento de manipulação da opinião pública pelo direcionamento dos algoritmos por “Engenheiros do Caos”, temperou o desânimo com o ódio às instituições, não poupando sequer as Universidades, a Ciência e os saberes seculares. O resultado tem sido apontado por Filósofos e Cientistas: O mundo está não só piorando como em risco, sob a crença de que a Terra é plana. Miguel Nicollelis, cientista brasileiro consagrado, autor de inúmeros livros, dentre eles o último, tipo ficção, no qual revela que a facilitação tecnológica está interferindo na nossa capacidade intelectual. Jovens tristes escrevem casa vez menos e com número de vocábulos cada vez mais reduzido, têm dificuldade para fazer contas. Confiamos na Inteligência Artificial como a solução definitiva para os problemas da humanidade sem nos darmos conta de que ela nem é Inteligência, que um atributo plástico da vida biológica, regida analogicamente, nem Artificial, pois que criada pelo homem na falsa perspectiva de se converter em VERDADE ABSOLUTA. Bem disse Nietzche: “O iluminismo matou Deus, mas deixou seu cadáver insepulto”. Sobre este Seu nome agora colocam a Inteligência Artificial... Fixa Nicollelis a data de 2036, marca temporal de sua ficção, na qual espera não estar vivo para ver, como um vórtice fatal, capaz de nos reconduzir à escuridão.
E ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE, tentando, aqui e ali, colocar esperadrapos na represa fendida da contemporaneidade, ora tentando regulamentar as Redes, ora tentando impedir o acesso de jovens até 14 anos aos celulares, ora, tentando impedir o último confronto entre as grandes potências mundiais. Meras tentativas, até necessárias, mas que talvez não impeçam o agravamento da grave crise existencial que nos abala.
Editorial Cultural FM Torres RS – 14 junho 24
O dia em que Milei dobrou, pelo voto de sua Vice Presidente, o Senado argentino
Ontem, foi aprovado pelo Senado da Argentina, embora desidratado, reduzido de 600 artigos para cerca de 200, a Lei ônibus que dá poderes especiais ao Presidente Milei para governar por decreto. Poderá, por um ano, implementar sua moto-serra aos direitos fundamentais dos trabalhadores hermanos sob a alegação de modernizar o capitalismo no país, ferindo de morte a soberania popular e nacional. Será uma tristeza. Do lado de fora do Senado, as forças de repressão, que sequer pouparam alguns parlamentares, intimidaram a manifestação de populares que clamavam para a rejeição do Projeto. Com isso, a Argentina ingressa num período de virtual autoritarismo, cujo desfecho poderá culminar num novo banho de sangue naquele país, já tão massacrado pela ditadura militar. A aprovação da LEI ONIBUS de Milei tem uma nítida similaridade com o A Lei de Concessão de Plenos Poderes de 1933 ou Lei habilitante de 1933 (em alemão: Ermächtigungsgesetz), , aprovada, também sob pressão, pelo Reichstag da Alemanha e assinada pelo Presidente Paul von Hindenburg em 23 de março de 1933 e que habilitava Adolf Hitler a assumir autoridade excessiva para se afirmar no poder e implementar seu projeto totalitário do III Reich. Era o começo do fim da República de Weimar e o início da barbárie nazi-fascista, acompanhada pelos tons marciais da música de Wagner e combate às manifestações estéticas contemporâneas. Um país amante da Filosofia e da Cultura, tal como a Argentina, que tem o orgulho de deter uma população com alto nível educacional, a melhor Universidade do continente e um patrimônio cultural exuberante na quantidade de museus e bibliotecas que pululam na sua paisagem urbana, sucumbia ao demagogo. Até Heidegger, Filósofo, se deixa arrastar pela retórica autoritária neste fragmento de carta enviada a seu irmão:
Caro Fritz, querido Liesl, queridos meninos, Gostaríamos de lhe desejar um feliz Natal. Provavelmente está nevando onde você está, inspirando a esperança de que o Natal mais uma vez revele sua verdadeira magia. Costumo pensar nos dias que antecederam o Natal em nossa pequena cidade, e desejo que a energia artística capte verdadeiramente o clima, o esplendor, a emoção e a expectativa deste tempo.[...] Parece que a Alemanha está finalmente despertando, entendendo e aproveitando seu destino. Espero que você leia o livro de Hitler; seus primeiros capítulos autobiográficos são fracos. Esse homem tem um instinto político notável e seguro, e ele o teve mesmo enquanto todos nós ainda estávamos em uma névoa, não há como negar isso. O movimento nacional-socialista em breve ganhará uma força totalmente diferente. Não se trata de mera política partidária - trata-se da redenção ou queda da Europa e da civilização ocidental. Qualquer um que não entenda merece ser esmagado pelo caos. Pensar nessas coisas não impede o espírito do Natal, mas marca nosso retorno ao caráter e à tarefa dos alemães, ou seja, ao local onde se origina esta bela celebração.”
SEM “ESPÍRITO DE NATAL”. HEIDEGGER SONHANDO COM HITLER. Carta de Heidegger ao irmão: “18 de dezembro de 1931.
Ainda naquele momento, Hitler se apresentava como um gentleman, usando fraque e cartola no ato público da aprovação do Ato de Habilitação e prometendo converter o Partido Nacional Socialista numa alternativa popular a serviço dos trabalhadores contra as elites, às quais logo associaria aos judeus. Até 1938, quando se reúne com líderes europeus em Munique, ludibriando Lord Chamberlain, ele vende uma imagem de estadista preocupado em manter a paz, sem pretensões belicosas e territoriais. Internamente, porém, asfixiava a oposição, inclusive liquidando o até mesmo braço mais popular do Partido que o havia conduzido ao Poder, a S.A. – Sturm Apteilung -, ou tropa de choque, substituindo-o pela S.S., vinculada ao Exército. Suas relações internacionais são elogiadas e saúda, inclusive, as delegações estrangeiras, presentes às Olimpíadas de Berlim em 1936. Tudo aparecia como se a Alemanha vivesse um momento de edificante reconstrução nacional, até que se iniciam as ocupações sucessivas sobre a Austria, Sudetos e Dantzig, em 1939, quando, ainda surpresas e despreparadas, Inglaterra e França lhe decretam guerra. Guerra que perdurará surda por mais de seis meses, dando tempo a Hitler para preparar a ocupação da França. Começava a II GUERRA MUNDIAL, deixando em seus rastro mais de 50 milhões de vítimas.
Ontem, enfim, assistimos à reedição do Ato de Habilitação de Hitler aqui ao lado...
Anexo
O dia em que Hitler matou a democracia alemã - 23 MARÇO 33 - Michael Marek -https://www.dw.com/pt-br/o-dia-em-que-hitler-matou-a-democracia-alem%C3%A3/a-480521
Em 23 de março de 1933, o Reichstag adotou a chamada Lei Plenipotenciária, que permitia ao regime nazista impor leis sem a aprovação prévia do Parlamento. Era o início da ditadura nazista.
https://p.dw.com/p/210L
ANÚNCIO
O movimento nazista de Adolf Hitler começara a ganhar importância na Alemanha a partir de 1930. Aproveitando-se da onda de descontentamento nacional e do enorme índice de desemprego, seu Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP), com tendências extremamente antidemocráticas e antissemitas, tornou-se em 1932 o mais forte no Reichstag (Parlamento alemão até 1945). Um ano mais tarde, Hitler assumiu a chefia de governo.
Havia esperanças de poder evitar a supremacia nazista porque, além dos membros do NSDAP, o gabinete de governo era formado por ministros sem partido e políticos de outros partidos de direita. Mas a máquina de propaganda chefiada pelo ministro Joseph Goebbels usou o episódio do incêndio do Reichstag, em fevereiro de 1933, atribuído aos comunistas, para justificar medidas violentas de perseguição a eles. Cinco mil oposicionistas foram presos, principalmente comunistas e social-democratas, e cancelada grande parte dos direitos fundamentais garantidos pela Constituição de Weimar.
Deputados foram intimidados
No dia 23 de março de 1933, o próprio Hitler compareceu à sessão parlamentar, que havia sido cercado pelas tropas das forças paramilitares nazistas SS e SA, para intimidar os deputados. Era o dia da votação da sua Lei de Concessão de Plenos Poderes. Se os parlamentares não a aprovassem, ele ameaçou usar "outros métodos" para impor seu regime ditatorial. Os social-democratas foram os únicos que votaram contra.
Ele optou por submetê-la ao Reichstag para calar os críticos dentro e fora do país e dar a impressão de legalidade parlamentar. Hitler compareceu à sessão vestido com uma camisa marrom. Atrás dele, uma enorme suástica cobria a parede. A lei que instaurou a ditadura nazista, aprovada por todos os partidos conservadores, levava o nome oficial "lei para acabar com a miséria do povo e do Reich".
Ela proibia todos os partidos, exceto o nazista, os sindicatos foram desmantelados e a liberdade de imprensa extinta. O regime passou a perseguir e internar em campos de concentração as pessoas indesejadas. Os órgãos parlamentares foram dissolvidos ou destituídos. Quando o presidente, marechal Paul von Hindenburg, morreu em 1934, Hitler também ocupou seu cargo, assumindo o controle total sobre a Alemanha. Estava consolidada a ditadura nazista.
Editorial Cultural FM Torres RS – 13 junho
MENSAGEM DAS FLORES
Ontem foi o DIA DOS NAMORADOS mas hoje é dia de SANTO ANTONIO, o casamenteiro. Poucos sabem o que dizem as flores. Bom lembrar .Antigamente era comum o uso das flores como mensagens de sentimentos. Hoje esta linguagem estáesquecida e quase ninguém sabe o real significado delas. Por isso é bom lembrar;
Amor Perfeito : “Penso apenas em Você”.
Azaléia-Rosa-Claro: “Estou feliz porque Você me ama”.
Begônia : “ Podemos ser amigos”.
Camélia: “Sinto-me orgulhoso com seu amor”.
Cravo: “Amo Você com ardor”.
Cravina: “Sou seu escravo”.
Crisântemo : “Não acredito mais em Você”.
Dente-de-leão: “Meu coração está cheio de alegria”.
Erva Cidreira: “ Tenha pena de fazer sofrer o meu amor”
Gardênia Branca: “Fugindo de mim Você me faz sofrer”.
Hortência: “Posso ter esperança?”
Jasmim: “ Imploro que Você me ame”.
Lírio: “ Meus sentimentos são puros”.
Madressilva: “ Apesar de tudo, amo Você.”
Mimosa: “Fique tranqüilo. Ninguém sabe de nosso amor”
Miosótis: “Não se esqueça de mim”.
Orquídea: “ O meu amor é puro”
Petúnia: “ Uma carta de amor foi interceptada”.
Rosa branca: “ Meu amor é triste”
Rosa vermelha: Meu amor é ardente.:
Violeta: “ Ninguém deve saber do nosso amor”.
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Editorial Cultural FM Torres RS –Cartas de amor.
Fernanda Montenegro – (autoria não confirmada)
O modo de vida, os novos costumes e o desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está o macho da espécie humana.
Tive apenas 1 exemplar em casa, que mantive com muito zelo e dedicação num casamento que durou 56 anos de muito amor e companheirismo, (1952-2008) mas, na verdade acredito que era ele quem também me mantinha firme no relacionamento. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem os Homens!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da masculinidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:
Habitat
Homem não pode ser mantido em cativeiro.
Se for engaiolado, fugirá ou morrerá por dentro.
Não há corrente que os prenda e os que se submetem à jaula perdem o seu DNA.
Você jamais terá a posse ou a propriedade de um homem, o que vai prendê-lo a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente, com dedicação, atenção, carinho e amor.
Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Homem vive de carinho, comida e bebida. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ele não receber de você vai pegar de outra. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã os mantêm viçosos, felizes e realizados durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não o deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial. Portanto não se faça de dondoca preguiçosa e fresca. Homem não gosta disso. Ele precisa de companheira autêntica, forte e resolutiva.
Carinho
Também faz parte de seu cardápio – homem mal tratado fica vulnerável a rapidamente interessar-se na rua por quem o trata melhor.
Se você quer ter a fidelidade e dedicação de um companheiro completo, trate-o muito bem, caso contrário outra o fará e você só saberá quando não houver mais volta.
Respeite a natureza
Você não suporta trabalho em casa? Cerveja? Futebol? Pescaria? Amigos? Liberdade? Carros?
Case-se com uma Mulher.
Homens são folgados. Desarrumam tudo. São durões. Não gostam de telefones. Odeiam discutir a relação. Odeiam shoppings. Enfim, se quiser viver com um homem, prepare-se para isso.
Não anule sua origem
O homem sempre foi o macho provedor da família, portanto é típico valorizar negócios, trabalho, dinheiro, finanças, investimentos, empreendimentos. Entenda tudo isso e apóie.
Cérebro masculino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino.
Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente não possuem! Também, 7 bilhões de neurônios a menos!).
Então, agüente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração.
Se você se cansou de colecionar amigos gays e homossexuais delicados, tente se relacionar com um homem de verdade.
Alguns vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você.
Não fuja desses, aprenda com eles e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com as mulheres, a inteligência não funciona como repelente para os homens.
Não faça sombra sobre ele...
Se você quiser ser uma grande mulher tenha um grande homem ao seu lado, nunca atrás.
Assim, quando ele brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ele estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: homens também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar.
A mulher sábia alimenta os potenciais do parceiro e os utiliza para motivar os próprios. Ela sabe que, preservando e cultivando o seu homem, ela estará salvando a si mesma.
E Minha Amiga, se Você acha que Homem dá muito trabalho, case-se com uma Mulher e aí Você vai ver o que é Mau Humor!
Só tem homem bom quem sabe fazê-lo ser bom!
Eu fiz a minha parte, por isso meu casamento foi muito bom e consegui fazer o Fernando muito feliz até o último momento de um enfisema que o levou de mim. Eu fui uma grande mulher ao lado dele, sempre.
Com carinho, F. M.
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
O VERDADEIRO AMOR, Danielle Mitterrand
** *Texto de Danielle Miterrand, esposa do ex-presidente François
Miterrand, ao povo francês, apÓs ter recebido créticas impiedosas por
ter permitido a presença da amante do marido e de sua filha, Mazarine,
na cerimonia fúnebre.*
*'Antes de mais nada devo deixar claro que não é um pedido de
desculpas. Muito menos um enunciado de justificativas vãs, comum aos
covardes ou `aqueles que vivem preocupados em excesso com a opinião
dos outros.*
*Aos 71 anos, vivendo a hora do balanço de uma existência que é um
sulco bem traçado e profundo, ja não mais preciso, e nem devo, correr
atras de possíveis enganos.*
*Vivo o momento em que as sombras ja esclarecem e que as ausências
são lindas expressões de perenidade e criação.*
*Sombras e ausências podem ser tudo, ao passo que luzes e presenças
confundem os mais precipitados, os mais jovens.*
*Vivi com François 51 anos; estive com ele em muito desse tempo e me
coloquei sempre. Há mulheres que não se colocam, embora estejam; que
não se situam embora componham o cenario da situação presumével de * *
uma vida de altos e baixos.*
*Na época da Resistência nunca sabíamos onde iríamos passar a noite -
se na cama, na prisão, nos bosques ou estendidos por toda a
eternidade. Quando se vive assim em comum, cria-se uma solda e a
consciência de que é preciso viver depressa. Concentrar talvez seja a
palavra. Por isso tentei entendê-lo, relacionar-me com sua complexidade
, com as variações de sua pessoa e não de seu carater...Quem entende
ou, pelo menos, luta para compreender as variações do outro, o ama
realmente. E nunca podera dizer que foi enganada ou que jamais
enganou. Não nos enganamos, nos confundimos quando nos perdemos da
identidade vital do parceiro, familiar ou irmão. Ou jamais os
conhecemos, o eu também, não é um engano. Quem não conhece, não tem
enganos. Nas variações do outro, não cabe o apaziguador tudo antes do
tempo em forma de tranquilidade. Uma relação a dois não deve ser
apaziguada, mas vibrante, apaixonada, e não enfastiada.*
*Nessa complexidade vi que meu marido era tão meu amante quanto da
políica. Vi, também, que como um homem sensível poderia se enamorar,
se encantar com outras pessoas, sem deixar de me amar.*
*Achar que somos feitos para um úico e fiel amor é hipocrisia,
conformismo. É preciso admitir docemente que um ser humano é capaz de
amar apaixonadamente alguém e depois, com o passar dos anos, amar de
forma diferente.*
*Não somos o centro amoravel do mundo do outro. É preciso aceitar,
também, outros amores que passam a fazer parte desse amor como mais
uma gota d'agua que se incorpora ao nosso lago.*
*Simone de Beauvoir dizia bem, que temos amores necessarios e amores
contingentes ao longo da vida.*
*Aceitei a filha de meu marido e hoje recebo mensagens do mundo
inteiro de filhos angustiados que me dizem: - 'Obrigado por ter
aberto um caminho. Meu pai vai morrer, mas eu não poderei ir ao
enterro porque a mulher dele não aceita.*
*É preciso viver sem mesquinhez, sem um sentido pequeno, lamacento,
comum aos moralistas, aos caluniadores aos paranÓicos azedos que
teimam em sujar tudo.*
*Espero que as pessoas sejam generosas e amplas para compreender e
amar seus parceiros em suas dúvdas, fragilidades, divisús e
pequenas paixões
Isso é amar por inteiro e ter confiança em si mesmo .*
*'Deus não prometeu Dias sem
Dor; Risos sem Sofrimentos; Sol semChuva. Ele prometeu Força para o Dia; Conforto para as Lagrimas e Luz
para o Caminho...'*
Editorial Cultural FM Torres RS – 16.05. 24
As perdas culturais das inundações
Já chegam a 149 as perdas humanas nas inundações que assolam o Rio Grande do Sul e sabe-se que mais de 90% de suas empresas também foram afetadas. O baque é tão grande que vai diminuir as expectativas de crescimento do PIB do país neste ano. Teme-se, agora, a descoberta de mais mortes sob as águas que deixam no seu rastro um cenário de destruição similar à guerra, acrescido pelo odor pútrido de roedores apodrecidos. Para piorar, criminosos aproveitam a tragédia para assaltar e invadir residências desocupadas. Vamos levar muito tempo para voltar à normalidade e todos esperam que, doravante, medidas definitivas de contenção das águas sejam tomadas pelas autoridades. O balanço definitivo das perdas ainda está longe de ser calculado, mas uma das maiores perdas terão sido as decorrentes da destruição de obras de arte, bibliotecas e livrarias. Em Porto Alegre, o relato do Editor da LPM, que tinha mais de 500 mil livros em depósito no bairro Humaitá, debaixo d’agua, é simplesmente comovente. Somam-se, a cada dia, novos depoimentos. Tudo isso representa uma perda cultural incalculável para nosso Estado. Levaremos anos para recuperar todo este patrimônio. Falam que o luto passa por cinco fases, negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Não creio, no tocante às perdas culturais, que cheguemos à última delas. Carregaremos a perda por muito tempo...
Anexo
Caixas de peixes que transportaram livros
O que estamos vivendo no Rio Grande do Sul, neste momento, em especial, na cidade de Pelotas é algo nunca imaginado!
As ruas viraram rios, carros trocados por barcos. Há botes, caminhões, helicópteros e máquinas de guerra ao nosso lado! Gritos diversas vezes por dia ecoando “saiam de casa”, “salvem suas vidas”, “o resto se reconstrói”, “bens materiais se compra”!Mas, no fundo de um lugar chamado Laranjal tinha um tesouro, um patrimônio inestimável e impossível de recompor! Ali estavam, materiais de 1600, 1800, obras de Marcel Proust, Machado de Assis, primeiras edições de Freire, livros sobre Napoleão, entre tantos! Eduardo, para quem conhece, sabe bem, passou 50 anos fuçando sebos, barganhando com colecionadores, andando a pé ou deixando de comer um bauru, na época de guri, para comprar aquela relíquia que não poderia ser deixada de preservar! Sim, para além de seu gosto pessoal, ou melhor, seu amor pelos livros, Eduardo tem uma preocupação imensa em preservar esses materiais, e vem fazendo aquilo que o poder público está longe de se preocupar! Nossa casa estava com mais de um metro com água e tivemos que sair! Ele já tinha tomado algumas medidas pensando em um alagamento, mas menosprezou a força e a velocidade das águas, apesar dos avisos de conhecidos. Sua precaução não foi suficiente! Saímos às 3 da manhã, contra sua vontade, porque eu disse “basta”! No dia seguinte se via um homem triste, preocupado, desolado, irritado, pensando nos livros! Acolhemos pessoas que perderam quase tudo em nossa casa e um deles, um pescador, que vendo tamanha tristeza acionou seus companheiros para o trabalho hercúleo de salvar os livros, salvar quem salvaguarda e a jornada começou! Foram dois dias de trabalho pesado, chegando por barco, abaixo de chuva e vejam, que ironia, havia entre os que pegavam, protegiam, cuidavam para não cair na água tamanha raridade dois homens analfabetos, que nós nunca tínhamos visto antes! Eles, que tinham suas caixas para transportar peixes, colocavam livros, cartilhas, tais como, O guri, Queres ler, Lalau, Lili e o lobo, o livro de Lili, Zé toquinho, Primeiro livro de leitura de Abílio Borges para citar apenas algumas. Com tamanha simplicidade, ficaram impactados de ver tantos livros! Não imaginavam que uma pessoa pudesse ter essa quantidade de livro em sua casa! Entre tantas lições e reflexões que ficam, penso na contradição de ter esses heróis analfabetos salvando parte do patrimônio da humanidade! Que isso seja motivo de políticas sérias e efetivas de alfabetização no país e de preservação da memória! Gratidão eterna para esses homens que trouxeram seus barcos e caixas de carregar peixe para ajudar um homem triste! Mal sabem eles a grandiosidade dessa ação, que contribuiu para que obras continuem sendo guardadas.
Gabriela Nogueira
Editorial Cultural FM Torres RS – 10.05. 24
Caos no Sul: 68% consideram o governo Eduardo Leite culpado pela crise
Governo conduzido pelo PSDB fragilizou as normais ambientais do Rio Grande do Sul = 09 de maio de 2024
247 – A pesquisa Quaest, cujos resultados foram divulgados nesta quinta-feira (9), aponta como o público percebe a responsabilidade do governo do Rio Grande do Sul, conduzido pelo tucano Eduardo Leite, diante da tragédia das chuvas no estado. Conforme os dados coletados pela Genial Investimentos entre os dias 2 e 6 de maio, 68% dos entrevistados acreditam que o governo estadual tem uma parcela significativa de responsabilidade no desastre. O estudo abrangeu 2.045 pessoas em 120 municípios e possui uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Por outro lado, apenas 20% dos entrevistados consideram que o governo do estado tem uma responsabilidade reduzida no evento catastrófico, enquanto 12% acreditam que ele não tem qualquer responsabilidade. A pesquisa também avaliou a percepção em relação ao governo federal e às prefeituras, revelando que uma parcela considerável da população atribui responsabilidade às autoridades em todos os níveis.
Os resultados também destacam que, segundo 70% dos entrevistados, investimentos em infraestrutura poderiam ter contribuído para evitar a tragédia, enquanto 30% acreditam que o evento era inevitável. Além disso, a pesquisa questionou como as pessoas avaliam a atuação das autoridades durante a tragédia, com 54% considerando positiva a atuação do governo do RS, 53% avaliando de forma positiva o governo federal e 59% a prefeitura de Porto Alegre. Os percentuais restantes indicam avaliações regulares ou negativas das atuações governamentais
Editorial Cultural FM Torres RS – 09.05. 24
ANÁLISE: evangélicos e região Sul ajudam a estancar a queda na avaliação de Lula, aponta diretor da Quaest
Quaest: 50% aprovam o trabalho de Lula e 47% desaprovam; fatias empatam tecnicamente pela 1ª vez
Aprovação oscilou um ponto percentual para baixo na comparação com março, enquanto a reprovação oscilou um ponto para cima. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Por Marina Pinhoni - g1
Quaest: 50% aprovam o trabalho de Lula e 47% desaprovam
Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (8) aponta que 50% dos entrevistados aprovam o trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por outro lado, 47% desaprovam. Esta é a primeira vez que o percentual dos que aprovam e desaprovam empata tecnicamente. Outros 3% não souberam ou não responderam. O levantamento encomendado pela Genial Investimentos ouviu 2.045 pessoas, em 120 municípios, entre os dias 2 e 6 de maio. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. A aprovação do trabalho de Lula oscilou um ponto percentual para baixo e a reprovação um ponto para cima em relação à última pesquisa, realizada em março. À época, 51% dos entrevistados aprovavam o trabalho do presidente, enquanto 46% desaprovavam.
Aprovação do trabalho que o presidente Lula está fazendo:
• Aprova: 50%
• Desaprova: 47%
• Não sabe ou não respondeu: 3%
Pesquisas de opinião realizadas em março pelos institutos Datafolha, Quaest e Ipec apontam que a popularidade de Lula está em tendência de queda em 2024. Em abril, o governo lançou uma campanha com viagens pelo país e inauguração de obras para tentar melhorar a popularidade do presidente, que conta também com uma tentativa de aproximação ao eleitorado religioso. Segundo apuração do blog da Andreia Sadi, também faz parte da estratégia do governo mirar o público que considera a gestão como “regular”. Avaliação por setores "A aprovação parou de cair, muito porque [a avaliação de Lula] parou de piorar no Sul e entre os evangélicos. As pessoas ainda têm uma percepção negativa da economia, acham que Lula não está entregando o que prometeu", afirma Felipe Nunes diretor da Quaest. A pesquisa indica que, entre os evangélicos, o índice de desaprovação de Lula agora é de 58% (era de 62% em março), se igualando ao percentual observado entre os católicos (que se manteve estável em 58% entre as pesquisas). Já a aprovação entre os evangélicos passou de 35% para 39% no mesmo período. A margem de erro máxima para esse grupo é de 4 pontos percentuais. A maior variação na avaliação positiva do trabalho de Lula entre março e maio aconteceu na região Sul, subindo sete pontos percentuais, de 40% para 47%. Já a rejeição, que era de 57% (a maior entre as regiões), passou para 52%. A margem de erro máxima nesse recorte da pesquisa é de 6 pontos percentuais. Avaliação geral do governo Lula A Quaest também perguntou como os entrevistados avaliam o governo Lula de forma geral.
Segundo o levantamento, 33% avaliam o governo de forma positiva, mesmo percentual dos que avaliam de forma negativa. Não souberam ou não responderam somam 3%. Na comparação com a pesquisa anterior, a avaliação positiva do governo oscilou 2 pontos percentuais para baixo (antes era 35%). Já a avaliação negativa oscilou 1 ponto para baixo (era de 34%). Os que consideram o governo regular subiram de 28% para 31%.
Avaliação geral do governo Lula:
• Positiva: 33%
• Negativa: 33%
• Regular: 31%
• Não sabem/Não responderam: 3%
Rumos do governo
Os entrevistados também foram questionados sobre se o país está indo na direção certa ou errada. Para 49%, o país está na direção errada, contra 41% que consideram que a direção é correta. Já 10% não souberam ou não responderam. Sobre as intenções de Lula, 51% responderam que consideram o presidente bem-intencionado. Já 42% disseram que Lula não é bem-intencionado. Outros 7% não souberam ou não responderam. Em relação às promessas de campanha, 63% consideram que Lula não tem conseguido fazer aquilo que prometeu. Já 32% consideram que o presidente tem conseguido fazer o que prometeu, e 6% não souberam ou não responderam. A Quaest também perguntou para os entrevistados para quem acham que o governo Lula trabalha. A maioria (52%) considera que o governo trabalha para atender às necessidades de todos; 35% acham que o governo trabalha para atender às necessidades de quem votou em Lula, e 13% não souberam ou não responderam. Economia Para 38% dos entrevistados, a economia no Brasil piorou nos últimos 12 meses. Para 32%, ficou do mesmo jeito. Já para 27%, a economia melhorou.
Nos últimos 12 meses, a economia do Brasil...
• Piorou: 38%
• Ficou como estava: 32%
• Melhorou: 27%
A pesquisa perguntou, ainda, o que os entrevistados esperam da economia brasileira nos próximos 12 meses. Segundo a Quaest, 48% dos entrevistados afirmaram que têm a expectativa de que a economia vai melhorar. Para 30%, a economia vai piorar. Além disso, 19% acreditam que vai permanecer como está. Por fim, 3% não souberam ou não responderam.
Editorial Cultural FM Torres RS – 06.05. 24
Enchentes no RS : Fatalidade ou ...
ENCHENTES NO RGS
Eugenio Giovenardi
A chuva, as enchentes de São Miguel e de São José, o calor, o frio, o vento. a natureza, as árvores, as curicacas são conhecidos dos gaúchos. Nasci, há quase 90 anos, num vilarejo, Casca, que se tornou cidade, 9.400 habitantes, na Serra Gaúcha, entre Guaporé e Passo Fundo.
As rodovias da Serra se abriram cortando montanhas, deslocando pedras, abatendo pinheirais. Abriram-se centenas de quilômetros de campos e florestas para cobri-los de soja, arroz, trigo e milho, culturas que usam água, mas não a retém. A morfologia que orientava ventos e chuvas e canalizava as águas para os rios que descem rumo ao mar pelo Guaíba e pela Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim, foi alterada de maneira a canalizar quase todas as águas para as terras ocupadas por imigrantes italianos, alemães, poloneses que nelas replantaram a criatividade de suas culturas.
A recuperação do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, com vistas aos acontecimentos climáticos previstos para as próximas décadas, dependerá de nossa capacidade de repensar o uso do solo e recompor corajosamente a morfologia geográfica, medidas capazes de prevenir catástrofes semelhantes às que a natureza está mostrando ao Brasil. Um novo olhar sobre a natureza é necessário e urgente para redefinir as condições sociais de sobrevivência da teia da vida humana e não humana no planeta.
Editorial Cultural FM Torres RS – 03.05. 24
Comitiva de ministros irá ao RS na sexta-feira (3) por causa de chuvas. Estado enfrenta fortes temporais desde o início da semana Paulo Timm –Publ. A FOLHA, Torres 03 maio 24
Chove sem parar, com grossos volumes de água, há vários dias em todo Estado. O Governador Leite, que antecipou seu retorno do exterior, decretou Estado de Calamidade e diz que é o 'maior desastre do estado', superior ao de 2023, quando choveu apenas dois dias. Teme-se que Porto Alegre venha a ter uma enchente como a de 1941, que cobriu o Mercado Público à meia altura. Todas as regiões afetadas, dezenas de vítimas, milhares de desabrigados, deslizamento de terras e pontes desabando sob forte correnteza das águas. Situação preocupante nos vales do Jacuí, Pardo, Taquari e Caí. Nesta quinta-feira (2) havia 137 trechos em 57 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes, Criticado no ano passado por não ter vindo ao Rio Grande, Lula agora apressou-se e se dirigiu com comitiva de Ministros a Santa Maria, no coração do Estado e virtualmente isolada. Prometeu Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 7apoio. Paradoxalmente, enquanto visitava a tragédia no Rio Grande do Sul a Agência Brasil se desdobrava em noticiar a presença espetacular de Madona no Rio... O Governador Leite está atento mas visivelmente abalado e perplexo, reafirmando que procurou autoridades federais, mas lamentando a demora das providências, por causa da burocracia. Acompanha de perto a Sala de Situação e redistribui a alta cúpula do Governo de forma a entregar à população maior presença das autoridades estaduais. O vice-governador Gabriel Souza (MDB) está em Santa Cruz do Sul e o chefe da Casa Civil, Arthur Lemos (PSDB), em Bento Gonçalves, duas áreas críticas. A Oposição, entretanto, já o critica por ter destinado apenas R$ 50 mil reais para Defesa Civil e não ter desenvolvido planos de antecipação de providências diante de tragédias ambientais. O Brasil todo, aliás, acostumou-se com a dicção de que é “abençoado por Deus e bonito por Natureza”, distante dos terremotos e maremotos. Agora a mudança climática nos pegou de jeito e não há cultura de previsão de eventos catastróficos. O próprio conceito de Defesa Civil, no Brasil, ainda é vinculado a corpos especializados de caráter militar. Em países como Japão e Chile tem caráter civil há muito tempo, o que permite maior entrosamento com o conjunto da população. Nosso conceito constitucional de Segurança ainda se refere apenas à Segurança Nacional e Segurança Pública, sem qualquer referência à Segurança Civil, para não falar de outros campos de Segurança, já incorporados por vários países depois da pandemia, como Segurança Alimentar, Segurança Energética e Segurança Sanitária. Continuamos apostando na hiperglobalização da fábrica do mundo, desconhecendo a gravidade da crise climática e acreditando na eterna salvação da Pátria por forças militarizadas... Diante da pobreza conceitual sobre Segurança e providências governamentais a respeito, resta o eterno muro das lamentações: "Infelizmente, será o maior desastre que o nosso estado tenha enfrentado, maior que o do ano passado. Estamos vivendo um momento muito crítico no estado. Em setembro do ano passado, tivemos uma enxurrada muito severa, mas o tempo abriu em seguida, o que nos deu condições de entrar em campo mais rapidamente. Neste momento temos muitas dificuldades operacionais para fazer os resgates", disse o governador em coletiva realizada no final da tarde desta quarta-feira (1º). É verdade que corpos especializados do Estado, com o auxílio de forças federais, inclusive Forças Armadas, esforçam-se para fazer o salvamento de pessoas ilhadas. Boletim informa que há 134 municípios afetados, 3.079 pessoas em abrigos e 5.257 desalojados (pessoas que saíram de suas casas e estão em residências de familiares ou amigos). O governador, meio aturdido, pediu às pessoas que não se exponham a riscos tentando acessar áreas afetadas pelas chuvas e suspendeu as aulas em várias cidades. Enfatizou a necessidade urgente de que os moradores que residem em áreas de risco nos municípios atingidos por situações semelhantes em 2023 deixem suas residências e busquem abrigo seguro. Mas isso é insuficiente. Os afetados se perguntam, atônitos: - “Ir para onde? Qual a rota dos abrigos? Por sorte, em Torres, o Prefeito decidiu, oportuna e convenientemente, suspender o Balonismo. Mas tardou.
Rua Pedro Cincinato Borges 376 salas 504 – Edifício Monte Cristo 8
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Situação dos rios – BRASIL DE FATO
O Rio Caí está em inundação severa, com extremo risco à vida. O município de Montenegro, no Vale do Caí, registra a maior enchente dos últimos 80 anos. A confirmação é da Defesa Civil, que prevê a elevação do nível do Rio Caí até o final da tarde desta quarta-feira (1º) a um índice jamais visto. Já para o rio Gravataí o alerta é de inundação, com níveis em elevação. A avenida de entrada de Cachoeirinha para quem vem da capital encontra-se parcialmente alagada pelo rio, com o trânsito em uma pista. O alerta vale também para o Rio dos Sinos, que segue em elevação, a partir de Taquara. Nesta, quinta-feira, o nível do rio dos Sinos chegou a 7,38 metros às 7h, em Novo Hamburgo. Na medição das 8h30 o rio alcançou 7,48 metros. Em razão da elevação que vem ocorrendo rapidamente, as águas estão avançando sobre ruas e algumas casas, principalmente nas vilas Getúlio Vargas (Canudos) e Palmeiras (Santo Afonso). Em São Leopoldo o rio dos Sinos registrou 4,88 metros e segue em elevação de 2 cm em média por hora. O Sinos já atinge a rua da Praia e a rua das Camélias. Força-tarefa da prefeitura está mobilizada e preparada para prestar auxílio às famílias atingidas. A situação mais grave se encontra no rio Taquari. Conforme aponta a Metsul, a enchente catastrófica que atingiu a região do Vale do Taquari é a maior da história. De acordo com o instituto de metereologia, o nível do Taquari em Lajeado e Estrela superou a marca de 30 metros nesta noite pela primeira vez desde o começo das medições há um século e meio. O nível supera o das grandes e até então recordes enchentes de 1941 e 2023, quando o Taquari atingiu cotas na casa de 29 metros. Diante da situação, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitiu um comunicado urgente na noite desta quarta-feira (1º) recomendando a evacuação da população de áreas de risco em diversas cidades do Vale do Taquari.
Editorial Cultural FM Torres RS – 02.05. 24
Ai de ti Argentina
O Pres. Milei, da Argentina, conseguiu aprovar parcialmente seu pacote “ônibus” na Câmara dos Deputados, autorizando-o a algumas privatizações e demissões, e que lhe dá poderes excepcionais para governar por decreto por um ano, considerado de grava crise nacional. O projeto ainda depende de autorização do Senado, mas é anunciado como uma vitória de Milei. Nas ruas, porém, Milei enfrenta manifestações cada vez maiores contra sua agenda de rígido controle de gastos públicos, com milhares de demissões e fechamentos de órgãos públicos. O dia 23 passado bateu o recorde: 1, 5 milhão de pessoas nas ruas de Buenos Aires em defesa da educação pública e gratuita. Muitos deles, votantes em Milei mas preocupados com seus excessos. Livros, bibliotecas, educação são valores tradicionais entre os Hermanos e motivo de orgulho da Argentina frente ao mundo. Lamentavelmente, à falta de um mínimo de consenso interno para a formulação de um Plano de Desenvolvimento, uma das populações com melhores índices do mundo em educação hoje é vítima da pobreza que atinge cerca de 70% da população argentina. Comprova-se lá a falácia de que a educação resolve todos os problemas de desigualdades sociais. Falácia. Sem desenvolvimento, cai no vazio. Outros casos de elevados esforços em educação e que conseguiram ultrapassar a maldição da renda média, alcançando altos níveis de renda per capita, como Japão e Coreia do Sul, tiveram, paralelamente aos investimentos em educação, vigorosos planos de desenvolvimento, com enorme peso do Estado em sua promoção. A Argentina, entretanto, enfrenta, há décadas, depois dos bons indicadores que apresentava no pós guerra, desolação e pobreza. Agora, mergulha no pós liberalismo radical que acredita misticamente no Mercado como regulador da economia e promotor de investimentos privados, praticamente o oposto do que, aqui, Lula procura implementar, confrontado, também, com um Congresso de Oposição, mas com o qual tenta negociar na defesa das regras republicanas. Milei quer mais e mais poder. Poder, talvez, que coloque em cheque a democracia na Argentina como preço para a “limpeza do convés” da economia. Ai de ti Argentina!
ANEXOS:
Café da Manhã Podcast Folha Uol
Podcast discute vitória de Milei no Congresso e faz panorama do início do governo. Presidente viu Lei Ônibus ser aprovada na Câmara; pacote de medidas liberais agora vai para o Senado
https://www1.folha.uol.com.br/podcasts/2024/05/podcast-discute-vitoria-de-milei-no-congresso-e-faz-panorama-do-inicio-do-governo.shtml
23 de abril: um dia histórico para o povo argentino - O ato reuniu estudantes, professores, operários, desempregados, famílias inteiras de extratos humildes à da classe média e alta - 29 de abril de 2024, 21:36 h - 247
Manifestações na Argentina (Foto: Reprodução (Resumen LatinoAmericano))
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A manifestação deste 23 de abril, dita Marcha Federal Universitária na Argentina, em protesto aos cortes orçamentários brutais do governo de Milei contra a UBA (Universidade de Buenos Aires) e várias universidades públicas, foi histórica, não só pela gigantesca participação (800 mil na capital e cerca de 1 milhão em todo o país), mas pelo caráter social amplo, transversal que uniu estudantes, professores e reitores a operários e desempregados, jovens a anciãos, famílias inteiras de extratos humildes à da classe média e alta, desde militantes e sindicatos a cidadãos comuns autoconvocados dos bairros.
Muito além das costumeiras faixas de organizações partidárias e militantes dos movimentos sociais, a participação ativa da juventude foi através de cartazes escritos à mão. Alguns dos tantos exemplos foram: “Um povo culto nunca pode ser escravizado”, “Universidade pública, gratuita”, “Os lápis nunca vão deixar de escrever”, “Porque tanto medo de educar nosso povo”, “Sem educação pública não há futuro”, “Não somos mercadoria para vender”, “Estamos na rua para não perder as aulas”, “Educação Pública, Gratuita e Universitária”, “A educação não se vende, se defende”, “Não queres que sejamos livres, mas ignorantes”, “Mais dinheiro para educar, não para reprimir”, “Mais Telam, menos twitter”, “Rebele-se e se eduque”, “Vou poder ser o primeiro médico da minha família”. “Pai (pedreiro), Mãe (dona de casa), filha (profissional universitária)”.
Além disso, manifestantes levantavam nos braços livros de cultura, literatura, sociologia e política, ciência, etc... de autores conhecidos, desde Rodolfo Walsh, Eduardo Galeano, Marx e Engels, Orwell, Freud, Peron, Cristina Kirchner; temas diversos, desde infantis até a guerra das Malvinas. Enfim, uma manifestação com visual e conteúdo amplo na defesa da cultura e da educação. Sentiu-se no ar e nas emoções o recado do cubano José Marti: “Somente um povo culto pode ser verdadeiramente livre”. Não foi, como disse Milei, contrariando um autêntico e apartidário movimento popular, postando nas redes uma imagem de um leão e a frase: “foram lágrimas da esquerda”.
Uma torrente densa de gente comprimida, numericamente similar à vitória na copa mundial de futebol 2022, defendendo a Universidade pública e gratuita, um patrimônio da cultura nacional afiançado por Peron, e alargado na era kirchnerista. O protesto foi um basta aos efeitos nefastos no funcionamento das universidades públicas, produzidos pelo corte dos orçamentos estatais impossibilitando pagar as exorbitantes tarifas elétricas, material didático e salário dos professores. Quem paga a dívida com o FMI contraída na era Macri? Quem paga, para chegar à tal meta do “déficit fiscal zero” de Milei, não é a casta das grandes fortunas, mas o povo trabalhador com o aumento dos impostos e redução de serviços do Estado: educação, saúde, transportes. Não é mágica. É algo que está tocando fundo no bolso da maioria do povo argentino, dos comerciantes, e das pequenas e médias indústrias nacionais, das construtoras de obras públicas obrigadas a fechar e demitir.
A manifestação do 23 de abril foi um basta contundente! Basta aos cortes na educação pública global que atinge transversalmente a população, incluindo a classe média forçada a ir às escolas privadas com prestações impagáveis. E não somente. Foi também um basta de amplitude horizontal porque a linha de redução de gastos do Estado em todos os campos atinge a todos, rumo ao insuportável. Foi um basta ao túnel obscuro de desmonte brutal dos entes estatais da Ciência, Tecnologia, Cultura, como Conicet, Telam, INCA e cine Gaumont, rumo ao desemprego massivo e às privatizações, ameaçando outros setores como Aerolíneas Argentinas, Correio Argentino, e Banco Nação.
O fato é que cerca da metade dos manifestantes do dia 23 de abril são votantes arrependidos de haver votado neste governo. Segundo uma pesquisa do CEOP publicada pelo jornalista Raúl Kollmann no Página12, “Dois em cada três argentinos (65,2%) apoiam a Manifestação Universitária que ocorreu na última terça-feira e, além disso, uma grande maioria da população avalia como negativa a gestão educacional do governo de Javier Milei. Há uma unanimidade quase total entre os cidadãos sobre a importância da educação pública (87,5 por cento), o que coloca um limite muito acentuado à ofensiva desencadeada pela Liberdade Avança (LLA)”. O ato, que formalizou a caminhada multitudinária desde a praça do Congresso, terminou no palanque em frente à Casa Rosada com lideranças dos movimentos sindicais, sobretudo da educação e professores. O movimento estudantil, através da presidenta da Federação Universitária Argentina, Piera Fernández De Piccoli, encerrou com a leitura de um documento unitário que dizia entre outras:
“Defendemos o acesso ao ensino superior público como um direito. Acreditamos na capacidade de criar igualdade do ensino público gratuito, no poder transformador da universidade como formidável ferramenta de mobilidade social ascendente e na contribuição diferencial e substantiva da produção científica” ... “Todos os problemas que temos se resolvem com mais educação e universidades públicas, com mais investimento em ciência e tecnologia. Queremos que nossas instituições sejam o dispositivo que permita à Argentina reconstituir as desigualdades estruturais e embarcar no caminho do desenvolvimento e da soberania. A educação nos salva e nos liberta. Apelamos à sociedade argentina para defendê-la."
A ex-presidenta Cristina Kirchner reaparece no dia 27 de abril, ao inaugurar o estádio esportivo Néstor Kirchner em Quilmes, neste cenário político, com um discurso que rebate o ataque do governo atual à educação pública, à economia social e à soberania energética e industrial do país. Qualificou tal economia de caráter extrativista dos recursos naturais: “isso é mais que anarcocapitalismo é anarco-colonialismo”: "60 por cento das pessoas podem ter votado em você, mas depois, quando você está no governo e as pessoas morrem de fome, perdem o trabalho e não conseguem chegar ao fim do mês, o que adianta?”. Veja vídeo.
Cristina ressalta que essa não é mais uma das suas “aulas magistrais”, mas reitera a necessidade de nos informar e conscientizar o povo. O seu papel é indiscutível, bem como o do kirchnerismo, pela sua experiência de gestão e conquistas de soberania e bem-estar social entre 2003 e 2015. Sem um cargo político, ameaçada por lawfare e por um atentado, Cristina Kirchner encoraja e não deixa de ser uma líder ordenadora e formadora de quadros do peronismo e da UP. Sua atuação se concentra em construir no Campo Popular âmbitos de debate e elaboração política, de programa e quadros capazes de poder derrotar este projeto neoliberal criminoso, seja na área parlamentar, sindical e nos movimentos sociais. No seu discurso Cristina dá prioridade a esse ordenamento e não às questões internas do justicialismo.
Na semana entrante se retomam, as sessões para debater e votar a nova Lei de Bases e o Pacto Fiscal de Milei. A Lei de Bases com seus 220 artigos é o que restou da Lei Ônibus com seus 664 artigos que em fevereiro foi rechaçada no Congresso. Mas, substancialmente continua danosa e dá campo às chamadas faculdades delegadas do Executivo para desregular a economia, privatizar as empresas públicas e concretizar uma reforma trabalhista que permita a precarização, restitua a cobrança do imposto de renda a um piso inferior, e a venda de terras aos estrangeiros. Cristina Kirchner deixou claro que é preciso estar alerta ao capítulo da Lei que “dá poderes ao Presidente para cancelar 2.308 obras públicas” e que, ao mesmo tempo, “proíbe a revisão dos contratos dolarizados de geração de energia renovável, térmica e hidroelétrica, principal causa do aumento astronômico das tarifas de eletricidade."
Algum sábio analista disse que o 23 de abril foi um plebiscito pela escola pública. Verdade. O povo votou com os pés. Agora, há que ver como respondem as lideranças políticas para dar uma saída à pressão social. No dia 25 de abril, dois dias depois da sinalização de um milhão nas ruas, a oposição, UP (União pela Pátria), FIT e parte da U. Cívica Radical, convocaram uma sessão especial na Câmara de Deputados para responder ao tema das verbas das universidades públicas. Não houve quórum por ausência de oficialistas e centristas entre os quais, contraditoriamente, alguns haviam presenciado a manifestação.
A força do 23 de abril deve dar a pensar às forças políticas oficialistas e opositoras, antes de votar no Congresso a Lei de Bases nesta semana em nome do povo: isso é só o começo. Em quatro meses de governo da Liberdade Avança, o povo argentino avançou massivamente às ruas: 24J, 8M, 24M, 23A. Salta-se da quantidade à qualidade. As centrais sindicais preparam uma significativa manifestação de 1º. de Maio e, no próximo 9 de maio há greve geral decretada pela CGT, CTAs, ATE, La Bancária, e diversos sindicatos, com previsível multidão de trabalhadores e estudantes organizados nas ruas.
Editorial Cultural FM Torres RS – 29 setembro
ELIS & TOM
Paulo Timm – Publ.A FOLHA, Torres 29 setembro
“Elis & Tom” é um disco lançado em 1974 por Antonio Carlos Jobim e Elis Regina, pela gravadora Polygram, entre 22 de fevereiro e 9 de março daquele ano, no MGM Studios, de Los Angeles, EU. Tom já morava nos Estados Unidos e fazia um sucesso extraordinário, embora um pouco deslocado das paradas musicais no Brasil, depois do sucesso da Bossa Nova na década anterior. Em vários sentidos,, 1974, que elegeria 18 senadores da Oposição, como resposta à primeira crise do petróleo no anto anterior e que elevou o preço do barril de US$ 2,5 para US $ 13, assustando a classe média auto-centrada, anunciava um Brasil que começava a viver uma transição. Foram ficando para trás os “Anos de Chumbo”, abrindo-se, com a posse do General Geisel, um novo ciclo que culminará na Constituição de 1988. Elis já era uma cantora consagrada, de grande estilo, sem carreira internacional e mergulhada numa fase difícil no meio artístico, depois que aceitou marcar presença numa Olimpíada Militar. Oriunda do Rio Grande do Sul ela havia frequentado, no Auditório da Rádio Farroupilha. o “Clube do Guri”. (Fui testemunha, mas me penitencio de não guardá-la na memória; fascinado por rádio, eu frequentava os programas de auditório das rádios Farroupilha, Itaí e Gaúcha nas manhãs de domingo). Tom e Elis já se conheciam mas não se cultivavam. Tom, marcado pelo economicismo da Bossa Nova, não combinava muito bem com o estilo performático de Lis. Diziam as más línguas que ele achava a gauchinha apimentada ainda com cheiro de churrasco... Adveio, porém, a ideia do empresário dela de juntá-la ao Maestro para um novo disco, um relançamento. Elis, aliás, chegou a ser testada como sucessora de Celi Campelo, nossa primeira roqueira, mas não deu certo. Do encontro, enfim, de Tom e Elis, resultou o álbum excepcional, de grande alcance e destinado a se converter numa relíquia da música popular brasileira. Uma peça musical de qualidade inquestionável, fadado à imortalidade, mais além da Bossa Nova, ecoando até hoje como uma prece num momento em que o mundo se despedia do sonho da década anterior e se iniciava numa era de espetáculos estrondosos. Um verdadeiro “Feitio de Oração”...
-“O sonho acabou”, sentenciou John Lennon, em 1970. Seria assassinado dez anos depois. Em 1973 o pérfido General Pinochet comanda o mais cruel golpe na castigada América Latina e soterra a experiência pioneira de Salvador Allende, no Chile, de construir o socialismo com Paz e Amor. Mas na América! América!, um novo estilo de vida emergia na Califórnia, nas pegadas de Woodstock, onde eles se encontram. Um encontro com obstáculos, mas de gênios fadados a se concertaram na procura da perfeição de tons, subtons e arranjos geniais. Saiu o álbum. Sucesso absoluto em vários países. O Brasil no mundo. Mas ninguém sabia, até pouco tempo, que tudo isso fora filmado, com imagens também memoráveis.. Agora, as filmagens se convertem no magnifico filme, dirigido por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, com o mesmo nome do álbum para o deleite, tanto dos mais velhos que vivenciaram aquela épica, com dos jovens atuais e futuros que poderão conhecer de perto estes dois personagens históricos da nossa música.
“ELIS E TOM, SÓ TINHA DE SER COM VOCÊ
O filme mostra os bastidores e todos os dramas e tensões que cercaram as gravações a ponto de o projeto quase ser interrompido. No fim, no entanto, a força da música se sobrepõe e conduz Elis Regina, Tom Jobim e um grupo de jovens músicos talentosos a uma obra-prima. Na produção, o espectador é levado numa viagem no tempo, participando de momentos de conflito e também de pura alegria, revelando momentos íntimos do processo criativo e das personalidades extraordinárias desses artistas. A obra é também um emocionante reencontro do diretor com os artistas e o material filmado há quase cinco décadas.”
Assisti ontem ao filme, no Centro Cultural Mario Quintana, POA, e entre suspiros e furtivas lágrimas revivi um tempo em que, no vigor dos 30 anos iniciava minha vida profissional em Brasília, cheio de ilusões e amores. Recomendo. Não percam. Oportunidade única para se voltar a sonhar...
Editorial Cultural FM Torres RS 28 de setembro 23
Haverá um conflito institucional entre Judiciário e Poder Legislativo?
Em meio à seca no Amazonas, calores extremos em várias cidades do sudeste e centro-oeste e fortes inundações no sul do país e até festejos pela posse, hoje, do Ministro Barroso como Presidente do STF, com a presença artística de Maria Betânia, as duas casas do Congresso Nacional se levantam contra o Poder Judiciário. Na Câmara, ontem, um grupo minoritário de deputados da Oposição obstruiu a pauta em protesto contra o ativismo do Supremo. Esta ação não deverá progredir, eis que o Governo tem franca maioria naquela Casa graças ao apoio do Centrão ao Governo Lula III, mas indica uma inquietação parlamentar diante do Judiciário. No Senado, geralmente mais sereno, tanto pela sua composição interna como pela personalidade de seu Presidente, mineiro, a inquietação está indo mais além. Ontem, a casa aprovou a toque de caixa, passando em 24 horas pela Comissão de Constituição e Justiça, regime de urgência e votação em plenário, projeto do MARCO TEMPORAL que não só exclui direito á demarcação de terras indígenas que não estivessem ocupadas em 1988, como introduz uma estranha clausula de prioridade á soberania nacional sobre direitos dos povos originários, como se eles não fossem parte da Nação. Dias antes, o líder da Oposição já havia conseguido aprovar a realização de um plebiscito para definir a questão do direito ao aborto. Ora, tudo isso confronta, sim, com recentes decisões do Supremo e traz à tona uma dúvida sobre a decisão final sobre temas controversos. Diz a teoria e prática constitucionalista, sobretudo quando Barroso será o Presidente do Supremo –ele que coloca na sua Agenda temas como combate à pobreza, dentre outros mais afeitos ao campo das Políticas Públicas sob responsabilidade do Executivo, que o Supremo é o PODER QUE ERRA QUE POR ÚLTIMO, com direito à palavra final em caso de contencioso sobre questões envolvendo a interpretação da Constituição. O Projeto do Marco Temporal aprovado pelo Senado ainda deverá passar pela Câmara, onde será aprovado com facilidade até chegar à sanção presidencial. Tudo indica que Lula o vetará, correndo o risco de ter o veto derrubado pelo Congresso, com o que o assunto, suscitado por algum dos Partidos da base governista ou ONG em defesa dos índios, acabará sob o crivo do Supremo. Aí, certamente, como esta corte já tem posicionamento sobre a matéria, cairá por inconstitucional. Isso posto, restabelecer-se-á a normalidade nas relações do Congresso com o Judiciário ou novos embates entrarão em cena? Quem viver, verá. Oxalá, em algum momento se restabeleça o princípio de harmonia e independência entre os Poderes da República, sob o acicate da autocontenção de cada um deles. Sem isso, a democracia sucumbe e a paz entre os homens cede lugar á guerra de todos contra todos, na qual os mais fortes são sempre os vencedores.
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Editorial Cultural FM Torres RS 27 de setembro 23
Em busca da definição de responsabilidades sobre as inundações no Estado
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Agora eu entendi por que tem gente que quer que o Rio Guaíba seja lago e não um rio. luizmuller-agora-eu-entendi-por-que-tem-gente-que-quer-que-o-rio-guaiba-seja-lago-e-nao-um-rio
Prefeitura de Bento Gonçalves questiona operadora de barragem se comportas foram abertas antes da inundação. A Procuradoria de Bento Gonçalves enviou perguntas à Companhia Hidrelétrica CERAN em busca de informações sobre a enchente que afetou a região e a possível abertura de comportas pela companhia. Terra.com.br>>Prefeitura-de-Bento Goncalves-questiona-operadora-de-barragem-se-comportas-foram-abertas-antes-da-inundacao
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Os sucessivos temporais sobre o Rio Grande do Sul que resultaram na inundação de várias cidades da Bacia do Taquari, com perdas de vidas e materiais vultosas, continua repercutindo junto a autoridades e especialistas no Estado. A primeira versão do Governador Leite de que não havia previsão de tanta chuva foi desmentida por várias instituições. A versão da abertura irresponsável de comportas das pequenas barragens na região, levantada pelo Jornalista Alexandre Garcia, também foi desmentida porque simplesmente inexistem comportas nestas barragens, apenas taipas de sustentação.
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Barragens no Vale do Taquari (RS) não têm comportas que poderiam controlar o fluxo de água; enchente foi causada por ciclone
São falsos os posts que alegam que as barragens do Rio Taquari, que cruza a região mais afetada pelas enchentes dos dias 4 e 5 de setembro no Rio Grande do Sul, se romperam ou tiveram suas comportas abertas. As estruturas sequer têm comportas capazes de controlar o fluxo de água e, segundo a empresa que administra as hidrelétricas, elas se mantiveram íntegras durante a passagem do ciclone extratropical que atingiu a região. Autoridades estaduais, federais e meteorologistas afirmam que o grande volume de água que alagou as cidades do Vale do Taquari foi causado por eventos climáticos naturais
https://www.plural.jor.br/noticias/vizinhanca/barragens-no-vale-do-taquari-rs-nao-tem-comportas-que-poderiam-controlar-o-fluxo-de-agua-enchente-foi-causada-por-ciclone/
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Aparentemente, foram várias as causas das enchentes do Taquari e sobre todas elas se faz necessária maior investigação.
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Combinação de diferentes fatores causou cheia no Vale do Taquari, dizem especialistas
Soma da chuva com questões como aquecimento global, fenômeno El Niño, aumento das temperaturas no oceano e na Amazônia, relevo e solo da região são alguns elementos citados por pesquisadores
https://gauchazh.clicrbs.com.br/ambiente/noticia/2023/09/combinacao-de-diferentes-fatores-causou-cheia-no-vale-do-taquari-dizem-especialistas-clmb9zadf0050011sl0l134gk.html
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Agora, a AGAPAN vem a público manifestar sua posição crítica quanto aos retrocessos na legislação ambiental. Tudo indica, enfim, que o assunto das origens e responsabilidades sobre as inundações no Taquari ainda não se esgotou. Uma CPI na Assembleia Legislativa poderia, enfim, esclarecer melhor a questão.
Leia a íntegra da carta aberta ao governador e aos deputados do Rio Grande do Sul:
Agapan publica carta aberta sobre retrocessos na legislação ambiental; leia a íntegra
A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) publicou na segunda-feira, 25, uma carta aberta ao governador Eduardo Leite e aos deputados e deputadas do Rio Grande do Sul sobre os retrocessos na legislação ambiental no estado. https://red.org.br/noticia/agapan-publica-carta-aberta-sobre-retrocessos-na-legislacao-ambiental-leia-a-integra/
Diante das tragédias ocorridas no Estado, continuarão insistindo em retrocessos ambientais?
No dia 22 de agosto, em artigo publicado no Jornal do Comércio, sob o título de “O gargalo do licenciamento ambiental”, um deputado do partido Republicanos, que atualmente preside a Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, acusa o licenciamento ambiental de causar prejuízos à economia do Estado e insinua que quem defende o meio ambiente seria pertencente a um segmento que quer manter a sociedade na idade da pedra.
O deputado é autor de projetos de lei em tramitação da Assembleia Legislativa que propõem alterações na legislação ambiental, causando retrocessos na proteção. Em síntese, para o presidente da Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa, o meio ambiente preservado é um entrave ao desenvolvimento.
Cabe a pergunta a todos deputados e deputadas: o pensamento desse senhor seria uma voz destoante ou representa a da maioria dos parlamentares? A sociedade gaúcha precisa saber. Afinal, os rumos do Estado passam pela Assembleia Legislativa e as tragédias ambientais estão aí, causando mortes e danos à vida da população. Embora alguns não percebam ou ainda prefiram dar de ombros, as crescentes tragédias já demonstram ser resultados da intensificação da atual crise climática, reforçadas por ações deletérias de alguns setores da sociedade.
A Agapan considera como muito graves os reiterados ataques do deputado à legislação e às estruturas de proteção ao meio ambiente, sintetizados no conteúdo dos seus projetos de lei, no artigo e em manifestações. Assim, viemos a público colocar algumas questões para reflexão dos representantes da população no Legislativo e da sociedade gaúcha, assim como aos eleitores, que definem quem continuará nestes cargos públicos.
Para início de diálogo, é importante todos terem consciência que o que está em debate diz respeito a nós, enquanto sociedade, e isso tem severas consequências. Por coincidência, neste período, o Rio Grande do Sul, lamentavelmente, passa por uma imensa tragédia ambiental. Falamos no desastre que impactou fortemente o Vale do Taquari, principalmente os municípios de Muçum e Roca Sales, entre outros, causando dezenas de mortes, destruição das cidades, bem como perdas econômicas e culturais. Uma verdadeira tragédia anunciada. Também é importante lembrar que, há poucas semanas, houve outro evento, o ciclone extratropical que impactou a região do litoral gaúcho, com perdas econômicas na produção e na vida das famílias que ali residem. O Rio Grande do Sul passou por quatro estiagens nos últimos anos, sendo uma delas a maior em sete décadas.
Há pelo menos 30 anos, deste a conferência do Rio de Janeiro, realizada em 1992, que colocou as mudanças climáticas na pauta mundial, a Ciência tem apontado, com inúmeros estudos, que os potenciais impactos no mundo decorrentes das mudanças climáticas cresceriam em intensidade e frequência caso não se alterasse o modelo de economia predominante. No entanto, desde muito antes, enquanto entidade pioneira no Brasil, estamos buscando ecologizar a nossa sociedade, tarefa árdua da qual nunca abrimos mão e jamais desistiremos, ainda que os comandos dos governos e dos parlamentos se modifiquem. Infelizmente, os rumos apontam que tem sido para pior.
Atualmente, todas as mídias do mundo mostram, todos os dias, que a mudança do clima já é uma realidade. Negar a emergência climática se torna até vexatório, indício de alienação a respeito da realidade ou má fé com interesses escusos.
Em conjunto com outras entidades ambientalistas, e sempre com base científica, temos alertado para os prejuízos que as alterações na legislação ambiental e na precarização na gestão ambiental provocam para a sociedade. Desde o debate do Código Florestal (em 2012), passando pelo desastre da gestão irresponsável do ex-ministro Ricardo Salles (governo Bolsonaro, 2019-2022) no âmbito nacional, ainda lutamos contra a permissão criminosa do desmatamento da Amazônia e do Cerrado, entre outros biomas. Aqui no Estado, nos opomos às mudanças do Código Estadual de Meio Ambiente, patrocinada pelo governador Eduardo Leite, alertamos para a devastação dos biomas Pampa e Mata Atlântica e a irresponsabilidade do governo na gestão das águas. Nossos cursos d’água estão impactados, poluídos e desprotegidos por pressões comerciais e orientações equivocadas aos nossos pequenos e médios produtores rurais.
No mesmo sentido, alertamos para a necessidade de abandonar as fontes fósseis de energia. Defendemos banir o uso do carvão – por meio da participação ativa no Comitê de Combate à Megamineração no Rio Grande – e acelerar a transição energética para fontes renováveis, com o incentivo a processos de instalações que respeitem o meio ambiente em sua totalidade, o que inclui a fauna, a flora e as comunidades tradicionais. A Agapan, há 52 anos, coloca esses temas na pauta do Estado, que é precursor do ambientalismo, bem como do Brasil e do mundo, através de suas participações nos mais variados fóruns, conselhos e coletivos de meio ambiente.
As alterações nas legislações e visão como a apresentada no artigo e ações do deputado são motivadas por pressões de setores econômicos e pensamentos egoístas e retrógrados que somente pensam em lucros e vantagens imediatistas, mas que transferem o ônus e as consequências para toda a população, que posteriormente paga a conta, inclusive com vidas, incluindo as futuras gerações, para quem pouco ou nada restará a não ser lutar para sobreviver em meio a eventos extremos. Posturas negacionistas, irresponsáveis e lesivas à proteção ambiental prejudicam a sociedade porque comprometem o futuro, a qualidade de vida e mesmo a segurança das populações, expondo as pessoas a riscos e tragédias.
O Governo do Estado do Rio Grande do Sul e a Assembleia Legislativa devem assumir a realidade da emergência climática e construir um pacto para não permitir mais retrocessos ambientais. Além disso, devem assumir o compromisso de tomar a frente em vultuosas campanhas e investimentos em recuperação de vegetação nativa, na proteção das áreas de preservação permanente, energias renováveis e sistemas de produção com uma economia industrial, comercial e agrícola de baixa emissão de carbono e em bases sustentáveis. Sem um novo modelo social, com base na sabedoria do pensamento ecológico, não há futuro.
Diante dessas considerações, solicitamos que:
Os seguintes Projetos de Lei sejam RETIRADOS de tramitação na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul por se caracterizarem por retrocessos ambientais: PL 218/2023; PL 268/2023; PL 151/2023; PL 204/2023; PL 433/2021; PL 97/2018.
Os temas Mudanças Climáticas e Transição Energética sejam colocados como prioridade da pauta da Assembleia Legislativa e do Governo Estadual.
Não se admitam mais projetos que reduzam cobertura de vegetação nativa, e que, por outro lado, se amplie as unidades de conservação no Estado.
A legislação dos recursos hídricos seja totalmente implementada, impedindo que a água seja domínio de setores econômicos (sejam produtores rurais, energia ou indústria), garantindo-a como bem público de uso de todos, com prioridades e gestão sustentável.
Os instrumentos de gestão ambiental como Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) e outros instrumentos de gestão ambiental sejam implementados e aperfeiçoados para que a produção não destrua mais o meio ambiente, com garantia de participação plena da sociedade e dos movimentos socioambientais interessados na proteção da vida natural.
A Secretaria de Meio Ambiente volte a ter órgão independente da Infraestrutura, por ser inaceitável que o órgão central da gestão ambiental esteja subordinado a quem estimula projetos de mineração e infraestrutura, que sabidamente são impactantes para o ambiente natural. Essa junção é lesiva à gestão ambiental e deve ser revertida.
A Casa do Povo se abra à participação e ao debate público, atuando decisivamente para a proteção do meio ambiente. As decisões da Assembleia Legislativa têm impactos na vida da população e podem ser as responsáveis por tragédias.
Estamos consternados e solidários com as famílias que foram diretamente impactadas pelas recentes enchentes. No entanto, resta saber quem de fato em nosso Estado assumirá compromissos verdadeiros para que tragédias ambientais assim não se repitam.
A sociedade gaúcha espera do governador Eduardo Leite um pedido de desculpas sinceras por ter tomado decisões tão erradas na gestão ambiental, e que daqui em diante haja de forma diferente, que ouça os alertas da Ciência, em especial dos especialistas em Meteorologia e Clima. Nós, ambientalistas, que sempre nos dedicamos voluntariamente no RS para ajudar a preparar um futuro melhor para todos, continuamos dispostos a colaborar. Entendemos que o Estado deveria perceber e valorizar a trajetória que construímos, reconhecida internacionalmente, e abra espaço para somarmos em prol de nossa sociedade.
ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE PROTEÇÃO AO AMBIENTE NATURAL – AGAPANA Vida Sempre em Primeiro Lugar Desde 1971
Editorial Cultural FM Torres RS 25 de setembro 23
O VOTO DE ROSA WEBER PELA JUSTIÇA REPRODUTIVA
A constatação de que o grande número de abortos no Brasil é feito por mulheres pobres e negras, maior parte delas muito jovens, inclusive meninas de 12 a 14 anos, fez a Ministra Rosa Weber, do STF, votar pela descriminalização deste procedimento quando realizado até 12 semanas do feto. Introduziu a Ministra um conceito de Justiça Reprodutiva com vista à salvaguarda destas mulheres. Abaixo o voto dela:
Ministra Rosa Weber vota pela descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação
portal.stf.jus-noticias=VER NOTÍCIA . - 22/09/2023
A ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), votou pela descriminalização da interrupção voluntária da gravidez (aborto), nas primeiras 12 semanas de gestação. Ela é a relatora da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que começou a ser julgada na madrugada de hoje (22), em sessão virtual. O julgamento foi suspenso por pedido de destaque do ministro Luís Roberto Barroso, e, com isso, prosseguirá em sessão presencial do Plenário, em data a ser definida.
A discussão sobre a descriminalização do aborto foi provocada no STF pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), autor da ação, e chegou a ser objeto de audiência pública em 2018 convocada pela ministra Rosa Weber. O objetivo era debater o tema com especialistas e representantes de entidades governamentais e da sociedade civil.
Extrema delicadeza
Em voto de 129 páginas, a ministra considera que os artigos 124 e 126 do Código Penal não estão de acordo com a atual Constituição Federal. Na sua avaliação, é desproporcional atribuir pena de detenção de um a quatro anos para a gestante, caso provoque o aborto por conta própria ou autorize alguém a fazê-lo, e também para a pessoa que ajudar ou realizar o procedimento.
A ministra ressalta que o debate jurídico sobre aborto é “sensível e de extrema delicadeza”, pois suscita “convicções de ordem moral, ética, religiosa e jurídica”. Apesar dessas conotações discursivas, porém, Rosa Weber considera que a criminalização do aborto voluntário, com sanção penal à mulher e ao profissional da medicina, “versa questão de direitos, do direito à vida e sua correlação com o direito à saúde e os direitos das mulheres”.
Início da vida
Um dos pontos destacados pela ministra é que a falta de consenso sobre o momento do início da vida é fato notório, tanto na ciência quanto no campo da filosofia, da religião e da ética. Para Rosa Weber, o argumento do direito à vida desde a concepção como fundamento para a proibição total da interrupção da gestação, como defendem alguns setores, “não encontra suporte jurídico no desenho constitucional brasileiro”.
Ela lembra que a discussão sobre direito à vida e suas formas de proteção não é nova no Supremo: ela esteve presente tanto no julgamento da Lei de Biossegurança (ADI 3510), sobre o uso de embriões humanos para pesquisas com células-tronco, quanto no da interrupção da gravidez de feto anencéfalo (ADPF 54). Nesse julgamento também foi debatida a liberdade reprodutiva e a autonomia da mulher na tomada de decisões.
Direitos reprodutivos
O Estado, portanto, segundo a ministra, tem legítimo interesse (e deveres) na proteção da vida humana configurada no embrião e no nascituro conforme a legislação civil, por exemplo. Todavia, essa proteção encontra limites no Estado constitucional, e a tutela desse bem não pode inviabilizar, a priori, o exercício de outros direitos fundamentais também protegidos pela legislação nacional e tratados internacionais de direitos humanos, incluindo-se os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres.
Saúde pública
A ministra destacou que, em diferentes países onde o aborto foi descriminalizado, houve redução do número de procedimentos, associada à ampliação do uso de métodos contraceptivos. Após citar vários dados e casos julgados em outros países, ela concluiu que há uma tendência contemporânea do constitucionalismo internacional de considerar o problema da saúde sexual e reprodutiva das mulheres como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. A principal nota é a interdependência dos direitos - à liberdade e à vida digna em toda sua plenitude, física, mental, psicológica e social.
Proporcionalidade
“O aborto não se trata de decisão fácil, que pode ser classificada como leviana ou derivada da inadequação social da conduta da mulher”, afirmou a ministra. Para ela, a discussão normativa, diante de valores constitucionais em conflito, não deve violar o princípio constitucional da proporcionalidade, ao punir com prisão a prática do aborto. Essa medida, a seu ver, é “irracional sob a ótica da política criminal, ineficaz do ponto de vista da prática social e inconstitucional da perspectiva jurídica”.
Autodeterminação
Segundo Rosa Weber, após oito décadas de vigência da norma no Código Penal (1940), é hora de colocar a mulher “como sujeito e titular de direito”, e não como uma cidadã de segunda classe, que não pode se expressar sobre sua liberdade e autonomia.
“Não tivemos como participar ativamente da deliberação sobre questão que nos é particular, que diz respeito ao fato comum da vida reprodutiva da mulher, mais que isso, que fala sobre o aspecto nuclear da conformação da sua autodeterminação, que é o projeto da maternidade e sua conciliação com todos as outras dimensões do projeto de vida digna”, ressaltou a ministra.
Rosa Weber lembrou que, na época da edição da lei, a maternidade e os cuidados domésticos compunham o projeto de vida da mulher. “Qualquer escolha fora desse padrão era inaceitável, e o estigma social, certeiro”. Por outro lado, a criminalização do aborto visava tutelar de forma digna a vida humana, mas não produziu os efeitos pretendidos.
Diálogo institucional
A relatora destacou que, apesar da competência do Congresso Nacional para legislar sobre o tema, o Poder Judiciário é obrigado, constitucionalmente, a enfrentar qualquer questão jurídica a ele apresentada sobre lesão ou ameaça a direitos seja da maioria ou das minorias. “Na democracia, os direitos das minorias são resguardados, pela Constituição, contra prejuízos que a elas possam ser causados pela vontade da maioria. No Brasil, essa tarefa cabe ao Supremo Tribunal Federal”, frisou.
Ela explicou que não cabe ao STF elaborar políticas públicas relacionadas à justiça reprodutiva ou escolher alternativas normativas às adotadas pelos Poderes Legislativo e Executivo, como as relacionadas às políticas de saúde pública das mulheres. “Não obstante, compete-lhe o diálogo institucional, por meio das técnicas processuais pertinentes, sejam elas para a coleta de dados e informações, como as audiências públicas, sejam as técnicas decisórias instauradoras da conversação democrática, como o apelo ao legislador”.
Diante disso, a ministra, na parte final de seu voto, fez um apelo a esses Poderes para a implementação adequada e efetiva do sistema de justiça social reprodutiva, com “a remoção dos entraves normativos e orçamentários indispensáveis à realização desse sistema de justiça social reprodutivo”.
Leia a íntegra do voto da ministra Rosa Weber na ADPF 442.
Editorial Cultural FM Torres RS 22 de setembro 23
Senado quer avançar sobre o STF em drogas, aborto e imposto sindical
O jornal FOLHA DE S.PAULO chama a atenção para movimentação em curso no Senado, entre líderes partidários, no sentido de avançar com propostas de emendas à Constituição que enderecem temas que estão sendo objeto de julgamento pelo STF. Como pano de fundo dessas articulações, anota o jornal, está a percepção de que o Judiciário está invadindo assuntos de competência do Legislativo. Nesse sentido, a primeira ofensiva vem na PEC apresentada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, definindo na Constituição que é crime o porte ou posse de qualquer droga ilícita, independentemente de sua quantidade - entendimento oposto ao que vem sendo indicado pelo STF em julgamento retomado há um mês, e que tende a descriminalizar o porte de maconha em pequenas quantidades. Segundo a reportagem, porém, os senadores também estão se movimentando para atuarem nessa mesma linha em relação ao imposto sindical e ao aborto. “Esses temas são muito caros aqui e a tendência é fazer algo parecido [com o caso das drogas]”, afirmou o senador Izalci Lucas (PSDB-DF).
Também na FOLHA, reportagem mostra que “tem enfrentado resistência de tribunais do país” a proposta de resolução do CNJ que determina a alternância de gênero no preenchimento de vagas de desembargadores nos tribunais. A proposta deverá ser analisada hoje, após ser pautada pela presidente do CNJ, Rosa Weber, que está próxima da aposentadoria. Essa alternância valeria para as promoções tanto pelo critério de antiguidade quanto pelo de merecimento, e passando a valer a partir de janeiro de 2024. A resolução proposta prevê que esse sistema seja mantido até que cada tribunal alcance proporção de pelo menos 40% de mulheres em sua composição. Conforme o jornal, há expectativa de que haja pedido de vista, dada a sensibilidade do tema. No entanto, também é possível que haja antecipação de votos dos demais conselheiros em caso de pedido de vista.
Também em relação à ministra Rosa Weber, os jornais informam que a presidente do STF atendeu a pedido do ministro Alexandre de Moraes e pautou para o próximo dia 26 o julgamento do quarto réu acusado de envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro. O acusado, nesse caso, será julgado no plenário virtual. Moacir José dos Santos, de 52 anos, é acusado de ser um dos executores dos ataques aos palácios. Ele é o primeiro réu a ser julgado que não se encontra preso. A análise do caso começa na quarta-feira da próxima semana, dia 26.
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Editorial Cultural FM Torres RS 21 de setembro 23
Lula surfa, o Brasil vai bem, mas o mundo nem tanto...
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Lula e Biden lançam Agenda pela defesa do trabalho digno
Também está no portal da RED o discurso de Lula na ONU. Acesse e ouça ou leia os dois. "O Brasil voltou!" https://red.org.br/noticia/assista-lula-e-biden-lancam-iniciativa-global-em-defesa-do-trabalho-digno/
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Quase nove meses do novo Governo e já se pode dizer que Lula III vai indo bem, obrigado. Em recente entrevista ao jornalista Breno Altman - POLÍTICA ECONÔMICA DE LULA AGRADA OS LIBERAIS? - SAMUEL PESSÔA - PROGRAMA 20 MINUTOS - YouTube, Samuel Pessoa, economista avesso `a esquerda, ativo membro da equipe econômica do ex Presidente Bolsonaro, reconheceu que as medidas do Ministro Haddad, a quem deu uma nota 9, mesmo com uma certa ‘inconsistência’ do Arcabouço Fiscal, estão corretas. Ao governo deu nota de aprovação 7,5. Com efeito, as últimas estimativas dão uma taxa do crescimento do 3,2% ao PIB deste ano, dez vezes superior à do começo do ano. O desemprego está caindo, os salários melhorando, a inflação sob controle e as vendas de fim de ano prometendo uma retomada aos melhores níveis de anos anteriores. Ou seja, é o Brasil voltando a crescer. Não obstante, o cenário externo não é nada promissor, mercê do aperto monetário frente ao recrudescimento da inflação, embora o anterior pessimismo quanto ao crescimento chinês tenha arrefecido. O PIB mundial (OCDE) deverá crescer apenas 3%, puxado pela economia da Índia 6,3%, da China 5,1%. Estados Unidos não vai muito bem – 2,2% e países europeus, nem isso. A Alemanha, aliás, que é o carro chefe da economia europeia está em recessão, isto é, com dois trimestres no negativo. Atrás dela prenuncia-se o pior para os demais países europeus
“Durante décadas a Alemanha foi a menina dos olhos da economia europeia. Seus pilares eram uma grande estabilidade monetária com um mínimo de inflação, juros baixos, um sistema de transporte muito eficiente, um padrão de consumo interno alto e estável, uma pauta de exportações e importações de alto padrão e last but not least, um equilíbrio político de espírito “conservador ilustrado” tido como inabalável, com a alternância ou combinação entre socialdemocratas (SPD), verdes (Bündnis 90/Die Grúnen) e as uniões cristãs, a social da Baviera (CSU) e a democrata (CDU) do resto do país, além da presença eventual do liberal FDP.
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Com tais predicados, o governo de Berlim tornou-se o fiel da balança da União Europeia e do continente como um todo, exercendo uma parceria sobretudo com Paris. ... Ela e Nicolas Sarkozy tiveram uma influência decisiva para impedir que o estilo histriônico do italiano Silvio Berlusconi se tornasse a marca principal da política europeia. Ao contrário, Angela Merkel transformou a austeridade – para além da fiscal – no brasão político mais importante da Europa no começo do século XXI. Ao mesmo tempo, a Alemanha tornou-se o carro-chefe da economia continental, graças à sua variada pauta de importações e exportações.
Dos dez países que mais importam da Alemanha, oito são europeus: os outros dois são a China e os Estados Unidos. Os mesmos números e as duas exceções se repetem na coluna das exportações. A economia continental europeia está presa à alemã como um comboio na locomotiva, ou… um peixe no anzol.
De repente, não mais que de repente, este belo edifício mostrou frinchas e rachaduras nos alicerces, e hoje ameaça desequilibrar-se, arrastando o continente inteiro. A inflação subiu meteoricamente, de quase 0% para quase 10% ao ano, em média: no setor de alimentos, 20% e na energia, 40%. A demanda interna caiu, a externa adernou perigosamente com as oscilações da economia chinesa e a pressão protecionista dos Estados Unidos. A indústria alemã, carro-chefe das exportações e importações, sobretudo de veículos, autopeças e acessórios, de produtos farmacêuticos, artefatos elétricos, aviões e helicópteros, além de outros, entrou em depressão. No começo de 2023 o FMI previu uma retração de 0,1% na economia do país. Depois aumentou-a para 0,2% e agora a previsão está em 0,4% negativos. ”
Flávio Aguiar, in A recessão alemã. A guerra na Ucrânia se prolonga, e a recessão alemã veio para ficar, afetando o continente inteiro. 19 de setembro de 2023, - • https://www.brasil247.com/blog/a-recessao-alema
A economia ocidental, portanto, paga um preço alto ao ser arrastada `a sustentação da política externa americana de sustentação da Ucrânia contra a invasão da Rússia, a qual, entretanto, vai se reacomodando com novas alianças com China, Irã e países árabes, os quais não estão nem aí para as sanções econômicas.
O Brasil, entretanto, ao se equilibrar diante do conflito Ucrânia/Rússia, tem conseguido receber fertilizantes necessários ao novo boom do agrobusiness e superando, gradativamente os desequilíbrios provocados tanto pela pandemia, quanto pelos erros da administração federal passada. Prova-o o calor da recepção e os aplausos a Lula em seu pronunciamento na Assembleia Geral da ONU. O problema é que, como assinala o economista P. Patnaik, abaixo, como os países avançados estão sob uma crise sem precedentes, isso acabará impactando todo o Sul Global, inclusive o Brasil. Ou seja, nas palavras de Antonio Gutierres, Secretário Geral da ONU, que associa a crise às mudanças climáticas: “ A humanidade abriu as portas do inferno”.
Anexo
Os silêncios da Declaração de Deli por Prabhat Patnaik Com as economias dos países avançados a enfrentarem uma crise sem precedentes, o seu impacto também será enfrentado no Sul global = Publicado em 19/09/2023
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A reunião do G-20 em Deli ocorreu em meio a uma crise econômica aguda na economia mundial. O FMI espera que as economias capitalistas avançadas testemunhem uma desaceleração do crescimento de 2,7 por cento em 2022 para 1,3 por cento em 2023; de acordo com uma estimativa alternativa do FMI, o seu crescimento em 2023 poderá mesmo cair abaixo dos 1 por cento. Como é provável que a taxa de crescimento da produtividade do trabalho exceda este valor, isso significaria um aumento substancial do desemprego na metrópole. Isto seria agravado, especialmente no caso da UE, por um vasto afluxo de migrantes da Europa de Leste que já ocorre há algum tempo, e de refugiados da Ucrânia, que está a ser incitada a travar a guerra por procuração da Otan contra a Rússia.
A tendência em direção ao fascismo na Europa, que ultimamente ganhou um impulso considerável, receberá um impulso ainda maior com este crescimento do desemprego, o qual incentivará ainda mais a animosidade em relação aos imigrantes. O neonazi AfD na Alemanha já está a obter perto de 20 por cento dos votos e está preparada para fazer acordos a fim de chegar ao poder, pelo menos nos governos provinciais, com partidos que até agora o tinham evitado. Marine Le Pen, porta-estandarte do fascismo em França, está a ter um índice de aprovação maior do que Emmanuel Macron. A Itália já elegeu um governo fascista e a Espanha, que em geral se esperava que o fizesse, acaba de obter uma trégua temporária ao apresentar um resultado inconclusivo nas suas recentes eleições. Todos estes elementos receberão um novo impulso.
Com as economias dos países avançados a enfrentarem uma crise sem precedentes, o seu impacto também será enfrentado no Sul global, em termos de abrandamento do crescimento do PIB, de aumento do desemprego, de acentuação da crise da dívida e de fortalecimento da tendência para o fascismo. A Argentina está prestes a eleger um presidente empenhado em eliminar todas as despesas sociais; e esta tendência angustiante poderá muito bem propagar-se a países ainda não afetados.
Seria de esperar que a cimeira do G-20 realizada nesta circunstância tomasse alguma iniciativa quanto à superação da crise econômica, tal como o fez a reunião do G-20 realizada pouco após o colapso da bolha imobiliária dos EUA. Em particular, esperava-se alguma iniciativa em relação à dívida externa dos países do terceiro mundo, tendo em vista que a Índia projetava a sua liderança no G-20 como um desenvolvimento favorável para a causa do Sul global – e de alguns porta-vozes oficiais indianos sinalizarem a dívida do terceiro mundo como assunto a ser discutido.
Mas nada disso aconteceu. A declaração de Deli que emergiu da cimeira disse muito pouco sobre as questões económicas candentes do momento, embora, como os delegados chineses e russos sempre enfatizaram, o G-20 devesse preocupar-se mais com questões económicas do que com questões de segurança. Sem dúvida, a declaração efetuou uma mudança de posição em comparação com a declaração da cimeira anterior em Bali, na Indonésia, em relação à guerra na Ucrânia: se bem que a Rússia ali tivesse sido alvo de críticas explícitas naquele país, em Deli evitou-se escrupulosamente que qualquer atribuição de culpa fosse colocada à porta da Rússia. Mas o seu apelo à paz, embora louvável, terá muito pouco efeito.
Todas as iniciativas em prol da paz foram frustradas pelos países da Otan, que estão determinados a usar o povo ucraniano como carne de canhão na sua luta contra a Rússia: foram os EUA e a Grã-Bretanha que torpedearam o acordo de Minsk; os mesmos países também afundaram as negociações de paz logo após o início das operações militares russas; e ainda estão ocupados a incitar a Ucrânia a persistir na guerra. A guerra só terminará, portanto, quando a Otan estiver disposta a acabar com ela e a vontade da Otan não será influenciada nem um pouco pela declaração de Deli do G-20, apesar de terem condescendido com o fraseado que não lhes é muito favorável. A declaração contém parágrafos que exaltam a tolerância religiosa e o respeito pela diversidade; mas estes objetivos, certamente louváveis, têm pouco significado efetivo. Sendo Erdogan da Turquia e Modi da Índia signatários desta declaração, mesmo quando os seus países estão a mover-se precisamente na direção oposta com a conivência dos seus governos, tais frases só podem ser vistas como platitudes piedosas.
Não que as questões econômicas não figurem na declaração; mas fazem-no apenas em termos muito gerais. Não só não existe uma proposta específica, nem mesmo uma reunião internacional para discutir o alívio da dívida dos países pobres do terceiro mundo; mas, mesmo quanto a alcançar um crescimento econômico sustentado, nem um único pensamento parece ter sido apresentado sobre os meios para isso. Pode-se argumentar que uma declaração não é o lugar para propostas concretas; mas não há provas de qualquer discussão que tenha ocorrido na cimeira sobre estas candentes questões atuais.
Isto não deveria ser uma surpresa. O interesse esmagador do governo anfitrião na cimeira era dela obter o máximo de publicidade, o que conseguiu. Os países pobres, que são as principais vítimas da crise em curso porque são eles os esmagados pela “austeridade” imposta pelo FMI, não estiveram de todo representados na cimeira. E os países avançados nem mesmo admitem o facto da crise econômica, muito menos discutem propostas para a superar, embora os “economistas do establishment” individuais tenham atestado a sua existência. Em suma, a reunião do G-20 foi um espetáculo em que participaram diferentes países pelas suas razões particulares, mas que não estava muito preocupado em resolver os problemas que o mundo enfrenta.
Contudo, isto levanta a questão: porque é que os governos dos países avançados encaram a atual crise econômica com tanta tranquilidade? O desemprego numa era anterior fora uma questão de grande preocupação para os governos capitalistas, com John Maynard Keynes, um defensor confesso do capitalismo dizendo mesmo que “o mundo não tolerará por muito mais tempo o desemprego o qual está associado… ao individualismo capitalista dos dias de hoje”. . É claro que, na época anterior, o desemprego, que era sintoma de uma recessão, era acompanhado por uma perda de lucros, de modo que tanto os trabalhadores como os capitalistas sofriam com a crise da qual o desemprego era um sintoma. No capitalismo contemporâneo, contudo, esse não é mais o caso: a produção não é a única nem mesmo a principal fonte de lucros; as operações financeiras representam um segmento substancial dos lucros, de modo que mesmo quando a economia está em recessão, os lucros dos capitalistas mantêm-se bem. É verdade que nenhuma mais-valia é gerada nas operações financeiras, mas elas criam direitos sobre recursos, de modo que, mesmo quando a produção está estagnada, esses direitos sobre os ativos públicos, sobre os ativos dos pequenos capitalistas e sobre os recursos naturais podem continuar a crescer. Dito de outra forma, a mais-valia apropriada da produção é complementada no capitalismo contemporâneo pela aquisição direta de ativos pelas grandes corporações de outros capitalistas, do Estado e de setores até então não mercantilizados (o que constituiria exemplos de centralização ou acumulação primitiva de capital). Portanto, uma recessão per se importa menos para os interesses corporativos dominantes no capitalismo contemporâneo.
Mas e quanto à instabilidade social que se gera devido ao desemprego em massa e à miséria por ele criada? Temos de olhar para o contexto em que Keynes escreveu e ver a sua diferença em relação aos dias de hoje, a fim de compreender a tranquilidade dos Estados metropolitanos face à crise. Keynes escrevia tendo como pano de fundo a Revolução Bolchevique, quando o socialismo parecia não apenas uma possibilidade, mas uma perspectiva iminente. A menos que algo fosse feito imediatamente acerca do desemprego, o descontentamento dos trabalhadores traria a transcendência do capitalismo para a agenda. Infelizmente, isso não é mais o caso. Com o retrocesso do socialismo realmente existente, os governos capitalistas metropolitanos já não estão tão preocupados quanto às perspectivas de instabilidade social. É verdade que os países capitalistas avançados enfrentam um desafio à sua hegemonia, mas este desafio não tem a nítida agudez ideológica que tinha anteriormente; e qualquer ameaça que venha da classe trabalhadora pode ser reduzida pelo uso de elementos fascistas.
No entanto, eles estão vivendo em um paraíso dos tolos. Atualmente há enormes lutas grevistas dos trabalhadores nos países capitalistas avançados; e não esqueçamos que também a Revolução Bolchevique no seu tempo surgiu “do nada”. Fonte(s) / Referência(s): Resistir.info
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Editorial Cultural FM Torres RS 19 de setembro 23
Defender e fortalecer a PETROBRAS como vetor do desenvolvimento nacional
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PETROBRÁS, a maior realização do trabalhismo no Brasil, criada por G.VARGAS - HISTORIA DA PETROBRÁS – Autor José Augusto Ribeiro, já está disponível em PDF e no formato e-book, inteiramente grátis, em seu site (aepet.org.br).
Vão destruir a PETROBRÁS??
Felipe Coutinho, engenheiro químico e vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras - AEPET, em artigo publicado ontem, abordando o recorde de exportação de petróleo cru no Brasil, afirma que Lula conduz o Brasil na rota colonial pavimentada por Temer e Bolsonaro.
SAIBA MAIS AQUI
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A onda privatizante que varreu o mundo sob a égide do CONSENSO DE WASHINGTON de 1989 e que sobrevive teimosamente na cabeça dura de muitos economistas, comentaristas da Mídia Corporativa e governantes, como nosso governador Eduardo Leite já fez água até mesmo junto a instituições financeiras internacionais. Em vários países europeus está havendo, agora, uma desprivatização de empresas de serviços públicos como fornecimento de água e saneamento e , em alguns, casos de transporte público, à vista da introdução da tarifa zero como mecanismo de indução ao uso do transporte público. Alimentada aqui no Brasil pela Lavajato, que concentrou sua ação sobre a PETROBRAS, acabou comprometendo o elevado papel que esta empresa tem, pelo seu tamanho, nos investimentos públicos. A adoção depois do golpe contra Dilma, em 2016, a levou, inclusive, a privilegiar os interesses dos acionistas com a política de alinhamento aos preços internacionais do petróleo e desmonte de sua vigorosa estrutura corporativa. Com a eleição de Lula III e sua determinação em fortalecer a economia nacional com o incentivo á reindustrialização, embora pautada por critérios ambientais, a PETROBRÁS deve revisar toda a sua política de preços e investimentos de forma a recuperar papel estratégico nesta retomada. O ideal seria revisar a decisão que a converteu numa S.A. com ações na Bolsa do país e do exterior, o que a submete á legislação específica de proteção de pequenos acionistas, dificultando seu uso como instrumento decisivo a Política de Desenvolvimento Nacional. Isso implicaria na recompra de ações já distribuídas, num processo oneroso e praticamente inviável. Isso posto, trata-se de recuperar a estrutura horizontal que dava maior envergadura à empresa com internacionalização de economias que reverteriam na sua maior capacidade de investimento. Afinal, estamos falando da maior empresa do Brasil. Além disso, na empresa produtora de energia, vetor indispensável à afirmação da soberania de um país e vital ao aprofundamento do processo industrial. Vide, por exemplo, o que ocorreu no período 75-79, quando o então Presidente Geisel impulsionou a química fina e petroquímica com eixo na PETROBRÁS. Recompor, portanto, o amplo espectro da PETROBRÁS é um clamor de todo brasileiro, começando pela recomposição de sua frota, tal como propõe o artigo abaixo.
ANEXO:
Afretamento ou unidades próprias? A importância de retomar o papel estratégico da Petrobrás no desenvolvimento do Brasil. Precisamos rever as estratégias de priorizar o afretamento das unidades marítimas, sejam de produção ou de apoio, bem como de construí-las majoritariamente fora do Brasil, gerando empregos em outros países. Podemos e devemos fazer muito mais.
Publicado em 18/09/2023 = TelegramWhatsAppTwitterFacebookLinkedInEmail
Rosagela Buzanelli Torres- Rosangela Buzanelli Torres é engenheira geóloga formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). É a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobrás
O custo do petróleo e gás que são extraídos nas plataformas operadas pela própria Petrobrás, na Bacia de Campos, é mais baixo do que o da maioria das unidades afretadas, cujos serviços são terceirizados pela companhia. A informação faz parte de um levantamento realizado pelo Dieese e sua conclusão é que o afretamento não se justifica, nem mesmo sob o ponto de vista meramente econômico.
O levantamento foi solicitado pelo Sindipetro Norte Fluminense e comparou os gastos de produção nas plataformas próprias e contratadas no primeiro semestre deste ano. As unidades terceirizadas apresentaram custo maior do que o da Petrobrás em dois de três níveis de profundidade das áreas de exploração e custo igual em um terceiro nível.
O Dieese constatou que o custo médio de extração de cada barril de óleo equivalente (boe) em águas rasas foi o mesmo, de US$ 15,21, tanto nas plataformas próprias da companhia quanto nas terceirizadas. Quando avaliado o pós-sal profundo e ultra profundo, o gasto das unidades contratadas é 14,46% mais caro. O boe extraído pela Petrobrás custa US$ 12,93 e nas afretadas o valor sobe para US$ 14,80.
A diferença ganha proporção muito relevante nas reservas do pré-sal. Enquanto na operação própria da companhia o custo é de US$ 3,72 por barril, nas plataformas afretadas é de US$ 5,66, um aumento de mais de 52%.
Esses dados nos fazem refletir sobre a propalada economicidade da terceirização via afretamento. Mas essa questão vai muito além do fator econômico, como destacou o sindicato. É um tema que envolve geração e qualidade de emprego, desenvolvimento econômico e soberania nacional.
Durante muitos anos a Petrobrás manteve suas plataformas próprias, com seus trabalhadores bem treinados e preparados para operar com técnica, segurança e respeito ao meio ambiente em alto mar. As políticas de conteúdo local foram implementadas e incrementadas, gerando milhões de empregos e desenvolvendo a engenharia e indústria nacionais.
Com a operação Lava Jato, já pública e fartamente desmistificada, a situação mudou brutalmente. As empresas foram punidas e, com elas, seus trabalhadores, desempregando mais de 4 milhões de pessoas, destruindo a engenharia e indústria pesada. E esse cenário se aprofundou nos governos pós golpe.
No mês passado, a Petrobrás lançou um edital de afretamento de plataforma FPSO para revitalização dos campos de Barracuda e Caratinga, estabelecendo apenas 10% de conteúdo local e sem obrigatoriedade de cumprimento da determinação. Ou seja, o mesmo que conteúdo zero! Ainda que esse campo esteja no contexto da rodada zero de licitações e não haja obrigação de conteúdo local, realmente devemos nos limitar a isso?
O Brasil tem pressa. Aprovamos outro projeto de país e “a chave precisa virar” em todas as instâncias governamentais que regulam esse setor, retomando as políticas de conteúdo local. A Petrobrás e sua nova gestão não podem e não devem se limitar ao mínimo. Precisamos arrojar e implementar o máximo possível dessas políticas para reconstruirmos a Petrobrás e o Brasil. A parca exigência vigente não pode ser a desculpa para não avançarmos, muito menos para nos limitarmos ao mínimo ou zero.
Precisamos rever as estratégias de priorizar o afretamento das unidades marítimas, sejam de produção ou de apoio, bem como de construí-las majoritariamente fora do Brasil, gerando empregos em outros países. Podemos e devemos fazer muito mais.
Editorial Cultural FM Torres RS dia 18 setembro
Lula abre amanhã em N.Y. a Assembleia Geral da ONU, verdadeira plataforma da comunidade internacional
O Presidente Lula segue em sua Agenda Internacional com vistas a recolocar o Brasil no papel que lhe corresponde tanto pelo tamanho de sua população e economia, como pela tradição de resolução de conflitos pela via diplomática. Em Cuba participou da Reunião do Grupo dos 77, quando condenou o embargo àquele país, e teve encontro com o Presidente Miguel Diaz-Canel. O Grupo dos 77 nas Nações Unidas é uma coalizão de nações em desenvolvimento, que visa promover os interesses econômicos coletivos de seus membros e criar uma maior capacidade de negociação conjunta na Organização das Nações Unida.
Na pauta com o diritente cubano, a promoção do comércio, cooperação técnica em setores como saúde e o pagamento da dívida de US$ 500 milhões que Cuba tem com o Brasil.
Em NY Lula deverá ter vários encontros bilaterais com lideranças mundiais. Já abriu dois espaços para encontro com o Presidente da Ucrânia e deverá ter reunião com o Presidente Biden para tratar de dois assuntos: Meio Ambiente e Programa Mundial de Combate à Pobreza. A ONU, criada depois da II Guerra - 24 de outubro de 1945= é bem vista pela maioria dos brasileiros tem hoje 193 países membros que, em conjunto, definem a COMUNIDADE INTERNACIONAL, é um organismo multilateral voltado à promoção da paz no mundo, ao desenvolvimento com sustentabilidade de todas as nações e à defesa dos Direitos Humanos num conjunto de 274 atividades ao redor do mundo. É dirigida por um Secretário Geral, o português Antonio Gutierres e dispõe de um corpo técnico de alta qualificação, além de órgãos de pesquisa, educação e comunicação social. Tem dois Tribunais de Justiça. Um geral, que tratas do contenciosos entre nações, denominado Corte Internacional de Justiça e outro, mais restrito e não reconhecidos por todos os países membros, o Tribunal Penal Internacional, ao qual qualquer indivíduo ou associação podem recorrer diretamente, voltado à defesa dos Direitos Humanos e trata, particularmente, casos de genocídio. A ele recorreram algumas entidades brasileiras contra o ex Presidente Bolsonaro. Este Tribunal também condenou recentemente o Presidente Putin , da Rússia, por crimes de guerra.
Anexo
ONU - https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/onu.htm
A ONU é a mais importante dentre as organizações internacionais atualmente existentes, sendo responsável por atuar na diplomacia, segurança e paz mundiais.
A ONU, Organização das Nações Unidas, é uma entidade internacional com sede na cidade de Nova York e composta por 193 países-membros, dos quais 51 fizeram parte de sua fundação (entre eles, o Brasil). Essa entidade foi fundada em 24 de outubro de 1945, logo após o término da 2º Guerra Mundial (1939-1945) em substituição à antiga Liga das Nações.
Os objetivos da ONU giram em torno da promoção da paz entre as nações, além de deliberar sobre questões concernentes à segurança, diplomacia e cooperação internacionais, atuando em processos de negociações de paz ou na atenuação dos efeitos de conflitos armados em qualquer parte do mundo.
Os dois principais órgãos que estruturam a Organização das Nações Unidas são a Assembleia Geral e o Conselho de Segurança, que são as instâncias máximas decisórias desse organismo internacional. A Assembleia Geral é composta por todos os países-membros da ONU, que debatem e deliberam sobre os mais diversos temas internacionais, como ajudas, cooperações e ações diplomáticas, de modo que cada Estado possui um voto. Para aprovação, as decisões precisam ser deliberadas por maioria qualificada de dois terços dos votantes.
No entanto, a Assembleia Geral encontra-se, de certo modo, subalternizada perante o Conselho de Segurança. Este é composto por apenas cinco países permanentes (Estados Unidos, China, França, Inglaterra e Rússia) e dez rotativos, além de possuir o poder de deliberar sobre questões referentes à segurança e questões de paz, temas os quais a Assembleia Geral possui apenas o poder de realizar recomendações.
Os membros rotativos são eleitos pela própria Assembleia, mas esses não possuem o poder de veto sobre qualquer decisão tomada, privilégio exclusivo dos membros permanentes. Para aprovação de qualquer determinação, é preciso um mínimo de nove votos e nenhum veto, o que evidencia a polêmica sobre as correlações de forças dentro da ONU, uma vez que ela concede maior poder a um número pequeno de países, justamente aqueles que saíram vitoriosos da 2ª Guerra Mundial somados à China, que adquiriu um crescente papel geopolítico ao longo da Guerra Fria.
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Além dessas duas estruturas, ainda compõem a ONU: o Conselho de Direitos Humanos, responsável por fiscalizar e apontar eventuais violações aos direitos humanos e liberdades individuais; o Comitê Econômico Social, que visa promover e ampliar a cooperação socioeconômica em nível mundial; o Secretariado, que administra a instituição e organiza as suas atividades; e a Corte Internacional de Justiça, com sede na cidade de Haia, na Holanda (e por isso também conhecida como Tribunal de Haia), que julga crimes de guerra e violações de países em disputas legais.
Para complementar a ação dessas estruturas, a ONU ainda conta com uma série de projetos e agências com funções específicas, como a Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância), a FAO (Organização para a Agricultura e Alimentação), a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Do ponto de vista financeiro, a ONU é custeada pelos seus países-membros em uma tabela de colaboração estruturada a partir do Produto Interno Bruto de cada Estado. Dessa forma, Estados Unidos, Alemanha, Japão e Inglaterra, juntos, contribuem com quase 60% do orçamento da entidade.
A grande reverência que se faz à Organização das Nações Unidas, atualmente, é o fato de ela ter sido capaz de angariar praticamente todos os Estados do mundo e ter conseguido evitar ou diminuir as possibilidades de uma guerra mundial, ou seja, um conflito armado envolvendo as grandes potências militares e econômicas do mundo, ao contrário do que aconteceu com a Liga das Nações. Por outro lado, as críticas direcionadas à ONU referem-se à sua incapacidade de controlar conflitos armados em inúmeras partes no mundo, como na África e na Ásia, além de ter sido subserviente aos Estados Unidos em ocasiões como a Guerra do Iraque, em que os norte-americanos, mesmo sem a aprovação da entidade, atacaram o território iraquiano e não foram punidos ou sequer sofreram qualquer tipo de advertência por parte da entidade.
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Anexo 2
Luiz Carlos Azedo - A cortina que encobre a viagem de Lula a Cuba
O embargo americano proíbe operações em qualquer porto nos EUA, por seis meses, de navios que atracarem em Cuba e promove retaliações financeiras às empresas que se instalam na ilha - Correio Braziliense = https://gilvanmelo.blogspot.com/.../luiz-carlos-azedo...
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ontem, na cúpula do G77 China, em Cuba, voltou a pedir que países em desenvolvimento tenham financiamento para transição energética. O petista defendeu que este grupo “não tem a mesma dívida histórica dos ricos”. Para Lula, o financiamento climático deve ser assegurado aos países em desenvolvimento “segundo suas necessidades”. Defendeu a “industrialização sustentável” e lembrou que os países ricos têm uma “dívida histórica” pelo aquecimento global.
Lula assumirá a presidência do G20 no ano que vem e pretende propor a criação de um Grupo de Trabalho em Ciência, Tecnologia e Inovação voltado para os países em desenvolvimento. A visita de Lula ocorre às vésperas de sua viagem aos Estados Unidos, para abertura da Assembleia Geral da ONU, na qual se encontrará com o presidente norte-americano, Joe Biden, e terá uma nova oportunidade de se reunir com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, mas isso não consta de sua agenda.
Projetado para navios do tipo New Panamax, que transportam até 12,5 mil contêineres de 6 metros de comprimento por viagem, o Porto de Mariel nunca recebeu uma dessas embarcações. Criada nos moldes das Zonas Econômicas Especiais da China, as ZEEs, a zona de Mariel prevê incentivos fiscais, como impostos zerados sobre mão de obra e sobre a produção nos dez primeiros anos, facilidades de infraestrutura, como o fornecimento de água e energia, e acesso fácil aos mercados do Caribe.
Mas essa estratégia não deu certo. Foi concebida para um futuro diferente do mundo atual, em que os Estados Unidos e a China estão em uma guerra comercial. Em 2016, havia centenas de empresas interessadas em se instalar em Cuba, graças à sinalização de novas relações entre os Estados Unidos e Cuba, após o ex-presidente Barack Obama autorizar a instalação em Mariel de uma fábrica de tratores. Mas Donald Trump ganhou as eleições e o bloqueio econômico dos Estados Unidos recrudesceu.
Reescalonamento da dívida
No Brasil, o governo Bolsonaro só faltou romper as relações diplomáticas com Cuba. Desde o segundo semestre de 2018, Cuba não paga as parcelas dos financiamentos assinados em 2009 e 2013. A dívida atualizada de Cuba com o banco chega a US$ 520 milhões, ou seja, cerca R$ 2,5 bilhões. O embargo americano proíbe operações em qualquer porto nos EUA por seis meses de navios que atracarem em Cuba e promove retaliações comerciais e financeiras às empresas que se instalam na ilha.
No encontro de Lula com o presidente cubano, Miguel Diaz-Canel, a renegociação da dívida com o BNDES é a pauta principal. O governo brasileiro fala em “reescalonamento” para adequar o regime de pagamento a algo que Cuba possa cumprir. A ilha vive uma crise continuada, desde o fim da União Soviética. Recebe alguma ajuda da Rússia e da China, mas sofre com a redução dos turistas e a guerra da Ucrânia.
Quando Miguel de Cervantes mandou Dom Quixote viajar, rasgou a cortina mágica, tecida de lendas, que estava suspensa diante do mundo. A vida surgiu nua e cômica na sua prosa. “O mundo, quando corre em nossa direção no momento em que nascemos, já está maquiado, mascarado, pré-interpretado. E os conformistas não serão os únicos a ser enganados; os seres rebeldes, ávidos de se opor a tudo e a todos, não se dão conta do quanto também estão sendo obedientes, não se revoltarão a não ser contra o que interpretado (pré-interpretado) como digno de revolta”, lembra o escritor tcheco Milan Kundera (A Cortina, Companhia das Letras).
A ideia do “homem novo”, da qual tanto se jactavam os dirigentes cubanos, fora sufocada pelo anacronismo do “modelo soviético”, apesar da alegria e criatividade do povo. Havia expectativa de que a sucessão de Fidel traria mudanças, ma Raúl Castro fez tímidas aberturas, insuficientes para que o país seguisse o modelo adotado, por exemplo, pelo Vietnã. Mas Cuba está para os Estados Unidos como Taiwan para a China. A diferença é que o mais sofisticado e competitivo produto cubano é charuto artesanal da Cohiba, os melhores do mundo, enquanto o da ilha rebelde chinesa são os chips da TSMC, que também dominam o mercado mundial. A razão é política.
Editorial Cultural 15-09-2023
A Lei é dura, mas é a Lei
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A tentativa de golpe de 8 de janeiro avalizou a ação do Supremo e o transformou, tendo Moraes como figura simbólica do justiceiro da lei, na instituição que mais protegeu a democracia nestes últimos tempos
Merval Pereira - Os limites da lei
Democracia Política e novo Reformismo: Merval Pereira - Os limites da lei (gilvanmelo.blogspot.com)
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A condenação, ontem, pelo STF, dos três primeiros réus do 8 de janeiro tem várias interpretações.
Em primeiro lugar a velha advertência de que se a Lei é dura, ela é a Lei. A ninguém, inclusive, é lícito alegar, quando acusado, que desconhecia a Lei ou que, como alegou, ontem, a advogada de um dos acusados, quase em lágrimas, que seu cliente era quase um menino levado inconscientemente pelos acontecimentos. A multidão, pois somaram a milhares, dos protagonistas do quebra-quebra em Brasília, mais de mil deles presos e acusados por até 5 crimes, agora começa a pagar pela suas escolhas. Não gostaram do resultado das urnas e saíram das suas casas acreditando-se heróis da pátria quando, na verdade, operaram como instrumentos de uma tentativa de golpe de Estado. Começam a pagar por estas escolhas. As primeiras sentenças dão uma espécie de arcabouço jurisprudencial do que serão os demais processos.
Em segundo lugar, o processo e respectivas sentenças condenatórias, como assinalou o Ministro Barroso, constitui um marco histórico-civilizatório em nossa trajetória política. Marca a superação do Poder Moderador, usado e abusado no Império, pelos Imperadores no período de mando que lhes correspondeu, de 1822 até 1889, e depois desta data, até a promulgação da CONSTITUIÇÃO de 88, substituído pelas Forças Armadas, no contexto de uma sociedade em formação ainda pouco amadurecida institucionalmente. Hoje percebemos que a Sociedade Organizada conseguiu resistir à ofensiva golpista, cevada pelo apoio ostensivo de militares a Bolsonaro em 2018 e desenvolvida ininterruptamente até os fatos do 8 de janeiro deste ano. Daí que a punição dos golpistas, conscientes ou não de suas ações, naqueles nefastos acontecimentos seja o marco de um novo tempo para nossa frágil democracia.
Finalmente, os dois votos contrários à maioria na Suprema Corte que condenou os três primeiros acusados por 5 crimes, mais ou menos conexos, demonstra que a sombra do autoritarismo persiste entre nós, como herança de um governo que tentou nos remeter ao passado. Vivemos um período de afirmação dos princípios republicanos e democráticos mas no qual ainda fermentam concepções regressistas com amparo em torno de 25% do eleitorado, nada desprezível. Não se trata aqui de esquerda x direita, divisão inevitável e irrecorrível das sociedades modernas, mas de uma tendência reveladora da capacidade da extrema direita, tal como fez no passado com Hitler e Mussolini, para capitalizar os ressentimentos negativos de parte da população diante dos desafios desta própria modernidade, no nosso caso marcada por forte dependência externa e injustificável injustiça social, particularmente com a Abolição mitigada da escravatura, para aventuras personalistas. Volto aqui a recomendar o livro OS ENGENHEIROS DO CAOS como evidência da mecânica deste processo hoje intercorrente em várias partes do mundo, com o uso e abuso das Redes Sociais.
Com o tempo seremos, certamente, capazes de avaliar mais interpretações das sentenças destes três primeiros réus e que nos ajudarão, por certo, a afirmar o caminho da democracia-entre-nós como o melhor meio de administrar política e civilizadamente nossas divergências.
Alea jacta est...
Editorial Cultural FM Torres RS dia 14 setembro
Pela primeira vez na história, Suprema Corte brasileira julga civis por tentativa de golpe de Estado- https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/09/13/pela-primeira-vez-na-historia-suprema-corte-brasileira-julga-civis-por-tentativa-de-golpe-de-estado-veja-quem-sao.ghtml
O Supremo Tribunal Federal começa a julgar nesta quarta (13) as primeiras ações penais contra acusados de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro.
Em um julgamento já considerado histórico, magistrados se reúnem presencialmente no mesmo plenário que, no início do ano, foi invadido e vandalizado por bolsonaristas que pediam intervenção militar.
Esta é a primeira vez em que a corte brasileira julga civis por tentativa de golpe de Estado.
PF reuniu imagens, celulares e banco genético de réus do 8 de janeiro
Em entrevista a Natuza Nery, a professora de Direito da FGV-SP Eloisa Machado aponta os detalhes que mostram o caráter simbólico do julgamento. Machado diz que a própria escolha do Supremo pelo plenário físico, ao invés do virtual, mostra que os magistrados querem dar um tipo de recado público em relação às práticas de crimes contra a democracia.
"Nós tivemos a ditadura militar e a violação de direitos humanos condenadas em tribunais internacionais", explica Eloisa. "Mas nós não tivemos a oportunidade de trazer a devida reparação judicial para as vítimas e as instituições no nosso sistema de justiça em razão da Lei de Anistia."
No decorrer das investigações, também devem ser julgados financiadores da tentativa de golpe, executores e seus autores e intelectuais. Há uma linha de investigação que explora eventuais crimes cometidos por militares na invasão dos prédios públicos em 8 de janeiro.
"A gente vai colocar em movimento e em interpretação uma legislação nova sobre a proteção das instituições democráticas, que substitui o entulho autoritário da Lei de Segurança Nacional e que se mostrou muito oportuna, porque os desafios vieram muito rapidamente."
As denúncias citam crimes que foram estabelecidos a partir de uma norma de 2021, que reformulou a Lei de Segurança Nacional.
Leia também:
• Projeto de lei prevê pena de até 40 anos para quem atentar contra a vida de autoridades
Quem são os réus e quais acusações enfrentam?
Entre mais de 1.300 suspeitos denunciados pela PGR, os quatro primeiro acusados julgados pelo Supremo são:
• Aécio Lucio Costa Pereira;
• Thiago de Assis Mathar;
• Moacir José dos Santos;
• e Matheus Lima Lazaro
As acusações são:
• associação criminosa armada (pena de um a três anos de prisão, mas o MP propõe a aplicação do aumento de pena até a metade, previsto na legislação, por haver o emprego de armas);
• abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos de prisão);
• golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos de prisão);
• dano qualificado (pena de seis meses a 3 anos de prisão) ;
• e deterioração de patrimônio tombado ( pena de um a três anos de prisão).
Editorial Cultural FM Torres RS 13 de setembro 23
O caso Ana Moser.
Toda solidariedade a Ana Moser. Ela é uma pessoa fantástica, com clara inclinação à esquerda, linha ideológica hegemônica do Governo Lula, ligada a todo universo do Esporte e vinha fazendo um trabalho exemplar na pasta. Foi substituída por um deputado do Centrão, com o que o Presidente Lula alcança 39 Ministérios e tenta gerenciar 16 Partidos Políticos dentro do seu Governo, sem perder um mínimo de identidade programática interna e tratando de assegurar não só governabilidade a seu próprio mandato mas, sobretudo, estabilidade à conjuntura. Tudo indica que está conseguindo tudo isso, deixando-nos, porém, o travo amargo de saída de uma extraordinária mulher em sua equipe. Talvez, nos próximos dias ainda tenhamos que testemunhar a perda de mais um lugar feminino na alta cúpula dos Poderes. Já ninguém duvida que a vaga de Rosa Weber no STF será ocupada por um homem.
Mas deve-se compreender, diante disso, que Política de Estado, se faz no espaço próprio da Política, por políticos, através dos Partidos. Se v. não gosta dos políticos e dos Partidos, paciência, é um direito seu. Ainda assim, poderá participar da vida pública numa ONG, numa Associação de Pais e Mestres da Escola dos filhos ou, como eleitor, dos Conselhos Municipais que acompanham a vida das Administrações Municipais. Ou faça trabalho voluntário. Mas saiba que estas alternativas não o credenciam para a vida política institucional. Este, organizado pelo Estado em relativa oposição `a Sociedade Civil, não é, sequer, um campo de méritos pessoais, mas de disputa eminentemente política, mesmo quando sejam exigidos requisitos técnicos, como o preenchimento de vagas nas Cortes de Justiça. Não há concurso para alguém se tornar Ministro de Estado ou das Cortes Superiores de Justiça. Gostemos ou não estas são as regras. Hoje, aliás, a extrema direita se compraz em denunciar tudo isso apelando diretamente às massas, em busca de uma representação primordial direta, dita DEMOCRACIA DIGITAL, mas o faz com uma intervenção arbitrária nas Redes, no fundo, comandada, como explica o livro ENGENHEIROS DO CAOS, por pequenos grupos de interesse. Modelo muito mais autoritário e menos recomendável do que os sistemas parlamentares existentes. Claro que há sempre espaços na gerência governamental para celebridades ou especialistas, mas essa não é a regra. É exceção, sempre dependente das condições políticas subjacentes. Maior preocupação deveríamos ter, nestes dias, com a tramitação de novas regras eleitorais no Congresso. Na sombra da delação premiada do Ajudante de Ordens de Bolsonaro, urdem os parlamentares um retrocesso inominável na questão eleitoral. Além de anistiar os Partidos por malfeitos em eleições passadas, quando semearam laranjais de falsos candidatos com o mero intuito de trapacear a cota de candidatos, o novo regramento aponta para a eternização dos atuais ocupantes de mandatos numa estranha e pouco recomendável aliança da esquerda, direita e Centrão. Aqui, portanto, o registro tanto pela saída de Ana Moser, mas, principalmente de um cenário que vai congelando o perverso perfil identitário das funções públicas no Brasil: Homens brancos heterossexuais.
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Editorial Cultural FM Torres RS 12 de setembro 23
“Vivemos sob a forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar os outros. Seu nome, como tudo o que depende não de poucos mas da maioria, é democracia”Péricles, Oração fúnebre, in Tucidides: A Guerra do Peloponeso, Livro II, 37. ”
Longo, mas não deixem de assistir e divulgar
*
Vi, semana passado, um breve mas acurado documentário sobre a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2022, ante-sala do que veríamos em Brasília um ano depois. Muito esclarecedor, sobretudo ao assinalar que vários dos líderes do movimento, os Proud Boys, de extrema direita, estão sendo condenados a severas penas. Coincidindo com isto, li também, o livro OS ENGENHEIROS DO CAOS, de autoria de dois italianos, que recomendo. Ali os autores descrevem com riqueza de detalhes a manipulação digital dos ressentimentos sociais contemporâneos por seleto grupos de extrema direita. Com isso cai por terra o mito da democracia digital, apregoado no início da INTERNET como um avanço no processo de consulta popular para o aperfeiçoamento da democracia.
A democracia virtual é mais comumente compreendida em sua interface relativa à interação entre sistema político e cidadãos, seja por meio da participação direta, seja pelo estímulo à realização de debates entre o governo e a população através da internet.
Ver Democracia Digital – Experiências - Daniel Pitangueira de Avelino João Cláudio Pompeu Igor Ferraz da Fonseca - https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10440/1/td_2624.pdf
e Democracia Digital mudou a forma política ESP - https://www.estadao.com.br/politica/jornadas-junho-2013-10-anos-era-digital-mudou-a-forma-de-participacao-politica-flavia-pellegrino/
Por trás da "espontaneidade" das massas, seja no episódio do Capitólio, como também no Brasil no 8 de janeiro deste ano, revelam-se farsas. Enraivecidas pelo ressentimento contra as mazelas de uma modernidade cínica, autoritária e excludente o que percebemos é que Senhores desta própria modernidade manipulam estas massas a seu favor , contra o pensamento, movimentos sociais e respectivos Partidos verdadeiramente críticos do stablishment e até instituições republicanas. A proclamada democracia digital instaurada pelas Redes Sociais na Internet, pela qual todo mundo se manifesta, sem os rigores da civilidade, vai, paulatinamente, se revelando como uma perigosa armadilha à democracia. Na verdade, como assinala o Sociólogo português Boaventura de Souza Santos, como isso, a democracia como sistema político vai perdendo a luta contra a própria dominação capitalista.
Editorial Cultural FM Torres RS 11 de setembro 23
“Vivemos sob a forma de governo que não se baseia nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos de modelo a alguns ao invés de imitar os outros. Seu nome, como tudo o que depende não de poucos mas da maioria, é democracia”Péricles, Oração fúnebre, in Tucidides: A Guerra do Peloponeso, Livro II, 37. ”
Longo, mas não deixem de assistir e divulgar
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Vi, semana passado, um breve mas acurado documentário sobre a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2022, ante-sala do que veríamos em Brasília um ano depois. Muito esclarecedor, sobretudo ao assinalar que vários dos líderes do movimento, os Proud Boys, de extrema direita, estão sendo condenados a severas penas. Coincidindo com isto, li também, o livro OS ENGENHEIROS DO CAOS, de autoria de dois italianos, que recomendo. Ali os autores descrevem com riqueza de detalhes a manipulação digital dos ressentimentos sociais contemporâneos por seleto grupos de extrema direita. Com isso cai por terra o mito da democracia digital, apregoado no início da INTERNET como um avanço no processo de consulta popular para o aperfeiçoamento da democracia.
A democracia virtual é mais comumente compreendida em sua interface relativa à interação entre sistema político e cidadãos, seja por meio da participação direta, seja pelo estímulo à realização de debates entre o governo e a população através da internet.
Ver Democracia Digital – Experiências - Daniel Pitangueira de Avelino João Cláudio Pompeu Igor Ferraz da Fonseca - https://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/10440/1/td_2624.pdf
e Democracia Digital mudou a forma política ESP - https://www.estadao.com.br/politica/jornadas-junho-2013-10-anos-era-digital-mudou-a-forma-de-participacao-politica-flavia-pellegrino/
Por trás da "espontaneidade" das massas, seja no episódio do Capitólio, como também no Brasil no 8 de janeiro deste ano, revelam-se farsas. Enraivecidas pelo ressentimento contra as mazelas de uma modernidade cínica, autoritária e excludente o que percebemos é que Senhores desta própria modernidade manipulam estas massas a seu favor , contra o pensamento, movimentos sociais e respectivos Partidos verdadeiramente críticos do stablishment e até instituições republicanas. A proclamada democracia digital instaurada pelas Redes Sociais na Internet, pela qual todo mundo se manifesta, sem os rigores da civilidade, vai, paulatinamente, se revelando como uma perigosa armadilha à democracia. Na verdade, como assinala o Sociólogo português Boaventura de Souza Santos, como isso, a democracia como sistema político vai perdendo a luta contra a própria dominação capitalista.
Editorial Cultural FM Torres RS 11 de setembro 23
O Assunto g1 dia Mulheres no degrau debaixo do funcionalismo
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2023/09/11/o-assunto-1042-mulheres-no-degrau-debaixo-do-funcionalismo.ghtml
As mulheres são 51% da população brasileira e também são maioria entre os servidores públicos civis (61%), segundo dados da República.org, mas a proporção se inverte nos cargos de poder – neles, os homens ocupam 61% das posições. O cenário de desigualdade está disseminado pelo serviço público. Das 213 unidades diplomáticas do Brasil pelo mundo, as mulheres ocupam cargos de chefia em apenas 34, de acordo com o Itamaraty. Para entender por que a disparidade ainda persiste e discutir possíveis soluções, Natuza Nery recebe Irene Vida Gala, subchefe do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo e presidente da Associação das Mulheres Diplomatas Brasileiras, e Gabriela Lotta, doutora em ciência política, professora da FGV, vice-presidente do conselho da República.org, uma organização que atua na valorização do serviço público. Neste episódio:
Irene diz que a carreira diplomática tem histórico de ser mais masculina e que, aqui no Brasil, isso tem mudado a passos lentos. Por isso, ela e outras diplomatas decidiram criar uma associação para aumentar a representatividade
Para Irene, o Brasil precisa incluir no serviço diplomático mais mulheres, negros, indígenas e todos os grupos não privilegiados, para que a política externa brasileira atenda aos anseios desta população, e não apenas aos anseios de uma elite branca e masculina
Gabriela fala sobre os fatores que explicam a desigualdade vertical nas carreiras de estado. Segundo ela, a discriminação de gênero faz com que as nomeações para cargos comissionados continuem privilegiando homens: "A rede do poder é muito masculina. Homens indicam homens, e isso vai descendo escada abaixo dentro setor público". A mulheres que são mães também são mais penalizadas e preteridas nas indicações
A cientista política também explica por que a desigualdade salarial entre homens e mulheres no serviço público é ainda maior do que no setor privado. "As mulheres estão majoritariamente nas profissões do cuidado, que são as profissões que pagam menos durante toda a carreira."
O que você precisa saber:
O Assunto #915: O déficit de mulheres na política
Brasil avança devagar na redução da desigualdade de gênero
No Brasil, 84,5% das pessoas têm pelo menos um tipo de preconceito contra mulheres, diz ONU
Mesmo salário para homens e mulheres? Por que leis para corrigir desigualdade não 'vingaram' no Brasil
Judiciário ainda é 'impermeável' à igualdade de gênero, diz Cármen Lúcia
O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Lorena Lara, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva, Thiago Kaczuroski, Eto Osclighter e Nayara Fernandes. Apresentação: Natuza Nery.
Editorial Cultural FM Torres RS 08 de setembro 23
Luiz Carlos Azedo - O mito da Independência como ato heroico de D. Pedro I gilvan melo- blogspot - Luiz Carlos Azedo
Lula participa de desfile do 7 de Setembro com Zé Gotinha e pose com chefes das Forças Armadas. = Presidente chegou em carro aberto com a primeira-dama, Janja; governo busca mensagem de união e fim do ódio. Desfile teve temas como paz, vacinação, ciência e defesa da Amazônia.
https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/09/07/lula-participa-de-desfile-do-7-de-setembro-em-brasilia.ghtml
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Lula é de esquerda ou a esquerda é Lula?
O desfile, ontem, em Brasília, do 7 de setembro, que confirmou a união cívica dos poderes da República, aos quais se perfilaram as Forças Armadas através de seus Comandantes e do Ministro da Defesa, culminando no cruzamento de mãos ao final da cerimônia é um alívio nacional. O protagonismo do Zé Gotinha deu o ar da graça ao acontecimento, expressando, ainda, a bênção da Ciência sobre os novos rumos do país. Retornamos à legalidade e ao pleno respeito às suas instituições. Uma espécie de cachimbo da paz que reabre uma nova etapa na vida pública do país. Isso consagra o sepultamento do indiscreto Poder Moderador introduzido no Império na figura do próprio Imperador, ao qual se substituíram as Forças Armadas desde a Proclamação da República até a promulgação da Constituição de 1988 e perigosamente ressuscitado com ambições golpistas pelo governo anterior. Não passaram. Não passarão! Dentro de poucas semanas cerca de um milhar de descrentes da democracia que atentaram contra a Lei em janeiro passado estarão todos condenados. Ao mesmo tempo, justo nesta semana, o Presidente da República ampliou o espectro ideológico de sua frente de governo com a indicação de dois Ministros de Partidos até então avessos à composição mas que, doravante, lhe garantirão valiosos votos para adequada governabilidade. Consuma-se, enfim, a transição do risco regressista para um futuro de renovadas esperanças para todos os brasileiros. Comprova-se a máxima de que, em certos momentos críticos, há que ser intolerante com os intolerantes se quisermos preservar a liberdade.
Já, então, começam as especulações sobre o caráter desta transição que estamos vivendo e sobre a própria ideologia do Presidente Lula.
Bem, sobre o primeiro ponto – o caráter da transição – ele já esteve definido com Frente Democrática desde a composição da Chapa de Lula, ao indicar como Vice Presidente, um político de perfil claramente conservador, embora submetido à filiação ao Partido Socialista, o qual, no Brasil, sempre teve uma posição moderadamente de esquerda. Lembremo-nos que na sua refundação no pós Guerra um grupo significativo de chamados “udenóides”, avançados progressistas mas com reservas à ortodoxia marxista, a ele aderiram. O segundo turno das eleições, em novembro, ampliou o caráter da Frente ao incorporar à campanha expressivos nomes como Simone Tebet, MDB, terceira colocada no pleito, Marina Silva, REDE e vários nomes ligados ao PSDB e FHC. Iniciado o Governo, este caráter de Frente Democrática consolidou-se diante da ameaça golpista do 8 de janeiro, unindo indissoluvelmente Lula, como Chefe do Poder Executivo aos Chefes do Judiciário e Legislativo, com o endosso das Forças Armadas. Seus grandes projetos, apresentados ao Congresso Nacional, mesmo antes da posse, como a Emenda Constitucional que lhe garantiu os primeiros passos no ano de 2023, fortemente comprometido pelo rombo de R$ 400 bilhões legado pelo Governo anterior, como o Arcabouço Fiscal e Reforma Tributária reafirmaram-se, no Congresso Nacional, comi imperativos de Governo, independentemente de ideologia. Talvez, agora, haja algum tropeço quanto á Reforma Administrativa mas Fernando Haddad já demarcou os limites do debate pouco palatável ao PT: começar pelos altos salários do Judiciário e Legislativo. Acabará trazendo á tona os privilégios criados por Bolsonaro aos militares, um dos principais contributos do déficit previdenciário em expansão...
Resta indagar, pois, sobre Lula.
Um conhecido jornalista inclinado à esquerda assim colocou tais questões:
247 - Nassif: governo Lula não é de esquerda. Para o jornalista, Lula “é um reformador, um pacificador”- 1 de setembro de 2023.
Em artigo publicado nesta sexta-feira (1) no GGN, o jornalista Luís Nassif corrobora a afirmação do ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), de que o governo Lula (PT) “não é um governo de esquerda”. Nassif classifica o presidente como “um reformador, um pacificador, com certeza”.
“Lula não é de esquerda, se se entender como liderança política preocupada com mudanças estruturais na vida nacional. Não é um estadista na acepção do termo – o político que muda, que molda o Estado para os novos tempos”, explica, lembrando que o presidente "nem no auge de sua popularidade ousou investir contra os pilares do conservadorismo nacional, mídia, mercado, Justiça e Forças Armadas". Leia a íntegra no GGN.
Com efeito, Lula não vem de quaisquer dos ninhos da esquerda clássica. Nunca foi de qualquer dos Partidos Comunistas, nunca se afirmou socialista e, como sindicalista, esteve muito longe das origens anarquistas que animaram, desde os primórdios, os movimentos sociais modernos. Nem falo em trotskismo, pérola teórica no seio das esquerdas cultivada em estufas acadêmicas de bom gosto. Mesmo quando Brizola retornou ao Brasil, em 1980, propondo a reconstituição do trabalhismo como um caminho brasileiro para um socialismo moreno, Lula declinou do convite. Preferiu um “Partido dos Trabalhadores”, até com certa presunção repetida exaustivamente no bordão: “Nunca antes neste país”... Tampouco foi discípulo devoto das comunidades de base da Igreja Católica, que tanto avançaram, no Brasil no último quartel do século passado, até o papado de Bento XVI. Não obstante, vindo à tona na crista das greves do ABC no ano 1978, deve ter sido influenciado por todas estas tendências, que se abrigaram à sua liderança na formação do PT, sobrepondo-se a elas por um notável instinto político. Esta foi uma vantagem não só para Lula, para o PT ou mesmo para o Brasil pois permitiu avançar um projeto político popular contra a maré vazante da crise do socialismo agudizada pelo fim da União Soviética em 1991. Lula não teve, como muitos partidos de esquerda no mundo ocidental, como por exemplo, o próprio Roberto Freire, líder do PCB, candidato â Presidente em 1989 por esta agremiação, ou o Partido Comunista Italiano. Navegou em águas de boa mina surfando, com êxito, o clima de assenso popular oriundo da luta contra a ditadura militar num contexto, anterior aos efeitos nocivos da globalização. Com isso, transformou o Brasil na última esperança de sobrevivência de ideais de justiça social, tal como vários líderes políticos e teóricos marxistas o disseram, como Barak Obama e Eric Hosbawn.
Isso significa que Lula é de esquerda?
Ora, esse é uma discussão, hoje, meio sem sentido. Nem há consenso sobre o que significa SER DE ESQUERDA, nem produz resultados políticos, como, por exemplo, apontar um caminho ao qual um certo consenso se converta em ACONTECIMENTO histórico – Kant. A esquerda, mesmo se nos ativermos ao marxismo, já era vária, segundo um de seus grandes estudiosos, Isaac Deutscher, em meados do século XX. De lá pra cá, houve novas redivisões. A esquerda católica sofreu também um grande baque com João Paulo II e Bento XVI, mesmo ainda presente em movimentos como o MST. Perdeu seu dinamismo com o avanço dos evangélicos. O proselitismo revolucionário, na verdade, como opção da esquerda, está fora da Agenda, cedendo, até, com isso, espaço para que seus métodos e bandeiras acabem nas mãos da extrema direita. Leia-se, a propósito, o livro ENGENHEIROS DO CAOS. O importante, na atual conjuntura que vivemos nem é tanto saber se este ou aquele governo são de esquerda, mas se ele consegue ou não impedir retrocessos históricos que coloquem em risco a humanidade. Neste sentido a discussão não é tanto de se saber se Lula é de esquerda mas de se avaliar se ele se comporta no sentido da salvação e progresso sustentável desta humanidade – e o faz quando luta pela pacificação interna no Brasil e pela Paz no mundo -. O resto, diria Shakespeare, é silêncio, cortado, aqui e acolá por puristas sem qualquer senso da Política como processo e compromisso histórico, pois não compreendem que mesmo Lula não sendo de esquerda, a esquerda é ele...
A INDEPENDENCIA COMO PROCESSO
Paulo Timm – Publ. A FOLHA, Torres RS – 8 setembro 2023
O 7 de setembro sempre traz à tona, no Brasil, a reflexão sobre nossa Independência de Portugal, em 1822. No Império (1822-89), a data se resumia à exaltação da figura do Imperador, sem destacar, jamais, o papel da Princesa Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, quem, na verdade, tomou a decisão de proclamar o Brasil independente de Portugal.. Com a proclamação da República, o 7 de setembro passou a exaltar simbolicamente a Pátria, celebrada, sobretudo, pelos desfiles das Forças Armadas, ainda que acompanhadas, depois da Revolução de 30, por desfiles estudantis. Era o reflexo do trânsito do antigo Poder Moderador do Imperador para uma nova fase de tutela das Forças Armadas na nossa vida pública. O bacharelismo dos punhos de renda dos filhos da aristocracia escravocrata começava a ceder lugar, mesmo sob o retrocesso oligárquico do “Café com Leite” entre a saída de Floriano Peixoto e a Revolução de 1930, aos arquitetos da modernidade industrial, cujo grande símbolo, aliás, foi a “Marcha para o Oeste”, na qual a construção de Brasília ocupa lugar destacado. No começo deste longo período, República Velha, vez que a ela sucede-se a Era Varguista que se prolonga sob várias roupagens até 1979, emergem quadros e dicções que nem sempre correspondem ao que realmente ocorreu na Independência. Foi o resultado do positivismo mais afeito à valorização dos fatos do que aos processos: “Ordem e Progresso”. Contemporaneamente se percebe que nossa independência, na verdade, se constituiu num longo processo, inacabado, travado em vários lugares do Brasil, com o concurso de várias inspirações, primeiro da Revolução Americana, 1776, depois de Francesa, em 1789, e , finalmente, da Revolução Haitiana, na virada daquele Século das Revoluções, e se prolonga até hoje sob a influência dos imperativos da Doutrina dos Direitos Humanos e do princípio da Sustentabilidade do Desenvolvimento. Até os anos 50, aliás, a própria história da Independência foi contada do ponto vista do Rio de Janeiro e São Paulo, como costuma assinalar o historiador Evaldo Cabral de Mello, autor do livro "A Outra Independência", que trata das movimentações políticas entre a Revolução Pernambucana, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824. Poderia, a propósito, ter levado sua reflexão até 1848, última das convulsões do período, atravessado também pela Revolução Farroupilha de 1835 a 1845 no Rio Grande do Sul. Temos, também, que incorporar à análise da Independência as lutas travadas no Norte e Nordeste, dentre elas a resistência na Bahia, que só consagraria a Independência em 1823, bem como todas as iniciativas populares que tentaram melhor articular os interesses da Pátria com a Nação. A redemocratização consagrada pela Constituição de 1988, que inaugura a substituição do Poder Moderador do Imperador ou das Forças Armadas, para o império da Lei, o exige. Ressalta-se que nunca tivemos, no Brasil, uma celebração popular da Independência, como as têm alguns países latino-americanos, como , por exemplo o Chile, quando o país se cobre de “ramadas”, com danças, comidas típicas e muita euforia popular. Precisamos chegar lá...Para alguns analistas, este distanciamento popular do 7 de setembro teria sido uma consequência de ausência de uma verdadeira luta pela conquista da Independência, proclamada pelo filho do Rei de Portugal, sob a advertência de que o fizesse antes que algum outro aventureiro, o qual viria, ainda, depois de sair do Brasil, em 1831, a ser Rei Dom Pedro IV , em Portugal. “Sospechoso!” De resto, o sufocamento da Constituinte por D. Pedro I, logo após sua instauração, com o exílio das personalidades mais exaltadas do liberalismo, do qual não escapou sequer o Patriarca José Bonifácio, no período, quando não sua prisão, com “mano dura” sobre movimentos que teriam levado a Independência mais além da mera conquista da autonomia política, talvez também tenha contribuído para esse distanciamento popular. Não obstante, a data deve ser reverenciada como um marco da fundação do Brasil como Estado Nacional, embora seu encontro com seu principal conteúdo, a Nação, composta por todos aqueles que a constroem diuturnamente, ainda se constitua num desafio. Trata-se, hoje, de lutar pela afirmação da soberania deste Estado Nacional no concerto internacional segundo seus próprios interesses que contribuem para criar os pilares econômicos desta afirmação, ao tempo em que, internamente, se aprofunde a construção da cidadania como acesso à informação, organização, representação e participação de todos â confecção de nosso destino. Compreender, enfim, que a Independência nem a fez apenas o Dom Pedro às margens idílicas do Ipiranga, nem só os sulistas, nem os militares ou bacharéis, num único dia ou mesmo período, mas que se realiza historicamente, em processo, nas obras de um “um povo em fazimento”, como costumava dizer Darcy Ribeiro.
Editorial Cultural FM Torres RS 06 de setembro 23
A INDEPENDENCIA COMO PROCESSO
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BRASIL II CENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA 2022
H. Starling. Tiradentes - CANAL LIVRE TV BAND - ASSISTA AQUI YOUTUBE
Lilian Schwarcz – Canal Livre - Vídeo- Lilian Schwarcz É a convidada-do-Canal Livre
José Murillo de Carvalho – Canal Livre - Um dos mais importantes estudiosos da história do Brasil e integrante da Academia Brasileira de Letras, o historiador José Murilo de Carvalho é o convidado do Canal Livre do próximo domingo. O programa faz parte do projeto "Band nos 200 anos da independência''. Autor de verdadeiros - https://www.youtube.com/watch?v=7gZT41HB4Ck
RED -Debate Plural – II Centenário da Independência: ACESSE AQUI YouTube E ASSISTA – Dia 1º/ 09/22 - No terceiro episódio da série sobre o Bicentenário da Independência vamos abordar a formação da identidade do Brasil. Receberemos o Doutor em Filosofia pela Universidade Paris, Agemir Bavaresco; o formado filosofia e economia com mestrado em filosofia, Fabian Scholze Domingues; e o formado em história e é doutorando em História na UFRGS, Erick Kayser.
O DIA DA INDEPENDÊNCIA
Luiza Ribeiro Moraes - Brasil de Fato | Porto Alegre | 01 de Setembro de 2022 às 18:02
FONTE:brasildefators.com.br/2022/09/01/artigo-o-dia-da-in-dependencia-do-brasil
Comemoração excludente - Por PATRÍCIA VALIM* - 04/09/2022 = A sudestinização do bicentenário do 7 de setembro de 1822 – a produção social de um vexame LEIA AQUI
O Assunto g1 dia 6 de setembro A Independência para além da Corte
'Até os anos 50, a história da Independência foi contada do ponto vista do Rio de Janeiro', afirma o historiador Evaldo Cabral de Mello, autor do livro A Outra Independência. Neste episódio, ele detalha os processos históricos que levaram à emancipação do país e explica por que ela se deu a partir 'dois golpes de Estado' liderados por D. Pedro I.
https://g1.globo.com/podcast/o-assunto/noticia/2022/09/06/o-assunto-788-a-independencia-para-alem-da-corte.ghtml
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O7 de setembro sempre traz à tona, no Brasil, a reflexão sobre nossa Independência de Portugal em 1822. No período do Império, a data se resumia à exaltação da figura do Imperador, sem destacar, jamais, o papel da Princesa Leopoldina, esposa de Dom Pedro I, quem, na verdade, tomou a decisão de proclamar o Brasil independente de Portugal. Com a proclamação da República, ela passou a exaltar simbolicamente a Pátria celebrada, sobretudo, pelos desfiles das Forças Armadas, ainda que acompanhadas, depois da Revolução de 30, por desfiles estudantis. Neste período disseminam-se quadros e dicções libertárias que nem sempre correspondem ao que realmente ocorreu na Independência. Ela se constituiu num longo processo, travado em vários lugares do Brasil, com o concurso de várias inspirações, primeiro da Revolução Americana, 1776, depois de Francesa, em 1789, e, finalmente da Revolução Haitiana, na virada daquele Século das Revoluções. Até os anos 50, aliás, a própria história da Independência foi contada do ponto vista do Rio de Janeiro, como costuma assinalar o historiador Evaldo Cabral de Mello, autor do livro "A Outra Independência", que trata das movimentações políticas entre a Revolução Pernambucana, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824. Poderia, a propósito, ter levado sua reflexão até 1848, última das convulsões do período, atravessado também pela Revolução Farroupilha de 1835 a 45 no Rio Grande do Sul. Temos, também, que incorporar à análise da Independência as lutas travadas no Norte e Nordeste, dentre elas a resistência na Bahia, que só consagraria a Independência em 1823. Mas nunca tivemos, no Brasil, uma celebração popular da Independência, como as têm alguns países latino-americanos, como, por exemplo o Chile, quando o país se cobre de ramadas com danças e comidas típicas. Para alguns analistas este distanciamento popular do 7 de setembro teria sido uma consequência de uma verdadeira luta pela conquista da Independência, proclamada pelo filho do Rei de Portugal, sob a advertência de que o fizesse antes que algum aventureiro, o qual viria, ainda, depois de sair do Brasil, em 1831, a ser Rei Dom Pedro IV, em Portugal. De resto, o sufocamento da Constituinte, logo após sua instauração, com o exílio das personalidades mais exaltadas do liberalismo, do qual não escapou sequer o Patriarca José Bonifácio, no período, quando não sua prisão, com mano dura sobre movimentos que levariam a Independência mais além da mera conquista da autonomia política, talvez também tenha contribuído para esse distanciamento popular. Não obstante, a data deve ser reverenciada como um marco da fundação do Brasil como Estado Nacional, embora seu encontro com seu principal conteúdo, a Nação, composta por todos aqueles que a constroem diuturnamente, ainda se constitua num desafio. Trata-se, hoje, de lutar pela afirmação da soberania deste Estado Nacional no concerto internacional segundo seus próprios interesses que contribuem para criar os pilares econômicos desta afirmação, ao tempo em que, internamente, se aprofunde a construção da cidadania como acesso à informação, organização, representação e participação de todos â confecção de nosso destino. Compreender, enfim, que a Independência nem a fez apenas o Dom Pedro às margens idílicas do Ipiranga, nem só os sulistas, nem os militares ou bacharéis, num único dia ou mesmo período, mas que se realiza historicamente em processo nas obras de um “um povo em fazimento”, como costumava dizer Darcy Ribeiro.
VIVA A INDEPENDÊNCIA! VIVA O POVO BRASILEIRO!
ANEXO -Democracia, Soberania e União: os três pontos do pronunciamento de Lula na Independência
https://www.brasil247.com/poder/democracia-soberania-e-uniao-os-tres-pontos-do-pronunciamento-de-lula-na-independencia?utm_source=mailerlite&utm_medium=email&utm_campaign=as_principais_noticias_desta_manha_no_brasil_247&utm_term=2023-09-06
247 – Em um contexto de reconstrução nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prepara-se para um pronunciamento histórico na noite de hoje, véspera do Dia da Independência. Com a intenção de resgatar a celebração como um evento que une toda a sociedade, o presidente Lula destaca três pontos fundamentais em seu discurso: Democracia, Soberania e
Em seu pronunciamento, o presidente Lula enfatizará a importância da democracia como um valor fundamental para a nação brasileira. Ele destacará que a democracia não é apenas um sistema político, mas um compromisso com a participação cidadã, a liberdade de expressão e o respeito às instituições democráticas. O presidente buscará reforçar a ideia de que todos os cidadãos têm o direito de expressar suas opiniões e escolher seus representantes por meio de eleições livres e justas.
Outro ponto central do discurso do presidente Lula será a soberania nacional. Ele argumentará que o Brasil deve defender seus interesses de forma independente e autônoma no cenário global. Isso inclui a preservação de recursos naturais, a promoção do desenvolvimento sustentável e a busca por parcerias internacionais baseadas em benefícios mútuos. O presidente enfatizará a necessidade de um Brasil soberano que tome decisões que atendam aos interesses do povo brasileiro e não esteja sujeito a pressões externas.
A busca pela união da sociedade é também um dos principais objetivos do governo Lula no resgate das comemorações do 7 de setembro. O presidente argumentará que o Dia da Independência não deve ser monopolizado por nenhum grupo ou ideologia, mas sim celebrado por todos os brasileiros, independentemente de suas convicções políticas. Ele destacará a importância de superar a polarização que tem dividido o país e unir esforços para enfrentar os desafios comuns, como a desigualdade e o desemprego. O lema "Democracia, Soberania e União" reflete esse compromisso em construir uma nação mais coesa e solidária.
Ao resgatar o 7 de setembro como uma celebração de todos, o presidente Lula espera promover um sentimento de pertencimento nacional, onde os símbolos nacionais, como as cores verde e amarela, representem a unidade e a diversidade do povo brasileiro. Este pronunciamento é uma tentativa de redefinir o significado do Dia da Independência, que foi marcado, nos últimos anos, pelo golpismo bolsonarista.
Editorial Cultural FM Torres RS 0~5 de setembro 23
Lula se prepara para assumir o G20
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Jeffrey Sachs* - A guerra econômica entre EUA e China
https://gilvanmelo.blogspot.com/.../jeffrey-sachs-guerra...
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O próximo dia 7 de setembro, depois da parada militar clássica em Brasília, vista por muitos como uma evidência da tutela militar sobre a vida pública do país desde a Proclamação da República, Lula viajará para a Índia. Lá, deverá assumir a Presidência rotativa do G20 , um grupo que reúne as principais economias do mundo, quando terá o poder de elaborar a pauta das reuniões do Grupo. Especialistas apontam que ELIMINAÇÃO DA MISÉRIA NO MUNDO e SUSTENTABILIDADE serão as prioridades de Lula. Mas os Estados Unidos vão insistir na condenação à Rússia. Mas encontrará, em Délhi, uma reunião esvaziada pela ausência do Presidente da China. Este país concorre com a Índia na liderança pela Ásia e, apesar de ambos participarem do BRICS, ora ampliado para 11 países, têm visões estratégicas diferentes. Têm também conflito de fronteira no Himalaia. Recentemente a Índia protestou pela divulgação de um mapa chinês atribuindo a China esta disputada área. De resto, a Índia é um país de formação profundamente religiosa, a qual transmitiu ao Ocidente, contrariamente à China, confucionista e pragmática. A Índia é ainda relativamente conservadora, governada nos últimos anos à direita e que tem se inclinado à juntar esforços de inteligência com USA, EU, Japão e Austrália para garantir a “segurança” da região, no que poderá resultar, não muito longe, numa OTAN ASIATICA. Isso contraria a China que, em razão disso, não enviará seu Presidente à reunião do G20. Os dois países concorrem, também, agora, na corrida espacial. De resto, o nível de relacionamento entre China e USA tem sido objeto de crescentes tensões, as quais deverão se restringir a foro bilateral cuidadosamente programado e não a foros multilaterais. A coisa vai de mal a pior, sobretudo depois do anúncio de que a China avançou sobre a tecnologia de microprocessadores. Outra ausência será a de Putin, que tenta evitar com isso, a obrigação de ter que se opor a eventual nota final do evento que condene a invasão da UCRANIA, um dos pontos principais da agenda internacional dos americanos. O G20, com isso tudo, sai enfraquecido e não promete grande coisa com a reunião de Délhi.
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Editorial Cultural FM Torres RS 04 de setembro 23
EDUCAÇÃO NO BRASIL
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FSP – Mais escolarizados têm queda maior de renda na década. Segundo o IBGE quem estudou mais perdeu em média 16,7% dos rendimentos e caiu na informalidade. (Capa da Folha de São Paulo em 4 setembro 23)
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A educação pública, gratuita e universal é um dos maiores legados da modernidade e foi introduzida no mundo inteiro depois da Revolução Francesa. No Brasil ela mourejou até a Revolução de 30, quando Vargas cria, então, o Ministério da Educação. Na Proclamação da República, 85% dos brasileiros eram analfabetos. Apenas os filhos da elite tinham acesso à educação em estabelecimentos geralmente religiosos. O primeiro responsável e defensor da educação pública na Proclamação foi Benjamin Constant, severo positivista, grande defensor da República junto aos quartéis no final do século XIX. Ele acreditava na importância da educação para o progresso do país e conseguiu, mudar o currículo para matérias voltadas à modernização do país e que acabaram sendo introduzidas no COLÉGIO PEDRO II, federal, no Rio de Janeiro. Começávamos a romper com o bacharelismo e beletrismo que animava o que Celso Furtado, quando Ministro da Cultura identificava como tendência ao “bovarismo” no Brasil. Durou pouco Benjamin Constant, caiu com Deodoro da Fonseca. Mas na década de 30 já havia um movimento pela renovação do ensino no Brasil, que acabou consagrado num famoso manifesto liderado por Anísio Teixeira e que desembocou no denominado escolanovismo, uma inspiração oriunda dos ensinamentos de J. Dewey nos Estados Unidos. A mudança de regime impulsionou, então, a educação pública no país e reuniu no novo Ministério, sobretudo na gestão Gustavo Capanema, um histórico núcleo progressista, dentre eles até o poeta Carlos Drummond de Andrade. Ainda assim, ali criou-se o que seria uma característica do sistema brasileiro: A transferência da responsabilidade pela educação básica a Estados e Municípios, sem uma carreira federal de suporte ao magistério, embora amparados estes escalões inferiores da federação com programa de Apoio ao Ensino Básico. Lamentavelmente, quando mais necessitava a educação no Brasil um novo impulso, caímos no desastre do Governo passado, o qual deixou na Educação e Saúde seus mais desastrosos efeitos. Algumas conquistas, entretanto, sobreviveram, dentre elas a instituição do ENEM como instrumento de acesso ao terceiro ciclo. Mas um dos grandes problemas é a evasão escolar dos adolescentes, maioria filhos de classes mais pobres. Eles engrossam os milhões de NEM NENS que acabam sem escola e sem emprego. Ninguém vela sobre eles. As Prefeituras nem sabem quantos eles são e onde estão. Mas mesmo os que alcançam escolaridade mais alta estão cada vez mais precarizados e ganhando cada vez manos. Isso é o que aponta, hoje, a capa de um dos grandes jornais do Brasil, coincidindo com matéria também divulgada no fim da semana da REVISTA PIAUÍ mostrando o abandono do EJA.
Anexo
EDUCAÇÃO NO BRASIL
Desmantelando o Brasil de Paulo Freire - Em crise, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem o menor número de matrículas desde 2007. Em dez anos, 28 mil turmas foram fechadas. Entenda na reportagem. AMANDA GORZIZA = https://piaui.folha.uol.com.br/desmantelando-o-brasil-de-paulo-freire/?utm_campaign=a_semana_na_piaui_177&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
DESMANTELAMENTO ESCOLAR – CENSO ESCOLAR 2022
MATRÍCULAS EJA –
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2007 – 5,0 milhões
2018 3,5
2022 2,7
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Em dezembro de 2022, Ana Paula de Lima estava finalizando os últimos trabalhos da escola, já pensando nas festas de fim de ano, quando foi surpreendida por uma notícia: seu colégio extinguiria, no ano seguinte, todas as turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) – modalidade de ensino voltada para pessoas que não puderam estudar na idade adequada. É o caso de Lima, gaúcha de 38 anos que, na adolescência, largou os estudos para trabalhar. Foi merendeira, faxineira, comerciante. Nunca mais tinha pisado numa sala de aula, até que, no ano passado, constatou que precisaria do diploma de ensino médio para prestar um concurso público. Resolveu então se matricular numa escola estadual da cidade onde mora, São Gabriel (RS), e vinha estudando com afinco. Até receber a notícia.
“Hoje em dia, todos os empregos pedem ensino médio completo”, lamenta Lima, que está desempregada, procurando trabalho há quatro meses. Com a extinção das turmas de EJA, o plano de conseguir um diploma foi adiado indefinidamente. Ela tinha acabado de concluir o equivalente ao 1º ano do ensino médio. Como o ensino de jovens e adultos é acelerado em relação ao ensino básico, Lima só precisaria estudar por mais um ano para se formar.
Em São Gabriel, onde vivem 58 mil pessoas, agora há somente uma escola pública com turmas de EJA, mas ela fica no Centro, distante do bairro onde Lima mora. Como as aulas terminam às onze da noite, horário em que não há mais ônibus circulando, a estudante teria de voltar a pé para casa todos os dias. É um trajeto de 50 minutos. “Não tem como andar sozinha a pé nesse horário, ainda mais sendo mulher. Por isso não quis ir para a outra escola, fiquei com medo”, ela justifica. “E não sou só eu. Uns quantos colegas também desistiram. ”
A Educação de Jovens e Adultos lida, historicamente, com altos índices de evasão. Grande parte dos alunos trabalha durante o dia e, por isso, não consegue conciliar a rotina com os estudos. É comum que, pela dificuldade de aprender ou por não ver propósito em estudar, muitos desanimem no meio do caminho. Por isso, as turmas de EJA costumam encolher ao longo do ano letivo. As barreiras são muitas. Mas mesmo aqueles que conseguem superar tudo isso, como Lima, têm sido surpreendidos com problemas estruturais da educação no Brasil.
O número de matrículas da Educação de Jovens e Adultos é, hoje, o menor desde 2007. Naquele ano, havia 5 milhões de brasileiros matriculados nessa modalidade. Em 2018, o número já tinha caído para 3,5 milhões e, no ano passado, eram 2,7 milhões. A queda se deve, em boa medida, ao fechamento de vagas, como aconteceu na cidade de São Gabriel. Nos últimos dez anos, 28 mil turmas de EJA foram fechadas e 7,8 mil colégios deixaram de oferecer ensino para jovens e adultos. Em 921 municípios (16% do total), não há turmas de EJA.
A pandemia influenciou na diminuição de matrículas. A evasão no ensino público aumentou de modo geral nos anos de isolamento, e não foi diferente com a EJA. Mas, no caso dos jovens e adultos, o que está por trás desse fenômeno é também um esvaziamento de políticas públicas e, principalmente, cortes orçamentários. Um dossiê elaborado por entidades civis, entre elas a Instituição Paulo Freire, mostra que o investimento do governo federal na modalidade EJA, no ano passado, equivale a 3% do que foi investido…
Editorial Cultural FM Torres RS 31 de agosto 23
A apatia dos movimentos sociais
19 de abr. de 2023 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (19 que os movimentos sociais devem aprender a se comunicar nas redes ...
O lulismo, os movimentos sociais no Brasil e o lugar social da política* Maria Orlanda Pinassi* - Resumo: Arrisco comentários sobre a maioridade burguesa da política brasileira, algo reconhecido pelos mais exigentes mentores das políticas neoliberais, n&atild