COLUNA DO TIMM

 

 EDITORIAL

Encontrando a esperança na era do ressentimento - Paul Krugman- Como o otimismo de 2000 deu lugar à raiva nos tempos atuais       

 

The New York Times / Folha de S. Paulo - quarta-feira, 11 de dezembro/24 https://gilvanmelo.blogspot.com/2024/12/encontrando-esperanca-na-era-do.html#more     

 

Esta é minha última coluna para o The New York Times, onde comecei a publicar minhas opiniões em janeiro de 2000. Estou me aposentando do Times, não do mundo, então ainda expressarei minhas opiniões em outros lugares. Mas esta parece uma boa ocasião para refletir sobre o que mudou nesses últimos 25 anos.

 

O que me impressiona, olhando para trás, é como muitas pessoas, tanto nos EUA quanto em grande parte do mundo ocidental, eram otimistas naquela época e até que ponto esse otimismo foi substituído por raiva e ressentimento.

 

E não estou falando apenas de integrantes da classe trabalhadora que se sentem traídos pelas elites; algumas das pessoas mais irritadas e ressentidas nos Estados Unidos agora — pessoas que parecem muito almejar ter muita influência com o governo Trump que está por vir — são bilionários que não se sentem suficientemente admirados.

 

É difícil transmitir o quão bem a maioria dos norte-americanos se sentia em 1999 e no início de 2000. As pesquisas mostravam um nível de satisfação com a direção do país que parece surreal nos padrões atuais. Minha percepção sobre o que aconteceu na eleição de 2000 foi que muitos americanos consideraram a paz e a prosperidade como garantidas, então votaram no cara que parecia ser mais divertido de se conviver.

 

Na Europa, também, as coisas pareciam estar indo bem. Em particular, a introdução do euro em 1999 foi amplamente saudada como um passo em direção a uma maior integração política e econômica — em direção a um Estados Unidos da Europa, se preferir. Alguns de nós, norte-americanos, tínhamos precauções, mas inicialmente elas não eram amplamente compartilhadas.

 

Claro, não era tudo flores e arco-íris. Havia, por exemplo, já um bom número de teorias da conspiração do tipo proto-QAnon e até mesmo casos de terrorismo doméstico nos Estados Unidos durante os anos Clinton. Houve crises financeiras na Ásia, que alguns de nós viam como um potencial prenúncio do que estava por vir.

Publiquei um livro em 1999 intitulado "O Retorno da Economia da Depressão", argumentando que coisas semelhantes poderiam acontecer nos EUA; lancei uma edição revisada uma década depois, quando aconteceram.

 

Ainda assim, as pessoas estavam bastante otimistas sobre o futuro quando comecei a escrever para este jornal.

 

Por que esse otimismo azedou? Como vejo, tivemos um colapso da confiança nas elites: o público não tem mais fé de que as pessoas que estão no comando sabem o que estão fazendo, ou que podemos supor que estão sendo honestas.

 

Não foi sempre assim. Em 2002 e 2003, aqueles de nós que argumentaram que o caso para invadir o Iraque era fundamentalmente fraudulento foram alvo de críticas de pessoas que se recusavam a acreditar que o presidente dos EUA faria tal coisa. Quem diria isso agora?

 

De uma maneira diferente, a crise financeira de 2008 minou qualquer fé que o público tinha de que os governos sabiam como gerenciar economias. O euro como moeda sobreviveu à crise europeia que teve o auge em 2012, levando o desemprego em alguns países a níveis da Grande Depressão, mas a confiança nos eurocratas —e a crença em um futuro europeu brilhante— não resistiu.

 

Não são apenas os governos que perderam a confiança da população. É surpreendente olhar para trás e ver como os bancos eram vistos de forma muito mais favorável antes da crise financeira.

 

E não faz muito tempo que bilionários da tecnologia eram amplamente admirados em todo o espectro político, alguns alcançando status de heróis populares. Mas agora eles e alguns de seus produtos enfrentam desilusão e pior; a Austrália até proibiu o uso de redes sociais por crianças menores de 16 anos.

 

O que me traz de volta ao meu ponto de que algumas das pessoas mais ressentidas na América agora parecem ser bilionários irritados.

 

Já vimos isso antes. Após a crise financeira de 2008, que foi amplamente (e corretamente) atribuída em parte às manobras financeiras, você poderia esperar que os antigos "Mestres do Universo" mostrassem um pouco de contrição, talvez até gratidão por terem sido resgatados. O que recebemos em vez disso foi a "raiva de Obama", fúria contra o 44º presidente dos EUA por até mesmo sugerir que Wall Street poderia ter sido parcialmente culpada pelo desastre.

 

Hoje em dia, há muita discussão sobre a guinada à direita de alguns bilionários da tecnologia, de Elon Musk para baixo. Eu argumentaria que não devemos pensar demais nisso, e especialmente não devemos tentar dizer que isso é de alguma forma culpa dos liberais politicamente corretos.

 

Basicamente, resume-se à mesquinhez dos plutocratas que costumavam se deleitar com a aprovação pública e agora estão descobrindo que todo o dinheiro do mundo não pode comprar amor.

 

Então, há uma saída para o lugar sombrio em que estamos? Eu acredito que, embora o ressentimento possa colocar pessoas ruins no poder, a longo prazo ele não pode mantê-las lá. Em algum momento, o público perceberá que a maioria dos políticos que criticam as elites na verdade pertencem a essa elite em todos os sentidos que importam e começará a responsabilizá-las por seu fracasso em cumprir suas promessas. E nesse ponto, o público pode estar disposto a ouvir pessoas que não tentam argumentar a partir da autoridade, não fazem promessas falsas, mas tentam dizer a verdade da melhor forma possível.

 

Talvez nunca recuperemos esse tipo de fé em nossos líderes —a crença de que as pessoas no poder geralmente dizem a verdade e sabem o que estão fazendo— que costumávamos ter. Nem deveríamos. Mas se enfrentarmos a kakistocracia —governo pelos piores— que está emergindo enquanto falamos, podemos eventualmente encontrar nosso caminho de volta para um mundo melhor.


 EDITORIAL

Taxa Selic - Economia forte, real frágil, exterior: por que especialistas esperam novas altas dos juros    

Copom deve acelerar o ritmo da alta de juros hoje/ Senado vota hoje 1º projeto de regulamentação da reforma tributária// Governo publica regras para liberar emendas e destravar pacote fiscal       

 

Juros, novo BC e crise política - Míriam Leitão - O Globo - Conflito entre o Supremo e Congresso sobre as emendas trava votações importantes em uma semana já tensa com a alta maior dos juros

Esta última reunião do Copom do ano e da gestão de Roberto Campos Neto é a mais importante em muito tempo. O Banco Central deve acelerar de novo a alta dos juros. Um grande número de bancos e consultorias projetam uma alta de 0,75 ponto percentual na Selic, para 12%, com algumas apostas chegando a 1 ponto percentual. O clima de país em crise se espalhou entre operadores e dirigentes de instituições financeiras. Desde a última reunião, o dólar subiu de R$ 5,67 para R$ 6,08 e a inflação no acumulado de 12 meses ultrapassou o teto da meta. Com o IPCA a ser divulgado hoje, deve chegar a 4,8%, mesmo número da mediana das previsões do Focus para o ano.

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Economia vai bem ou mal? por Juremir Machado da Silva - 10 dez 24  

Há perplexidade no ar. A inflação está sob controle. O desemprego está no nível mais baixo, quase de pleno emprego. O PIB está dando saltos, passando dos 3% no ano. Então, por óbvio, tudo vai bem? Não parece. O mercado está pessimista. Em certo momento do governo de Jair Bolsonaro, quando o PIB não deslanchava, o mercado estava otimista. O que está errado? Segundo o mercado, definido por Eduardo Moreira como “os mais ricos da sociedade”, as contas do governo federal. Lula e os seus estariam gastando demais. Onde cortar? Para o mercado, em qualquer lugar, inclusive nas áreas sociais, menos, claro, no pagamento dos juros da dívida pública.

 

O mercado se acha não ideológico, totalmente pragmático. O pragmatismo é a sua ideologia. Não lhe interessa saber em quem dói o corte de gastos, desde que não doa nos seus ganhos e interesses. Será que as queixas são uma manifestação de inveja pelos bons números do governo Lula? Não estariam os jornais soltando fogos de artifício e manchetes se fosse um governo de direita? O portal G1, em 4 de dezembro de 2024, publicou um título categórico: “Brasil atinge menor nível de pobreza e extrema pobreza da série histórica do IBGE”. Explicou: “Pesquisa mostra que 8,7 milhões de pessoas saíram da linha da pobreza no país entre 2022 e 2023 — situação que ainda atinge 59 milhões de brasileiros. No mesmo período, 3,1 milhões deixaram a extrema pobreza, condição que ainda afeta 9,5 milhões”.

 

Então o Brasil vai bem? Melhorou muito? O jornal conservador Estadão encontrou lugar para usar a tradicional conjunção adversativa: “Pobreza cai no País, mas 59 milhões vivem com menos de R$ 22 por dia”. O “mas” é usado sempre que não se quer elogiar demais, como quem diz, vamos dar o exato e a verdade profunda. Faz sentido. A questão, porém, é outra: melhorou ou não? Melhorou muito ou só um pouquinho? Vale rojão ou não? Recapitulando: inflação controlada, PIB subindo, desemprego baixando, pobreza caindo, nível de consumo dos mais vulneráveis também subindo. Melhorou ou não? A crer no tal mercado, não. Seria só uma ilusão. Para melhorar o governo precisa gastar menos, a taxa Selic cair muito e os ganhos dos mais ricos ficarem mais volumosos. Exagero? Distorço? Vejamos.

 

Três ideias não emplacam junto ao mercado nem com banda de jazz: revisar as isenções fiscais dadas pelo governo, que beneficiam grandes empresas com redução de impostos; taxar grandes fortunas; e isentar de imposto de renda os que ganham até R$ mil. Essas medidas trariam mais justiça social, ajudariam a recompor as contas do governo e aliviariam a classe média baixa de uma mordida injusta do leão. Fica valendo aquela máxima: pobre paga mais imposto do que rico. Fica-se sabendo que o mercado quer reformas desde que elas não o afetem nem reduzam suas belas tetas.

 

O que o Brasil mais precisa neste momento? Botar generais golpistas na cadeia, assim como seu mentor, e libertar o orçamento federal do sequestro promovido pelo parlamento. As tais emendas são pura enganação. Emendas secretas, com dinheiro público distribuído sem transparência, é só malandragem de político astuto para se dar bem sem deixar rastros incômodos. O Brasil melhorou. Pode melhorar mais. Deu um passo importante.


EDITORAL

 10 DEZEMBRO: DIA DOS DIREITOS HUMANOS 

 

DIGNIDADE do Homem como fundamento da Doutrina dos Direitos Humanos.

 

Oração à dignidade dos homens = Introdução às Conclusões filosóficas, cabalísticas e teológicas em 900 teses compostas por Giovanni Pico della Mirandola, aos seus 26 anos, para serem debatidas publicamente com intelectuais de toda Europa ante a Cúria romana. Florença, 1486 d.C.- Discurso sobre a Dignidade do homem - Pico della Mirandola - Livre arbítrio - YouTube

 

PICO DELLA MIRANDOLA

 

O Islã se espalhava rapidamente; no Oriente, da Arábia através do Egito e do Levante até os portões de Constantinopla, no Ocidente, através da África e Espanha até Tours. A segurança da Igreja estava ameaçada, ridicularizando sua pretensão de domínio universal, fisicamente pela tomada da Terra Santa, e metafisicamente pela introdução de idéias revigorantes no próprio coração da Cristandade. Os grandes filósofos árabes preservaram e ensinaram parcelas da tradição Platônica; os cientistas desenvolveram a astronomia, alquimia e astrologia; o esoterismo Judeu floresceu debaixo da proteção do Corão e da influência da teosofia Sufi; a expansão política Islâmica até a Índia renovou o interesse na matemática e importou os numerais hindus para o Ocidente, provendo um sistema de notação adequado para a investigação matemática avançada.

Dissensões dentro da Igreja, incluindo o deslocamento da corte papal para Avignon em 1309, e a eleição simultânea de dois 'Sumos Pontífices' quando de seu regresso a Roma em 1377, enfraqueceram a credibilidade de qualquer reivindicação de autoridade universal. Vozes corajosas como a de John Wycliffe (1320-1384) questionaram os dogmas supersticiosos - o perdão dos pecados, o poder de excumunhão e a transubstanciação - e pavimentaram o caminho para uma reconsideração racional do conceito sobre o homem, a natureza e a deidade.

A Segunda Onda encontrou sua expressão mais rica na jóia da Renascença italiana, Giovanni Pico della Mirandola (1463-1494), filho mais moço do Conde de la Mirandola e Concordia. Ele estudou nas universidades de Bolonha, Ferrara, Pádua e Paris, dominando o italiano, latim, grego, árabe, aramaico e hebreu. A reverência de Pico pela 'prisca theologia', a antiga sabedoria, atraiu-o à Academia Platônica de Florença, estabelecida por Marsilio Ficino, sob a égide e apoio de Cosimo dei Medici. Sua consciência da universalidade da verdade levou-o a rejeitar tendências humanistas tais como a ênfase no estilo oratório dentro do pensamento filosófico e a dependência exclusivamente da Grécia antiga para inspiração. Pico estudou Zoroastro e Moisés, Orfeu e Pitágoras, a teologia Cristã, a filosofia Islâmica e a Qabbalah Hebraica. Ficino traduziu Platão para o latim e Pico estudou suas obras avidamente. Quando agentes dos Medici trouxeram os escritos Herméticos para Florença, Pico incitou Ficino a traduzí-los, argumentando que eles conteriam a raiz da sabedoria e a síntese entre filosofia, ciência e religião. O próprio Pico pessoalmente trouxe a Qabbalah para o coração da Renascença.

Em 1486, com a idade de 23 anos, Pico publicou novecentas teses que seriam debatidas livremente pelos eruditos e teólogos por toda a Europa. Sete foram condenadas por Roma como heréticas, e seis outras como 'dúbias' Incluídas entre as heresias estavam as proposições de que (1) Orígenes, o condiscípulo Cristão de Plotino sob Amônio Sacas e líder da Escola Catequética de Alexandria, tendo sido excomungado por ensinar a reencarnação, deveria ser imaginado estando no céu, antes que no inferno, e (2), que a ciência da magia e da Qabbalah provam a divindade de Cristo. Ele preparou um pronunciamento aberto, 'Oratio de Hominis Dignitate' (Sobre a Dignidade do Homem), mas abandonou o projeto em face à censura papal.

A 'Oratio' de Pico tocou a nota-chave do ciclo do século XV. Ensinando que só a dialética poderia harmonizar as filosofias díspares, sintetizar ciência e religião, e desvelar o cerne de todos os sistemas, ele introduziu na Renascença o conceito de liberdade de escolha.

Na 'Oratio', Pico faz o 'mestre-construtor' dizer a Adão, o homem arquetípico:

"Eu te coloquei no centro do mundo... Nem celeste nem terrestre, nem mortal nem imortal Nós te fizemos. Tu, como um juiz indicado por ser honrado, és o modelador e fazedor de ti mesmo, podes esculpir a ti mesmo na forma que preferires. Podes descer até as naturezas inferiores que são brutas. Podes ainda ascender a partir do entendimento da alma até as mais elevadas naturezas que são divinas... É dado ao homem obter aquilo que escolhe e ser o que deseja".

Este era, dizia Pico, parte do significado por trás da simbolização do homem através de Prometeu, nos mistérios atenienses. A liberdade não negava um universo regido pela lei, mas antes depende dele. As sementes de todo tipo de vida e ser no cosmo também são inatos no homem. Se se permite crescerem as sementes da sensação, o homem se torna um bruto; se germinam as sementes racionais, ele se torna um animal celeste; mas se florescem as sementes do intelecto intuitivo, o homem se torna angélico. "E se ele não se contenta com o quinhão de uma criatura qualquer, mas o incorpora a si mesmo, à sua própria unidade, então, tornado um só espírito com Deus e estabelecido na treva solitária", o homem se torna Kutastha, "acima de todas as coisas", e "à frente de todas as coisas". Pois, "como Asaf o profeta diz: 'Sois deuses, e filhos do Altíssimo' ", e "podemos ser o que queremos".

Pico fundiu a metafísica e a ética enraizando a liberdade, a dignidade essencial do homem, na estrutura do cosmo. O método de realizar esta possibilidade divina era a meditação que acende os fogos da discriminação, da inteligência intuitiva e da compaixão - a Tríade Superior. Quem ativar estes três fogos em si, restringindo os afetos através da ciência moral, descartando as névoas da razão através da dialética e purificando a alma, se torna um serafim, um amante que "está em Deus, e mais, Deus está nele, e Deus e ele são um só".

Sabendo muito bem que não ousaria falar abertamente desta vasta concepção da deidade, ele usava a palavra 'Deus' para se referir à Treva Absoluta que está além da luz da consciência finita e também do tríplice Logos e do mestre-construtor do cosmo. O olho casual só vê as muitas referências a Deus, mas a mente intuitiva reconhecerá muitos tipos de deuses na 'Oratio'. A despeito da busca papal por heresia, este ensinamento passou impercebido por aqueles que buscavam evitar a ressurgência do pensamento.

A liberdade humana é devida ao fato de que o homem contém todos os deuses dentro de sua forma encarnada, e também tem o poder "de obter o que escolher e ser o que deseja". Na vontade, o homem é mais parecido ao impulso criativo por trás e dentro da manifestação, pois ela não tem qualidades e nenhum lugar na constituição humana. O homem não é "nem celeste nem terrestre, nem mortal nem imortal", mas se torna assim através da consciência.

A meditação e a magia são as chaves para a autotransformação. Temos uma natureza dupla que nos atrai para cima para o reinos divinos e homogêneos do ser, e também nos puxa para as esferas mais baixas e indiferenciadas de luta. "Governado pela disputa e pela discórdia como um louco, e banido para longe dos deuses, o homem é precipitado na profundeza". Mas a filosofia moral, o amor pela sabedoria dentro de um contexto de um desprendido cumprimento do dever, trará a paz. Só então podemos começar a subir a escada de Jacó "estendida desde a baixeza da terra até as alturas do céu, e dividida pela sucessão de muitos degraus". Pois "quem pode tocar a escada do Senhor com pés sujos ou mãos impuras? Como os mistérios dizem, é sacrilégio para o impuro tocar no que é puro". Mas uma vez feito, podemos cultivar um amor universal por todos os seres, e se tivermos sucesso, "subitamente incandesceremos como chamas à semelhança do serafim". Manas despertará plenamente e se unirá a Buddhi, o princípio da discriminação espiritual que, como um "trono, permanece na perenidade do julgamento". O "querubim brilha com a radiância da inteligência" e Manas Taijasi se manifesta no indivíduo.

"Se encontramos um contemplador puro, desligado do corpo, banido para os recessos mais íntimos da mente, ele não é nem terreno, nem um animal celeste; mais esplêndido, ele é uma divindade vestida de carne humana".

"Com a paz concedida pela dialética, que transcende tanto a retórica como o debate lógico, e que permite aos princípios inferiores do homem travar amizade com a Tríade Superior através de Manas, a meditação é possível.

"Quando alcançamos isso através da atuação da arte da razão, então animado por um espírito de querubim, filosofando ao longo das escarpas da escada da Natureza, e penetrando em tudo de centro para centro, em dado tempo estaremos descendo, despedaçando, como Osíris, o uno no muitos através de uma força titânica; e em outro tempo estaremos subindo e reunindo o muitos no uno, como os membros de Osíris, através de uma força Apolínea, até que o contemplador obtém a amizade que é a alma única, a amizade através da qual todas as mentes não meramente concordam em um só intelecto mas de uma forma inexprimível se tornam absolutamente unificadas".

A filosofia natural, que leva à magia, é transmitida primeiro através do estudo e depois, quando o homem todo está purificado e preparado, através da iniciação.

"Deixe que os que estão ainda impuros e necessitados de conhecimento moral vivam com as pessoas fora do tabernáculo a céu aberto, e deixe-os enquanto isso purificarem-se como os sacerdotes tessalonicences. Que aqueles que já colocaram suas vidas em ordem sejam recebidos no santuário".

Pico ensinava que a demonologia da Idade Média constituía uma degradação do Santo dos Santos e uma fascinação por potências inferiores, uma magia que levava à feitiçaria. Mas existe ainda uma magia natural mais elevada baseada na 'Sympatheion', as harmonias simpáticas ou ressonantes que ligam os espíritos da terra, as imagens celestiais e as potências verdadeiramente espirituais. Os objetos materiais não têm poder em si mesmos, embora contenham figuras astrais e akáshicas e símbolos que são potentes. Estas matrizes invisíveis podem ser levadas a um alinhamento e sintonia com a luz divina que se irradia delas difusamente, mas podem brilhar em seu esplendor pristino focalizado através do coração do Mago. "Assim o Mago casa a terra com o céu, isto é, as forças das coisas inferiores com os dons e propriedades das coisas sobrenaturais". A magia natural, usada pelo feiticeiro, é purificada e transformada passando-se para além do reino astral, até o 'plenum' supracelestial. O processo requer, além de uma perfeição moral e espiritual e vontade, um profundo conhecimento sobre as cores, números e sons como potências e relações criativas. Através deste conhecimento e prática, o homem se torna pessoalmente invulnerável no mundo e imortal na consciência, um Adepto-Mago, e quando é escalada toda a escada do ser, se torna um Mahatma, um homem divino. Daí que o mágico superior "Não faz tanto milagres, mas serve cuidadosamente a Natureza que os faz".

Devem ser cumpridos três 'Preceitos Délficos', se a pessoa há de entrar no "augusto templo da verdade, não do Apolo inventado, que ilumina toda alma que vem a este mundo". O primeiro é nada em demasia, pois o princípio da moderação em todas as coisas harmoniza a mente e o corpo de quem aspira ao conhecimento espiritual. O segundo é conhecer a si mesmo, pois a obediência "nos desperta e incita em direção ao conhecimento de toda a Natureza, da qual a natureza humana é o meio e como se fosse a união". O terceiro é Tu és, que "devemos endereçar ao verdadeiro Apolo", o Atma que paira acima de todo o ser.

Pico escreveu uma longa 'Apologia' onde defendeu suas concepções, mas foi forçado a fugir de Roma sob ameaça de perseguição pelo Papa Inocêncio VIII. Embora preso na França por Carlos VIII a pedido dos enviados papais, Pico voltou a Florença sob a proteção pessoal de Lorenzo dei Medici, e passou os últimos poucos anos de sua vida escrevendo e disseminando os ensinamentos que formam o fulcro da Renascença.

Tomando a doutrina de Orígenes, de que a escritura tem três chaves de interpretação - literal, alegórica e celestial ou oculta - Pico escreveu o 'Heptaplus', um relato da história da criação do Gênesis, sob forma de um entendimento sétuplo da evolução e da Natureza, desde os reinos elementais até os reinos supramundanos.

Em 1491 Pico renunciou ao seu título e fortuna e revelou que desejava se tornar um asceta errante e professor, assim que sua obra literária fosse completada. Ele foi completamente exonerado de qualquer acusação pelo Papa Alexandre VI, que era ele mesmo profundamente interessado em magia, mas antes que pudesse abraçar a vida de andarilho, sucumbiu de uma febre. Morreu em 17 de novembro de 1494, no dia em que Carlos VIII entrou em Florença após a expulsão de Piero dei Medici.

O espírito de sua obra deixou uma marca permanente na mente da raça, e ele mereceu, em seu sentido mais oculto, a simples denominação que deu a si mesmo: Explorador.

Embora suas obras jamais tenham sido totalmente traduzidas para a linguagem moderna, sua posição central no rensacimento do Ocidente é clara. Nas palavras de Frances Yates,

"A profunda significância de Pico della Mirandola na história da humanidade dificilmente pode ser superestimada. Ele foi o primeiro que audaciosamente formulou uma nova posição para o homem europeu, o homem como um Mago usando tanto a Magia como a Cabala para atuar sobre o mundo, para controlar seu destino através da ciência.


Editorial 

 Vencedores e perdedores na Síria - por MK BHADRAKUMAR

Vencedores e perdedores na Síria - Indian Punchline

 

Irã e Rússia são os dois grandes perdedores na deposição do presidente sírio Bashar al-Assad no domingo pelos grupos islâmicos sunitas afiliados à Al-Qaeda. Assad fugiu na hora certa após dar ordens para que houvesse uma transferência pacífica do poder. A probabilidade é que ele esteja na Rússia. De qualquer forma, uma reversão da tomada de poder islâmica na Síria está fora de questão.

As oligarquias árabes da região do Golfo estão cheias de trepidação sobre o surgimento de uma variante do islamismo político que pode potencialmente representar um desafio existencial. Sem surpresa, elas gravitaram em direção ao Irã, que veem como um fator de estabilidade regional, retribuindo o apelo de Teerã aos estados regionais para se unirem para afastar o desafio dos grupos “Takfiri” (codinome para a Al-Qaeda e o Estado Islâmico na narrativa iraniana). 

Israel e Turquia são os maiores vencedores, tendo estabelecido ligações com os grupos da Al-Qaeda. Ambos estão bem posicionados para projetar poder na Síria e esculpir suas respectivas esferas de influência no território sírio. A Turquia exigiu que a Síria pertença somente ao povo sírio — um chamado mal disfarçado para férias da presença militar estrangeira (russa, americana e iraniana).

Da mesma forma, o governo Biden pode ficar satisfeito com o fato de que a presença militar russa não permanecerá descontrolada e que uma situação insustentável de perda dramática de influência cerca as bases militares de Moscou na província síria ocidental de Latakia. 

Não há dúvida de que o governo "lame duck" em Washington terá prazer indireto no fato de que a presidência de Donald Trump terá que lidar com a instabilidade e as incertezas prolongadas no Oeste da Ásia, uma região rica em petróleo que gera o petrodólar, que é a base do sistema bancário ocidental — o dólar americano, em particular — e que é crucial para o eixo "América em Primeiro Lugar" das políticas externas do novo governo. 

Para ter certeza, espreitando abaixo da superfície do quadro geral, há várias subtramas, algumas das quais pelo menos são de disposição contrária. Primeiro de tudo, os apelos renovados que são ouvidos em conjunto do grupo de Astana (Moscou, Teerã e Ancara) e as capitais regionais para o diálogo intra-sírio levando a um acordo negociado têm um toque de irrealidade decorrente do medo primitivo sobre a manifestação de uma variante extremista do islamismo político que a região nunca havia experimentado antes em sua história. Certamente, o clima internacional atual praticamente descarta quaisquer perspectivas de "diálogo" em um futuro previsível. Pelo contrário, toda a região provavelmente será convulsionada pelos tremores da Síria.

Os EUA devem estar satisfeitos com a mudança de regime em Damasco e darão continuidade aos esforços buscando o fechamento das bases russas na Síria. Eles declararam sua intenção de continuar com a ocupação da Síria, o que é importante se quiserem remodelar a região para atender seus interesses geopolíticos. 

Segundo, a Turquia tem interesses especiais na Síria em relação ao problema curdo. O enfraquecimento do estado sírio, especialmente o aparato de segurança entrante em Damasco, fornece à Turquia, pela primeira vez, liberdade nas províncias da fronteira norte, onde grupos separatistas curdos estão operando. A presença militar e de inteligência turca na Síria se expandirá aos trancos e barrancos.

Basta dizer que a ocupação turca do território sírio pode assumir um caráter permanente e até mesmo uma quase anexação das regiões está dentro dos reinos da possibilidade. Não se engane, o Tratado de Lausanne (1923), que a Turquia considera uma humilhação nacional, acabou de expirar e chegou a hora do acerto de contas para reivindicar a glória otomana. A atual liderança turca está comprometida com a geoestratégia do neo-otomanismo.

Com toda a probabilidade, portanto, o que está em jogo é a soberania e a integridade territorial da Síria e a desintegração do país como um estado. Foi relatado que tanques israelenses cruzaram a fronteira para o sul da Síria. Sem dúvida, Israel pretende tomar muito mais do que território sírio além das Colinas de Golã. O sonho do Grande Israel deu um passo gigante em direção à realização. Em seguida, vem o Líbano, que Israel não pode deixar de aspirar a controlar se quiser ser a potência regional dominante no Levante e um influenciador na política do Mediterrâneo Oriental. De acordo com a mídia israelense, Tel Aviv tem contatos diretos com os grupos islâmicos que operam no sul da Síria. Não é segredo que esses grupos estavam sendo orientados pelo exército israelense por mais de uma década.

Assim, na melhor das hipóteses, espera-se uma Síria truncada, um estado remanescente, com a continuação da interferência externa em larga escala e, no pior cenário, o revanchismo turco e a agressão israelense juntos — mais a ocupação americana do leste da Síria e uma fraca autoridade central em Damasco — o país em sua forma atual, fundado em 1946, pode desaparecer completamente do mapa da Ásia Ocidental.

Na verdade, os estados do Golfo e o Egito têm motivos para se preocupar com uma Primavera Árabe 2.0 — oligarquias sendo derrubadas e substituídas por grupos islâmicos militantes locais refletindo a vontade do povo. Seu nível de conforto com Teerã se aprofundou perceptivelmente. Mas, é claro, os EUA vão combater essa tendência regional que, de outra forma, isolaria Israel na região. 

A Rússia tem uma mentalidade notoriamente pragmática e uma declaração do Ministério das Relações Exteriores no domingo sugeriu fortemente que Moscou já está elaborando um plano B para reforçar sua presença militar na Síria no curto prazo, pelo menos. Curiosamente, a declaração destacou que Moscou está em contato com todos os grupos de oposição sírios. A declaração evitou escrupulosamente usar a palavra "terrorista", que as autoridades russas vinham usando livremente em sua retórica estridente para caracterizar os grupos sírios que tomaram Damasco. Moscou tem motivos para temer a ressonância do islamismo político como uma ideologia sedutora em suas repúblicas muçulmanas inquietas do Cáucaso do Norte.

A embaixada russa em Damasco não corre perigo algum. É inteiramente concebível que a inteligência russa, que é tradicionalmente muito ativa na Síria — por razões óbvias — já tenha começado a sensibilizar Moscou sobre uma transição de poder em Damasco estar nos planos e mantido contatos com os grupos islâmicos de oposição, apesar da retórica pública estridente.

Em comparação, o Irã sofre um sério revés do qual é difícil se recuperar em breve, pois a ascensão dos grupos sunitas extremistas que subscrevem a ideologia da Al-Qaeda levará a um novo cálculo de poder na Síria, que é visceralmente hostil a Teerã. A evacuação de diplomatas seguida pela invasão da embaixada iraniana em Damasco fala por si. De fato, Israel não poupará esforços para garantir que a influência iraniana seja exorcizada da Síria. 

O cerne da questão é que a influência regional do Irã diminui significativamente à medida que os grupos de resistência (que são em grande parte xiitas) ficam sem rumo e desiludidos. Isso não só funciona em benefício de Israel, mas também desencadeia uma mudança profunda no equilíbrio de forças regionalmente, o que terá ressonância para os conflitos atuais no Grande Oriente Médio como um todo em uma perspectiva de longo prazo — Gaza, Líbano e até mesmo tão longe quanto a Ásia Central e o Sul da Ásia. O ponto principal é que o gênio da Al-Qaeda saiu da garrafa, finalmente, e não há como parar sua agenda pan-islâmica. 

A parte surpreendente é que o Irã falhou em prever a reviravolta dos eventos. Incrivelmente, na sexta-feira, o conselheiro do líder supremo Ali Larijani realmente visitou Damasco e se encontrou com Assad para reiterar o apoio total de Teerã para deter a onda de forças islâmicas que já estava se aproximando dos portões da cidade.


 Editorial 

Dia do Trabalho Voluntário

 

Quando pensamos na ação voluntária, associamos imediatamente à ideia de alguém numa situação superior que vai ao encontro daquele que está numa situação vulnerável, ao carente, ao necessitado de ajuda. E é normal que pensemos assim. Pessoas que estão livres de um problema emergente ou estrutural, ajudando os que se encontram em situação difícil.

 

Ocorre que o ato do voluntariado é algo bem mais profundo e sensível.

 

Estendermos as mãos ao próximo é um ato moral que exige primeiro coragem, ou seja, disposição em se comprometer, em doar seu tempo ou seu talento, correr riscos, sem pedir nada em troca. Segundo: demonstração de solidariedade humana na defesa da vida, do meio ambiente, dos animais, do curso das atividades e interações humanas em qualquer lugar. 

 

O brasileiro é muito solidário em situações extremas de catástrofe ambiental ou similiar. Todo mundo sai de seu conforto e se dispõe, até por alguns dias, à cooperação com autoridades da defesa civil e outros órgãos de assistência social a flagelados. Mas não está acostumado a se associar a alguma entidade de prestação de serviços voluntários permanentes, diferentemente, por exemplo, dos Estados Unidos, onde o trabalho voluntário se inclui nos currículos dos candidatos à Presidência da República. Em outros países, como no Chile, o serviço de bombeiros é voluntário, prévio treinamento dos colaboradores e associado aos profissionais do ramo. Isso dá um caráter de compromisso social diante de tragédias como incêndios e terremotos. 

 

A data de hoje pode ser um estímulo ao voluntariado em nossa cidade. Clubes de Serviço como Rotary e Lions estão sempre com suas portas abertas para o ingresso de colaboradores. No campo ambiental a ONDA VERDE também faz diversas campanhas nas quais pede a colaboração de voluntários. A COI, junto ao prédio do Lions é outra organização aberta ao voluntariado e que presta inestimáveis serviços à população mais carente. Nossa Cultural FM é também uma organização não lucrativa, de caráter comunitário, sempre aberta à colaboração de voluntários.

 

Aproveite esta data e procure dar sua colaboração voluntária.

 

Como dizia o Presidente Kennedy: “Não se pergunte o que o Estado pode fazer por você mas o que Você pode fazer pelo Estado”. E aqui acrescentaríamos: Pelo Estado e pela Sociedade. Colabore!

 

Anexo

Dia Internacional do Voluntário

https://www.portalsaofrancisco.com.br/…/dia-internacional-d…

 

Quando pensamos na ação voluntária, associamos imediatamente à ideia de alguém numa situação superior que vai de encontro ao inferior, ao carente, ao necessitado de ajuda. E é normal que pensemos assim.

 

No episódio das torres gêmeas, em Nova Iorque, por exemplo, assistimos muitas pessoas auxiliando os bombeiros a tentar achar sobreviventes entre os destroços e mesmo a limpar a área atingida.

 

Uma imagem que nos faz pensar no que foi dito acima: pessoas que estão livres do problema em questão ajudando os que se encontram em situação difícil.

 

Mas acontece que o ato do voluntariado é algo bem mais profundo e sensível.

 

Estendermos as mãos ao próximo, ao semelhante, é um ato que exige primeiro coragem, ou seja, disposição em se comprometer, em doar seu tempo ou seu talento, segundo generosidade, que também pode ser entendida como real solidariedade, aquela que não espera nada em troca, e terceiro que enfrentemos nossa própria fraqueza.

 

E estar diante da própria fraqueza é admitir que, ao ajudar, queremos nos sentir melhores, curar nossas próprias feridas, superar nossas próprias limitações.

***

 

Dia Internacional do Voluntário

 05 de Dezembro 

Desde 1985, a Organizações das Nações Unidas instituiu o dia 5 de dezembro como Dia Internacional do Voluntário.

O objetivo da ONU é fazer com que, ao redor do mundo, sejam promovidas ações de voluntariado em todas as esferas da sociedade.

No Brasil, já existem diversas iniciativas em favor do desenvolvimento de práticas de voluntariado.

É fundamental que cada voluntário saiba que, como ele, há milhões de pessoas no mundo dando a sua própria contribuição para o alcance das metas traçadas pelas Nações Unidas.

***

Dia Internacional do Voluntário

    

O Voluntariado

     

Segundo definição das Nações Unidas, “o voluntário é o jovem ou o adulto que, devido a seu interesse pessoal e ao seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem estar social, ou outros campos…”

Em recente estudo realizado na Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança, definiu-se o voluntário como ator social e agente de transformação, que presta serviços não remunerados em benefício da comunidade; doando seu tempo e conhecimentos, realiza um trabalho gerado pela energia de seu impulso solidário, atendendo tanto às necessidades do próximo ou aos imperativos de uma causa, como às suas próprias motivações pessoais, sejam estas de caráter religioso, cultural, filosófico, político, emocional.

Quando nos referimos ao voluntário contemporâneo, engajado, participante e consciente, diferenciamos também o seu grau de comprometimento: ações mais permanentes, que implicam em maiores compromissos, requerem um determinado tipo de voluntário, e podem levá-lo inclusive a uma “profissionalização voluntária”; existem também ações pontuais, esporádicas, que mobilizam outro perfil de indivíduos.

Ao analisar os motivos que mobilizam em direção ao trabalho voluntário descobrem-se, entre outros, dois componentes fundamentais: o de cunho pessoal, a doação de tempo e esforço como resposta a uma inquietação interior que é levada à prática, e o social, a tomada de consciência dos problemas ao se enfrentar com a realidade, o que leva à luta por um ideal ou ao comprometimento com uma causa.

Altruísmo e solidariedade são valores morais socialmente constituídos vistos como virtude do indivíduo. Do ponto de vista religioso acredita-se que a prática do bem salva a alma; numa perspectiva social e política, pressupõe-se que a prática de tais valores zelará pela manutenção da ordem social e pelo progresso do homem.

A caridade (forte herança cultural e religiosa), reforçada pelo ideal, as crenças, os sistemas de valores, e o compromisso com determinadas causas são componentes vitais do engajamento.

Não se deve esquecer, contudo, o potencial transformador que essas atitudes representam para o crescimento interior do próprio indivíduo.

Como ser um bom voluntário

A maioria das entidades beneficentes no Brasil ainda são muito pequenas, e não têm programas de voluntariado.

Qualquer pessoa pode ser voluntária, independente do grau de escolaridade ou idade, o importante é ter boa vontade e responsabilidade.

Neste site existem mais de 4.850 entidades cadastradas, pesquise uma perto da sua casa ou trabalho, veja se a área de atuação da entidade está de acordo com a sua intenção de trabalho, e depois da escolha marque um dia para conhece-la pessoalmente.

Se não der certo com a primeira entidade, não desista, tem muita gente precisando da sua ajuda. Tente outra vez.

E se tudo der certo, ótimo! Sinta como a entidade funciona, e do que ela necessita, talvez você tenha que pesquisar um pouquinho e sugerir uma tarefa.

Por exemplo, pintar a entidade por fora ou por dentro, cadastrar doadores no computador, ajudar a organizar um evento ou fazer uma festa. A iniciativa é sua.

Seja humilde. O fato de você estar ajudando os outros não significa que você será paparicado e que seu trabalho não possa ser criticado.

O trabalho voluntário exige o mesmo grau de profissionalismo que em uma empresa, se não maior.

Existem regras a seguir, por mais meritória a causa, e não desanime se nem todos vibrarem e baterem palmas pelo seu trabalho.

Por que ser um voluntário?

A grande maioria dos voluntários no Brasil querem:

1. Ajudar a resolver parte dos problemas sociais do Brasil.

2. Sentir-se útil e valorizado.

3. Fazer algo diferente no dia a dia.

4. 54% dos jovens no Brasil querem ser voluntários, mas não sabem como começar.

Agora não tem desculpa. Pesquise as entidades perto de você e seja um voluntário.

Voluntários vivem mais e com maior saúde!

Allan Luks, em The Healing Power Of Doing Good, descobriu que pessoas que ajudam os outros têm consistentemente melhor saúde. Oito em dez dos entrevistados afirmaram que os benefícios para a saúde retornavam quando eles se lembravam da ação feita em anos anteriores.

Estudo da Universidade de Michigan constatou que homens que faziam menos trabalhos voluntários eram significantemente mais propensos a morrer.

Fonte: www.voluntarios.com.br

 

Dia Internacional do Voluntário

05 de Dezembro

 

Em 1985, a Assembleia Geral das Nações Unidas escolheu o dia 5 de dezembro como a data oficial para a celebração do trabalho voluntário.

Desde então, centenas de países aderiram à data para celebrar o esforço voluntário e suas conquistas.

Nesta data, em todos os cantos do planeta, em vilarejos e metrópoles, igrejas e associações de bairros, em escolas particulares e públicas, em praças e teatros, milhões de pessoas, instituições e organizações, empresas, governos estão desenvolvendo ações e eventos para homenagear os voluntários, que trabalham pela paz e pela melhoria da qualidade no planeta.

Há quatro anos o Brasil une-se oficialmente à celebração mundial do voluntariado. Como tem feito desde a sua criação, todo 5 de Dezembro o Programa Voluntários faz questão de enaltecer todos aqueles que dedicam parte de seu tempo, trabalho e talento para colaborar com a melhoria do lugar em que vivem.

É impressionante o aumento do reconhecimento do valor da ação voluntária. E, a cada ano, os Centros de Voluntários intensificam a programação para essas celebrações. São atividades as mais variadas possíveis, nos mais diversos lugares. As opções são tantas quantas forem as possibilidades de ações voluntárias que pudermos imaginar. Basta usar a criatividade

Alguns exemplos de ações que são realizadas no dia 5, no Brasil e no Mundo.

Atividades em parques públicos e escolas e hospitais, reuniões de confraternização entre voluntários e entidades, concertos, shows de música, espetáculos de teatro, exibição de filmes e lançamento de livros, exposições de fotos e publicações e mostras de iniciativas cidadãs

Fonte: CEDI Câmara dos Deputados

Dia Internacional do Voluntário

05 de Dezembro

A importância do trabalho de cada voluntário.

Nos bairros e comunidades, nos grupos de auto-ajuda e nos clubes, nas igrejas, nas associações culturais e esportivas, nas instituições sociais e nas empresas, um número imenso de pessoas ajudam umas às outras e ajudam a quem está em situação mais difícil.

Ao doarem sua energia e sua generosidade, os voluntários estão respondendo a um impulso humano básico: o desejo de ajudar, de colaborar, de compartilhar alegrias, de aliviar sofrimentos, de melhorar a qualidade da vida em comum. Compaixão e solidariedade, altruísmo e responsabilidade são sentimentos profundamente humanos e são também virtudes cívicas.

Ao nos preocuparmos com a sorte dos outros, ao nos mobilizarmos por causas de interesse social e comunitário, estabelecemos laços de solidariedade e confiança mútua que nos protegem em tempos de crise, que tornam a sociedade mais unida e fazem de cada um de nós um ser humano melhor.

Pelos benefícios que traz para o próprio voluntário, para as pessoas com quem o voluntário se relaciona, para a comunidade e a sociedade como um todo, é que o voluntariado merece ser valorizado, apoiado, divulgado e fortalecido.

Fonte: arquivo.portaldovoluntario.org.br

 

Dia Internacional do Voluntário

05 de Dezembro

   

A comemoração acontece em todo o mundo e visa homenagear aqueles que doam parte do seu tempo livre para a promoção do bem-estar de outras pessoas

Disponibilizar-se a ser solidário(a) com alguém ou alguma causa é motivo para comemoração.

Por isso, o mundo todo está aplaudindo as pessoas que dedicam parte do seu tempo livre para trabalhos voluntários, no dia 5 de dezembro: Dia Internacional do Voluntário.

Ser voluntário é dedicar, além de seu tempo, também seu talento para a solução de problemas enfrentados por uma pessoa, uma instituição ou, ainda, por uma causa, sem que receba qualquer tipo de remuneração por seus serviços.

O trabalho voluntário, ao mesmo tempo, é uma via de mão dupla, pois além de contribuir, o voluntário também ganha muito, como respeito, reconhecimento, conhecimentos, novos amigos, etc.

Na atualidade, o trabalho voluntário precisa estar qualificado e cada vez mais preparado, de modo a se adequar às diretrizes de cada instituição que se pretende ajudar, devendo estar, obrigatoriamente, integrado à equipe de trabalho da instituição e à sua missão.

“Ser solidário(a) faz bem a você também”

Fonte: www.grupoirmascheilla.com.br

 

Dia Internacional do Voluntário

O dia 05 de dezembro é o Dia Internacional dos Voluntários.

 

Data para homenagear todas as pessoas que por amor ao próximo, dedicam seu trabalho sem pedir nada em troca.

Lei do Voluntário

A Lei do Voluntariado, instituída em 18 de fevereiro de 1998, por decreto do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, considera como serviço voluntário toda a atividade não remunerada, prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza, ou a instituição privada de fins não lucrativos, que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência social, inclusive mutualidade.

Fonte: www.iproweb.procempa.com.br

Escolha um tema para o DIV

Considere maneiras de relacionar o DIV com um problema local como a fome, a falta de atendimento médico, agressões ao meio ambiente, desastres naturais ou outras causas humanitárias. Depois de determinar um foco único com os coordenadores, desenvolva um slogan que estimule contribuições voluntárias e mobilize a população para o tema. Tenha sempre em mente que, quanto mais as pessoas se identificarem com o assunto, mais motivadas ficarão em participar.

Produza materiais promocionais

Você pode obter gráficos e informações sobre o DIV no site www.iyv.org e utilizá-los para criar posters, panfletos e calendários de atividades. Pode promover um concurso local, voltado para crianças, pedindo que bolem um cartaz sobre o que elas entendem como voluntariado ou o que esperam do DIV. Nesse caso, o cartaz vencedor será utilizado como símbolo da campanha. Esses materiais criados podem ser distribuídos em locais públicos, como bibliotecas, centros comunitários, escolas e universidades, ONGs e prédios governamentais. Procure também empresas que permitam que a divulgação seja feita entre seus funcionários.

Desenvolva uma estratégia de mídia

Crie ferramentas de mídia e planeje uma estratégia de distribuição.Busque intensificar a cobertura publicitária na semana anterior ao DIV e guarde seus melhores materiais para o dia 5 de dezembro. Estabeleça boas relações com a imprensa oferecendo-lhes sempre novas notas, artigos e fotos das atividades voluntárias que estão sendo realizadas e programadas. Deixe os jornalistas cientes de todo o planejamento para o dia 5 de dezembro. Busque o apoio de algum artista ou atleta, para que ele ajude a divulgar seus planos. Convide-o para falar sobre a importância do voluntariado. Se você conseguir alguém famoso que já tenha antecedentes de trabalho voluntário, será perfeito. Se não, tudo bem, sempre há tempo de começar.

Outras idéias de atividades que podem ser feitas no dia 5 de dezembro e que já foram sucesso em diversas cidades do mundo em anos anteriores

Voluntariado individual

Organize oportunidades para profissionais dividirem seus conhecimentos e experiências.

Realize workshops e palestras sobre temas diversos e importantes para a população.

Organize campanhas sociais sobre tópicos significativos, como prevenção ao uso de drogas, combate à AIDS, à violência, ao trabalho infantil,etcMonte um grupo e vá de casa em casa explicando aos moradores como tratar a água, aproveitar melhor os alimentos, prevenir doenças, etc

Promova apoio aos doentes através de visitas aos hospitais, campanhas de doação de medicamentos, doação de sangue, programas de vacinação, mutirões para examinar gratuitamente pessoas carentes, etc

Visite crianças em orfanatos, distribua refeições, promova um dia especial para meninos carentes com passeios e brincadeiras, colete e distribua roupas usadas e alimentos não-perecíveis,etc

Estabeleça uma linha direta para pessoas aflitas, que precisam desabafar, e lhes dê conselhos e apoio.

Voluntariado no meio ambiente

Organize mutirões para promover o reflorestamento de áreas devastadas.

Coordene eventos onde as pessoas transformem terrenos baldios em hortas comunitárias ou parques públicos.

Convide ambientalistas, agrônomos e agricultores para darem palestras sobre como cultivar hortas saudáveis e a importância de se cuidar bem da terra.

Limpe praias, rios, parques, reservas naturais, praças públicas e pode as árvores de sua cidade.

Voluntariado em comunidades ou empresas

Promova uma campanha de doação de tempo, onde os interessados destinem horas de serviço voluntário para projetos específicos.

Limpe escolas, centros comunitários, hospitais, igrejas, lugares históricos,etc.

Ajude a restaurar ou construir instituições para órfãos, menores abandonados, moradores de rua, deficientes carentes, etc.

Promova uma campanha para montar uma biblioteca, igreja, escola, posto de saúde, centro poliesportivo ou algum outro prédio que venha a ser útil para a sua comunidade.

Estimule e ajude empresas interessadas em montar um programa de voluntariado corporativo.

Fonte: almanaquedobem.com


Editorial 

Editorial Cultural FM Torres RS - www.culturalfm875.com
04 de dezembro de 2016 . Morte do Poeta Ferreira
Gular, membro da Academia Brasileira de Letras.
Ferreira Gullar é poeta, crítico de arte, tradutor, memorialista e
ensaísta brasileiro. Sua poesia engajada é indispensável para a
compreensão da moderna literatura brasileira.
Publicado por: Luana Castro Alves Perez em Escritores brasileiros
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/li…/ferreira-gullar.htm
Ferreira Gullar, pseudônimo de José Ribamar Ferreira, é um dos
nomes mais representativos da moderna literatura brasileira. Sua
extensa e diversificada produção literária e teórica fez do escritor um
dos mais importantes poetas e críticos de arte brasileiros da
atualidade. Nasceu no dia 10 de setembro de 1930 e foi no ano de
1940, em São Luís, Maranhão (sua terra natal), que teve início sua
carreira poética, cujo sucesso o conduziria a uma das cadeiras da
Academia Brasileira de Letras em 2014.
O primeiro livro de poesias, Um pouco acima do chão, foi publicado
em 1949 quando o poeta tinha apenas dezenove anos. Nessa fase,
Gullar, em período de formação, mostrou-se influenciado pelas
estéticas simbolistas e parnasianas. Posteriormente, no início da
década de 1950, escreveu os poemas de A luta corporal, livro no qual
é possível notar certa semelhança com a poesia dos poetas paulistas
que, em 1956, lançaram o Concretismo. Explorando propriedades
gráficas e vocais das palavras, rompendo com a ortografia e com as
convenções da lírica tradicional, Ferreira Gullar integrou de maneira
circunstancial o movimento concretista, do qual se afastou por causa
de discordâncias em relação às suas propostas teóricas. Abandonou
as experiências de vanguarda e engajou-se na política por meio do
Centro Popular de Cultura (CPC), grupo de intelectuais de esquerda
criado em 1961, no Rio de Janeiro, cujo objetivo era defender o
caráter coletivo e didático da obra de arte, bem como o engajamento
político do artista.
Não há vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço

do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema

com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário

que esmerila seu dia de aço

e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Nessa mesma década, 1960, a poesia de Ferreira Gullar já mostrou
um estado de alta tensão psíquica e ideológica: seus textos,
independentemente dos temas abordados, são participantes, isto é,
engajados, evidenciando a preocupação do poeta com as mazelas
sociais e, sobretudo, a preocupação em contribuir para a
transformação da sociedade brasileira. Por sua intensa participação
política, foi perseguido pela Ditadura Militar e, no exílio em Buenos
Aires, escreveu Poema sujo, considerado uma obra-prima da literatura
brasileira. Gravado em uma fita cassete, o poema foi trazido para o
Brasil pelo amigo, o também poeta Vinícius de Moraes, e no ano de
1976 foi, finalmente, publicado.
Curiosamente, o reconhecimento da importância de sua obra
aconteceu apenas na década de 1990, período em que foi agraciado
com diversos prêmios e homenagens, entre os quais o Prêmio Jabuti
(o mais importante prêmio literário do Brasil), o Prêmio Machado de
Assis (oferecido pela Academia Brasileira de Letras) e o Prêmio
Camões (concedido pelos governos do Brasil e de Portugal a autores
que tenham contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário
e cultural da língua portuguesa), além de uma indicação ao Prêmio
Nobel de Literatura no ano de 2002. Paralelamente à produção
poética, Ferreira Gullar construiu uma sólida obra teórica e crítica no
campo das artes visuais, na qual reviu antigas posições
(principalmente em relação ao uso da poesia como instrumento de
conscientização social) e tratou de questões referentes à arte
contemporânea produzida no Brasil e em outros países.

 


O ADVENTO

O "advento" é o período de quatro semanas que antecede o Natal , iniciando-se, na tradição católica, no primeiro domingo deste interregno por missas anunciadoras deste tempo, em todos os cantos do mundo. Trata-se de um período de reflexão e espera, na expectativa da “Boa Nova” trazida pelo Natal. É um momento para que nos preparemos para a reunificação das famílias, dos homens de boa vontade e de todos os povos do mundo, sem rancores , sem preconceitos, sem outro sentimento que aquele ocupado pelo Amor. Sim, porque a grande ceia da noite de Natal não é senão um artifício para a celebração da concórdia entre todos nós. É a confirmação do Amor, que estará naquela Ceia, no momento da reunião familiar, quando centenas e até milhares de quilômetros foram tragados por ansiosos passos em direção a este encontro. -“Para onde voltamos sempre? Para casa” , se perguntava e respondia o filósofo Novallis. Pois é em casa, no amplexo familiar, que renovamos as energias afetivas para enfrentar as adversidades de um ano novo que já se anuncia. Um ritual, mas que contribui para pontualizar a monotonia do tempo e das coisas . É em casa, enfim, que a dor dói menos e a alegria é mais alegre.

O "advento" foi celebrado na Idade Média com belos cantos gregorianos, os quais que induzem à meditação e ao mistério- http://www.youtube.com/v/lfwuZaf6WXw&fs=1&source=uds&autoplay=1 . Esses belos cânticos, aliás, podem ser ouvidos na Radio Mec - www.radiomec.com.br - durante os domingos, pela manhã no mês de dezembro. E aqui fica a conclamação para que todas as Rádios, comerciais, culturais e comunitárias, façam o mesmo.

Aproveitemos, pois, o Advento, para pensar um pouco no mundo - ocidental - em que vivemos, pluri-cultural, multi-étnico, democrático, embora essencialmente cristão -, como síntese da razão helênica cevada na antiga Grécia e a fé de um homem simples que peregrinou pela Galileia e deixou, indelével, sua mensagem.

Hoje vivemos um momento difícil de nossa História. A razão e a liberdade, que pareciam sustentar a construção de um homem capaz de construir seu próprio destino, transformaram-se no seu oposto. As esperanças de um mundo melhor parecem soterradas na multiplicação sem par da miséria, na destruição do Planeta, na disseminação do vício e da depressão.

Há cem anos era outro o estado de espírito da humanidade. Havia um grande otimismo entre cientistas, políticos e artistas que faziam da capital do mundo, Paris, com sua elegante Torre Eiffel, recém construída, com suas grandes feiras industriais, com suas avenidas coalhadas de poetas e pintores, uma verdadeira consagração do mundo novo. Acreditava-se, piamente, que o Reino da Necessidade, do obscurantismo, das perseguições, estaria superado em pouco tempo.

Hoje, esse otimismo cedeu lugar à duvida, em alguns casos ao pessimismo, nos mais agudos, ao desespero. E o pior, parece que todos rumamos para esse desespero. Fomos “descontruídos” pela filosofia, pela política, pela arte, pela realidade de um mundo marcado por duas grande querras que liquidaram praticamente 100 milhões de pessoas no século passado. O sonho do progresso e de paz num planeta outrora verde transformou-se no pesadelo do holocausto nuclear. Esta decomposição pode ser vista, como já dizia o filósofo Cornelius Castoriadis, em 1993 (A Encruzilhada do Labirinto) “sobretudo, no desaparecimento das significações,no desaparecimento quase completo dos valores. E este desaparecimento é, a termo, ameaçador para a sobrevivência do próprio sistema”.

O que aconteceu...?

Não é fácil responder à esta indagação. Ela move e comove pessoas do todos os matizes religiosos e ideológicos.

Uma das principais contradições da civilização ocidental talvez seja sua obstinação em reduzir todas as suas conquistas ao Mercado, e do Mercado ao dinheiro. Numa sociedade na qual se vale pelo que se tem, onde o enriquecimento é a medida dos valores sociais e na qual o lucro se converte no objetivo último da atividade econômica, a razão se instrumentaliza a serviço dessa causa. Sobra, na margem, um pequeno espaço para a caridade cristã, para a a ação de obstinadas ONGs, quando não contaminadas por interesses espúrios de políticos inescrupulosos, para a proliferação de clubes de serviços sociais e outros afins. Mas o que é realmente levado a sério é lucratividade dos setores ditos produtivos, cujo vigor acabará determinando o nível de emprego e salário, o quantum de arrecadação de impostos e o volume do comércio em nível global. Essa razão instrumentalizada para o sacrossanto lucro empresarial é levada às últimas conseqüências e , na verdade, acaba se transformando no seu contrário: a des-razão. O que é a especulação financeira em giros meteóricos, sob o influxo da telemática e que devora países inteiros pela crise, senão uma verdadeira paranóia? Como sustentar valores morais, que estão no cerne da condição humana, como um ser capaz de pensar e erigir-se socialmente sob o império da Lei, quando um “valor mais levanta” e impõe sobre todos os demais a sua própria lei, que é a da supremacia do ter sobre o ser?

O que fizemos da liberdade conquistada, do progresso conquistado, da razão domada? Onde pusemos o ensinamento platônico de que primeiro deveríamos velar pelas virtudes, depois pela razão? Nada...

E assim, de sujeitos capazes, dotados de razão, liberdade e progresso, na rota do projeto iluminista ocidental da autonomia humana, fomos, nos degradando.

Aproveitemos, pois, o Advento, o Natal e esse momento de trégua para uma reflexão sobre nosso destino, hoje ameaçado pela iminência de um holocausto nuclear. Há tempo para tudo. Agora é hora de pensar. E pensar com coragem. Com o sentimento de que seremos imortais por esse pensar e agir. E não apenas só por orações.

* Coluna originalmente escrita por Paulo Timm em dezembro de 2009 e é adaptada, apenas, a cada ano subseqüente. 


Audodepoimento – Paulo Timm

Honra-me a Câmara de Vereadores de Porto Alegre, por iniciativa do Vereador Adeli Sell –PT-, hoje, com a concessão do título de CIDADÃO HONORÁRIO da Cidade. Recebo com orgulho e humildade a distinção, lembrando que por lá iniciei meu Projeto de Autonomia e afirmação pessoal, aos dez anos, em 1955, deixando, gradativamente, para trás a matriz que me havia trazido ao mundo no Rio de Janeiro, em 1944 - sob a égide do medo e da esperança como irmãos gêmeos-, e me entregado as primeiras impressões do mundo em Santa Maria, terra de meus pais. Lá tive os primeiros afetos, as primeiras letras, os primeiros verões insuportáveis numa pequena travessa, Angostura, marcada pela presença de uma sinagoga, a cadeia lateral, na rua ao lado, de onde ouviao famoso assassino do crime da mala, preso, o Ramão, atá pouco tempo antes namorado da vizinha, que me clamava pelo nome – Paulinho!!! - , um abacateiro que nunca deu fruto e maravilhosas festas de São João. Já sentia o apelo pela vivência associativa. Virei “lobinho”, primeira etapa do escotismo, da Tropa Roque Gonzalez, o que me provocou um dos grandes sustos da infância: Getúlio morrera no 24 de agosto de 54 e eu quase levo a culpa. Saíra, vestido a rigor no uniforme, com lanço vermelho ao pescoço e quase fui linchado pela turba de ferroviários getulistas enfurecidos que subiam a Avenida Rio Brancoi, confundindo-me com “maragato”. Getúlio era chimango. E , neste tempo estas rusgas regionais ainda sobreviviam.

Mas fui para Porto Alegre e aí iniciei um longo processo que hoje se completa com esta distinção como Cidadão portoalegrense. Me impressionaram na chegada a forma diferente de falar, o SULACAP, o Guaíba e o viaduto Borges de Medeiros. Aliás, foi ali sobre o viaduto que o conheci, um dia, ao andar pela Duque com minha mãe. Ela o aponta e me indica: Aquele ali o Borges de Medeiros. Um velho, no passeio matinal que por ali sempre costumava fazer. Desde então, por la passava, muitas vezes, e o olhava curioso. Ainda não sabia realmente que ele fora...Hoje sou orgulhoso de tê-lo conhecido, ainda que de vista... 

Mas romper as matrizes ancestrais, não é um processo fácil. Foi um longo período de 65 anos, até agora, em que, gradualmente fui me livrando do que fora feito, em busca de uma determinação em fazer-me. Primeiro, a passagem da meninice no Alto da Bronze, para o jovem adulto. Uma figura me marcou passagem: Fulvio Petracco. Ele, mais velho, estudante de engenharia nos “enquadrou” , a todos nós, guris irresponsáveis. que passávamos as tardes aprontando à toa na esquina da Duque com a Bento Martins. Fê-lo nos organizando num grupo escoteiro de memoráveis experiências. Dali, em 1958 fui para o Julinho e vim a saber quem fora JULIO DE CASTILHOS, hoje meu ídolo político. Um novo salto. O processo de mudança do velho para o novo vem sempre com vivências e acontecimentos. O Julinho foi um ACONTECIMENTO numa época em que o país fervilhava nos Anos Douradois. 

A matriz, entretanto, ainda me conduzia e acabei, por influência do pai militar na Escola de Cadetes. Foi um período duro, numa Escola de formação militar rígida, mas que me deixou a segunda impressão política que, pouco mais tarde me levaria a uma primeira ruptura: Politica. Conto isso num artigo que escrevi para o SUL 21 em 2011, aos 50 anos da Legalidade. Estava eu ainda mergulhado nos devaneios de juventude quando fomos, naquele fatídico agosto de 61, colhidos pela renúncia do Janio. O desfile militar, previsto para o dia 25 fora suspenso e estávamos “em forma”, aguardando liberação para o feriado quando fomos advertidos da gravidade da situação nacional. Naquele noite mesmo, a Escola EPPA encheu-se de oficiais detidos. Não entendíamos bem o porquê. Era o resultado das tensões que acompanhavam a conjuntura nacional, até que nosso comandante, um tal Coronel João de Deus nos comunicou que estávamos sob o comando do III Exército, acompanhando o Governador Brizola na sua luta pelo cumprimento da Constituição que determinava a posse do Vice, João Goulart. Lá fomos nós para o regime interno de prontidão. Em seguida nos deslocaram para guarda num canhão antiaéreo postado junto ao Arco da Redenção. Guardo uma foto. Mas o mais interessante aconteceria alguns dias depois, quando a situação começava a se normalizar nacionalmente e fomos dispensados, aqueles que moravam em PORTO ALEGRE, a ir em casa, mas sem tirar o uniforme de instrução: cinturão, capacete, burziguins etc. Lá fui eu, assim vestido, pegar o bonde Gasômetro, na Venâncio Aires. Não demorou, subi e nem ia sentar-me, pois o bonde estava bem cheio embora não lotado. E foi só eu colocar minha cara na entrada e o bonde irrompeu em palmas. Olhei em volta. Eram para mim. Um jovem soldado brasileiro a serviço do interesse pública, em defesa da Constituição. Experiência impagável. Guardo com emoção até hoje. Mas não entendia nada de Política. Só de reuniões dançantes....

Não durei muito na vida militar. Saí para conhecer o Brasil e passei um bom tempo viajando a e trabalhando: Rio, Paraná e Santa Catarina.. Conheci o interior destes Estados ainda em estado pioneiro. Começava a entender o BRASIL

Voltei para PORTO ALEGRE e acabei passando pela minha segunda mudança: Já adulto, morando aqui na Demétrio, me reunia com velhos e novos amigos de Santa Maria, todos altamente “politizados”, dentre ela o Joqa, da Física , e o Fábio Marenco. Anos mais tarde o Nilson, lá em ROSA DO MAR, SC, me explicaria onde tudo aconteceu: na sua casa, onde o pai, ferroviário, guardava preciosos livros “subversivos”.... Em pouco tempo e sob o impacto da ditadura, deixei pra trás mais outros elementos da minha matriz familiar. Era, agora a prefiguração da sua antítese: C O M U N I S T A. E ali começaram meus estudos sobre BRASIL e Humanas que levariam a entrar no Curso de Ciencias Sociais, junto com Economia, que já frequentava, participando ativamente do movimento estudantil da época. Vi-me, aliá, neste papel, há alguns anos numa crônica da Cidade dos anos 60, do Sergius Gonzaga. Retrata-me ele como uma espécie de comissário do povo mas ainda com sólidos ransos pequeno=burgueses. Flagrara-me ele, certa vez, indo ao alfaite, um tal Silvio, na Galeria do Rosário. Decepção total. Hoje me justifico, só em parte, porque é verdade que era muito “social”, pelo fato de que desde os 15 anos sempre mandava fazer roupas em alfaite. Sempre fui muito miúdo e não encontrava roupas do meu tamanho, a não ser no Wolens Infantil, que me constrangia. Vá o feito! Tive outra vivência que acabou me abrindo não só os olhos, mas o futuro. Começava a ver além do horizonte. E já não bastava o Partidão, mas fazia-se necessária a ruptura patrocinada pela Dissidência comandada pelo Pilla Vares, Marco Aurelio Garcia e Flavio Koutzii, que acabaria desembocando na criação do PARTIDO OPERÁRIO COMUNISTA , o POC, em 1968, onde juntou-se o que havia de melhor na militância na época. Mas já estava eu me formando em Economia e tive a grata oportunidade, sempre como resultado da vivência no universo da esquerda, de ir trabalhar na PLANISUL, onde pontificava o Prof. Accurso. Dali recolhi, não só o estimulo profissional mas a oportunidade que me ofereceram de fazer o pós graduação que me levou ao Chile, também “invenção” do Accurso. Mais um salto. Casei com a colega Maria Benetti, que logo me daria o filho Luciano e fomos para o Chile. Outra vivência notável. Lá, como experiência acadêmica, começava a ver o Brasil de fora. Me impressionva como os colegas de outros países nos viam, sempre indagando: - Como Vs. Puderam fazer tudo isso? Eu , na verdade , não via muito. Afogado pela consciência cr´tica negava tudo. Mas vale registrar uma experiência que me marcou e sempre conto aqui pro Paiva e outros economistas. Eu , por gentileza e graça do PAULO RENATO SOUZA, era o “ayudante”, espécie de monitor, do José Serra, na FLACSO, acompanhando-o nas aulas. Não ganhava muito, mas ajudava. Não tinha ainda bolsa de estudos e procurava me virar: sempre dando aula. Pois bem , um dia o SERRA me deu um artigo recém escrito para ler: Era o Mas allá del estancanmientto”, que representava, junto com a emergência do “possibilismo”, aberto pela divulgação de Gramsci no Brasil, uma reviravolta na dialética ECONOMIA X POLITICA que havia nos movido desde 64. Ou seja, podíamos pensar um projeto não revolucionário para o Brasil. 

Pronto! Começava, na minha vida outro horizonte. Não meais a antítese da matriz telúrica e conservadora, mas a construção de uma visão própria de mundo. Já havia pressentido este processo quando, preparando-me para fazer o Mestrado na Sociologia da USP, graças a um amigo que lá o cursava, o ENIO SILVEIRA, que me apresentara ao então professor LUIZ PEREIRA, este me exigira compreender melhor Marx, Durkheim e Weber, cuindo de distinguir suas respectivas visões quanto á Filosofia da História, Papel do Estado e ação política, além de ma mandar além, PASMEM ! Raymond Aron. Fi-lo, sem entender bem, mas já ao final dos anos 1972, sob forte crise do Governo Allende, tudo começava a fazer sentido. Um novo sentido.

Foi aí que tive que voltar ao Brasil, com uma ruptura tembém na vida pessoal e uma nova relação com uma chilena, Maria Elena, que me daria a filha Flávia. Lé no Chile, entretanto, deixei minha casa na esperança de voltar, pois chegara a uma situação financeira deplorável.

Em Brasilia, nova vida, novo mundo, o peso de viver sob OS ANOS DE CHUMBO. Fui para o IPEA, a convite de velhos companheiros ligados à Maria da Conceição, que for minha mestra na ESCOLATINA e para a Universidade de Brasilia, aos 29 anos, como Professor colaborador , a convite de Edmar Bacha. Neste remota época , havia poucos no Brasil com nível de Mestrado, menos ainda doutorado. Fui privilegiado. E lá consegui me realizar profissionalmente como economista, inaugurando os estudos sobre ECONOMIA BRASILIENSE e definição da ESCALA REGIONAL da cidade, tal com previra Lucio Costa. Escrevi dois livros sobre a experiência, que começou pelo artigo SETE TESES EQUIVOCADAS SOBRE BRASILIA, a primeira delas dizendo que não havia planejanto algum na cidade, além do rabisco póético do Lucio Costa e que era indispensável um PLANO DE OCUPAÇÃO TERRITORIAL DO D.F., o que consegui, graçs ao apoio do então coordenador de Política Metropolitana , Jorge Francisconi. Hoje DF acomoda mais de 3 milhões de pssoas graças a este Plano., sem prejuízo da preservação do Plano Piloto, considerado Patrimônia da Humanidade pela UNESCO.

Tendo passado pelo salto ideológico em POA, pelo salto acadêmico no Chile e pelo salto profissional em Brasilia, faltava-me, entretanto um salto definitivo para a Política, vocação sempre latente, muitas vezes recusada pela prudência. Lá pelos anos 1975, me incorporei ao projeto do PARTIDO SOCIALISTA comandado por FHC e Almino Afonso. Com eles estiva muitas vezes e cheguei a receber os Estatutos / Programa para discussão. Lamentavelmente, já ao final de 77 FHC desistia do Projeto e se associava á tese da UNIDADE DAS OPOSIÇÕES, aceitando uma candidatura em sublegente para o Senado de S.Paulo. Por força do destino, no outro ano eu estava em Paris, tomando um vinho no LA CUPOLLE, com Jaime Rodrigues, aqui presente, Trajano Ribeiro e Miguel Bodea, vigorosa estudioso do trabalhismo no Brasil, quando estes dois me convidam para buscar o Doutor Brizola, que lá estava chegando e que vinha à Europa discutir a recriação do PTB. Não exultei muito com o convite. Nunca tive maio aproximação com Brizola e nutria , como fruto da vivencia comunista, muitos senões frente a ele. Mas, à instâncias , lá me fui. Brizola passou uns dias em Paris, conversando com muitos brasileiros e eu, honestamente, me impressionei com sua desenvoltura, ideias arejadas e francamente socializantes. Acedi ao seu apelo e voltei ao Brasil com várias diretrizes deles quanto a contatos prometendo voltar para o já almejado ENCONTRO DOS TRABALHISTAS que se realizaria, como de fato ocorreu, em Lisboa, em 1979. Lá, então, tive minha primeira lição com o Doutor Brizola. Ao procurar dizer a ele que , lamentavelmente, de todos os contatos feitos no Brasil, nenhum acedera a ir ao Encontro para a reconstrução do PTB, pessoal de S.Paulo estava pensando num Projeto com Lula e sindicalistas, comunistas eram contra a criação de outros partidos e “autênticos” do MDB eram galvanizados pela retórica da UNIDADE DAS OPOSIÇÕES, sentenciei_ : - Parece que a esquerda, Comandante, não entrará para nosso Projeto. Brizola, simplesmente , respondeu-me: - A esquerda somos nós, Timm”. E me deu as costas. Mas sem ressentimentos. Em seu retorno ao Brasil muitas vezes me convidou para assessorá-lo, no que declinei por razões familiares. Minha mulher e filhas não queriam sair de Brasilia. Logo depois, me mandou para Goiás fazer o PDT. La fiquei de 1980 a 82 e me descobriria, na verdade, mais tarde, mais poeta do que político. Reli GRANDE SERTÕES, VEREADAS, de Guimarães Rosa, e, à luz da convivência com o falar e sentir goiano do interior, o fiz meu livro de cabeceira. Como candidato a Governador, a pedido do Brizola, para efeitos de regularização do Partido e de sua candidatura no Rio, não fiz 1% dos votos, capitaneados, então polo popular IRIS REZENDE, mas iniciei-me, por inspiração de outro grande amigo, NEWTON ROSSI, no duro oficio de fazer Poemas. Ainda tenho por l pegadas e neste ano, inclusive, lá estive de novo com outro poeta JOAQUIM MONCKS semeando Casas de Poetas. 

A verdade, porém, é que naquelas alturas eu já fazia meu caminho de volta para o Rio Grande. Origem e Destino. ´Nos últimos 20 anos, acompanhado pela minha jovem companheira Solange Fernandes, que me abriu também horizontes ultramarinos. Temos casa em Portugal. A filiação ao trabalhismo me deu não só um novo norte, mas um novo objeto de estudos, até ali pouco desenvolvidos. Comecei, a partir das ideias do Miguel Bodea a estudar melhor a questão da formação e funções do trabalhismo no Rio Grande do Sul e BRASIL. Faço isso desde 1980 e fui descobrindo, aqui, o sentido das lições que aprendera no Velho Verdão (Manual de Marxismo Leninismo da Academia de Ciências da URSS) , quando dava aulas a nossa turma sobre DIALÉTICA e me chamava a atenção o ponto em que la se destacava a importância da ESPECIFICIDADE DO OBJETO, ou seja, onde estamos, como somos. Aí fui redescobrindo o sentido do que o BRIZOLA falava como FIO DA HISTÓRIA. Não apenas do trabalhismo nocauteado pelo golpe de 64, mas sua raízes no republicanismo rio-grandense, na constituição desta que foi a última das colonizações, mas que teve o caráter de POVOAMENTO, lutando pela posse da terra. “Esta terra tem dono”. A linha de sucessão, enfim, era JULIO DE CASTILHOS, BORGES, VARGAS e BRIZOLA. Jango no meio, uma figura importante mas sempre de caráter mais nacional do que regional. 

Valeram-me muito nesta fase os estudo do L.ROBERTO TARGA, que junto com outros pesquisadores como Giovanni Medeiros, Ondina Fachel Leal e Claudio Kniering me têm ajudar a compor o tecido da historia da formação da sociedade rio-grandense. Destes estudo, minhas espichadas para compreender melhor o papel de algumas instituições no Estado, como a BRIGADA MILITAR, motivações culturais, como o regionalismo, e sobretudo a cidade de PORTO ALEGRE, sobre a qual me debruço ainda em estudo s e pesquisas tentando comprendê-la no seu papel ao longo da nossa história. Hoje a tenho como um MODELO DE CIDADE CÍVICA . lamentavelmente sob um rótulo que a desmerece, concedido pelo Império escravocrata: Mui LEAL E VALOROSA. Ao contrário disso, PORTO ALEGRE é uma cidade transgressora, que se constitui tardiamente como cabeça política, cultural e econômica do Estado, despontando em seus ANOS DOURADOS de 45-70 como um dos mais importantes centros cosmopolitas do Brasil . Neste ETERNO RETORNO, ou como dizia um filósofo – “Para onde voltamos sempre. Para casa”, muito agradeço ao Benedito Tadeu que me “descobriu” numa remota praia do litoral catarinense, o qual me apresentou, em boa hora o Adeli Sell, Patrono desta honrosa distinção que hoje recebo. Muito obrigado! 


 


História de Torres