COLUNA DO TIMM 

 

EDITORIAL 30/5/25

 ELEIÇÕES DE 2026 À VISTA

 

Daqui a um ano, à altura de junho, já estarão sendo realizadas Convenções dos Partidos para a indicação de candidatos ao pleito que se realizará em Outubro: Nacional e estaduais, Executivos e Legislativos. As cogitações e pesquisas, porém, já antecipam o pleito. Duas grandes dúvidas acompanharão este processo, até a undécima hora das escolhas: Lula será candidato à reeleição (?) e quem representará Bolsonaro candidato á Presidência? Lula tem reafirmado que estará a postos, mas analistas apontam problemas que ainda poderão se antepor à sua indicação: perda de popularidade, já baixa, que desaconselhe derrota ao final de uma brilhante carreira política e, inevitavelmente, sua idade. Bolsonaro, de sua parte, também não decide por antecipação. Finge que “um milagre” , encomendado a seu filho Eduardo em missão nos Estados Unidos, poderá salvá-lo. Na verdade está dividido entre indicar um nome da família, sua mulher, ou Tarcísio, Governador de São Paulo. À estas dúvidas quanto à Presidência da República, somam-se estratégias quanto à luta pelo Poder, seja no tocante à composição do Congresso Nacional, seja quanto aos Governadores dos principais Estados: SP, MG, RJ, RS e PE. Hoje, tal como em 1964, a direita domina os quatro primeiros. Arrais, naquele fatídico ano do golpe. governava PE, mas não teve capacidade de resistência, tal como Brizola, na Legalidade, em 1961. Lula, no comando da Frente de Centro Esquerda deve estar atento a isso e preocupado em escolher nomes com efetiva capacidade de vitória. E “resistência”. Isso é particularmente estratégico no RS, onde a direita está sem um candidato natural, diante da saída do páreo do Senador Heize, com saúde abalada, da inevitabilidade da saída do Governador Leite, já filiado ao PSD/Kassab, e da disputa acirrada dentro do MDB entre o Prefeito de POA e o atual vice governador, abrindo excepcional possibilidade de vitória da esquerda. Aqui, porém, também um problema: Um PDT enfraquecido - e abalado pelo escândalo do INSS/Lupi - tem em Juliana Brizola um trunfo. Ela ponteia as pesquisas ao Piratini. Mas o PT, partido mais forte no campo da esquerda, dificilmente a aceitará como cabeça de chapa numa eventual composição. Tudo indica que tentará novamente o Governo, em estreita aliança com PSOL, PCdo B e PV , escolhendo como candidato ao Governo um destes três nomes: A. Pretto, candidato em 22, Pepe Vargas, atual Presidente da Assembleia Legislativa e o deputado federal Alexandre Lindemeier , vitorioso no sul do Estado. O outro polo de Poder é o Congresso. Aqui os olhos da direita e esquerda estão postos no Senado, cujos poderes poderão torna-lo peça chave da dinâmica da politica nacional. Haverá renovação de 2/3 do Senado, abrindo amplas possibilidades de seu perfil, hoje dominado pela direita, com o agravante do fim da lua de mel do seu atual Presidente com Lula. Ganhando a direita, fortalecer-se-á, mesmo em caso da vitória de Lula. Perdendo, dará a ele mais oxigênio legislativo, num processo em que o Executivo vem perdendo cada vez mais capacidade de intervenção. Daí a atenção de Lula quanto aos nomes que se lançarão candidatos ao Senado em cada Estado. Não quer candidatos para “marcar posição”, mas com efetiva competividade. Quem viver, verá o resultado... 

 

Anexo:

Avanço da direita preocupa PT, que antecipa ofensiva no Sul e Centro-Oeste - Partido quer evitar que oposição leve as duas vagas no Senado em sete estados das regiões; ministros do governo podem ser convocados a disputar. Blog da Andréia Sadi

Avanço da direita preocupa PT, que antecipa ofensiva no Sul e Centro-Oeste

Partido quer evitar que oposição leve as duas vagas no Senado em sete estados das regiões; ministros do governo podem ser convocados a disputar.

Por Juliana Braga, GloboNews

29/05/2025 16h50 Atualizado há 8 horas

Avanço da direita preocupa PT, que antecipa ofensiva no Sul e Centro-Oeste

O PT tem antecipado as conversas para 2026 com atenção especial ao Senado nos estados do Sul e Centro-Oeste. O objetivo é diminuir o risco de que a direita conquiste as duas cadeiras em disputa nesses sete estados, onde o bolsonarismo é forte.

Para evitar uma derrota maiúscula, alianças com partidos de centro-direita não estão descartadas.

A preocupação com o Senado é maior porque na atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a Casa tem segurado pautas bombas e garantido uma certa governabilidade. Além disso, é lá onde são aprovadas as indicações para tribunais, agências reguladoras e embaixadores. Dificuldade na tramitação dessas matérias pode paralisar o governo. É também responsabilidade dos senadores analisar o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nas próximas eleições, o Senado renova dois terços das cadeiras. Do terço que fica, 16 (ou 60%) são de oposição. Se a direita conquista todas as vagas do Sul e Centro-Oeste, garante 30 votos.

O caso do Distrito Federal é ilustrativo da dificuldade que o PT tenta evitar. Há possibilidade de que a legenda enfrente o atual governador, Ibaneis Rocha (MDB), e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), dois nomes difíceis de bater. Para concorrer no DF, o partido deve lançar a deputada federal Érika Kokay, que já manifestou preferência por disputar a reeleição, considerada mais garantida, mas que deve ter de ir para o "sacrifício".

O PT tem na próxima segunda-feira (2) mais uma reunião do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE). Geralmente, ele é montado próximo de cada eleição mas, temendo o cenário preocupante, nem chegou a ser desmontado depois do pleito municipal. A ideia é ir avaliando cenário e afunilando as alianças possíveis para 2026.

"Nós temos nomes e lideranças que podem compor a chapa majoritária, independente da posição que esteja. O foco é garantir um palanque forte para garantir a reeleição do presidente Lula", diz Henrique Fontana, secretário-geral do PT.

"Vou focar nos 40% que votam no Lula, isso é mais que suficiente para ganhar Senado", diz. A ministra de Relações Institucionais vem afirmando que não pretende concorrer ao cargo majoritário, mas também pode ser convocada a depender do cenário.

Ministros cotados para disputar Senado

No Rio Grande do Sul, a aposta deve ser o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Paulo Pimenta. A escolha se deve à projeção que o parlamentar teve durante a reconstrução do estado após as enchentes. Mas o martelo não está batido porque, lá, o partido tenta garantir uma aliança ampla ao menos com os partidos de esquerda como PCdoB, PDT, Rede e PSOL.

No Paraná, o plano é concentrar esforços em uma candidatura do PT para garantir ao menos uma cadeira. Segundo o deputado Zeca Dirceu, cotado para disputar o posto, em 2018 os dois senadores eleitos pelo estado tiveram 28% e 29% dos votos cada um.

Outros dois ministros são citados como possibilidades para enfrentar o bolsonarismo nessas regiões. No Mato Grosso do Sul, a aposta no momento é a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB). A avaliação é de que ela saiu com capital político elevado ao ficar em terceiro lugar na disputa presidencial em 2022.

Ainda é preciso testar, no entanto, o quanto esse capital se reverterá em voto no seu estado, tendo em vista que em 2022 ela desistiu de disputar a reeleição por receio de não ter os votos suficientes.

Já no Mato Grosso, o nome mencionado é o do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A aposta é que ele consiga fazer o diálogo com o setor produtivo, que tem apoiado majoritariamente Bolsonaro.

Lula preocupado

Como o blog mostrou, o presidente Lula tem demonstrado preocupação com o avanço da direita e do bolsonarismo no Senado nas eleições de 2026 e quer foco nessa disputa. Nesse projeto de lançar nomes fortes para enfrentar a oposição, Haddad tem ganhado força nos bastidores como uma das opções viáveis para o Senado.

 


A democracia paralítica por Christian Lynch

 

Como a democracia liberal, ainda analógica, sobrevive em um mundo ditado pelo digital, por sua vez dominado pelo extremismo de direita?

A democracia liberal, tal como concebida no século 20, atravessa uma fase avançada de obsolescência. Em praticamente todas as democracias do mundo, sua paralisia não decorre de um golpe explícito, mas de um esvaziamento progressivo de sua capacidade de agir. A engrenagem institucional, outrora celebrada por sua prudência e respeito aos freios e contrapesos, hoje se revela disfuncional diante de um tempo acelerado. O mundo digital exige decisões rápidas, fluxos contínuos de informação e adaptação permanente. A democracia, contudo, permanece ancorada em rotinas deliberativas lentas, herdadas da era analógica e da burocracia de papel. Sua crise é, antes de tudo, uma crise de temporalidade.

 

No Brasil, essa obsolescência é particularmente grave. O sistema presidencialista tornou-se uma equação desequilibrada entre um Executivo enfraquecido, um Legislativo fragmentado e um Judiciário hipertrofiado. O governo federal, embora comprometido com a democracia — tendo sido alvo recente de uma tentativa de golpe de Estado —, opera com minoria parlamentar e sob constante chantagem de um Congresso que, embora não seja majoritariamente golpista, flerta abertamente com o golpismo como expediente eleitoral e mecanismo de chantagem. A consequência é um pacto institucional disfuncional: para preservar a legalidade democrática, toleram-se abusos, apropriações privadas do orçamento e a judicialização excessiva da política. O custo da estabilidade é a erosão da eficácia governamental.

 

Não se trata mais de oposição, mas de conluio internacional para inviabilizar a normalidade institucional brasileira

 

É nesse vácuo que o bolsonarismo se reconfigura. Fora do governo, mas não da cena pública, conta com apoio da extrema direita internacional — em especial do trumpismo americano — e se estrutura como um projeto político digitalizado, transnacional e desinstitucionalizante. Sua ofensiva não é apenas simbólica: opera-se uma sabotagem ativa do sistema democrático por dentro e por fora. O caso de Eduardo Bolsonaro, articulando do exterior pressões pela impunidade do pai, é exemplar. Não se trata mais de oposição, mas de conluio internacional para inviabilizar a normalidade institucional brasileira.

 

Esse novo reacionarismo se molda perfeitamente ao ecossistema digital. Domina as linguagens afetivas, os algoritmos, a inteligência artificial e a micro segmentação. Sabe onde atingir e como produzir engajamento. Enquanto isso, o Estado brasileiro continua operando como uma máquina analógica: suas respostas são lentas, fragmentárias e ineficazes. Governar, em muitos aspectos, ainda depende de papel, fila e balcão. O populismo digital reacionário encontra sua força não apenas nas emoções que mobiliza, mas na inércia do Estado democrático que não entrega. A cidadania digital é prometida pela extrema direita; o Estado oferece apenas a lentidão da promessa adiada.

 

Esse quadro agrava-se na medida em que os cidadãos já naturalizaram a eficiência do setor privado. Pedem comida por aplicativo, fazem transferências bancárias em segundos, mas não conseguem marcar uma consulta no SUS ou consultar um processo judicial. A plataforma gov.br, ainda que promissora, é insuficiente. O Estado é mais lento que o crime, menos hábil que a desinformação, menos ágil que os fluxos financeiros que lhe escapam. Elon Musk e Mark Zuckerberg sabem mais sobre os brasileiros do que qualquer órgão da administração pública — e frequentemente colocam essa informação a serviço de projetos políticos regressivos.

 

A democracia precisa reaprender a se comunicar, a se organizar e a governar num mundo digital

 

A democracia, portanto, enfrenta um duplo desafio: proteger-se do golpismo e reinventar-se tecnologicamente. Isso não exige abandonar o liberalismo político — base irrenunciável de qualquer regime democrático —, mas sim reconfigurá-lo às condições da era digital. Roosevelt, nos anos 1930, fez isso ao transformar o rádio, instrumento preferencial dos fascismos europeus, em meio de reconstrução democrática. A partir dali, o Estado social passou a responder por bens essenciais, combinando liberdade política com justiça distributiva. É essa mesma reinvenção que se faz hoje necessária.

 

No caso brasileiro, essa atualização deve começar pela providência mais óbvia e urgente: a regulamentação democrática das redes sociais. Não se trata de censura, mas de soberania. Trata-se de garantir à democracia um mínimo controle sobre o espaço público digital, atualmente entregue à manipulação emocional, à desinformação industrializada e à atuação de potências estrangeiras. A democracia precisa reaprender a se comunicar, a se organizar e a governar num mundo digital.

 

Reinventar a democracia, portanto, não é um gesto de ruptura, mas de continuidade histórica. Como ensinava Afonso Arinos, “a evolução da humanidade é comparável a uma espiral, cujas curvas se sobrepõem sempre, mas em planos cada vez mais elevados”. Os problemas históricos se repetem, mas em contextos distintos, que exigem respostas novas. Só o espírito rotineiro insiste em aplicar soluções antiquadas a dilemas inéditos — ou entrega o poder às forças da regressão. A democracia brasileira ainda pode reencontrar seu caminho. Mas para isso precisa sair do torpor, reduzir seu déficit tecnológico e voltar a operar no tempo do mundo em que vive. E o tempo, hoje, é digital.

 

Cientista político, editor da revista Insight Inteligência e professor do IESP-UERJ


 CADA DIA COM SUA AGONIA

 

Dificilmente nos deparamos com situações coincidentes com tanta crise. Não bastassem as tensões das mudanças climáticas e dos ajustes tectônicas de uma nova Ordem Geoeconômica Mundial, assistimos, nos dias que passam, fortes abalos da conjuntura nacional. Até na nossa Mais Bela Praia, as coisas andam mal, com a invasão do Museu, fruto do abandono da cultura nos oito anos da passada gestão, mais preocupada em fazer de Torres um arremedo de Camboriu SC, e a questão da transferência de recursos da Prefeitura para a APAE. Aqui ao lado, em Arroio do Sal, a inquietação é com o delírio da construção de um Porto que acabará infestando a região, como ocorreu no Equador, com as disputas em torno do contrabando e do narcotráfico. A verdade é que estamos atravessando, em todos os sentidos, um tempo difícil. O panorama internacional não poderia ser mais crítico. A guerra na Ucrânia vai deteriorando cada vez mais as relações entre Ocidente e Rússia, agora já a nível de advertência para uma III Guerra Mundial por parte do Presidente Putin. Um alto dirigente europeu , Josep Borrell, ex-vice-presidente da Comissão Europeia, que afirmou com todas as letras: “A supremacia ocidental terminou”, já admite: E a ação terrorista do Estado de Israel, que se deveria comportar, como Estado Membro das Nações Unidas, descambou, em Gaza, sob a alegação de direito `a segurança, se revela como um genocídio a céu aberto condenado internacionalmente. No Brasil, a sucessão de 26, já está em campo, com a visível dificuldade de Lula III segurar, seja o próprio governo, enleado na questão do aumento do IOF, desencontrando Casa Civil – Fazenda e BANCO CENTRAL, seja do Ministro da Fazenda, para administrar as tensões da alta do IOF com o Congresso Nacional e entidades empresariais. O resultado de tudo isso se reflete em algumas pesquisas eleitorais. Ciro Gomes, cresce, ao lado de Tarcísio, Governador de São Paulo, como candidatos a Presidente. Juliana Brizola, de um agonizante PDT, ponteia a sucessão para o Piratini. Veja-se , por exemplo, o cenário destas questões todas nos títulos dos fazedores de Opinião :

Extrema-direita em ascensão, por Celso Japiassu – RED = https://red.org.br/noticias/extrema-direita-em-ascensao/


 Editorial

Renda do trabalho em alta e supersafra fazem marcado elevar projeção do PIB - Mayra Castro / O Globo

Democracia Política e novo Reformismo: Renda do trabalho em alta e supersafra fazem marcado elevar projeção do PIB

Desaceleração adiada de novo

A desacerelação da economia foi, mais uma vez, adiada — e, talvez, a freada seja menor do que a que vinha sendo esperada. Com mais uma supersafra cada vez maior, o mercado de trabalho aquecido, com rendimento nas máximas históricas, e o crédito ainda em expansão, mesmo com juros em alta, economistas já estão revisando para cima suas projeções de crescimento econômico para o primeiro trimestre.

Já era esperado que a agropecuária puxasse a economia, com clima favorável e boa quantidade de chuvas desde outubro do ano passado, mas a freada no consumo deverá ficar mais para este segundo trimestre e, principalmente, para a segunda metade do ano.

Uma confirmação do adiamento da desaceleração veio anteontem. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) indicou que a economia brasileira cresceu 1,3% no primeiro trimestre ante o período de outubro a dezembro de 2024.

Isso surpreendeu alguns analistas, que esperavam um ritmo mais moderado — o resultado oficial do Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os produtos e serviços produzidos na economia) dos três primeiros meses do ano será divulgado no próximo dia 30 pelo IBGE.

Andrea Damico, economista-chefe da gestora de recursos Armor Capital, contou que sua equipe mudou suas projeções do PIB do primeiro trimestre, que passaram para um avanço de 1,4% sobre o quarto trimestre de 2024, ante 1,1%, na estimativa anterior.

As revisões para cima têm sido recorrentes, lembrou a economista. No início de 2024, já era esperada uma desaceleração, mas o crescimento foi se mostrando mais forte do que o esperado ao longo do ano. Apesar do arrefecimento no último trimestre, a economia cresceu 3,4% no ano passado. Isso parece estar acontecendo novamente no início de 2025.

Para além do agro

Segundo economistas, a surpresa no primeiro trimestre se deu porque, além do bom desempenho da agropecuária, já esperado, o setor de serviços continuou forte e a indústria não arrefeceu tanto.

Pela ótica da demanda, o consumo das famílias seguiu robusto, por causa do mercado de trabalho. Apesar da política de juros restritiva — em setembro, o BC começou a subir a taxa básica (a Selic, hoje em 14,75% ao ano) —, os recordes no rendimento médio do trabalho estimularam a atividade econômica no primeiro trimestre.

— Os rendimentos voltaram a acelerar, os salários voltaram a se recuperar e isso não estava no nosso cenário — disse Andrea.

Outro fator mencionado por economistas é o aumento das concessões de crédito, também apesar dos juros altos. Um destaque aí são os empréstimos consignados — aqueles que têm como garantia o salário ou benefício previdenciáro do tomador —, que receberam um impulso com o programa para trabalhadores do setor privado, lançado em março pelo governo federal.

— Teve esse consignado privado, que leva a uma troca de dívidas mais caras por dívidas mais baratas. Isso acaba por liberar mais a renda disponível (para consumir) — explica Luis Otávio Leal, economista-chefe da gestora e consultoria financeira G5 Partners.

Leal citou ainda o impulso do aumento do salário mínimo. Desde 2023, voltou a política de reajustes acima da inflação, marca dos governos do PT. O economista da G5 Partners aumentou suas projeções para o desempenho do PIB do primeiro trimestre para uma alta de 1,5% ante os três últimos meses de 2024, acima do 1,1% que estimava antes.

Freada menor

A desaceleração segue no radar, ainda que adiada, mas alguns acreditam que a freada pode ser menos intensa do que o inicialmente imaginado. O Ministério da Fazenda revisou a projeção de crescimento econômico em 2025 para 2,4%, ante os 2,3% de antes.

Ariane Benedito, economista-chefe da empresa de pagamentos PicPay, também elevou suas previsões para o ano, para 2,2%, ante o avanço de 1,6% que projetava anteriormente. O Boletim Focus, pesquisa semanal do BC sobre projeções de analistas de mercado, vinha apontando crescimento anual de 2% — subiu ligeiramente, para 2,02%, na edição mais recente.

— Vai desacelerar, mas menos do que se imaginava — disse a economista. — Olhando para crédito e para salários, vimos uma persistência dessas variáveis como contribuição positiva para a atividade. Embora já se comece a ver números aquém dos registrados anteriormente, podemos dizer que o mercado de trabalho deverá permanecer aquecido.

Leal manteve a projeção para o ano — alta de 2,3% —, porque baixou a expectativa para este segundo trimestre:

— O primeiro trimestre mais forte acaba fazendo, pelo efeito base, com que tenhamos o segundo trimestre mais baixo. E tem o fato de que a safra de soja é concentrada no primeiro trimestre.

Para Juliana Trece, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a desaceleração deverá vir no restante do ano, como resultado dos juros elevados e da incerteza externa:

— Desaceleração não significa retração. A expectativa é de uma fase de estagnação nos próximos meses.

Isso deverá ocorrer, em parte, porque o primeiro trimestre mais forte poderá contribuir para que o BC mantenha os juros em patamares elevados — seja com um aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, chegando a 15%, seja com a manutenção do nível atual por mais tempo.

E há incertezas. Novos incentivos do governo podem impulsionar a economia. A ameaça da gripe aviária e a guerra comercial do presidente americano, Donald Trump, podem reforçar a freada.


 EDITORIAL 

Nós brasileiros, quem somos?
José Bonifácio, o Patriarca da Independência, já se perguntava sobre nossa identidade. Letrado no Iluminismo, contemporâneo da Revolução Francesa de 1789, dava-se conta de que detínhamos um Estado, supostamente autônomo, ainda que sob o alcance das canhoneiras inglesas, mas faltava uma Nação. Daí suas iniciativas, frustradas quanto à inclusão de nativos e negros. Diversos autores, décadas depois, continuaram indagando sobre nossa natureza: Um povo triste? Um povo cordial? Uma cultura antropofágica? País negro? Mestiço? País do carnaval e do futebol? Não há um consenso. Na verdade, somos um grande mosaico regional, cujo epicentro originário, o nordeste, não coincide com as sobreposições que se lhe acrescentaram. O Rio de Janeiro é uma cidade cosmopolita, mas fechada em si mesmo, hoje mergulhada no narco estado. São Paulo é uma locomotiva movida por um punhado de empresas e gentes multinacionais, que tanto está no Brasil, como poderia estar no Canadá ou Austrália. Acreditam piamente que os “bandeirantess” construíram as fronteiras do Brasil...Minas Gerais, a mais próxima de uma “cara” do Brasil, vez que genuinamente sintética de várias contribuições, é “um Estado de Espírito”. Paira poeticamente do cume de suas montanhas sobre o que escorre pelos vales da Nação. O Norte, “descoberto” pelos militares de 1964, que criaram a SUDAM. Zona Franca e a Transamazônica é o frágil continente verde de baixa densidade demográfica, permeado de aldeias indígenas, e ameaçado pelo agro-business e pelo conluio do narcotráfico com o garimpo. O Centro Oeste, a nova terra de promissão econômica que destrói o cerrado e sufoca as principais nascentes brasileiras. O Sul, com um Estado ao seu extremo, o Rio Grande, perdendo população e agonizando diante de uma severa crise de lideranças que não conseguem enfrentar os desafios das mudanças climáticas e do seu parque produtivo; Santa Catarina, um mosaico de culturas, que avança empreendedoramente sem uma referência histórica de suporte e o Paraná, uma eterna promessa, num prolongamento de São Paulo ao norte, até Londrina, gaúchos ao Sudeste e a gelada República de Curitiba, que pouco tem a ver com o Brasil, querendo dar receitas para consertá-lo.
Diante disso, fica-se a pensar: Quem somos?
Recente pesquisa de DNA dos brasileiros , feita pela Universidade de São Paulo, comprova que somos mesmo “mestiços” com cerca de 60% de sangue europeu, 27% negro e 13% nativo, mas 8 milhões de variantes étnicas dispersas pelo território. Somos, muito mais que os americanos, um “melting pot” populacional. Mas os pretos se reinvidicam maioria, porque somam os que se denominam negros com os mestiços, alegando que a mestiçagem foi decorrente da violência dos homens brancos contra as mulheres negras. Mas já há um movimento autônomo de “mestiços” rejeitando essa tese e exigindo o estatuto próprio como tal. Para gáudio de Gilberto Freira e Darcy Ribeiro. Povos originários, de outra parte, foram sumariamente destroçados pelos colonizadores, como ocorreu no Rio Grande do Sul na destruição das reduções jusuíticas. Dos seus vestígios reperam-se suas culturas em áreas protegidas, alcançando hoje apenas 1 milhão deles.
Persiste, pois, a indagação: QUEM SOMOS?
Celso Furtado, então Ministro da Cultura, tentou explicar sociologicamente nossa natureza. Foi bem sucedido quanto à nossa elite, que classificou como “bovarista”. Mas só a Poesia, talvez nos defina, ou enigmaticamente nos proponha. Foi o fez Drummond:
HINO NACIONAL

Precisamos descobrir o Brasil!
Escondido atrás das florestas,
Com água dos rios no meio,
O Brasil está dormindo, coitado
Precisamos colonizar o Brasil.

O que faremos importando francesas
muito louras, de pele macia,
alemãs gordas, russas nostálgicas para
garçonetes dos restaurantes noturnos.
E virão sírias fidelíssimas.
Não convém desprezar as japonesas...

Precisamos educar o Brasil.
Compraremos professores e livros,
assimilaremos finas culturas,
abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa
com fogão e aquecedor elétricos, piscina,
salão para conferências científicas.
E cuidaremos do Estado Técnico.

Precisamos louvar o Brasil.
Não é só um país sem igual.
Nossas revoluções são bem maiores
do que quaisquer outras; nossos erros também.
E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...
os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...

Precisamos adorar o Brasil!
Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,
por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão
de seus sofrimentos.

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!
Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,
ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.
O Brasil não nos quer! Está farto de nós!
Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.
Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

Por isso, se tivesse que dar uma face aos brasileiros, preferiria a Lady Gaga. Afinal, com ela comungam mais de dois milhões de brasileiros. Prefiro, aliás, a dela do que a dos 300 deputados federais que se apoderaram do Orçamento da República num conluio onde não falta de defesa de figuras grotescas como um delegado golpista e uma faroleira de ocasião

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

Entenda como funcionam os algoritmos e veja dicas para tentar escapar das bolhas

Além de não serem neutros, os algoritmos, no caso das redes sociais, respondem a estímulos dados pelos usuários
Investigado por: Folha de S.Paulo e Estadão.
Comprova Explica: Os algoritmos são códigos desenvolvidos para executar tarefas. Nos aplicativos de transporte, eles podem, por exemplo, sugerir o trajeto mais rápido de um ponto a outro; nos de delivery, podem mostrar os restaurantes em que você já fez algum pedido na tela inicial. Nas redes sociais, eles entendem que tipo de conteúdo você costuma gostar – seja ao analisar suas curtidas ou comentários, entre outros pontos – e sugerem apenas posts com potencial de te agradar, mesmo que contenham desinformação. A seção Comprova Explica traz informações sobre o funcionamento deles.
Comprova Explica: Quando navegamos nas redes sociais, somos apresentados a diferentes conteúdos, mas já parou para pensar quem escolhe o que vemos? São os algoritmos, criados por programadores seguindo instruções de empresas como X, TikTok e Meta, dona do Facebook e Instagram. “Eles não são neutros”, afirma Kérley Winques, professora e pesquisadora da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).
Além de não serem neutros, os algoritmos, no caso das redes sociais, respondem a estímulos dados pelos usuários. Quanto mais você curt


EDITORIAL

Nós brasileiros, quem somos?

 

José Bonifácio, o Patriarca da Independência, já se perguntava sobre nossa identidade. Letrado no Iluminismo, contemporâneo da Revolução Francesa de 1789, dava-se conta de que detínhamos um Estado, supostamente autônomo, ainda que sob o alcance das canhoneiras inglesas, mas faltava uma Nação. Daí suas iniciativas, frustradas quanto à inclusão de nativos e negros. Diversos autores, décadas depois, continuaram indagando sobre nossa natureza: Um povo triste? Um povo cordial? Uma cultura antropofágica? País negro? Mestiço? País do carnaval e do futebol? Não há um consenso. Na verdade, somos um grande mosaico regional, cujo epicentro originário, o nordeste, não coincide com as sobreposições que se lhe acrescentaram. O Rio de Janeiro é uma cidade cosmopolita, mas fechada em si mesmo, hoje mergulhada no narco estado. São Paulo é uma locomotiva movida por um punhado de empresas e gentes multinacionais, que tanto está no Brasil, como poderia estar no Canadá ou Austrália. Acreditam piamente que os “bandeirantess” construíram as fronteiras do Brasil...Minas Gerais, a mais próxima de uma “cara” do Brasil, vez que genuinamente sintética de várias contribuições, é “um Estado de Espírito”. Paira poeticamente do cume de suas montanhas sobre o que escorre pelos vales da Nação. O Norte, “descoberto” pelos militares de 1964, que criaram a SUDAM. Zona Franca e a Transamazônica é o frágil continente verde de baixa densidade demográfica, permeado de aldeias indígenas, e ameaçado pelo agro-business e pelo conluio do narcotráfico com o garimpo. O Centro Oeste, a nova terra de promissão econômica que destrói o cerrado e sufoca as principais nascentes brasileiras. O Sul, com um Estado ao seu extremo, o Rio Grande, perdendo população e agonizando diante de uma severa crise de lideranças que não conseguem enfrentar os desafios das mudanças climáticas e do seu parque produtivo; Santa Catarina, um mosaico de culturas, que avança empreendedoramente sem uma referência histórica de suporte e o Paraná, uma eterna promessa, num prolongamento de São Paulo ao norte, até Londrina, gaúchos ao Sudeste e a gelada República de Curitiba, que pouco tem a ver com o Brasil, querendo dar receitas para consertá-lo.

Diante disso, fica-se a pensar: Quem somos? 

Recente pesquisa de DNA dos brasileiros , feita pela Universidade de São Paulo, comprova que somos mesmo “mestiços” com cerca de 60% de sangue europeu, 27% negro e 13% nativo, mas 8 milhões de variantes étnicas dispersas pelo território. Somos, muito mais que os americanos, um “melting pot” populacional. Mas os pretos se reinvidicam maioria, porque somam os que se denominam negros com os mestiços, alegando que a mestiçagem foi decorrente da violência dos homens brancos contra as mulheres negras. Mas já há um movimento autônomo de “mestiços” rejeitando essa tese e exigindo o estatuto próprio como tal. Para gáudio de Gilberto Freira e Darcy Ribeiro. Povos originários, de outra parte, foram sumariamente destroçados pelos colonizadores, como ocorreu no Rio Grande do Sul na destruição das reduções jusuíticas. Dos seus vestígios reperam-se suas culturas em áreas protegidas, alcançando hoje apenas 1 milhão deles.

Persiste, pois, a indagação: QUEM SOMOS? 

Celso Furtado, então Ministro da Cultura, tentou explicar sociologicamente nossa natureza. Foi bem sucedido quanto à nossa elite, que classificou como “bovarista”. Mas só a Poesia, talvez nos defina, ou enigmaticamente nos proponha. Foi o fez Drummond:

HINO NACIONAL

 

Precisamos descobrir o Brasil!

Escondido atrás das florestas,

Com água dos rios no meio,

O Brasil está dormindo, coitado

Precisamos colonizar o Brasil.

 

O que faremos importando francesas

muito louras, de pele macia,

alemãs gordas, russas nostálgicas para

garçonetes dos restaurantes noturnos.

E virão sírias fidelíssimas.

Não convém desprezar as japonesas...

 

Precisamos educar o Brasil.

Compraremos professores e livros,

assimilaremos finas culturas,

abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

 

Cada brasileiro terá sua casa

com fogão e aquecedor elétricos, piscina,

salão para conferências científicas.

E cuidaremos do Estado Técnico.

 

Precisamos louvar o Brasil.

Não é só um país sem igual.

Nossas revoluções são bem maiores

do que quaisquer outras; nossos erros também.

E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...

os Amazonas inenarráveis... os incríveis João-Pessoas...

 

Precisamos adorar o Brasil!

Se bem que seja difícil compreender o que querem esses homens,

por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão

de seus sofrimentos.

 

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!

Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,

ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.

O Brasil não nos quer! Está farto de nós!

Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.

Nenhum Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

 

Por isso, se tivesse que dar uma face aos brasileiros, preferiria a Lady Gaga. Afinal, com ela comungam mais de dois milhões de brasileiros. Prefiro, aliás, a dela do que a dos 300 deputados federais que se apoderaram do Orçamento da República num conluio onde não falta de defesa de figuras grotescas como um delegado golpista e uma faroleira de ocasião.


EDITORIAL

 

Como resistiremos? Janete Schubert

 

Tenho refletido sobre nosso adoecimento coletivo. Estamos adoecendo, mas não é por fraqueza individual e sim por um cansaço estrutural. Um esgotamento que não vem só de dentro, mas que nos atravessa por todos os lados. 

Vivemos numa lógica que transforma tudo — e todos — em recurso. Produzimos sem pausa, competimos sem fim, acumulamos tarefas, metas, diplomas, validações. Fomos ensinados que descansar é preguiça, que sentir é fraqueza. E que se mostrar vulnerável é um defeito.

E se você está cansado… é porque não está se esforçando o suficiente. O nome disso é capitalismo emocional, um sistema que monetiza até o afeto, que coloniza o tempo, o corpo, os sonhos

E que nos convence de que sucesso é estar sempre ocupado — mesmo que vazio por dentro.

Estamos adoecendo porque nos fizeram acreditar que precisamos render o tempo todo, mas não fomos feitos para apenas produzir, fomos feitos para viver, para criar, para amar e, sobretudo, para parar. Nosso corpo protesta quando nossa alma não é ouvida. Nosso coração adoece quando nossa vida perde o sentido.

É hora de perguntar, com coragem:

Quem se beneficia do nosso cansaço?

Que tipo de mundo estamos sustentando com nossa exaustão?

E o que, em nós, ainda pode ser resgatado e refeito?

Estamos adoecidos por um sistema que nos destrói.

Hoje são as máquinas que estão pensando.

Como resistiremos ?

Dra Janete Schubert


EDITORIAL

 

NÓS SEMPRE TEREMOS O URUGUAI

PEPE MUJICA , no Uruguai, e VIRGÍNIA FONSECA , no Brasil, duas vidas, uma finda, outra em curso, ambas em relevo no noticiário de ontem e hoje. Virgínia, faroleira, isto é, influenciadora digital, apolítica, 26 anos, 53 milhões de seguidores, uma bela mulher, prestou depoimento no Senado sobre seus negócios milionários com casas de aposta. ( Símbolo da modernidade líquida condenada ao esquecimento daqui a um século). Pepe Mujica, amante da Política, mas casado com a vida, ex guerrilheiro tupamaro, ex Presidente do Uruguai, nos deixa com a imagem de seu velho fusca azul para entrar na História. Não por acaso, os dois Podcasts mais lidos do Brasil, da Globo e do Grupo Folho/UOL, tratam, hoje, precisamente, destes dois progatonistas de seu tempo.


EDITORIAL

 

Brasil, uma Nação marcada pela violência disfarçada no mito da cordialidade 

 

O Atlas da Violência, é um estudo produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), indica que o Brasil teve 45.747 homicídios em 2023, com uma média de 21,2 a cada 100 mil habitantes123. Houve redução de homicídios desde 2018, atribuída a políticas de segurança pública e acordos entre facções3.

 

O IPEA, órgão de pesquisa e planejamento do Governo Federal acaba de lançar novo ATLAS DA VIOLÊNCIA no Brasil. Um verdadeiro horror, amenizado com a informação de que os assassinatos, enfim, diminuíram de intensidade nos últimos anos, apesar da elevada cifra em torno de 45 mil mortos por ano. Isso sem contar mortes não identificadas como violência. Por acaso acidentes fatais no trânsito e no trabalho também não são produtos da violência? Isso num país que não está em guerra, mas convive com a morte inesperada diariamente. As maiores vítimas são mulheres e jovens negros, abandonados à própria sorte no dia 14 de maio de 1888, um dia depois da suposta “Abolição” assinada pela “abençoada” Princesa Isabel, que teria dado jóias da Coroa pela causa da libertação dos escravos. Ora, o Império era a própria armadura da escravidão e, por isso mesmo, não resistiu muito depois da “Abolição”. Em boa hora, aliás, um pequeno grupo de jovens pretos de Porto Alegre, em 1971, Antonio Carlos Cortes, ainda vivo, entre eles, denunciou a farsa do “13 de maio” e o substitui pelo “20 de novembro”, que viria a se tornar como o DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA. Eles não só recuperaram o protagonismo da luta pela libertação de seu povo, como denunciam as sequelas da falsa Abolição que os jogou nas margens de uma ordem social competitiva proibidos do acesso à terra para trabalharem, ao estudo para se desenvolverem e às garantias para sua adequada organização e representação social e política. Restou-lhes a música e o futebol com os quais encantaram a sociedade emergente do século XX. Uma exceção foi Abdias do Nascimento que depois de curtir o exílio e a prisão, por desacato à autoridades, inaugura dois momentos importantes da presença negra no Teatro brasileiro: O do “ Sentenciado” e o “Teatro Experimental Negro”, que fez sua estréia no Municipal do Rio de Janeiro em 1945. Na década de 80, deputado e Senador pelo PDT, seria um dos artífices do Movimento Negro no Brasil Mas a violência, entranhada na escravidão por mais de três séculos em nosso país, com seus estigmas, preconceitos e consequências disseminou-se no país, tomando as mais diversas formas de expressão: autoritarismo, coronelismo, golpismo, machismo, patriarcalismo etc. Nem mesmo o interior está livre da violência. Notícias recentes dão conta de que o tráfico instalou-se em vários recantos regionais e já comanda administrações municipais. Nem mesmo uma capital escapou. Notícia de hoje afirma que o tráfico ofereceu ao Prefeito de Natal R$ 500mil para que renunciasse a favor de seu vice, supostamente aliado ao narco. Chegamos, com isso às bordas do Narco Estado. Tudo violência. Das mais elementares que atordoam a vida cotidiana de todo mundo com golpes e mais golpes por telefone, nas ruas, em assaltos a residências à continuidade dos escândalos nas altas esferas governamentais, dentre os quais o INSS é vítima sequencial. Nos anos 80/90 uma tal de Jorgina, advogada, ficou famosa pelo rombo com base na falsificação de acidentes de trabalho e aposentadorias precoces. Desta vez tugaram os contracheques dos aposentados e pensionistas e deixam ao Governo o encargo de pagar a conta com recursos públicos. 

E agora, o que fazemos, com a Política Nacional sitiada por um Congresso dominado numa inédita aliança com Prefeitos que se reelegem a rodo e eternizam um modelo pouco promissor às novas gerações.


Editorial CULTURAL FM -Torres RS – www.culturalfm875.com

O NOVO PAPA LEÃO XIV- “ A paz esteja com todos vocês”

CIDADE DO VATICANO, 8 de maio (Reuters) - Segue o texto completo do primeiro discurso do Papa Leão XIV, proferido da varanda central da Basílica de São Pedro pouco após sua eleição como o novo papa e líder da Igreja Católica.

 

"A paz esteja com todos vocês!

A newsletter Reuters Tariff Watch é seu guia diário com as últimas notícias globais sobre comércio e tarifas. Inscreva-se aqui.

Caríssimos irmãos e irmãs, esta é a primeira saudação do Cristo Ressuscitado, o bom pastor que deu a sua vida pelo rebanho de Deus. Eu também gostaria que esta saudação de paz entrasse em seus corações, alcançasse suas famílias, todas as pessoas, onde quer que estejam, todos os povos, toda a Terra. A paz esteja com vocês!

Esta é a paz do Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e desarmante, humilde e perseverante. Ela vem de Deus, o Deus que nos ama incondicionalmente. Ainda ressoa em nossos ouvidos aquela voz fraca, mas sempre corajosa, do Papa Francisco que abençoou Roma!

 

O papa que abençoou Roma deu a sua bênção ao mundo, ao mundo inteiro, naquela manhã de Páscoa.

 

Permitam-me dar seguimento a essa mesma bênção: Deus cuida de nós, Deus ama a todos nós, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos de mãos dadas com Deus e entre nós, sigamos em frente.

Somos discípulos de Cristo. Cristo vai adiante de nós. O mundo precisa da Sua luz. A humanidade precisa Dele como a ponte para alcançar Deus e o Seu amor.

=================

Conclave elege o novo papa, no Vaticano

======

O recém-eleito Papa Leão XIV, Cardeal Robert Prevost dos Estados Unidos, fala da varanda da Basílica de São Pedro, no Vaticano, 8 de maio de 2025. Vatican Media/Francesco Sforza/Handout via REUTERS

Ajudem-nos também, então ajudem-se uns aos outros a construir pontes – com diálogo, com encontro, unindo todos nós para sermos um só povo sempre em paz. Obrigado, Papa Francisco!

Quero também agradecer a todos os meus colegas cardeais que me escolheram para ser o Sucessor de Pedro e para caminhar convosco, como uma Igreja unida que busca sempre a paz, a justiça – sempre tentando trabalhar como homens e mulheres fiéis a Jesus Cristo, sem medo, para proclamar o Evangelho, para sermos missionários.

Sou filho de Santo Agostinho, agostiniano, que disse: "Para vós sou cristão e para vós sou bispo". Neste sentido, podemos todos caminhar juntos rumo àquela pátria que Deus preparou para nós.

À Igreja de Roma, uma saudação especial! Devemos buscar juntos como ser uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes e diálogo, sempre aberta a receber pessoas, como esta praça, de braços abertos – todos, todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do nosso diálogo e do nosso amor.

 

(Mudando para o espanhol) E se me permitem também, uma palavra, uma saudação a todos aqueles, e particularmente à minha amada diocese de Chiclayo, no Peru, onde um povo fiel acompanhou o seu bispo, partilhou a sua fé e deu tanto, tanto para continuar sendo uma Igreja fiel de Jesus Cristo.

(Voltando ao italiano) A todos vós, irmãos e irmãs de Roma, da Itália, do mundo inteiro, queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que busca sempre a paz, que busca sempre a caridade, que busca sempre estar perto especialmente daqueles que sofrem.

Hoje é o dia da Súplica a Nossa Senhora de Pompeia. Nossa Mãe Maria sempre quer caminhar conosco, permanecer perto, ajudar-nos com a sua intercessão e o seu amor.

Então, gostaria de rezar junto com vocês. Rezemos juntos por esta nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo, e peçamos esta graça especial a Maria, nossa Mãe."

XXX

Reportagem de Joshua McElwee; Edição de Janet Lawrence


 

EDITORIAL 

 

O DIA DA VITÓRIA CONTRA O NAZIFASCISMO

 

O PAPEL DO BRASIL NA SEGUNDA GUERRA. Por Aldo Rebelo - https://www.instagram.com/reel/DJMPxBXtsK9/?igsh=NzlqdTd5MjF1ZGsy

 

O Dia da Vitória (8 de maio): Comemorações e Significado - Dia da Vitória (8 de maio) - SÓ ESCOLA

O Dia da Vitória, celebrado em 8 de maio, é uma data que marca a rendição incondicional das forças armadas da Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Este evento histórico não apenas simboliza o fim de um dos conflitos mais devastadores da história, mas também representa a luta pela paz e a reconstrução da Europa. Neste artigo, exploraremos a importância do Dia da Vitória, suas origens, as comemorações ao redor do mundo e o legado que deixou.

Origens do Dia da Vitória

A Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945, foi um dos conflitos mais sangrentos da história, resultando na morte de milhões de pessoas e na destruição de cidades inteiras. O Dia da Vitória, ou “Victory in Europe Day” (VE Day), foi oficialmente proclamado em 8 de maio de 1945, quando o líder nazista Adolf Hitler foi derrotado e a Alemanha se rendeu. Essa rendição foi um marco importante que selou o destino da Europa e do mundo, encerrando anos de opressão e violência.

Comemorações ao Redor do Mundo

O Dia da Vitória é celebrado de diferentes maneiras em vários países. Na Europa, especialmente no Reino Unido e na Rússia, as comemorações incluem desfiles, cerimônias e eventos que homenageiam os veteranos de guerra e as vítimas do conflito. Em Londres, por exemplo, é comum que a população se reúna em Trafalgar Square para recordar os eventos de 1945, enquanto na Rússia, o Dia da Vitória é um feriado nacional, marcado por grandes desfiles militares na Praça Vermelha, em Moscou.

No Brasil, embora o Dia da Vitória não seja um feriado oficial, a data é lembrada em algumas cerimônias e eventos que visam educar a população sobre a importância da paz e da memória histórica. A participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos Aliados, é um aspecto que merece destaque, pois o país enviou tropas para lutar na Campanha da Itália.

O Legado do Dia da Vitória

O legado do Dia da Vitória vai além da celebração do fim da guerra. Esta data nos lembra da importância da paz, da tolerância e da cooperação internacional. Após a guerra, o mundo se uniu em esforços para reconstruir nações devastadas e estabelecer instituições que promovem a paz, como as Nações Unidas. O Dia da Vitória serve como um alerta sobre os perigos do extremismo e da intolerância, enfatizando a necessidade de diálogo e entendimento entre os povos.

Reflexões sobre a Paz e a Memória Histórica

À medida que o tempo avança, é essencial que as novas gerações compreendam o significado do Dia da Vitória e os horrores da guerra. A educação sobre a Segunda Guerra Mundial e suas consequências é fundamental para evitar que a história se repita. Museus, documentários e livros desempenham um papel crucial na preservação da memória histórica e na promoção de uma cultura de paz.

Conclusão

O Dia da Vitória, celebrado em 8 de maio, é uma data que nos convida a refletir sobre o passado e a valorizar a paz. As comemorações ao redor do mundo, embora variem em forma e intensidade, têm um objetivo comum: honrar aqueles que lutaram e sofreram durante a guerra e garantir que as lições aprendidas não sejam esquecidas. Ao lembrarmos do Dia da Vitória, reafirmamos nosso compromisso com um futuro onde a paz e a compreensão prevaleçam sobre o conflito e a divisão.


Editorial

 

Raízes socioeconômicas do trumpismo - Luiz Gonzaga Belluzzo = Valor Econômico = terça-feira, 6 de maio de 2025

Entusiasmado com favores e poderes da oligarquia, Trump encarregou seus auxiliares de cortar os direitos sociais e econômicos de seus cidadãos em nome da eficiência dos mercados

Avaliado em seus próprios termos e objetivos, o projeto iluminista da Liberdade, Igualdade e Fraternidade está fazendo água diante da alucinante e alucinada competição entre as lideranças contemporâneas e seus asseclas para mergulhar o planeta nos esgotos da barbárie.

O filósofo Fredric Jameson, no livro “A Cultura do Dinheiro”, já advertia no início do milênio: “Os quatro pilares ideológicos, jurídicos e morais do alto capitalismo - constituições, contratos, cidadania e sociedade civil - são, hoje, vadios maltrapilhos, mas sempre lavados, barbeados e vestidos com roupas novas para esconder sua verdadeira situação de penúria”. Não podemos colher outro ensinamento dos embates travados por Donald Trump para tornar a América Grande Outra Vez.

Peço licença aos leitores para retomar considerações a respeito da Grande América, o país que emergiu dos sofrimentos da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial.

O imaginário político predominante no New Deal tinha uma visão progressista acerca do papel a ser exercido pelos Estados Unidos. Em claro antagonismo com as práticas das velhas potências, os EUA - tomando em conta o seu autointeresse de forma esclarecida - se empenharam na reconstrução europeia e apoiaram as lutas pela descolonização.

É oportuno registrar as origens do projeto político, social e econômico que presidiu os avanços do pós-guerra. Discursando no Congresso do Partido Democrata em 1936, Franklin D. Roosevelt denunciou os poderes da oligarquia financeira no controle da sociedade e da economia. “Era natural e talvez humano que os príncipes privilegiados dessa nova dinastia econômica, sedentos por poder, tentem alcançar o controle do próprio Governo. Eles criaram um despotismo e o embrulharam nos vestidos de sanções legais. Em seu serviço, novos mercenários procuraram regimentar o povo, seu trabalho e sua propriedade”.

Esta turma está de volta. Trump, entusiasmado com favores e poderes da oligarquia, encarregou seus auxiliares de cortar os direitos sociais e econômicos de seus cidadãos em nome da eficiência dos mercados.

Daron Acemoglu escreveu no Project Syndicate: “Nos Estados Unidos, o status tornou-se firmemente ligado ao dinheiro e à riqueza durante a Revolução Industrial, e a desigualdade de renda e riqueza disparou como resultado. Embora tenha havido períodos em que a intervenção governamental buscou reverter a tendência, a sociedade americana sempre foi estruturada em torno de uma hierarquia de status íngreme”.

Nos idos de 2018, Martin Wolf, editor do Financial Times, denunciou as manobras de Trump para implodir a ordem mundial. “São características destacadas do comportamento de Trump suas invenções, sua autocomiseração e sua prática da intimidação: os outros, inclusive os aliados históricos, “estão zombando de nós” em relação ao clima ou “nos enganando” em relação ao comércio exterior. A União Europeia, argumenta ele, “foi implantada para tirar proveito dos EUA, certo? Não mais... Esse tempo acabou”.

Trump exprime o declínio dos valores e das ideias que inspiraram os Estados Unidos na construção da chamada ordem mundial do pós-guerra. Terminado o conflito, as forças vitoriosas, democráticas e antifascistas trataram de criar instituições destinadas a impedir a repetição da desordem destrutiva que nascera da rivalidade entre as potências e da economia destravada.

A civilização ocidental, disse Gandhi, teria sido uma boa ideia. Imaginei, santa ingenuidade, que as batalhas do século XX, além do avanço dos direitos sociais e econômicos, tivessem finalmente estendido os direitos civis e políticos, conquistas das “democracias burguesas”, a todos os cidadãos. Mas talvez estejamos numa empreitada verdadeiramente subversiva em seu paradoxo: a construção da República dos Bárbaros. Uma novidade política engendrada nos porões da inventividade contemporânea, regime em que as garantias republicanas recuam diante dos esgares da máquina movida pela “tirania das boas intenções”.

Trump exprime o declínio dos valores e das ideias que inspiraram os EUA na construção da ordem mundial do pós-guerra

Os deserdados da civilidade simulam retidão moral para praticar as brutalidades dos homens de bem. Os direitos individuais e os valores da modernidade são tragados no redemoinho do moralismo particularista e exibicionista dos amorais. Trump exibiu de forma contundente o papel do ultraje pessoal na avacalhação do debate público. A ofensa pessoal desqualificadora usada como argumento e a resposta no mesmo tom são instrumentos da brutalização das consciências.

Perorando diante de uma plateia com algumas milhares de pessoas na terça-feira em Michigan, Trump usou e abusou de sua contundência antirrepublicana e imprecou contra o Judiciário americano, referindo-se a juízes como comunistas. “Não podemos permitir que um punhado de juízes comunistas, de extrema esquerda, obstruam a aplicação de nossas leis e assumam os deveres que pertencem exclusivamente ao presidente dos EUA”, afirmou. “Os juízes estão tentando tirar o poder dado ao presidente para manter nosso país seguro”.

Os projéteis disparados no debate ganharam impulso nos Facebooks, Twitters e Instagrams da vida. Os impropérios lançados das plataformas da arrogância não atingiram apenas os dois debatedores, mas maltrataram impiedosamente os princípios elementares da convivência civilizada. Os tecladistas alcançam a proeza de cometer cinco atentados contra os adversários numa frase de 12 palavras.

Bárbaros do teclado, como Trump e assemelhados, manejam com desembaraço a técnica das oposições binárias, método dominante nas modernas ações e interações entre os participantes das redes. Nos comentários da internet, vai “de vento em popa” o que Herbert Marcuse chamou de “automatização psíquica” dos indivíduos. Os processos conscientes são substituídos por reações imediatas, simplificadoras e simplistas, quase sempre grosseiras, corpóreas.

O que aparece sob a forma farsista de um conflito entre o bem e o mal está objetivado em estruturas que enclausuram e deformam as subjetividades exaltadas. A indignação individualista e os arroubos moralistas são expressões da impotência que, não raro, se metamorfoseia em desvario autoritário.


 

EDITORIAL 2/5

 

Nós ainda estamos aqui –

Eis, acima, a sugestão de Ana Maria Reis como título deste Editorial Valeu!

 

Escândalo: Fraude em contracheques dos velhinhos no INSS! O valor anunciado – R$ 6 bilhões - é extrapolação do total transferido pelo INSS ás Associações de aposentados. O roubo propriamente dito é um valor ainda incerto, dificilmente chegará a R$1 bi, ainda assim, uma vergonha!

 

Querem a verdade? 

 

Aposentados não contam para o mundo político. Falam em trabalhador, jovens, minorias segregadas, empresários, empreendedores, evangélicos, povos originários. Lembram de alguma promessa de alguma candidato voltada a aposentados? Nunca se lembram dos aposentados. Tampouco para idosos. E eles foram os que mais morreram no COVID e os que mais sofrem todo tipo de abandono social e abuso, inclusive por membros da família. Não obstante, De acordo com relatório do INSS, o número de aposentados no Brasil, em 2023, já ultrapassa 37 milhões. Esse crescimento é um reflexo do envelhecimento da população, que, segundo o IBGE, deverá alcançar 41% de pessoas com 60 anos ou mais até 2060. 

 

Outrora, os “vóvovôs” tinham um quartinho no fundo da casa. Hoje, não cabem nos minúsculos apartamentos dos filhos, mantidos com salários miseráveis. Muitos idosos acabam suas vidas na solidão de uma vida obscura e como moradores em situação de rua. Os Conselhos Municipais do Idoso, que deveriam zelas por eles, são piadas, muito longe da estrutura que protege crianças e adolescentes através do ECA e dos Conselhos Tutelares, estes, inclusive, com membros eleitos e remunerados. Conheço municípios que têm albergues para mulheres em situação de risco e até de Centros Comunitários. Raros os que têm uma CASA PARA TERCEIRA IDADE, e quando as têm, não raro, entregam à iniciativa privada para fazerem “bailões vespertinos”. Daí vem à tona esse escândalo das ditas Associações de Aposentados que fraudavam associados para obterem mensalidades retiradas automaticamente dos contra-cheques, com a conivência polpuda de autoridades do INSS. O Presidente da instituição já foi demitido. Alguns diretores, também, já na mira da Polícia Federal, de olhos no invejável patrimônio confiscado. O Ministro da área, sob intensa pressão da Mídia, periclita. Admite, atrasos, que atribui à lentidão da burocracia e afirma que o INSS “não é o botequim da esquina”. Um cara-de-pau, que deu de mão no Partido do Brizola e se eterniza há mais de 20 anos no comando da sigla, usando o Ciro Gomes como moeda de troca.   

 

Voltemos aos aposentados e pensionistas. Alguém , aliás, já pensou que idosos e aposentados têm imensas dificuldades para operar aplicativos? Esse GOV, do Governo Federal para seus servidores, é simplesmente inacessível. Portarias eletrônicas de prédios de classe média em qualquer cidade do país são muito mais eficientes? Como não veem isso? Por que não enviam aos idosos o velho email - ou msg - ? Enfim, particularmente, nada tenho a reclamar nos meus 81 anos. Mas se não fosse filhos, eventuais consultores e amigos, estaria frito. Oxalá , ano que vem, vejamos alguns candidatos que olhem para os idosos pensionistas e aposentados. Eles (ainda) são cidadãos...


EDITORIAL 

 

AS CEM “NOITES” DE TRUMP II NA CASA BRANCA

 

Os dez erros de Trump - Bruno Guigue

 Guerra comercial: Os dez erros de Donald Trump

O Assunto g1 -Trump x Harvard -28 abril 25

Trump x Harvard - O Assunto #1455 | O Assunto | G1

 

O Presidente voltou à Casa Branca, reeleito para um segundo mandato, intercalado pela Presidencia de Biden, no dia 20 de janeiro. A imprensa internacional fala nos seus feitos nos cem primeiros “dias”de Governo. Todas, no mínimo, sombrias. Por isso, prefiro falar nas suas cem primeiras “noites”, nas quais se destacam o desconcertante tarifaço, a pressão sobre imigrantes, muitos levados como prisioneiros para Guantânamo, na base militar que Estados Unidos mantém em Cuba, e para El Salvador e os cortes de verbas públicas para Universidades americanas que não obedeçam exigências absurdas do Boverno. Hoje, reina no Império, um clima de insegurança, inclusive com ataques ao sistema de Justiça, descumprindo determinações judiciais e até levando à prisão uma Juíza. Tudo muito distante dos bons tempos em que todo aquele que estive em solo americano podia dizer o que quisesse, ao amparo da Emenda 01 da sua Constituição. Em consequência, a popularidade de Trump vai caindo, sendo hoje desaprovado por mais da metade dos eleitores. E é preocupante que diversos conhecidos professores estejam abandonando algumas conceituadas Universidades, denunciando o clima autoritário que vai tomando do Governo. 

 

O (in)concebível – Dorrit Harazim - O Globo - domingo, 20 de abril de 2025

 

Segundo pesquisa da revista Nature com 1.600 cientistas nos EUA, 75% declararam estudar a possibilidade de sair do país

 

Semanas atrás, três professores da Universidade Yale — uma das oito instituições privadas que compõem a estelar Ivy League americana — tornaram pública sua mudança para a Munk School of Global Affairs and Public Policy, de Toronto, no Canadá. Em tempos normais, a notícia nem notícia seria, dada a mobilidade inerente ao mundo acadêmico. Só que o filósofo Jason Stanley, o historiador Timothy Snyder e sua mulher Marci Shore, professora de História intelectual europeia, não são nomes quaisquer.

 

Stanley, autor de seis livros — incluindo “Como funciona o fascismo” —, centra sua obra na manipulação emocional da propaganda fascista e nos riscos de uma sociedade ignorar sinais precoces de autoritarismo. Judeu, pai de dois filhos multirraciais (foi casado com a cardiologista negra Njeri K. Thande), ele já sofreu inúmeras ameaças de morte digitais recentes. Por isso decidiu empacotar seu saber e filhos para além do ambiente político opressor instaurado por Donald Trump.

 

— O que é um país? — indaga ele, com resposta pronta: — É a forma pela qual seu povo escolheu se governar. Os Estados Unidos existem porque o povo americano elege aqueles que devem fazer e executar as leis... Mas a lógica atual é a da destruição.

 

Seu colega Snyder é autor, entre outros, do best-seller “Sobre a tirania —Vinte lições do século XX para o presente”. Estudioso da história da Europa Central, União Soviética e Holocausto, Snyder pesquisa o elo que brota no fascismo histórico e desemboca nos tempos atuais. Em todas as obras, ele enfatiza a responsabilidade pessoal e coletiva na construção ou ruína da democracia. Como seu colega de Yale e agora Toronto, tem 55 anos, mas é nascido em família quacre do Meio-Oeste americano. A mãe de seus dois filhos também é de Ohio, e a decisão de se mudar para o Canadá, tomada ainda antes da eleição de Trump, é mais nuançada. Por isso acabou exigindo dele um longo esclarecimento público. Alguns trechos do que publicou no jornal da universidade:

 

— Não saí de Yale em consequência do que Trump está fazendo. Também não estou fugindo de nada. Não mudei devido a ameaças, denúncias, tentativas de violência aleatória por parte de pessoas baixas em cargos altos, nem por alertas de amigos etc. Mas, mesmo que fosse esse o caso, qual o problema de pessoas menos privilegiadas do que eu (e elas são muitas) optarem por sair do país? Alguns já se foram. Outros mais sairão. Devemos apoiá-los e aprender com eles. A função de uma universidade é criar condições de liberdade, e é em função disso que são alvo prioritário de tiranos. Já é possível ver nos Estados Unidos a tentativa, por parte do governo, de alimentar o conformismo e o denuncismo com o propósito de disseminar medo e imbecilidade. 

 

A partida dos três professores de Yale aponta para uma realidade bem mais alarmante. Segundo pesquisa realizada pela revista Nature com 1.600 cientistas em atividade acadêmica nos Estados Unidos, 75% declararam estudar a possibilidade de sair do país domado por Trump. O corte nas verbas para pesquisa, as tentativas de silenciamento da contradita e a repressão à imigração foram citados como principais motivos.

 

Uma das ignomínias dos editos da Casa Branca está em dar roupagem edificante ao autoritarismo rábido das deportações de estudantes e professores: o combate ao antissemitismo. Snyder escreveu dois livros sobre o Holocausto e ensina a história do antissemitismo há décadas.

 

— O governo atual não está combatendo o antissemitismo, está fomentando-o — sustenta ele.

 

Não perceber a falácia permite que o termo se transforme em instrumento político e que as universidades sejam destruídas em nome dessa aberração. Cabe lembrar que nenhum governo americano do pós-guerra teve tantos amigos da extrema direita mundial, da AfD alemã ao camarada Putin.

 

Sempre haverá quem manifeste incômodo com o uso da palavra “fascismo” no contexto da democracia americana. Mas o fascismo pode assumir roupagens diversas, como alertou o vice-presidente de Franklin Roosevelt, Henry Wallace, em ensaio publicado no auge da Segunda Guerra, em 1943.

 

— A luta mundial e secular entre fascismo e democracia não cessará quando a luta terminar na Alemanha e no Japão — escreve.

 

No texto, Wallace cunha a expressão “fascismo americanizado” e explica que o pensar fascista se adapta a momentos e sociedades diversas. Seria fácil identificá-los:

 

— Eles se proclamam superpatriotas, mas estão dispostos a destruir as liberdades constitucionais. Clamam por liberdade de mercado, mas são porta-vozes de interesses e monopólio. Seu objetivo final é a captura do poder político por meio do uso do poder do Estado.

 

Em outras palavras: não existe espaço para inocência num mundo operado por Trump.


 

Editorial 

 

A FRAUDE NO INSS

 

A fraude no INSS, amplamente noticiada, que derrubou o Presidente do órgão, vinculado ao Ministério da Presidência, ocupado por Carlos Lupi, virtual dono do PDT desde a morte de Brizola, em 2004, merece reflexões.

A primeira onda “recente” de escândalo no INSS teve como principal Jorgina de Freitas, já falecida. Roubou milhões, foi condenada, escapou para o exterior mas acabou retornando para cumprir pena. Jorgina ficou famosa por comandar o esquema de desvio de verbas de aposentadoria que ficou conhecido como “escândalo da Previdência”, a maior fraude da história da previdência social do país, descoberta na década de 1990. O prejuízo do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) chegou a quase R$ 2 bilhões, segundo a Advocacia-Geral da União.

Já no Governo Lula, outra fraude sobre servidores e aposentados federais emergiu: Os consignados. Fraudavam contratos de consignados que eram lançados na surdina nos contracheques, depositando pequena parcela, supostamente contratada, em conta para disfarçar a fraude. Não houve propriamente escândalo, mas o assunto transpirou na imprensa e , aparentemente, foi superado, ainda que jamais de saiba se os prejudicados, muitos aposentados, tenham sequer tomado conhecimento do assunto.

Agora, a fraude é intermediada por 17n Associações de Aposentados, com a provável conivência de servidores do INSS. Eram subtraídas pequenas mensalidades sobre 20 milhóes de aposentados e pensionistas, a título de contribuição a ditas Associações, num valor médio de R$ 40 reais, que somadas ao longo de vários anos, de 2017 até 2024 teriam totalizado algo entre R$ 6 e R$ 8 bilhões. Este é o valor global das transferências, não exatamente das fraudes, pois ainda não se sabe quais descontos eram efetivamente autorizados e quais foram fraudados. Nestes casos, os descontos eram feitos diretamente no contracheque, sem autorização legal dos interessados. As fichas de inscrição nas respectivas Associações eram simplesmente fraudadas. A primeira medida que o Governo deveria tomar – e ontem já tomou -deveria ser a proibição de DESCONTO AUTOMÁTICO em contracheques. Melhor seria, aliás, não autorizar mais nenhum desconto automático em contracheque, exceção, talvez, a consignados 

Uma das explicações para o sucesso da fraude é que os CONTRA CHEQUES impressos e enviados aos servidores não é mais expedido. Os interessados têm que entrar, pela INTERNET, nos sites do Governo e INSS para acompanhar seus ganhos. Ora, pessoas com mais de 60 anos têm imensa dificuldade para operar INTERNET e não conseguem falar por telefone. Muito difícil, a propósito, entrar no site GOV para acompanhar contra cheque e outras informações funcionais. A cada anos, inclusive, sofre-se para fazer prova de vida num sistema sabidamente ruim. Aposentados, nestes casos, contam com filhos e netos, quando não acabam tendo que sair em busca de algum consultor, para cumprir a exigência da atualização. De resto o modelo de confirmação biométrica do site GOV é horrível, muito pior do que vários outros existentes em portarias de prédios. E não adiante recloamar. Ouvidos moucos não escutam o flagelo dos servidores, sobretudo idosos...

Finalmente, ainda sobre o atual escândalo do INSS, é importante que se perceba que há várias dimensões aí envolvidas. Primeiro , o criminal, a cargo da Policia Federal que apontará o arco de cumplicidades entre Associações , Servidores e Autoridades. Ninguém deve ser poupado. Outro, Administrativo, vez que demonstra a inequívoca incompetência da Direção do órgão, com um Orçamento Anual de R$ 3 trilhões, para gerir estes recursos adequadamente. E aqui, convenhamos, a responsabilidade não é apenas da Direção do , mas se estende ao Ministro ao qual o INSS está subordinado. Bando do incompetentes, no mínimo. Finalmete, a questão Política: O Ministro CARLOS LUPI , tem sob suas axilas, o eterno presidenciável Ciro Gomes, com expressão ainda considerável nas Pesquisas para 2026. Será muito difícil, portanto, a demissão do dono do PDT, num ano pré eleitoral, quando Lula se esforça para manter uma ampla Frente contra o bolsonarismo.


 

Editorial 

 

O (in)concebível - DORRIT HARAZIM - 20/ 4/ 2025

Semanas atrás, três professores da Universidade Yale — uma das oito instituições privadas que compõem a estelar Ivy League americana — tornaram pública sua mudança para a Munk School of Global Affairs and Public Policy, de Toronto, no Canadá. Em tempos normais, a notícia nem notícia seria, dada a mobilidade inerente ao mundo acadêmico. Só que o filósofo Jason Stanley, o historiador Timothy Snyder e sua mulher Marci Shore, professora de História intelectual europeia, não são nomes quaisquer.

Stanley, autor de seis livros — incluindo “Como funciona o fascismo” —, centra sua obra na manipulação emocional da propaganda fascista e nos riscos de uma sociedade ignorar sinais precoces de autoritarismo. Judeu, pai de dois filhos multirraciais (foi casado com a cardiologista negra Njeri K. Thande), ele já sofreu inúmeras ameaças de morte digitais recentes. Por isso decidiu empacotar seu saber e filhos para além do ambiente político opressor instaurado por Donald Trump.

— O que é um país? — indaga ele, com resposta pronta: — É a forma pela qual seu povo escolheu se governar. Os Estados Unidos existem porque o povo americano elege aqueles que devem fazer e executar as leis... Mas a lógica atual é a da destruição.

Seu colega Snyder é autor, entre outros, do best-seller “Sobre a tirania —Vinte lições do século XX para o presente”. Estudioso da história da Europa Central, União Soviética e Holocausto, Snyder pesquisa o elo que brota no fascismo histórico e desemboca nos tempos atuais. Em todas as obras, ele enfatiza a responsabilidade pessoal e coletiva na construção ou ruína da democracia. Como seu colega de Yale e agora Toronto, tem 55 anos, mas é nascido em família quacre do Meio-Oeste americano. A mãe de seus dois filhos também é de Ohio, e a decisão de se mudar para o Canadá, tomada ainda antes da eleição de Trump, é mais nuançada. Por isso acabou exigindo dele um longo esclarecimento público. Alguns trechos do que publicou no jornal da universidade:

— Não saí de Yale em consequência do que Trump está fazendo. Também não estou fugindo de nada. Não mudei devido a ameaças, denúncias, tentativas de violência aleatória por parte de pessoas baixas em cargos altos, nem por alertas de amigos etc. Mas, mesmo que fosse esse o caso, qual o problema de pessoas menos privilegiadas do que eu (e elas são muitas) optarem por sair do país? Alguns já se foram. Outros mais sairão. Devemos apoiá-los e aprender com eles. A função de uma universidade é criar condições de liberdade, e é em função disso que são alvo prioritário de tiranos. Já é possível ver nos Estados Unidos a tentativa, por parte do governo, de alimentar o conformismo e o denuncismo com o propósito de disseminar medo e imbecilidade.

A partida dos três professores de Yale aponta para uma realidade bem mais alarmante. Segundo pesquisa realizada pela revista Nature com 1.600 cientistas em atividade acadêmica nos Estados Unidos, 75% declararam estudar a possibilidade de sair do país domado por Trump. O corte nas verbas para pesquisa, as tentativas de silenciamento da contradita e a repressão à imigração foram citados como principais motivos.

Uma das ignomínias dos editos da Casa Branca está em dar roupagem edificante ao autoritarismo rábido das deportações de estudantes e professores: o combate ao antissemitismo. Snyder escreveu dois livros sobre o Holocausto e ensina a história do antissemitismo há décadas.

— O governo atual não está combatendo o antissemitismo, está fomentando-o — sustenta ele.

Não perceber a falácia permite que o termo se transforme em instrumento político e que as universidades sejam destruídas em nome dessa aberração. Cabe lembrar que nenhum governo americano do pós-guerra teve tantos amigos da extrema direita mundial, da AfD alemã ao camarada Putin.

Sempre haverá quem manifeste incômodo com o uso da palavra “fascismo” no contexto da democracia americana. Mas o fascismo pode assumir roupagens diversas, como alertou o vice-presidente de Franklin Roosevelt, Henry Wallace, em ensaio publicado no auge da Segunda Guerra, em 1943.

— A luta mundial e secular entre fascismo e democracia não cessará quando a luta terminar na Alemanha e no Japão — escreve.

No texto,Wallace cunha a expressão “fascismo americanizado” e explica que o pensar fascista se adapta a momentos e sociedades diversas. Seria fácil identificá-los:

— Eles se proclamam superpatriotas, mas estão dispostos a destruir as liberdades constitucionais. Clamam por liberdade de mercado, mas são porta-vozes de interesses e monopólio. Seu objetivo final é a captura do poder político por meio do uso do poder do Estado.

Em outras palavras: não existe espaço para inocência num mundo operado por Trump.


EDITORIAL 

 

O MUNDO CHORA A MORTE DO PAPA FRANCISCO

 

Morre Francisco, o primeiro papa latino-americano, de hábitos simples, que lutou para mudar a Igreja Católica devolvendo-a aos ensinamentos de Cristo. Foi eleito em 2013 e logo em seguida veio ao Brasil, em sua primeira viagem pontifical, para o Encontro Mundial da Juventude, quando conquistou o coração dos brasileiros Sua sucessão ainda é uma incógnita, embora predomine a opinião de que deverá se eleito, para contrabalançar o caráter “revolucionário” de Francisco, um papa mais moderado. Lembremo-nos que a BOA NOVA de Cristo foi a disseminação do perdão, como corolário do Amor a toda a humanidade e fundamento da PAZ entre os homens. Oremos, pois, mesmo aqueles que não sabem rezar ou que, por qualquer razão, não simpatizavam com Francisco. E esperemos, dentro de uns 15 dias a abertura do CONCLAVE que reunirá 135 cardeais, a maioria indicados por Francisco, entre os quais 7 brasileiros. Deles ouviremos depois de algumas semanas o sonoro HABEMUS PAPAM.

Anexos:

Solon Saldanha - VIRTUALIDADES

O mundo perdeu hoje uma das suas maiores lideranças, tanto religiosa quanto política. Faleceu o Papa Francisco, o primeiro latino-americano a alcançar a liderança dos 1,4 bilhão de católicos que se estima existirem no planeta hoje em dia – 17,7% da população total. Homem simples e humilde, soube conquistar o respeito da maioria daqueles que não professam a mesma fé, mas entendem o quanto foi importante para a busca do entendimento, do convívio pacífico entre os povos. Ele foi um progressista que compreendeu e acolheu minorias, um defensor da liberdade e um combatente das desigualdades sociais. Leia o texto em postagem extra de virtualidades.blog. Basta clicar sobre a imagem ou no link abaixo: - https://wp.me/p1jFYb-2IL 

 

E.J. Dionne Jr.: “Francisco evitou as armadilhas da realeza, incluindo os apartamentos papais. Seus hábitos favoreciam a simplicidade. Ele era conhecido por tratar os funcionários do Vaticano mais como colegas de trabalho do que como funcionários. O seu objetivo, disse ele, era ‘uma igreja pobre para os pobres’ — uma que esteja ‘machucada, magoada e suja porque esteve nas ruas’. ‘Se você entender que pregar um Deus de misericórdia é fundamental para o seu ministério’, disse o escritor católico Michael Sean Winters, ‘todo o resto se encaixa’”. (Washington Post)

 

Catherine Pepinster: “Francisco era um papa que não queria nada da pompa de um papado. Mas também havia substância subjacente a isto. A sua preocupação pelos mais afetados pelas dificuldades econômicas, pela guerra e pela política, e pela onda de refugiados que varre a Europa e a América, foi acompanhada pela sua empatia pelos que foram desenraizados pela crise climática. A sua preocupação com o planeta — o que ele chamou de “nossa casa comum” — estava enraizada na reverência pela criação de Deus. A sua encíclica ou documento de ensino mais radical, o Laudato si’, foi publicada em 2015, apresentando razões científicas e teológicas para proteger o planeta do colapso climático. Ele costumava dar uma cópia aos visitantes — incluindo Trump, em 2017”. (Guardian)

 

John J. Miller: “Quando Francisco morreu, o mundo perdeu a sua voz mais poderosa em favor dos nascituros. O lado que normalmente apoia o direito ao aborto irá ignorar ou minimizar a firme oposição do papa a eles. O lado que geralmente se opõe ao aborto não lhe dará crédito suficiente pela sua posição intransigente. Isso porque as opiniões de Francisco perturbaram as narrativas fáceis de cada lado, quer fosse Francisco, o reformador liberal, quer fosse Francisco, a ameaça à ortodoxia. No entanto, ele falou abertamente e muitas vezes com ousadia sobre o aborto. ‘Um aborto é um homicídio... Mata um ser humano’, disse ele no ano passado, falando a jornalistas num voo da Bélgica para Roma. Depois recorreu a uma metáfora sombria que já tinha usado antes: ‘Os médicos que fazem isso são assassinos de aluguel’. Finalmente, para garantir, ele acrescentou: ‘Sobre isso não há debate’”. (Boston Globe)

 

Francisco Borba Ribeiro Neto: “O fato é que a renovação iniciada por Francisco permanece uma grande tarefa incompleta. Algo natural numa instituição milenar. Será ainda necessário muito tempo para que o caminho trilhado por Francisco se consolide. Tal consolidação será a principal tarefa de seu sucessor. Mas em que ela implica? Ouvindo as demandas ditas progressistas, tornar a Igreja cada vez mais acolhedora, que proclame o perdão e defenda os mais frágeis. Por outro lado, o crescimento no mundo todo de movimentos conservadores, sejam político-culturais ou religiosos, mostra que também se deve atender a um anseio por ortodoxia doutrinal e fortalecimento da espiritualidade tradicional”. (Estadão)

 

Morre Papa Francisco, o reformista da Igreja Católica - Por O Globo

Pontífice argentino aumentou punição contra pedofilia, assinou primeira encíclica ambiental da História e criticou isolamento do Vaticano

 

Eram 20h12 de 13 de março de 2013 quando o argentino Jorge Mario Bergoglio apareceu na sacada central da Basílica de São Pedro, provocando o grito da multidão que, uma hora antes, viu a fumaça branca da Capela Sistina anunciar a eleição do novo líder da Igreja Católica. Bergoglio, o Papa Francisco, não demorou a mostrar ao mundo como era devoto de brincadeiras: “Vocês sabem que o dever de um conclave é dar um bispo a Roma. Parece que meus irmãos cardeais foram buscar-me quase até no fim do mundo.” E veio de Buenos Aires o religioso que, nos 12 anos seguintes, agitou a Cúria levando aos holofotes temas como a defesa do meio ambiente, a punição à corrupção no Vaticano e à pedofilia, além de abrir espaço para a discussão da ordenação de mulheres e homens casados. Francisco morreu hoje, aos 88 anos, por problemas pulmonares.

 

— Caríssimos irmãos e irmãs, é com profunda tristeza que comunico o falecimento do nosso Santo Padre Francisco. Às 07h35 desta manhã (02h35 em Brasília), o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai — anunciou o cardeal Kevin Farrell, Camerlengo da Câmara Apostólica, em um anúncio na Casa Santa Marta. — Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do senhor e da sua Igreja. Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados. Com imensa gratidão por seu exemplo de verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, encomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Uno e Trino.

 

Democracia Política e novo Reformismo: Morre Papa Francisco, o reformista da Igreja Católica

Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 06:23:00


Editorial CULTURAL FM -Torres RS – www.culturalfm875.com

DIA DA VOZ 

Deixemo-nos levar pelo espírito da Páscoa, ou Pessach, segundo os judeus, e que significa “Travessia”: O longo caminho de 40 anos de um povo em busca da Terra Prometida. Na tradição cristã, é a consagração de uma nova voz que iluminaria o naturalismo helenístico, abrindo na Era da Boa Nova, o advento do perdão nos interstícios do diálogo. Para nós, simples mortais, a identidade da espécie: Aquele que fala. Com efeito, na vastidão da biodiversidade que recobre como fina camada vital o inanimado planeta, somos o homo comunicans e, graças a isso, inventamos a civilização. Diziam, inclusive, os antigos, que a escrita nada mais era do que o prolongamento da voz dos mortos. A eternização da palavra. Enfim, muitas recomendações poderiam ser feitas, neste Dia da Voz, sobre como educá-la.e preservá-la para uma boa fala durante a vida inteira. Mas prefiro escolher um “case”. Ocorreu-me há muito tempo, quando achava que já sabia tudo sobre as implicações da voz com a consciência. Ei-lo

Morava eu isolado no interior de Goiás, preocupado com os gambás que se haviam instalado no forro da minha casa, quando, numa tarde quente e ensolarada de agosto, recebo a visita de um amigo, Newton Rossi, alma poética, mineiro de Ouro Fino, figura célebre em Brasília por ter sido durante décadas Presidente da Federação do Comércio. Trazia-me ele, para conhecimento, um oriental de magreza preocupante, mas de olhos vivos e gestos precisos: Dr. Jonk Suk Yum, criador de um movimento denominado Unibiótica.

Dr. Jonk Suk Yum, médico coreano radicado no Brasil, desde 1976, fundou a Unibiótica que teve sua origem no estudo de cerca de 8.000 volumes de medicina, tanto oriental como ocidental compreendendo 18 grandes métodos de tratamento e 362 técnicas de cura.

Essa ciência traz resultados surpreendentes para quem a pratica, e não tem contra indicação, todos podem praticar! 

Abaixo coloquei um link com um depoimento pessoal do próprio Dr. Yum onde ele conta um pouco sobre a sua vida e como nasceu a Unibiótica. Vale a pena ler!

Depoimento – Dr. Yum – Vida e missão

http://unibiotica.wordpress.com/dr-yum/

 

Depois de tomarmos o cafezinho regulamentar, conversamos sobre o dia e a noite no cerrado naqueles dias de seca, quando, surpreendemente, suas belas flores despontam. Newton me disse a que vinha:

- Timm, o Dr. Yum tem um livro – pronto , sublinhou – e precisa de um brasileiro como co-autor, pois assim terá mais aceitação do público. Te recomendei.

Era a primeira vez na vida que recebia algo escrito “de presente”. Escrevinhador inveterado, eu, geralmente, era o solicitado para fazer requerimentos, cartas, ações nos Tribunais de Pequenas Causas, discursos de políticos ou simplesmente trabalhos de classe. Estranhei, mas indaguei do que se tratava..

- Dr. Timm, falou o Yum, eis aqui – e me passou um calhamaço xerocado que ainda guardo – minhas reflexões sobre a “Voz de Deus” e a “Voz do Homem”. Falou sem parar durante meia hora, explicando o que era uma coisa e o que era outra. Retive apenas que a primeira se referia aos ensinamentos sagrados, imutáveis , objeto da Razão Pura de Kant, enquanto a segunda, seria a do aprendizado humano. Eu ia encaixando tudo no meu modelito como um caso de Vox Populi , Vox Dei, até dar-me conta que ele falava outra coisa: A voz do homem não era a reverberação da Voz maiúscula de Deus. Era mais forte!

Ôpa, pensei comigo! Mais um para o pavilhão ...

Fez-se, então um curto silêncio, entreolhamo-nos, mas o Dr. Yum, que muito me impressionara, mostrava-se inquieto até que, direta e repentinamente, me perguntou se eu subscreveria o manuscrito como co-autor. Respondi-lhe,, respeitosamente, que precisava ler os manuscritos e que dentro de alguns dias lhe daria uma resposta. Começava a me desagradar a aparente impaciência do visitante ilustre.. Mas vá lá! Ia ver. Aí, o pacifico Dr. Yum interveio com determinação e disse que eu deveria decidir imediatamente, mesmo sem ler. Reagi, isto não faria nunca. De-ci-di-da-men-te!, disse-lhe, um pouco contrafeito. A conversa, então, congelou. Meu amigo Newton o arrastou para fora, depois de nos despedirmos friamente e eu fiquei com os manuscritos, que li naquele mesmo dia. Interessantissimo. Com uma ou outra ressalva teria passado para a História como seu co-autor. Conto-vos do que se tratava e aí a ligação com o Dia da Voz. Ele procurava demonstrar que a Voz de Deus é a voz milenar dos livros religiosos, que tem na India um lugar primordial, e a do Homem, o resultado da sua própria consciência, aí identificando a China como sua pátria de excelência. Tendo nestes anos lido mais sobre Confúcio e a China, hoje me dou conta do que ele queria dizer: Os chineses não têm religião, têm códigos morais úteis na indução de açõe Uma verdade prática, Voltarão a ser os Senhores do Meio...

Por via das dúvidas, e para registro da data, narro o caso e encerro. Vá o feito!


 

EDITORIAL 10/4/25

 

Participação do Presidente da República na IX Cúpula da CELAC, em Honduras - Publicado em 08/04/2025 

 Compartilhe por Facebook Compartilhe por LinkedIn Compartilhe por WhatsApplink para Copiar para área de transferência

O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participoui, em 9 de abril, da IX Cúpula da CELAC, em Tegucigalpa, Honduras. O evento contou com a presença de representantes dos 33 países da América Latina e do Caribe, bem como de delegados de organismos internacionais e de parceiros extrarregionais da Comunidade convidados pela presidência hondurenha.

A CELAC constitui o único mecanismo de diálogo e de concertação que reúne todos os países em desenvolvimento do continente americano.

A participação do Presidente Lula na Cúpula de Tegucigalpa reforça o compromisso do Estado brasileiro com a integração latino-americana e caribenha, conforme previsto na Constituição de 1988.

Por ocasião da Cúpula, os países membros da CELAC passarão em revista os trabalhos realizados em 2024 e o conjunto de iniciativas a serem implementadas ao longo de 2025, com destaque para o Plano de Segurança Alimentar, Nutrição e Erradicação da Fome da CELAC 2030 (Plano SAN-CELAC 2030) e o Fundo de Adaptação Climática e Reposta Integral a Desastres Naturais (FACRID) da Comunidade. Além disso, refletirão sobre a conjuntura internacional, os desafios conjuntos que afetam a região e as oportunidades existentes para os países e povos latino-americanos e caribenhos.

Leia a íntegra do discurso do Presidente Lula no CELAC dia 9/IV/25

“A América Latina e o Caribe enfrentam hoje um dos momentos mais críticos de sua história.

Percorremos um longo caminho para consolidar nossos ideais de emancipação.

Abolimos a escravidão, superamos as ditaduras militares, mas seguimos convivendo com a exclusão social, a fome e a miséria.

Só recentemente passamos a valorizar nossos povos originários.

A ingerência de velhas e novas potências foi e é uma sombra perene ao longo desse processo.

Agora, nossa autonomia está novamente em xeque.

Tentativas de restaurar antigas hegemonias pairam sobre nossa região.

A liberdade e a autodeterminação são as primeiras vítimas de um mundo sem regras multilateralmente acordadas.

Migrantes são criminalizados e deportados sob condições degradantes.

Tarifas arbitrárias desestabilizam a economia internacional e elevam os preços.

A história nos ensina que guerras comerciais não têm vencedores.

Se seguirmos separados, a comunidade latino-americana e caribenha corre o risco de regressar à condição de zona de influência em uma nova divisão do globo entre superpotências.

O momento exige que deixemos as diferenças de lado.

É preciso resgatar o espírito plural e pragmático que nos uniu no início dos anos 2000 e que levou à criação da UNASUL e da própria CELAC.

Outras regiões se preparam para responder às transformações em curso.

Acabo de voltar da Ásia, onde testemunhei a pujança da ASEAN.

A União Europeia está se reorganizando para fazer frente à crise da OTAN e às medidas comerciais unilaterais.

A União Africana formulou visão comum de desenvolvimento para as próximas quatro décadas.

É imperativo que a América Latina e o Caribe redefinam seu lugar na nova ordem global que se descortina.

Nossa inserção internacional não deve se orientar apenas por interesses defensivos.

Precisamos de um programa de ação estruturado em torno de três temas que demandam ação coletiva.

O primeiro deles é a defesa da democracia.

Nenhum país pode impor seu sistema político a outro.

Mas foi nos períodos democráticos que o Brasil mais avançou na superação de seus desafios sociais e econômicos.

Assistimos nos últimos anos à erosão da confiança na política, o que abriu espaço para projetos autoritários.

A desinformação, o ódio e o extremismo se disseminam nas plataformas virtuais, deturpando e deformando a liberdade de expressão.

Negacionistas desprezam a ciência e a cultura e atacam até as universidades.

Indivíduos e empresas poderosas, que se consideram acima da lei, investem contra a soberania de nossos países.

É trágico que tentativas de golpe de Estado voltem a fazer parte do nosso cotidiano.

Nossos países só estarão seguros se forem capazes de erradicar a fome, gerar bem-estar e garantir oportunidades para todos.

Em linha com o Plano de Segurança Alimentar e Nutricional da CELAC, o Brasil lançou, em sua presidência do G20, a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.

Convidamos todos a se somarem à iniciativa, que começará seus trabalhos com projetos no Haiti e na República Dominicana.

O segundo tema que demanda atuação conjunta é a mudança do clima.

O último relatório do IPCC descreve a América Latina e o Caribe como uma das regiões mais vulneráveis do planeta.

Os riscos de colapso da Floresta Amazônica e de degelo da Antártida são pontos de não-retorno que colocam em xeque nossa sobrevivência.

A elevação do nível do mar representa ameaça existencial para as ilhas caribenhas e zonas costeiras.

A COP30, em pleno coração da Amazônia, não será apenas a COP do Brasil, mas de toda a América Latina e Caribe.

Precisamos exigir dos países ricos metas de redução de emissões alinhadas ao Acordo de Paris e de financiamento à altura das necessidades da transição justa.

O Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que lançaremos em Belém permitirá que nações que preservam sua cobertura florestal sejam remuneradas por esse esforço.

Somos berço de imensa biodiversidade e fonte abundante de energias renováveis, incluindo importantes reservas de minerais críticos, que precisam estar a serviço do nosso desenvolvimento.

A cooperação energética na América Latina e Caribe não é apenas um imperativo ambiental, mas também uma necessidade estratégica e uma oportunidade econômica.

O terceiro tema de interesse comum é nossa integração econômica e comercial.

Quanto mais fortes e unidas estiverem nossas economias, mais protegidos estaremos contra ações unilaterais.

Em 2023, o comércio entre países da América Latina e Caribe correspondeu a apenas 14% das exportações da região.

O volume de comércio anual que o Brasil mantém com os países da CELAC é de 86 bilhões de dólares, maior do que temos com os Estados Unidos e próximo do que possuímos com a União Europeia.

Precisamos promover o comércio regional de bens e serviços, sua diversificação e crescente facilitação.

Para ampliar nosso intercâmbio, meu governo está determinado a reativar o Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos da ALADI e a expandir o Sistema de Pagamentos em Moeda Local. Integrar redes de transporte, energia e telecomunicações reduz distâncias, diminui custos e incentiva sinergias entre cadeias produtivas.

O Brasil vem impulsionando cinco Rotas de Integração Sul-Americana, que vão unir o Caribe, o Atlântico e o Pacífico.

Fortalecer as instituições financeiras regionais, como a CAF, o Banco de Desenvolvimento do Caribe e o Fonplata, é fundamental para garantir que esses projetos saiam do papel.

Terei prazer em receber os líderes caribenhos em Brasília, no mês de junho, para aprofundar esse debate na segunda Cúpula Brasil-Caribe.

Também atuaremos na presidência brasileira do Mercosul para assinar o acordo com a União Europeia e estreitar os laços com os países centro-americanos.

Nossa integração é uma tarefa inadiável, que não deve ficar à mercê de divergências ideológicas.

Por isso, é chegada a hora de enfrentar o debate sobre a regra do consenso.

Mesmo que reconheçamos seu mérito de forjar convergências, é inegável que hoje ela tem gerado mais paralisia do que unidade, transformando-se em verdadeiro direito de veto.

As inúmeras notas de rodapé incluídas em declarações recentes mostram que a expectativa de uniformidade é irrealista.

Existem exemplos em outras regiões nos quais podemos nos inspirar.

Para analisar essa questão, sugiro a constituição de um grupo de trabalho que possa apresentar recomendações até a próxima Cúpula.

Senhoras e senhores,

O mundo ostenta o triste recorde do maior número de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial.

Não queremos guerras nem genocídio. Precisamos de paz, desenvolvimento e livre-comércio.

Manter a América Latina e o Caribe como uma zona de paz significa trabalhar para que o uso da força não se sobreponha à resolução pacífica de conflitos.

O multilateralismo é abalado cada vez que silenciamos ante as ameaças à soberania dos países da região.

Não podemos nos omitir em face do embargo a Cuba, das sanções contra a Venezuela ou do caos social no Haiti.

É essencial recuperar nossa tradição regional de respeito ao asilo diplomático.

A CELAC pode contribuir para resgatar a credibilidade da ONU elegendo a primeira mulher Secretária-Geral da organização.

Companheiras e companheiros,

Quero agradecer à nossa companheira Xiomara Castro por liderar a CELAC num ano especialmente desafiador para o mundo e para a região.

Desejo ao companheiro Gustavo Petro muito sucesso na condução da CELAC no próximo período.

Saúdo também a decisão do meu amigo Yamandú Orsi de assumir a presidência da CELAC em 2026.

Só posso dizer para vocês: contem com o Brasil para seguir construindo nossa Pátria Grande.

Muito obrigado.”


EDITORIAL 

 

Anistia: bolsonaristas pressionam por urgência

 

Como afirma o Jornal O POVO, do Ceará

“A consciência democrática e as instituições não podem deixar impunes aqueles que atentaram com o Estado Democrático de Direito

Depois do ato no Rio de Janeiro, que reuniu 18 mil pessoas, os bolsonaristas fizeram nova manifestação no domingo passado, em São Paulo. A principal reivindicação dos manifestantes é a anistia aos participantes do ataque e depredação da sede dos três poderes, em 8 de janeiro de 2023, com benefícios para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Duas mil pessoas são investigadas e 371 (até janeiro) já foram condenadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, entre outros crimes.

Organizado pelo pastor Silas Malafaia, o ato teve a participação de 45 mil pessoas, segundo o Monitor do Debate Político do Cebrap, que usa critérios científicos para calcular multidões. Em Fortaleza, houve uma manifestação reunindo um pequeno grupo de pessoas.

Por que anistia para golpistas é inconstitucional - Lenio Luiz Streck* - O Globo = Que é proibido anistiar a quem comete crime de golpe de Estado já foi percebido na Argentina, pelos tribunais e pela doutrina

O Globo

Que é proibido anistiar a quem comete crime de golpe de Estado já foi percebido na Argentina, pelos tribunais e pela doutrina

Está em discussão a concessão de anistia aos condenados e acusados pelos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito. A pergunta de 1 milhão de leis é: se aprovada, o Supremo Tribunal Federal (STF) pode declarar a lei anistiante como inconstitucional?

A resposta é afirmativa. Por vários motivos. Em primeiro lugar, há que rejeitar argumentos (existem muitos divulgados na mídia) de que uma lei de anistia não seria inconstitucional porque a Constituição Federal (CF) não a proíbe. Esse parece ser o principal argumento a favor da tese da anistia. Trata-se de uma tese que no Direito chamamos de textualista, pela qual “o que a Constituição não proíbe, permite”. Isso quer dizer que o legislador, toda vez que a CF não estabelecer o contrário ou não disser algo sobre o tema, poderia aprovar qualquer tipo de lei. Ora, pensar assim é fazer pouco-caso da Constituição. É pensar que a CF é uma espécie de simples código.

Um exemplo singelo derruba os argumentos textualistas. Se uma lei proíbe cães no parque, um textualista — que defende a constitucionalidade de uma lei de anistia aos golpistas — por certo responderia que “a lei não proíbe ursos”. Logo, são permitidos. Pior ainda: por certo o textualista dirá que, proibidos cães, o cão-guia do cego está impedido de transitar no parque. Essa é a melhor maneira de saber o conceito de “interpretação textualista”.

Em segundo lugar, temos o precedente Daniel Silveira. Não era proibido expressamente pela Constituição que o presidente Jair Bolsonaro concedesse indulto. Mas o STF, baseado em forte doutrina e na interpretação sistemática, entendeu que o ato contrariou a Constituição. Nesse precedente (ADPF 964), já se vê a pista da inconstitucionalidade de eventual lei anistiando golpistas. Há uma passagem em que se lê:

— Indulto que pretende atentar, insuflar e incentivar a desobediência a decisões do Poder Judiciário é indulto atentatório a uma cláusula pétrea prevista no art. 60 da CF.

Isso é o que se chama “proibição implícita”. Igualzinha à vedação de ursos. Não precisa ser dito. Está implícita a proibição. Chama-se a isso de hermenêutica da função da lei.

Que é proibido anistiar a quem comete crime de golpe de Estado já foi percebido na Argentina, pelos tribunais e pela doutrina (Bidart Campos). Por aqui, setores do Direito tentam aplicar uma espécie de “textualismo seletivo”.

Ainda sobre o “precedente Daniel Silveira”, consta no acórdão, no voto do ministro Alexandre de Moraes:

— Seria possível o STF aceitar indulto coletivo para todos aqueles que eventualmente vierem a ser condenados pelos atos de 8 de janeiro, atentados contra a própria democracia, contra a própria Constituição?

E a resposta:

— Obviamente que não. Isso está implícito na Constituição.

Aliás, no caso Silveira, o STF usa mais de 40 vezes a tese de que há vedações implícitas na Constituição ao direito de anistia e indulto.

No nosso exemplo, parece óbvio que, proibidos cães, ursos não são permitidos. E por quê? Porque onde está escrito cães, leia-se “animais perigosos”. E onde está escrito democracia e Estado Democrático de Direito, leia-se “ninguém pode usar a democracia contra si mesma”. Nenhuma Constituição admitirá perdão (indulto, anistia) para quem atenta contra o Estado Democrático. Tudo porque a Constituição não é um oximoro. Não dá para “contentar-se de contentamento”. Na poesia, dá; no Direito, não!

*Lenio Luiz Streck é jurista, professor e advogado

ANEXO 

A anistia está nas mãos do Centrão - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo - Pressão da Paulista, do PL e em inglês fajuto? Que nada! Quem decide a anistia é o Centrão

Num domingo muito especial, Donald Trump, presidente da (ainda) maior potência, deliciava-se com o derretimento do multilateralismo, do comércio e das bolsas mundo afora, considerando tudo isso como “coisa linda de se ver”, enquanto Jair Bolsonaro, ex-presidente da maior economia da América Latina, lia com o jeitão dele um papelzinho em inglês ridicularizando a prisão de “Popcorn and ice cream sellers” que vandalizaram os três Poderes no fatídico 8/1.

O ato da Avenida Paulista, marcado para defender o projeto de anistia aos paus-mandados do 8/1, virou o que já se esperava: pró-Bolsonaro e uma demonstração de força dele na direita, com perto de 45 mil presenças, o dobro do que ele reuniu na Praia de Copacabana, mas só um quarto do que exibiu na mesma Paulista em fevereiro de 2024. Um copo meio cheio, meio vazio.

CONTINUAR LEITURA


 

EDITORIAL 7/4/25:

 

Como a América pode acabar tornando a China grande novamente

‘Make America Great Again’ de Trump está pressionando líderes chineses a corrigir seus piores erros econômicos e criando oportunidades para redesenhar o mapa geopolítico da Ásia em favor da China

Por The Economist – Revista Reino Unido - 04/04/2025

 

Enquanto Donald Trump lança uma saraivada de tarifas e seu governo fala sobre a força de suas alianças militares na Ásia, pode-se pensar que estes são tempos de ansiedade no país que os Estados Unidos veem como seu principal adversário. Na verdade, nossas reportagens de Pequim revelam um quadro bem diferente. O MAGA (Make America Great Again) está pressionando os líderes chineses a corrigir seus piores erros econômicos. Também está criando oportunidades para redesenhar o mapa geopolítico da Ásia em favor da China.

O país asiático se saiu mal no discurso de Trump no Rose Garden. Contando a nova taxa de 34%, mais as taxas que já existiam, o total sobe para 65% — e um pouco mais se você incluir a remoção perturbadora de uma isenção tarifária para pequenos pacotes. Considerando que as exportações ainda representam cerca de 20% do PIB, como em 2017, isso prejudicará a economia da China. A tática da China de redirecionar as cadeias de produção de suas empresas por meio de países como o Vietnã para contornar as tarifas funcionará menos bem agora que os Estados Unidos estão erguendo barreiras globalmente.

A guerra comercial ocorre em um momento em que a China continua lutando contra a deflação, o colapso imobiliário e a demografia desanimadora. Nos últimos cinco anos, o Partido Comunista negligenciou o consumo fraco e adotou um estatismo imprudente que restringiu o setor privado. A China exportou seu excesso de capacidade, inundando o mundo com mercadorias, e promoveu um chauvinismo espinhoso que perturba os aliados dos Estados Unidos na Ásia e na Europa.

Apesar de tudo isso, a China entra na nova era do MAGA mais forte do que no primeiro mandato de Trump. Há muito tempo, o presidente Xi Jinping argumenta que os Estados Unidos estão muito polarizados e sobrecarregados para sustentar seu papel global. Um de seus slogans adverte sobre “grandes mudanças nunca vistas em um século”. Seu nacionalismo paranoico costumava parecer uma hipérbole distópica. Agora que Trump está cometendo tamanha autoflagelação e destruição geral, ele parece estar à frente de seu tempo.

Xi vem se preparando para o mundo caótico de hoje desde que se tornou líder da China em 2012. Ele pediu autossuficiência econômica e tecnológica para seu país. A China reduziu sua vulnerabilidade às restrições americanas, como sanções e controles de exportação. Embora seus bancos ainda precisem ter acesso a dólares, atualmente a maioria dos pagamentos internacionais não bancários é feita em yuan.

A economia doméstica da China tem pontos fortes não reconhecidos. A concorrência e a adoção da tecnologia fazem com que suas empresas industriais derrotem os rivais ocidentais em tudo, desde veículos elétricos até a “economia de baixa altitude”, ou seja, drones e táxis voadores. Visto da China, as tarifas de Trump condenarão Detroit à obsolescência no estilo dos anos 1970, assim como sua cruzada contra as universidades atrasará a inovação.

Um exemplo da promessa da China é o DeepSeek, visto como um sinal de que o país pode inovar em relação aos embargos de semicondutores dos Estados Unidos. O partido se sente confortável com a IA desenvolvida internamente, e isso poderia permitir que a tecnologia se difundisse pela China mais rapidamente do que no Ocidente, aumentando a produtividade. Isso e os sinais de que Xi pode ter se tornado mais tolerante com os empreendedores ajudam a explicar por que o índice MSCI de ações chinesas aumentou 15% em 2025, mesmo com a queda das ações americanas.

Quatro anos após o estouro da bolha, os imóveis estão finalmente se tornando um obstáculo menor para o crescimento. Em algumas cidades, incluindo Xangai e Nanjing, os preços até começaram a subir. O partido também tomou medidas tardias para estimular o consumo. Os governos locais podem se refinanciar com 6 trilhões de yuans (US$ 830 bilhões) de novos títulos ao longo de três anos e outros 4,4 trilhões de títulos “especiais” este ano. Parte do dinheiro extra será destinada às famílias.

Para aproveitar todas as oportunidades econômicas, o partido precisa parar de perseguir o setor privado. Até mesmo os autocratas leninistas da China percebem que a repressão à “prosperidade comum” contra os empreendedores, iniciada em 2021, foi longe demais. Embora algumas autoridades zelosas ainda não tenham entendido a mensagem, Li Qiang, vice de Xi, usou um discurso em 23 de março para elogiar os “dragões” de Hangzhou, a capital da inovação da China.

A economia também precisará de mais estímulos para impulsionar o consumo e de esforços mais determinados para estabilizar o mercado imobiliário, que ainda pesa sobre a confiança das famílias. O consumo extra também beneficiaria as relações chinesas no exterior, ajudando a absorver a capacidade excedente. À medida que os Estados Unidos levantam muros, a China terá a chance de redefinir as relações comerciais em todo o mundo, oferecendo-se para investir na fabricação em países parceiros em vez de inundá-los com exportações.

Essas oportunidades econômicas estão lado a lado com uma oportunidade geopolítica. A política americana para a China é assustadoramente obscura. Os falcões do governo insistem que, ao se afastar da Europa, os Estados Unidos estão liberando recursos para conter a China. No entanto, Trump admira Xi e enviou um aliado, o senador Steve Daines, a Pequim para tentar chegar a um acordo. Em seu primeiro mandato, Trump fechou um acordo comercial com a China; agora ele quer pechinchar sobre o TikTok.

A China está apostando que a conversa do MAGA sobre um acordo “Kissinger reverso”, com os Estados Unidos afastando a Rússia da China, é bobagem. E o protecionismo trumpiano, o abuso de aliados e a indiferença aos direitos humanos são um repúdio aos valores americanos: o farol do mundo livre agora parece caprichoso e perigoso. Xi não tem a intenção de preencher o vácuo deixado pelo Tio Sam, mas ele tem a chance de expandir a influência da China, especialmente no sul global. Se, além de disseminar tecnologias limpas, a China se tornar mais ousada na redução de emissões em seu próprio país, ela poderá demonstrar liderança em relação às mudanças climáticas.

O desdém de Trump pela Otan e pela Ucrânia corroeu a confiança em seu compromisso com os aliados asiáticos e a disposição de lutar por Taiwan. Se os Estados Unidos fabricarem mais de seus próprios semicondutores avançados, seu incentivo para defender Taiwan diminuirá. Esse é um presente para Xi.

Ainda assim, há perigos à frente para a China. Uma guerra comercial poderia desencadear uma recessão global. Se Trump não conseguir chegar a um acordo com o governo de Pequim, ele poderá atacar com moedas e impor mais sanções. A China ainda pode envenenar as relações com o resto do mundo, praticando dumping nas exportações. O fato de ela aproveitar esse momento depende de um homem: Xi. Mas o fato de a oportunidade existir se deve muito a outro: Trump


 

EDITORIAL 4/4/25

 

Como um clássico da Sessão da Tarde está sendo associado ao tarifaço de Trump e ao risco de uma crise econômica - Como um clássico da Sessão da Tarde está sendo associado ao tarifaço de Trump e ao risco de uma crise econômica | Mundo | G1

Em cena de 'Curtindo a Vida Adoidado', professor dá aula entediante sobre lei protecionista que aumentou tarifas americanas e aprofundou a Grande Depressão dos anos 1930.

Por Daniel Médici, g1 - 03/04/2025 18h07  

Reproduzir vídeo- Como um clássico da Sessão da Tarde está sendo associado ao tarifaço de Trump e ao risco de uma crise econômica | Mundo | G1

O que cena de 'Curtindo a Vida Adoidado' tem a ver com tarifaço de Trump

O que a decisão de Trump de aplicar tarifas em produtos de outros países tem a ver com um filme da Sessão da Tarde?

Nesta quinta-feira (3), alguns usuários de redes sociais buscaram em um clássico dos anos 1980 as respostas para os riscos do "tarifaço" do republicano. Eles desenterraram uma cena de "Curtindo a Vida Adoidado" na qual um professor explica uma lei similar que aprofundou a Grande Depressão, crise econômica que marcou os EUA nos anos 1930.

• Trump anuncia tarifas recíprocas para 185 países; confira a lista

• ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp

Trump anunciou, na quarta-feira, que os EUA cobrarão 10% de todas as importações feitas do Brasil — outros países enfrentarão uma tributação ainda maior. O presidente americano disse que o conjunto de tarifas vai "libertar" o país de produtos estrangeiros, fortalecendo sua indústria.

Enquanto os mercados responderam a Trump com bolsas em queda, a internet respondeu com memes. Foi então que algumas contas recuperaram uma cena de "Curtindo a Vida Adoidado", longa-metragem de 1986.

"Será que Trump nunca assistiu 'Curtindo a Vida Adoidado'?", questionou um usuário, ao postar uma cena do filme.

Trecho de 'Curtindo a Vida Adoidado', agora relacionado ao tarifaço de Trump — Foto: Reprodução

No trecho um professor dá uma aula sobre a Lei Smoot–Hawley para uma plateia de alunos entediados. Apesar de suas tentativas de arrancar alguma interação, os estudantes permanecem calados durante a explicação.

"Em 1930, a Câmara dos Representantes, controlada pelos republicanos, em um esforço para aliviar os efeitos da... alguém?, o projeto de tarifa, o Ato Tarifário de Hawley-Smoot, que... alguém? Aumentou ou reduziu? Aumentou as tarifas, na tentativa de arrecadar mais receita para o governo federal", explica o professor, em tom monocórdio.

"Funcionou? Alguém? Sabem os efeitos?", ele prossegue. "Não funcionou ,e os Estados Unidos afundaram ainda mais na Grande Depressão."

É do tédio da escola que o protagonista do filme, Ferris Bueller, interpretado por Matthew Broderick, tenta escapar. A trama do filme gira em torno do desejo de Bueller, sua namorada e seu melhor amigo aproveitarem um dia de sol em Chicago.

A obra é uma das mais famosas de John Hughes (1950-2009), que escreveu e dirigiu alguns dos principais filmes juvenis da época, como "O Clube dos Cinco" e "Esqueceram de Mim".

O que é a Lei Smoot–Hawley

A Lei Smoot-Hawley foi uma lei adotada para proteger fazendeiros e indústrias americanas pouco após o início da Grande Depressão, iniciada após o colapso da Bolsa de Valores em 1929.

Trump tem um objetivo parecido: ao aumentar as tarifas de produtos importados, ele visa fazer com que os produtos americanos sejam mais competitivos para os consumidores dos EUA, impulsionando a indústria e a agricultura locais, bem como incentivando corporações a transferir sua cadeia produtiva para o país.

Especialistas argumentam, porém, que levará anos para que as tarifas produzam os efeitos desejados, como reacender a indústria dos EUA, alterar as cadeias de suprimentos e trazer a produção para casa.

Enquanto isso não acontece, os consumidores americanos provavelmente verão preços mais altos, a economia pode entrar em crise e os aliados colocarão seus próprios impostos sobre produtos americanos — efeitos que Trump chamou de "perturbação", mas que os eleitores podem não estar dispostos a aceitar nas eleições de meio de mandato do ano que vem.

Economistas, assim como o professor de "Curtindo a Vida Adoidado", afirmam também que a Lei Smoot-Hawley, em vez de impulsionar o mercado local, aprofundou e espalhou a crise. Parceiros comerciais dos EUA rapidamente adotaram terifas recíprocas, afetando profundamente o comércio internacional, que desabou 66% entre 1929 e 1934.

 

Trump anuncia tarifas recíprocas — Foto: REUTERS/Carlos Barria

"O que é certo é que a Lei Smoot-Hawley não fez nada para promover a cooperação entre as nações, seja no âmbito econômico ou político, durante uma era perigosa nas relações internacionais", diz o site de história americana do Departamento de Estado dos EUA.

Mais cedo nesta semana, Trump defendeu sua política tarifária, afirmando que a própria crise de 1929 foi um resultado do fim abrupto das taxas a produtos estreangeiros nos anos 1920. A fala do presidente foi fortemente criticada pelo artigo de capa da revista "The Economist" desta semana.

"Quase tudo o que o Sr. Trump disse nesta semana — sobre história, economia e tecnicalidades do comércio — foi completamente ilusório. Sua leitura da história está de cabeça para baixo. Ele há muito glorifica a era de tarifas altas e impostos de renda baixos do final do século 19. Na verdade, os melhores estudos mostram que as tarifas impediam a economia naquela época", diz a revista.

"Ele agora acrescentou a afirmação bizarra de que o levantamento de tarifas causou a Depressão da década de 1930 e que as tarifas Smoot-Hawley chegaram tarde demais para contornar a situação. A realidade é que as tarifas tornaram a Depressão muito pior, assim como prejudicarão todas as economias hoje. Foram as meticulosas rodadas de negociações comerciais nos 80 anos subsequentes que reduziram as tarifas e ajudaram a aumentar a prosperidade."

A conclusão é parecida com a descrição do próprio site do Departamento de Estado: "Até hoje, a expressão 'Smoot-Hawley' continua sendo uma palavra de ordem para alertar sobre os perigos do protecionismo."


 

Editorial 3/4/25

 

Trump declara Guerra Comercial com anúncio de “Tarifaço” 

O "Tarifaço de Trump" refere-se às tarifas impostas pelo PRESidente dos EUA, Donald Trump, que começaram logo após sua posse, foram suspensas e ontem foram novamente decretadas abrangendo produtos do mundo inteiro, sobretudo países asiáticos, China em primeiro lugar, com 34% de sobretaxa, e Europa, com 20%. Brasil e outra dezena de países, muitos da América Latina foram menos onerados, com 10%.

A decisão de Trump pode ser considerada um Ato Histórico, pois rompe com a tradição liberal americana e sepulta o órgão multilateral, Organização Mundial do Comércio- OMC -, que vinha sustentando, como sucessora do GATT, criado no pós guerra, a política de abertura comercial no mundo. Algo similar já aconteceu no passado, logo da Crise de 29. Os Estados Unidos, na tentativa de contornar a recessão, também lançaram mão do “tarifaÇO”. Não funcionou. A recessão se aprofundou até que a eleição e posse do Presidente Roosevelt, em 1933, trouxesse novos ares à Política Econômica, com o abandono das teses liberais até então vigentes. Começava a Era Keynesiana que reconhecia a importância da intervenção do Estado como mecanismo de regulação da Economia, muito mais eficaz do a mera gestão tarifária do comércio exterior. O Tarifaço daquela época, aliás, deflagrou uma década de franco protecionismo no mundo inteiro que acabaria isolando os países e levando=os à II Guerra Mundial. Impacto similar ao Tarifaço ocorreu em 1973, quando a OPEP elevou o preço do petróleo de US 2,5 o barril para perto de US$ 15, operando este processo como um verdadeiro imposto, também, unilateralmente e com reflexos em toda a cadeia produtiva mundial. 

O recurso protecionista, no entanto, viria no pós Guerra a ser proclamado e fartamente usado por países atrasados que necessitavam de tarifas altas sobre produtos importados afim de estimular o processo de substituição de importações que animaria seu desenvolvimento industrial. Na época, Brasil foi pródigo neste recurso no receiturário “desenvolvimentista” preconizado pela Comissão Econômica para América Latina – CEPAL-, órgão das Nações Unidas para o continente. Jamais se imaginaria, porém, que a maior potência econômica do mundo ocidental também viesse a se socorrer de tal expediente, sobretudo depois do comércio mundial haver se expandido e consolidado como poderoso instrumento do crescimento de várias nações, sempre em obediência às regras do livre comércio. 

Trump, entretanto, sempre foi intervencionista e confiante no seu voluntarismo político, ao qual atribui capacidade de mover não só eleitores, mas a “máquina do mundo”. Tudo indica que fracassará e que o impacto inflacionário de suas medidas o colocará na berlinda depois das próximas eleições de Midterm , no ano que vem, nos EUA. De resto, já está promovendo uma comoção mundial. Nem uma perdida ilha sem habitantes, no meio do Oceano, escapou de sua sanha...O Brasil, pouco gravado, comporta-se com cautela e tentará se defender não só através de recurso ao órgão multilateral de defesa do livre comércio, como através de negociações diretas com a Casa Branca. 

Eis o retrospecto do Tarifaço:

 “Em 1º de fevereiro de 2025, Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México, além de 10% sobre bens da China. No entanto, ele suspendeu temporariamente essas tarifas até 2 de abril de 2025. Neste dia, uma nova rodada de tarifas foi implementada, chamada de "Dia da Libertação", com o objetivo de equilibrar a balança comercial dos EUA e proteger a indústria nacional. As tarifas têm gerado tensões globais e preocupações, especialmente em relação a países como o Brasil, que estão na mira das políticas tarifárias. “

Apesar da desorganização que o Tarifaço trará à Economia Global, trazendo no seu bojo um deslocamento cada vez maior do Atlântico para os Corredores da Seda na Asia, com tendência ao fortalecimento da China e, provavelmente, India, o Brasil poderá ter novas oportunidades no mercado mundial, tanto na exportação de grãos e carnes, como até mesmo em produtos industriais, os quais se destinam em maior parte para Estados Unidos, que isolados do mundo, poderão vir a comprar mais do Brasil Um atento jornalista, Willian Waack, destaca o assunto :

Waack vê início do século chinês e fim da hegemonia americana após tarifaço de Trump

Jornalista analisa impacto geopolítico do novo pacote tarifário de Donald Trump e alerta para riscos e oportunidades que se abrem ao Brasil - Waack vê início do século chinês e fim da hegemonia americana após tarifaço de Trump | Brasil 247


 

EDITORIAL 28/3/2025

 

Exploração da Margem Equatorial renderia ao Brasil US$ 56 bilhões em investimentos e US$ 200 bilhões em arrecadação

Além disso, segundo estudo detalhado pelo Ministério de Minas e energia, a exploração geraria mais de 300 mil empregos 

Paulo Emilio

247 - O secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes, detalhou um estudo que projeta US$ 56 bilhões em investimentos, geração de mais de 300 mil empregos e arrecadação governamental superior a US$ 200 bilhões com a liberação da exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira.

O estudo, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, defende a necessidade de emissão da licença ambiental pelo Ibama até abril de 2025 para que a Petrobras consiga realizar a perfuração do poço FZA-M-59 até outubro. O prazo é estratégico, uma vez que o contrato da sonda afretada da empresa Foresea, atualmente na Bacia de Campos e que será deslocada para o Amapá, expira no mesmo mês.

“O único ponto pendente do processo de licenciamento é o tempo de resposta a eventual fauna oleada, que está sendo equacionado pela Petrobras com a construção do novo Centro de Reabilitação de Despetrolização de Fauna (CRD)”, destacou Pietro Mendes, de acordo com a reportagem. A partir de 7 de abril, o CRD estará apto a receber vistorias, segundo a apresentação.

A expectativa no mercado é de que, após o retorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de uma viagem oficial à Ásia, ocorra uma reunião com ministros e o presidente do Ibama para destravar o impasse ambiental. A liberação da licença pode impulsionar as ações da Petrobras, que enxerga na Margem Equatorial a alternativa mais viável para recompor suas reservas petrolíferas, em declínio projetado para a próxima década.

O estudo compara a região à faixa entre Guiana e Suriname, onde foram descobertas grandes jazidas de petróleo, e reforça que o poço FZA-M-59 foi arrematado em leilão governamental (11ª Rodada de Licitações), com participação da Petrobras (30%) e da BP (70%). Em 2021, porém, a empresa britânica decidiu abandonar a parceria devido à morosidade no processo de licenciamento ambiental.

Segundo Mendes, os investimentos já realizados pela Petrobras no projeto somam cerca de R$ 1 bilhão. O custo diário do aluguel da sonda é estimado em US$ 400 mil. A estrutura montada para atender às exigências ambientais supera, segundo o estudo, aquelas destinadas às bacias de Campos e Santos, onde foram perfurados centenas de poços: “É a maior estrutura de resposta do País”, afirma o documento.


 

EDITORIAL 27-03-25

 

VIVA A REPÚBLICA – Paulo Timm

 

Brasil se mobiliza pela prisão de Bolsonaro e contra anistia a golpistas. Veja os locais com atos marcados para o fim de semana  

 

O ex-mandatário e sete aliados se tornaram réus após decisão unânime dos cinco ministros da Primeira Turma do STF 

 

Leia 247 - Brasil se mobiliza pela prisão de Bolsonaro e contra anistia a golpistas. Veja os locais com atos marcados para o fim de semana | Brasil 247  

 

Discussão sobre tentativa de golpe e preparativos deve pautar julgamento de Bolsonaro - Blog da Julia Duailibi

Entenda quais são os próximos passos após o STF aceitar denúncia

Crimes atribuídos a Bolsonaro podem somar 39 anos de prisão    

 

Após virar réu, Bolsonaro diz que acusação de golpe é 'infundada' e repete ataques a urnas -g1 - Por unanimidade, Primeira Turma da Corte aceitou denúncia da PGR contra ex-presidente e sete aliados. Com a decisão, será aberta uma ação penal e grupo vai a julgamento pelo STF.    

 

Anistia que Bolsonaro defende é possível? Entenda o termo. Ver g1

 

 

Nesta semana, dois acontecimentos importantes e interligados, do ponto de vista da vida pública no Brasil: Aniversário, no dia 25 de março, da primeira Constituição, de 1824, e aceitação, no dia 27, da denúncia da Procuradoria Geral da República, com base em vasto inquérito da Policia Federal, contra o ex Presidente Bolsonaro e figuras do alto escalão do seu Governo, por tramarem contra o Estado de Direito Democrático. Doravante, são réus e se espera que todos os ritos processuais sejam garantidos, sobretudo no tocante à presunção de inocência dos mesmos e ampla garantia de sua defesa.

Onde a conexão, tão distante, deste dois fatos?

Na Constituição de 1824, consagrou-se, como resquício do Absolutismo, o PODER MODERADOR do Imperador. Foi uma excrescência autoritária que acabou se ramificando em anos posteriores. Na Proclamação da República, este Poder foi extinto, mas acabou sendo assumido pelas Forças Armadas, sobretudo o Exército, que ganhara desenvoltura e protagonismo na vida política do país depois da Guerra do Paraguai. Desde então militares tiveram papel preponderante no país, até o Governo Bolsonaro. Inclusive no período Vargas. Getúlio , em 30, venceu a Revolução com o apoio dos "tenentes", jovens oficiais que se rebelaram durante a década anterior (1920) contra a República Velha e se constituíram em lideranças estaduais sob o manto do Estado. Dividiram-se na Guerra Fria e acabaram intervindo em 1964, mantendo-se no Poder por 21 anos. Veja-se o filme “O dia que durou 21 anos”... Com a redemocratização, patrocinada pelo próprio regime, continuaram com alto poder de influência. Mesmo a Constituição de 88 , resultado do caráter liberal da redemocratização, os preservou e os manteve como eminência "farda" do Poder Republicano. Insatisfeitos com a condução de Dilma Roussef na “Comissão da Verdade”, que trouxe à público os crimes dos porões da ditadura, acabaram abraçando a eleição de Bolsonaro em 2018. Mas os tempos mudaram. A Sociedade Civil e as Instituições do Estado se fortaleceram muito nas quatro últimas décadas da redemocratização e resistiram à narrativa do retrocesso, das Redes Sociais manipuladas e do Gabinete do Ódio instalado no Palácio do Planalto. Esse extremismo de direita não convenceu os brasileiros e acabou derrotado em 2022. E felizmente , no dia 27 passado (março/2025), estamos consagrando o império da Toga, através do Judiciário, sobre a Espada. Bolsonaro e sete de seu alto staff, um primeiro conjunto de um total de 34, indiciados por conspiração contra a democracia, viraram réus diante da aceita pelo Supremo da denúncia apresentada pela pela PGR. De deverão, agora, se submeter a processo criminal grave. Dificilmente escaparão da cadeia. Uma lição, não só uma para todos aqueles que se insurgem com atos contra o Estado, com advertência à toda cidadania, mas, sobretudo, um novo marco na construção do regime republicano e no aprofundamento da democracia-entre-nós. Não foi uma vitória da esquerda, do Lula ou do PT. Foi uma vitória da democracia. E este processo, que se prolongará ainda por algumas semanas, não será o passo definitivo no rumo da estabilidade e equilíbrio entre os Poderes Republicanos. Ainda sofreremos sobressaltos, mas resistiremos. A utopia, no nosso caso, democrática, como dizia Galeano, não é um poste de luz ao qual se chega, mas uma luz no horizonte que nos guia rumo a um mundo melhor. Viva a República!

 

Anexo

Bolsonaro acabou? - Hélio Schwartsman - Folha de S. Paulo - Existe uma categoria de políticos carismáticos que podem dizer e fazer barbaridades sem perder o apoio dos eleitores mais fiéis

A essa altura, podemos dar como favas contadas que Jair Bolsonaro será condenado a uma longa pena de prisão. Sua carreira política acabou? Adoraria responder afirmativamente à pergunta, mas a experiência recomenda certa cautela.

Lula, que também parecia um caso perdido após ser preso, com condenação por corrupção em três instâncias, voltou e reassumiu a Presidência. Isso não é exclusividade brasileira. Napoleão Bonaparte, derrotado na Batalha de Leipzig e exilado em Elba, também deu um jeito de voltar.

A situação de Bolsonaro, porém, me parece mais difícil que a de Lula e Napoleão. Ao contrário do que ocorreu com o petista, o capitão reformado será julgado pelo STF, o que significa que não existe corte superior que possa depois anular tudo, como é padrão por aqui.

CONTINUAR LEITURA

Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 06:34:00 Nenhum comentário:  

 

 

Advogados adotam Lei de Murici e querem anular delação contra Bolsonaro - Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense - Presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin marcou para hoje a continuidade do julgamento, que deve apreciar o mérito da denúncia contra o ex-presidente da República e outros sete denunciados

Por se tratar de um julgamento inédito, seja porque o principal acusado de tentativa de golpe de Estado é um ex-presidente da República, seja por generais de quatro estrelas igualmente acusados serem julgados na Justiça civil, todos por intentar contra o regime democrático, vem ao caso o coronel Tamarindo, personagem histórico da Guerra de Canudos (1896-1897), no interior da Bahia. Como ele, as defesas de Jair Bolsonaro e dos demais acusados adotaram a Lei de Murici.

CONTINUAR LEITURA

Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 06:44:00 Nenhum comentário:  

 

 

A história em julgamento - Dora Kramer - Folha de S. Paulo - Os acusados de golpe são, sobretudo, traidores do pacto que resultou na anistia de 1979

Imperfeita, mas a possível para abrir caminho à transição democrática, a anistia de 1979 senta-se agora no Supremo Tribunal Federal na figura de familiares de Vladimir Herzog e Zuzu Angel, vítimas da ditadura militar, para assistir ao julgamento de pessoas acusadas de romper o pacto de quatro décadas atrás.

A peça que começou a ser examinada denuncia 34 pessoas por tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito, organização criminosa armada, dano e deterioração do patrimônio público.

Um verdadeiro manual de traição à reconstrução de uma democracia que completa 40 anos. É muita coisa e, se comprovadas de modo bem consistente as acusações, não há que se falar em punições excessivas, muito menos em anistia. Esta foi pactuada lá atrás e vilipendiada por gente inconformada com o resultado de uma eleição.

CONTINUAR LEITURA

Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 06:32:00 Nenhum comentário:  

 

Batalha judicial está perdida para o bolsonarismo - César Felício - Valor Econômico -Sem alternativas, resta ao ex-presidente repetir a manobra de Lula em 2018

O julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a aceitação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 24 pessoas por golpismo, que se iniciou na terça-feira (25), é um dos maiores jogos jogados da história recente do país, com efeitos já amplamente precificados há meses. Suas vítimas não conseguiram desviar-se do destino aparentemente inexorável.

A denúncia deverá ser aceita e a ação penal, uma vez aberta, deverá levar à condenação de Bolsonaro ainda neste ano. Sua prisão é um evento previsto para o último trimestre do ano. O próprio ex-presidente previu em entrevista ao “Financial Times” ser condenado a 28 anos. Fontes jurídicas que acompanham o julgamento, distantes de Bolsonaro, acham que o ex-presidente está certo.

Há uma certa dúvida sobre o placar e a conclusão do exame da questão esta semana, em função da presença do ministro Luiz Fux no colegiado. No exame das questões preliminares levantadas pelas defesas do primeiro núcleo dos acusados, Fux sinalizou ver com muita reserva a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que contou com mais de uma versão. Cristiano Zanin, Flávio Dino e Cármen Lúcia devem acompanhar o voto do relator, Alexandre de Moraes. A eventual falta de unanimidade, contudo, não muda o prognóstico.

CONTINUAR LEITURA

Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 08:27:00 Nenhum comentário:  

 

 

O batom de Bolsonaro - Marcelo Godoy - O Estado de S. Paulo - Atentar contra as liberdades é o pior dos crimes que alguém pode cometer em uma República

Marco Mânlio Capitolino aspirou à realeza e acabou precipitado da Rocha Tarpeia. É o que Tito Lívio conta no livro VI da História de Roma – Ab urbe condita libri. A República condenou Mânlio, apesar de suas ações nobres, porque – movidas pela “vergonhosa paixão de reinar” – deixavam de motivar recompensa e glória para se tornarem odiosas.

Bolsonaro, como os antigos acusados em Roma, compareceu ao fórum. Sua presença não constrangeu os ministros – Lula não esteve lá quando o STF definiu que os condenados em 2.ª instância deviam ir para o cárcere, antes do trânsito em julgado.

Bolsonaro sabe o significado de seu gesto. É de manipular as redes e de explorar meias-verdades que o bolsonarismo é sempre acusado pelos adversários.

CONTINUAR LEITURA

Postado por Gilvan Cavalcanti de Melo às 08:20:00 Nenhum comentário:


 

EDITORIAL 25/3/25

 

Adolescentes

Carmen Lícia Palazzo - FBook 24 março 25

Não vou discutir a série sobre a adolescência porque já sei que vão discordar de mim, no entanto acho exageradíssima, embora haja (e sempre houve, SEMPRE) muitos casos como aqueles, nos devidos contextos de cada época. 

De qualquer maneira, é muito mais a realidade inglesa do que a brasileira e as latinas em geral. E há toda uma discussão que os ingleses têm recém começado a fazer sobre seus internatos, maneira muiiiito "peculiar", aliás, (e põe peculiar nisso) das famílias tratarem seus jovens... Abusos em quantidade são varridos pra baixo do tapete de tais escolas, que são, a maior parte delas, britânicas, bem mais raras em outros países. E eles acham normalíssimos, os tais internatos). Mais aí já é outro debate. E cada cultura com a sua realidade, não os estou criticando em bloco, apenas mostrando o que muitas famílias por lá têm questionado, segundo me informam diversos amigos.

Da mesma maneira que, nos EUA, acham normal que quase todos façam a universidade longe de casa e que os laços com as famílias sejam muito esgarçados a partir dos 18 anos, quando grande parte dos jovens vai morar longe dos pais. Não é a realidade em muitíssimos outros países. É bom? É ruim? Não sei, apenas é diferente, portanto não há uma maneira única de viver a juventude, no mundo todo.

Sobre a adolescência, toda ela é trágica? Há barbaridades que acontecem e sempre aconteceram por todos os lados mas, como muitos estão dizendo, mais trágica atualmente? DISCORDO. Há milhões de jovens vivendo uma vida totalmente diferente do que mostra a série, há milhões de jovens focando no seu futuro.

E há milhões de jovens para os quais o trágico é a miséria, crianças em países em guerra, fome e ausência de toda e qualquer dignidade.

Não se assustem tanto com a série. Não demonizem tanto a adolescência. Não acreditem tanto que "o mundo atual está perdido" para a juventude que não vive em situação de miséria e de conflitos armados. Sou professora e não faço coro com os que agora comentam que até perderam o sono por causa da referida série.

E há pequenas coisas, nada pequenas, na verdade, mas que muitos não ligam e que devem ser implementadas de maneira efetiva: educação sexual nas escolas (existente sem dramas em alguns países europeus) para evitar a tristeza da gravidez precoce, não permitir que as religiões se imiscuam na necessidade de alertar a juventude, que OBVIAMENTE FAZ SEXO, para que tome os devidos cuidados para evitar doenças sexualmente transmissíveis e GRAVIDEZ. Isso é que deve ser MUITO alertado e discutido!

Não superestimem a importância da tal série, ela é bastante alarmista. E, como é bem feita, impressiona muito mais do que possam imaginar. Há uma juventude excelente, "se virando" para dar certo! 

Pronto, discordei da opinião generalizada sobre ela e, na verdade, não estou muito interessada, pois acho distorcida para efeitos de sucesso da tal série. E sou muito fã da juventude!


 

EDITORIAL 24/3/25

 

Chris Hedges - 14 de março de 2025

Nós, estadunidenses, compartilhamos as patologias de todos os impérios moribundos, com sua mescla de bufonaria, corrupção rastejante, fiascos militares, colapso econômico e selvagem repressão estatal.

Os multimilionários, fascistas cristãos, estelionatários, psicopatas, imbecis, narcisistas e facínoras que tomaram o controle do Congresso, da Casa Branca e dos tribunais estão canibalizando a máquina do Estado. Essas feridas autoinfligidas, características de todos os impérios tardios, paralisarão e destruirão os tentáculos do poder. E então, como um castelo de cartas, o império cairá.

O governo de Trump e a destruição institucional

Cegos por sua arrogância e incapazes de compreender a redução do poder imperial, os mandarins da administração Trump refugiaram-se em um mundo de fantasia, onde fatos duros e indesejáveis já não têm peso. Cospem absurdas incoerências enquanto usurpam a Constituição e substituem a diplomacia, o multilateralismo e a política por ameaças e juramentos de lealdade. Agências e departamentos criados e financiados por leis do Congresso vão desaparecendo.

Eliminaram relatórios e dados governamentais sobre a mudança climática e se retiraram do Acordo Climático de Paris. Saíram da Organização Mundial da Saúde (OMS). Sancionaram funcionários que trabalham na Corte Penal Internacional (CPI), que emitiu ordem de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra em Gaza. Sugeriram que o Canadá se tornasse o 51º estado dos Estados Unidos. Formaram uma força especial para “erradicar os preconceitos anticristãos”. Pediram a anexação da Groenlândia e a tomada do Canal do Panamá. Propuseram construir resorts de luxo na costa de uma Gaza despovoada, sob supervisão dos EUA, controle que, se ocorresse, derrubaria os regimes árabes apoiados pelos Estados Unidos.

Os governantes de todos os impérios tardios, como os imperadores romanos Calígula e Nero ou Carlos I, último governante dos Habsburgo, são tão incoerentes quanto o Chapeleiro Louco [n. da t.: personagem de Alice no País das Maravilhas]: proferem comentários sem sentido, propõem enigmas sem resposta e recitam saladas de palavras cheias de incoerências. Eles, assim como Donald Trump, são um reflexo da podridão moral, intelectual e física que afeta uma sociedade enferma.

Passei dois anos pesquisando e escrevendo sobre as perversas ideologias daqueles que agora tomaram o poder. O resultado está em meu livro Fascistas estadunidenses: a direita cristã e a guerra contra os Estados Unidos (American Fascists: The Christian Right and the War on America).

Fascistas cristão e o ódio as democracias seculares

Esses fascistas cristãos, que determinam a ideologia central da administração Trump, não se envergonham de seu ódio às democracias pluralistas e seculares. Buscam, como detalham exaustivamente em inúmeros livros e documentos “cristãos” (como o Projeto 2025, da Heritage Foundation), deformar os poderes Judiciário e Legislativo do governo, além dos meios de comunicação e da academia, para transformá-los em apêndices de um Estado “cristianizado”, dirigido por um líder ungido pela divindade.

Admiram abertamente apologistas nazistas, como Rousas John Rushdoony, um partidário da eugenia que defende que a educação e os benefícios sociais sejam entregues às igrejas e que a Lei da Bíblia substitua o Código Jurídico secular. Também exaltam teóricos do Partido Nazista, como Carl Schmitt. São racistas, misóginos e homofóbicos declarados.

Adotam teorias conspiratórias bizarras, desde a teoria da substituição branca até um sombrio monstro que chamam de “woke”. Basta dizer que seus fundamentos não estão baseados em um universo realista.

Imperialismo e fanatismo religioso: a ascensão da teologia do Domínio

Os fascistas cristãos provêm de uma seita teocrática chamada Dominionismo (ou teologia do Domínio). Essa seita ensina que os cristãos estadunidenses receberam o mandato de transformar os Estados Unidos em um Estado cristão e representante de Deus. Os oponentes políticos e intelectuais desse “biblicanismo” militante são condenados como representantes de Satanás.

“Sob o domínio cristão, os Estados Unidos já não serão uma nação pecadora e decadente, mas uma em que os Dez Mandamentos formem a base de nosso sistema legal; o criacionismo e os ‘valores cristãos’ formem as bases de nosso sistema educativo; e onde os meios de comunicação e o governo proclamem as Boas Novas a todos e cada um”, transcrevi em meu livro. “Serão abolidos os sindicatos, as leis dos direitos civis e as escolas públicas. As mulheres serão retiradas da força de trabalho para ficar em casa, e será negada a cidadania a todos aqueles considerados insuficientemente cristãos. Além de seu mandato proselitista, o governo federal será reduzido à proteção da propriedade e à segurança ‘nacional’.”

Os fascistas cristãos e seus financiadores multimilionários, mostrei, falam em termos e frases que são familiares e reconfortantes para a maioria dos estadunidenses, mas já não usam as palavras para significar o que significavam no passado”.

Cometem logocídio, matando velhas definições e substituindo-as por outras novas. Palavras como verdade, sabedoria, morte, liberdade, vida e amor são desconstruídas e passam a ter significados diametralmente opostos. Vida e morte, por exemplo, significam “vida em Cristo” ou “morte para Cristo”, uma distinção entre crença e incredulidade. Sabedoria refere-se ao nível de compromisso e obediência à doutrina. Liberdade (liberty) não tem relação com liberdade (freedom), mas sim com a que advém de seguir Jesus Cristo e libertar-se dos ditames do secularismo. Amor é distorcido para significar obediência incondicional àqueles que, como Donald Trump, afirmam falar e agir em nome de Deus.

À medida que a espiral de morte se acelera, os inimigos fantasmas — nacionais e estrangeiros — serão responsabilizados pelo colapso e perseguidos e condenados até o aniquilamento. Quando o naufrágio se consumar, (resultando na pauperização da população e no colapso dos serviços públicos, gerando uma raiva incoerente) só restará o instrumento brutal da violência estatal. Muitas pessoas sofrerão, especialmente com a intensificação dos impactos da crise climática, que imporá um castigo letal cada vez maior.

O estertor da Pax Americana

O colapso quase total do sistema constitucional de separação de poderes ocorreu muito antes da chegada de Trump. Seu retorno ao poder representa o estertor da Pax Americana. Não está distante o dia em que, como o Senado romano em 27 a.C., o Congresso celebrará sua última votação significativa e entregará o poder a um ditador. O Partido Democrata, cuja estratégia parece ser não fazer nada e esperar que Trump exploda, já consentiu o inevitável.

A questão não é se cairemos, mas quantos milhões de inocentes levaremos conosco. Dada a violência industrial exercida pelo império, podem ser muitos — especialmente se os que estão no poder decidirem recorrer às armas nucleares.

O desmantelamento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) — que Elon Musk afirma ser comandada por “um ninho de víboras marxistas de esquerda radical que odeiam os Estados Unidos” — é um exemplo de como esses piromaníacos não têm ideia de como funcionam os impérios.

Essa ajuda estrangeira não é benévola. É usada como arma para manter a primazia sobre as Nações Unidas (ONU) e eliminar governos que o império considera hostis. As nações que aceitam ajuda da ONU (e de outras organizações multilaterais que votam conforme as exigências do império) entregam sua soberania às corporações globais e ao Exército dos Estados Unidos, tornando-se elegíveis para receber assistência. Já as que não o fazem são excluídas.

O “instrumental” utilizado pela Usaid

Quando os Estados Unidos se ofereceram para construir um aeroporto em Porto Príncipe, capital do Haiti, segundo informa o jornalista investigativo Matt Kennard, exigiram que o Haiti se opusesse à admissão de Cuba na Organização dos Estados Americanos (OEA) — o que o país aceitou.

A ajuda estrangeira da Usaid) financia projetos de infraestrutura para que corporações possam operar oficinas clandestinas globais (maquiladoras) e, assim, extrair recursos. Além disso, destina verbas para “promover a democracia” e a “reforma judiciária”, iniciativas que desconstroem as aspirações de líderes políticos e governos que buscam se manter independentes das garras do império.

A Usaid, por exemplo, financiou um “projeto de reforma de partidos políticos” projetado como contrapeso ao “radical” Movimento ao Socialismo (MAS), da Bolívia, com o objetivo de impedir a eleição de socialistas como Evo Morales. Depois que Morales assumiu a presidência, a agência continuou investindo em organizações e iniciativas que enfraquecessem o poder do MAS, incluindo programas de capacitação para jovens bolivianos, orientados a práticas estadunidenses de negócios.

Kennard, em seu livro The Racket: A Rogue Reporter vs The American Empire, documenta como instituições estadunidenses, como a Fundação Nacional para a Democracia (National Endowment for Democracy, NED), o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Usaid e a Administração para o Controle de Drogas (DEA) trabalham em conjunto com o Pentágono e a Agência Central de Inteligência (CIA) para subjugar e oprimir o Sul Global.

Austeridade e retirada de direitos

Os Estados clientes que recebem ajuda devem dissolver sindicatos, impor medidas de austeridade, manter salários baixos e instalar governos títeres. Na Bolívia, os programas de ajuda, fortemente financiados e projetados para enfraquecer Morales, levaram o presidente a expulsar a USAID do país.

A mentira vendida ao público é que essa ajuda beneficia tanto os necessitados no exterior quanto a população dos Estados Unidos. No entanto, a desigualdade promovida por esses programas no Sul Global reflete a mesma desigualdade imposta dentro do próprio país. A riqueza extraída das nações periféricas não é distribuída equitativamente: termina nas mãos da classe multimilionária, muitas vezes escondida em contas bancárias no exterior para evitar impostos.

Enquanto isso, os impostos da população financiam desproporcionalmente as forças armadas, que são o punho de ferro que sustenta esse sistema de exploração. Os 30 milhões de estadunidenses que perderam seus empregos devido às demissões em massa e à desindustrialização viram suas vagas serem transferidas para trabalhadores de oficinas clandestinas no exterior. Como demonstra Kennard, tanto no âmbito nacional quanto no internacional, trata-se de uma enorme transferência de riqueza dos pobres para os ricos, em escala global e nacional.

“Os mesmos que inventam mitos sobre o que fazemos no exterior construíram também um sistema ideológico similar para legitimar o roubo dentro do país: o roubo dos mais pobres pelos mais ricos”, escreve Kennard. “Os pobres e trabalhadores do Harlem têm mais em comum com os pobres e trabalhadores do Haiti do que com suas elites, mas isso precisa ser ocultado para que o barraco funcione.”

Oficinas clandestinas ou “zonas econômicas especiais

A ajuda estrangeira mantém oficinas clandestinas ou “zonas econômicas especiais” (maquiladoras) para as corporações globais em países como o Haiti, onde trabalhadores são explorados por alguns centavos por hora, muitas vezes em condições precárias e inseguras.

“Uma das facetas das ‘zonas econômicas especiais’ e um dos incentivos para as corporações nos Estados Unidos é que essas zonas possuem menos regulamentações do que o Estado nacional em questões relacionadas à mão de obra, impostos e alfândega”, explicou Kennard em entrevista. “Você abre essas oficinas clandestinas nas ‘zonas econômicas especiais’, paga uma miséria aos trabalhadores e extrai todos os recursos sem precisar pagar alfândega ou impostos.

O Estado — seja no México, no Haiti ou em qualquer outro lugar onde há produção offshoring — não se beneficia em absolutamente nada. Isso é intencional. As arcas do Estado nunca aumentam. São as corporações que se beneficiam.”

As mesmas instituições e mecanismos de controle dos Estados Unidos, segundo Kennard, foram usados para sabotar a campanha eleitoral de Jeremy Corbyn, ferrenho crítico do império estadunidense e candidato ao cargo de primeiro-ministro do Reino Unido.

A crise econômica e o colapso do dólar

Os Estados Unidos desembolsaram quase US$ 72 bilhões em ajuda externa no ano fiscal de 2023. O montante financiou iniciativas de acesso à água potável, tratamentos contra HIV/Aids, segurança energética e combate à corrupção. Em 2024, o país foi responsável por 42% de toda a ajuda humanitária monitorada pelas Nações Unidas (ONU).

A ajuda humanitária, frequentemente descrita como “poder brando”, é projetada para mascarar o roubo de recursos do Sul Global por parte das corporações estadunidenses, a expansão da presença militar dos Estados Unidos, o controle rígido sobre governos estrangeiros, a devastação causada pela extração de combustíveis fósseis, o abuso sistemático de trabalhadores em oficinas clandestinas globais e o envenenamento de crianças trabalhadoras em países como o Congo, onde são exploradas na extração de lítio.

Duvido que Elon Musk e seu exército de jovens sequazes no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) — que, vale lembrar, não é um órgão oficial dentro do governo federal — tenham alguma ideia sobre as organizações que estão destruindo, os motivos de sua existência e o impacto de seu desaparecimento sobre o poder dos Estados Unidos.

O confisco de arquivos do governo e de material classificado, o esforço para rescindir contratos governamentais no valor de centenas de milhões de dólares — em sua maioria relacionados a Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) —, as tentativas de aquisição para “drenar o pântano” (incluindo a oferta de compra de toda a força de trabalho da Agência Central de Inteligência (CIA), temporariamente bloqueada por um juiz), a exoneração de 17 ou 18 inspetores gerais e fiscais federais, a suspensão de financiamento e subsídios governamentais… tudo isso faz parte do canibalismo político sobre o Leviatã que eles mesmos veneram.

Planejam desmantelar a Agência de Proteção Ambiental (EPA), o Departamento de Educação e o Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS), todos parte essencial da estrutura interna do império. Quanto mais disfuncional se torna o Estado, mais oportunidades de negócios surgem para corporações predatórias e empresas de capital privado. Esses multimilionários farão uma fortuna “colhendo” os restos do império. No entanto, no fim das contas, estão matando a besta que gerou a riqueza e o poder estadunidenses.

Quando o dólar deixar de ser a moeda de reserva mundial, algo inevitável com o desmantelamento do império, os Estados Unidos não conseguirão mais pagar seu enorme déficit vendendo bônus do Tesouro. A economia entrará em uma depressão devastadora, provocando o colapso da sociedade civil, uma escalada vertiginosa nos preços (especialmente dos produtos importados), estagnação salarial e altas taxas de desemprego. Será impossível manter o financiamento das pelo menos 750 bases militares no exterior e do exército inchado. O império se contrairá instantaneamente, se transformando em uma sombra de si mesmo. O hipernacionalismo, impulsionado por uma raiva incipiente e um desespero generalizado, se converterá em um fascismo estadunidense repleto de ódio.

 “O desaparecimento dos Estados Unidos como principal potência mundial poderia chegar muito mais rápido do que se imagina”, escreve o historiador Alfred W. McCoy em seu livro In the Shadows of the American Century: The Rise and Decline of US Global Power (Nas sombras do século americano: a ascensão e queda do poder global estadunidense).

A fragilidade do Império

“Apesar da aura de onipotência que costumam projetar os impérios, a maioria é surpreendentemente frágil e carece da força inerente, até mesmo de um modesto Estado-nação. De fato, um olhar para sua história deveria recordar-nos que os maiores são suscetíveis de cair por diversas causas, sendo geralmente as pressões fiscais um fator primordial. Durante a maior parte de dois séculos, a segurança e a prosperidade da pátria foi o objetivo principal da maioria dos Estados estáveis, o que torna as aventuras estrangeiras, ou imperiais, uma opção prescindível, a que em geral se atribui não mais do que 5% do orçamento interno. Sem o financiamento, que surge quase organicamente no seio de uma nação soberana, os impérios notoriamente são predadores em sua incessante busca de saque ou lucro: basta ver o comércio de escravos no Atlântico, a paixão da Bélgica pela borracha no Congo, o comércio do ópio da Índia britânica, a violação da Europa por parte do Terceiro Reich ou a exploração soviética da Europa do Leste.”

Quando as receitas diminuem ou colapsam, afirma McCoy, “os impérios se tornam frágeis”. Tão delicada é sua ecologia de poder, que quando as coisas começam a ir realmente mal, os impérios desmoronam a uma velocidade ímpar: apenas um ano para Portugal, dois anos para a União Soviética, oito anos para a França, onze anos para os otomanos, dezessete para a Grã-Bretanha e, com toda probabilidade, apenas vinte e sete anos para os Estados Unidos, contando desde o crucial ano de 2003 (quando os EUA invadiram o Iraque)”, escreve Alfred W. McCoy em seu livro “In the Shadows of the American Century: The Rise and Decline of US Global Power”.

O arsenal de ferramentas utilizadas para o domínio global — vigilância em grande escala, desmembramento das liberdades civis (incluindo o devido processo legal), tortura, polícia militarizada, sistema penitenciário massivo, drones e satélites militarizados — será empregado contra uma população nervosa e enfurecida.

A ação de devorar o cadáver do império para alimentar a desmedida cobiça e os egos desses carniceiros é o presságio de uma nova era sombria.


 

EDITORIAL  21/3/25

 

A POSSE DE NEJAR NA ACADEMIA RIOGRANDENSE DE LETRAS

 

Carlos Nejar com Gabriel Fernandes (dir) e Paulo Timm (esq)

Significativa e solene reunião da Academia Riograndense de Letras recebeu, no dia 19 deste mês, março de 2025, o grande Poeta Carlos Nejar em seu seio. Luís Carlos Verzoni Nejar, gaúcho, nascido em Porto Alegre em 1939, com vasta obra literária internacionalmente reconhecida, é membro da Academia Brasileira de Letras mas, pelo que ele próprio em seu discurso de posse admitiu, como certo “estranhamento”, estava ausente na própria terra. Faltava-lhe este reconhecimento do mais alto sodalício literário riograndense. Presente ao ato, como representante da Academia dos Escritores do Litoral Norte, ocupante da cadeira cujo Patrono é Ruy Rubem Ruschel, junto com o confrade Poeta Gabriel Fernandes, testemunhei, emocionado, este momento de encontro, sobretudo, de fidalguias. De um lado a Academia Riograndense de Letras batendo à porta do grande Poeta que nos representa no plano literário nacional, chamando-o ao amplexo com a terra natal; de outro, o consagrado imortal que desce do Olimpo das Letras nacionais para confraternizar com seus conterrâneos escritores. Longe do Rio Grande há muitos anos, Nejar na verdade, nunca se apartou das origens e disso deu conta em seus versos quando descrevia na visão das ondas do Espírito Santo as coxilhas do Pampa. Intérprete como poucos da alma pampeana, Nejar foi além da épica gauchesca, procurando no dedilhar de seus poemas, a transcendentalidade do Homem de todos os tempos e lugares. Assim o definiu Juremir Machado, em sua crônica “A conversão pela palavra”, publicada no livro A NOITE DOS CABARÉS, POA, 1991 – Ed. Pradense:

-”O poeta Carlos Nejar fala como se deixasse escapar da sua boca, a cada momento, a cada palavra, poesias. Os olhos brilham, a cabeça é jogada para trás, o verbo é buscado na alma.”

Recurvado pelos anos e pelas dores do poeta, Nejar, do alto de sua Poesia, saudado pelo acadêmico Roberto S. Prym, nos abraçou em versos e deixou o seu registro à posteridade, que transcrevo:

Senhores,

Quero, em primeiro lugar, louvar a Deus por este momento. E tomo posse, hoje, nesta Egrégia Academia Riograndense de Letras, como quem retorna para a sua terra. Dirá alguém que já não vou encontrar o mesmo tempo. ‘Mudam os tempo, mudam as vontades” – escreveu Camões. Não irei encontrar o tempo, porque é o tempo que me encontra. Não vou achar muitas pessoas que amei e conheci, o nome de ruas e avenidas terão mudado ou mesmo a rua, onde passei a meninice. Mas os sonhos amadureceram, mas não podem envelhecer conosco. Terão que continuar vivendo além de nós.

O que vi e vivi persistirá existindo na minha sombra, como as árvores do bosque. Minha infância, como a de todos não acabaca.

Lembro Erico Veríssimo, Mário Quinta, Guilhermino César, Manoelito de Ornellas, entre tantos. Não foram um tempo, estão no pampa da palavra, o pampa do universo.

Tenho morado longe do Rio Grande, como no exílio. E como diz Pessoas, “os rios daqui não são como os rios da minha aldeia. Que o digam “O campeador e o Vento”, que o saudoso Wilson Martins chamou de “Os Lusíadas do gaúcho”, generosamente. Ou “Canga”, ou “Miguel Pampa”, ou “República do Pampa”, ou meu romance “Riopampa e o Moinho das Tribulações”. Não parei de amar esta terra por ter-me amado primeiro. E a levo comigo, mesmo me tenha estranhado às vezes por seu acentuado barbarismo. Nos encontramos nas raízes e nos frutos.

Sei que a posse nesta nobre Academia, de tradição e de tantos valores, alguns aqui presentes, repito, é um retorno deste que vos fala. Fui Promotor de Justiça pelo interior, honrado de ser do Ministério Público, servindo a este povo. Vaguei por cidades e plagas. De Procurador de Justiça na capital, tornei-me procurador de almas nos romances que acumulei, com a certeza de que não inventamos as palavras, mas elas que nos inventam.

Portanto, assumo esta cadeira na Sodalício e este lugar como quem assume um sonho que não precisa acordar.

Escreveu Napoleão Bonaparte que após as batalhas, apreciava ver o rosto dos companheiros. Sem ser Napoleão, apenas um vivente, da “Terra dos Viventes”, agradecendo profundamente a todos os que votaram em mim e a todos que, aqui, me acolhem, fraternos, recobro a cidadania do coração do pampa e reconheço, por estar perto da terra para poder ser plantado, não no ar, ou na vaidade , ou orgulho. E reconheço o rosto dos companheiros, grato por esta honra, das maiores, por ser a da terra” – Carlos Nejar


 

Editorial 20/3/2025

 

A estratégia norte-americana de “destruição inovadora”

• Por JOSÉ LUÍS FIORI* - 18/03/2025 in A TERRA É REDONDA

Do ponto de vista geopolítico o projeto Trump pode estar apontando na direção de um grande acordo “imperial” tripartite, entre EUA, Rússia e China

 

Ao se completarem dois meses da nova administração perplexidade dos europeus criam uma impressão americana, o histrionismo de Donald Trump e a duplamente falsa com relação à Guerra da Ucrânia. Por um lado, o presidente americano se comporta como se os EUA fossem o “país ganhador”, exigindo uma “reparação de guerra” do país derrotado, a Ucrânia, que foi seu grande aliado até anteontem.

Por outro, os europeus, em estado de pânico, atribuem à traição de Trump e à sua decisão de acabar com a guerra, a responsabilidade por sua divisão e derrota eminente. Como se fosse possível fazer, desfazer e refazer a história real através apenas da manipulação de “narrativas” que são inventadas e repetidas incansavelmente pelas potências que se acostumaram a controlar o “imaginário coletivo” do sistema mundial.

Na verdade, o que estamos assistindo é o reconhecimento norte-americano de um fato consumado: a vitória da Rússia no campo de batalha contra as tropas da Ucrânia, e contra os armamentos da OTAN, mesmo que durem ainda a resistência e os ataques pontuais dos ucranianos. Neste momento, os EUA estão exigindo que seus vassalos se rendam, na forma inicial de um “cessar-fogo”, mas na verdade se trata de uma vitória russa sobre os próprios EUA, que forneceram a maior parte do equipamento bélico, base logística, apoio de inteligência, e financiamento, que permitiram aos ucranianos resistirem durante três anos, promovendo uma escalada militar que chegou às portas de uma guerra atômica, no final do governo de Joe Biden.

Neste momento, a situação ainda está muito confusa, mas mesmo assim já é possível reconstruir os caminhos e principais passos que levaram a essa guerra. Uma história que começou em 1941, com a assinatura da Carta do Atlântico, pelo presidente americano, Franklin Delano Roosevelt, e pelo primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, em Newfoundland, nas cercanias do Canadá. Carta Atlântica que se transformou na “pedra fundamental” da “aliança estratégica” entre EUA e Grã-Bretanha (GB), que foi vitoriosa na Segunda Guerra Mundial, e que foi em seguida sacramentada pelo bombardeio atômico norte-americano das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Uma aliança inquebrantável que durou 80 anos e que esteve na origem do projeto globalista de construção de um mundo unificado e tutelado pelos anglo-saxões, seguindo as regras e valores da “civilização ocidental”.

Esse projeto anglo-saxônico mudou de rumo, entretanto, depois do discurso de Winston Churchill, em Fulton, Missouri, EUA, em março de 1946, quando o ex-primeiro-ministro britânico propôs aos seus aliados norte-americanos a construção de uma barreira de contenção militar – que ele chamou de “cortina de ferro” – separando o “mundo ocidental” da zona de influência comunista da União Soviética. (!!!! – (MD) Uma política inglesa, de demonização e confronto permanente com a Rússia, que foi formulada pela primeira vez logo após o Congresso de Viena, em 1815, um século antes da Revolução Soviética.

A grande novidade desta proposta, portanto, foi o convencimento e mobilização do governo norteamericano de Harry Truman a favor dessa estratégia que deu início à Guerra Fria, em 1947, seguida pela formação de um bloco dos países do Atlântico Norte, consagrado pela criação da OTAN, em 1949, e pela inauguração da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço, em 1951, embrião da União Europeia, que viria a ser formalizada em 1993.

Quarenta anos depois, no momento da queda do Muro de Berlim, em 1989, e da dissolução da União Soviética, em 1993, as duas grandes potências anglo-saxãs voltaram ao seu projeto de 1941. Foi quando se falou em “fim da história” e da vitória definitiva da democracia e do capitalismo liberal e anglo-saxônico, sobretudo depois da arrasadora vitória militar dos EUA na Guerra do Golfo, de 1991/2, quando os americanos expuseram ao mundo sua nova tecnologia de guerra teledirigida, equivalente às bombas de Hiroshima e Nagasaki, do ponto de vista do impacto sobre o sistema mundial.

A partir de então, os EUA se desfizeram do seu compromisso com as Nações Unidas, e com as regras de funcionamento do seu Conselho de Segurança, e transformaram a OTAN – progressivamente – no seu braço armado de intervenção nos Balcãs, no Oriente Médio, na Ásia Central e Europa do Leste”[i]. Primeiro foi a Bósnia, em 1995, e depois a Iugoslávia, em 1999, que foi bombardeada pela OTAN sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU. E o mesmo voltou a acontecer em 2003, quando EUA e GB invadiram e destruíram o Iraque, apesar do veto da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança das Nações Unidas, e da oposição de Alemanha, França e de vários outros aliados tradicionais dos anglo-saxões. Começaram ali as “guerras sem fim” dos EUA, da GB e da OTAN no Grande Oriente Médio, e se estenderam até sua e “retirada” do Afeganistão, em 30 de agosto de 2021.

E o mesmo aconteceu na Europa, onde a OTAN se expandiu de forma contínua, multiplicando suas bases militares na direção da Europa do Leste da fronteira ocidental da Rússia. Apesar da promessa do secretário de Estado norte-americano James Baker ao primeiro-ministro russo Mikhail Gorbachev, feita em 1991, logo após o fim da Guerra Fria, de que a OTAN não avançaria na direção da Europa do Leste, em 1994, o presidente Bill Clinton autorizou sua primeira expansão, e em 1999 a Otan começou sua “marcha para o Leste”, com a incorporação de Hungria, Polônia e República Tcheca.

E em 2004, a OTAN incorporou Estônia, Lituânia, Letônia, Bulgária, Eslovênia e Eslováquia, enquanto experimentava suas novas formas de intervenção através das chamadas “revoluções coloridas” contra governos desfavoráveis aos interesses americanos – como foi o caso da “revolução das rosas”, na Geórgia, em 2003; da “revolução laranja” na Ucrânia em 2004; da “revolução das tulipas” no Quirguistão, em 2005.

Por fim, em abril de 2008, na cidade de Bucareste, a OTAN anunciou seu xeque-mate, com a incorporação da Geórgia, e sobretudo da Ucrânia, que Zbigniew Brzezinski[ii] (o grande geopolítico do Partido Democrata norte-americano), considerava ser uma peça central da disputa dos EUA com a Rússia, pelo controle da Europa do Leste e de todo o continente eurasiano. Tão importante que Brzezinski chegou a propor que a Ucrânia fosse conquistada pelos EUA e pela OTAN, até no máximo 20151 – o que acabou acontecendo depois do golpe de Estado de 2014, que derrubou o governo eleito de Viktor Yanukovych, considerado hostil pelos EUA e pela OTAN.

A Rússia protestou inutilmente contra esses sucessivos avanços da OTAN sobre sua fronteira ocidental. E, em 2007, na Conferência de Segurança de Munique, o presidente russo, Vladimir Putin, advertiu pessoalmente as potências ocidentais de que a Rússia não toleraria os avanços da OTAN na Geórgia e na Ucrânia. Sua advertência foi ignorada uma vez mais e, no ano seguinte, a Rússia foi obrigada a fazer uma primeira intervenção militar direta na República Autônoma da Ossétia do Sul, para impedir sua incorporação à OTAN. E mais à frente, em 2015, a Rússia voltou a intervir diretamente contra o golpe de Estado apoiado pelos EUA e pela OTAN, ocupando e incorporando a Crimeia ao território russo.

Por fim, em 15 de dezembro de 2021, a Rússia entregou um memorando às autoridades americanas e da OTAN, e aos governantes da União Europeia, propondo a interrupção da expansão da OTAN, o afastamento de suas tropas das fronteiras russas e a desmilitarização da Ucrânia. Não houve resposta a esse memorando e o silêncio das “potências ocidentais” foi o estopim que deflagrou a invasão russa do território da Ucrânia, iniciando de fato uma “proxy-war” entre Rússia e EUA.[iii]

rês anos depois do início da guerra, já não cabe dúvida de que a Rússia venceu no campo de batalha, mas também no campo da competição tecnológico-militar com relação aos equipamentos fornecidos aos ucranianos pelos EUA e pelos países da OTAN. Além disso, a Rússia também venceu a guerra econômica contra as sanções que lhe foram impostas pelas potências ocidentais, e sua economia vem crescendo sistematicamente à frente dos demais países europeus.

Não há dúvida de que a vitória russa se acelerou e consolidou nos dois últimos meses: (i) com a saída dos EUA da guerra e a ruptura do seu “casamento estratégico” com a Grã-Bretanha; (ii) com a divisão interna da OTAN e a ameaça de saída dos EUA; (iii) com a fragilização da União Europeia, depois do seu afastamento dos EUA; (iv) e finalmente, com o desmonte do “bloco ocidental” e de sua hegemonia mundial exercida nos últimos 200 anos. Como consequência, o mais provável é que as negociações post-bellum entre Rússia e EUA se transformem no primeiro passo de uma nova “ordem mundial multipolar” e “pós-europeia”, a mais importante de todas as reivindicações e vitórias russas.

Notas

________________________________________

[i] Victoria Nuland, a diplomata americana que ficou famosa por sua participação direta pessoal a favor do golpe de Estado na Ucrânia, em 2014, e que foi também Representante Permanente dos EUA na OTAN, de 2005 a 2008, declarou numa entrevista ao jornal Financial Times, em 2006, que “os EUA querem ter uma força com projeção global, para operar em todo o mundo, da África ao Oriente Médio e bem mais além, o Japão, como a Austrália tem vocação, igual que as nações da OTAN, para fazer parte desta força” (in Chauprade, A., Chronicque du Choc des Civilizations, Chronique Editions, Paris, 2013, p. 69).

[ii] Brzzezinski, Z, The Grand Chessboard. American Primacy and its Geostrategica Imperatives, Basic Books, New York, 1997

[iii] O novo secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, reconheceu recentemente que a Guerra da Ucrânia foi na verdade uma “guerra por procuração” entre Rússia e EUA., in UOL Noticias, noticias.uol.com.br -6 de março de 2025. 

Reagan e Trump e a “destruição inovadora” Por J.L. Fiori

“Toda situação hegemônica é transitória, e mais do que isto, é autodestrutiva, porque o próprio hegemon acaba se desfazendo das regras instituições que ajudou a criar para poder seguir se expandindo e acumulando mais poder do que seus liderados” (José Luís Fiori, O poder global e a nova geopolítica das nações)

Na década de 70 do século passado, os EUA sofreram uma série de reveses militares, econômicos e geopolíticos: foram derrotados na Guerra do Vietnã; uma série de reveses militares, econômicos e surpreendidos pela Guerra do Yom Kippur e pela criação da OPEP e a subida dos preços internacionais[iii] do petróleo; e foram surpreendidos uma vez mais pela Revolução do Aiatolá Khomeini, no Irã, em 1979; seguida pela “crise dos reféns” americanos que foram mantidos presos durante 444 dias na embaixada dos EUA em Teerã, culminando com a invasão soviética do Afeganistão, em dezembro de 1979.

Muitos analistas falaram naquele momento de uma “crise final da hegemonia americana”. Frente a essa situação de declínio relativo de poder, entretanto, os EUA destruíram a ordem mundial que haviam criado depois da Segunda Guerra Mundial e adotaram uma nova estratégia internacional, com o objetivo de manter sua primazia mundial. Primeiro, aceitaram a derrota, renderam-se e assinaram um acordo de paz com o Vietnã; ao mesmo tempo, abandonaram o padrão-dólar que haviam imposto ao mundo em Bretton Woods, em 1944; em seguida, pacificaram e reataram relações com a China; e enterraram definitivamente seu projeto econômico desenvolvimentista, impondo uma abertura e desregulação financeira da economia internacional, enquanto iniciavam uma nova corrida armamentista, conhecida como a 2ª. Guerra Fria, que culminou com a derrocada da União Soviética. Um verdadeiro tufão conservador e neoliberal, que começou no governo de Richard Nixon e alcançou sua plenitude durante o governo de Ronald Reagan, mudando radicalmente o mapa geopolítico do mundo e transformando de forma irreversível a face do capitalismo mundial.

Agora de novo, na segunda e terceira décadas do século XXI, os EUA vêm sofrendo novos e sucessivos reveses militares, econômicos e geopolíticos. Foram derrotados no Afeganistão e obrigados a uma retirada humilhante da cidade de Cabul, em agosto de 2021; estão sendo derrotados de forma inapelável na Ucrânia; sofreram uma perda significativa de credibilidade moral em todo mundo, depois do seu apoio ao massacre israelense dos palestinos da Faixa de Gaza; vêm sofrendo um processo acentuado de desindustrialização e sua moeda, o dólar vem sendo questionado por seu uso como arma de guerra contra países concorrentes ou considerados inimigos dos seus interesses; e por fim, os EUA têm perdido posições importantes na sua competição tecnológica-industrial e espacial com a China, e na sua disputa tecnológica-militar com a Rússia.

Neste momento, uma vez mais, o governo norte-americano de Donald Trump está se propondo refazer sua primazia através de uma nova mudança radical de sua estratégica internacional, combinando doses altíssimas de destruição, com algumas propostas disruptivas e inovadoras no campo geopolítico e econômico, partindo de uma posição de força e sem pretensões éticas ou missionárias, e orientando-se apenas pela bússola dos seus interesses nacionais.

A principal consigna de campanha de Donald Trump – “fazer a América grande de novo” – já é por si mesma, um reconhecimento tácito de que os EUA estão enfrentando uma situação de crise ou declínio que precisa ser revertida. E suas primeiras medidas são todas de natureza defensivas: seja no caso da sua política econômica mercantilista, seja no caso da “barreira balística” que ele está se propondo construir em torno do território americano. E o mesmo se pode dizer de suas agressões e ameaças verbais, que têm sido dirigidas contra seus vizinhos, aliados e vassalos mais próximos e incondicionais.

De qualquer maneira, o mais importante tem sido o ataque avassalador e destrutivo de Donald Trump e seus auxiliares mais próximos, contra as regras e instituições próprias da ordem internacional construída pelos EUA, como resposta à sua crise dos anos 70 do século passado. E contra os últimos vestígios da ordem mundial do pós-Segunda Guerra, como no caso das Nações Unidas e do seu Conselho de Segurança. Com ênfase particular no ataque e destruição americana do multilateralismo e do globalismo econômico que se transformaram na principal bandeira americana do pós-Guerra Fria. Neste capítulo das “destruições”, deve-se sublinhar também o ataque seletivo e estratégico do governo Donald Trump contra todas as peças de sustentação interna – dentro do próprio governo americano – do que eles chamam de deep state, a verdadeira base de sustentação e locus de planejamento das guerras norte-americanas.

No plano internacional, entretanto, a grande revolução – se prosperar – será efetivamente a mudança da relação entre os EUA e a Rússia, que vem sendo proposta pelo governo de Donald Trump. Uma inflexão muito profunda e radical, muito mais do que foi a reaproximação entre os EUA e a China, na primeira metade dos anos 1970. Porque, de fato, no século XX, os EUA herdaram uma inimizade, competição e polarização geopolítica construída pela Grã-Bretanha contra a Rússia, desde o momento em que se consagrou a vitória dos russos e dos ingleses contra a França de Napoleão Bonaparte, no Congresso de Viena, de 1815.

Desde então, os russos foram transformados pelos ingleses em seus “inimigos necessários”, e serviram como princípio organizador da estratégia imperial inglesa. Uma realidade histórica que foi depois consagrada pela teoria geopolítica do geógrafo inglês Halford Mackinder, segundo a qual o país que controlasse o coração da Eurásia, situado entre Moscou e Berlim, controlaria o poder mundial. Por isso, os ingleses lideraram a Guerra da Criméia, entre 1853 e 1856, contra os russos; e de novo lideraram a a invasão da Rússia depois do fim da Primeira Guerra Mundial; e cogitaram fazer o mesmo logo depois da Segunda Guerra. Uma obsessão de Winston Churchill que acabou cedendo lugar ao projeto de construção da “cortina de ferro” e da OTAN.

Essa obsessão inglesa foi repassada aos norte-americanos depois da Segunda Guerra Mundial e esteve na origem da Guerra Fria. A partir de então, os EUA e a GB (junto com seus aliados da OTAN), construíram uma gigantesca infraestrutura militar – material e humana – destinada a “conter os russos” e, se possível, derrotá-los estrategicamente. A última tentativa foi feita agora na Guerra da Ucrânia e fracassou uma vez mais. E se o projeto atual de Donald Trump de aproximação da Rússia prosperar, ele estará sucateando toda essa infraestrutura junto com todas as demais alianças americanas construídas a partir de 1947, com vistas a esta “guerra final” contra os russos. Não é pouca coisa, muito pelo contrário, e muitos líderes euro-atlânticos que tentaram romper essa barreira ficaram pelo caminho. Podendo-se prever, inclusive, a possibilidade de algum tipo de atentado ou auto-atentado, a partir do próprio mundo anglo-saxão, com o objetivo de barrar esta mudança de rumo norte-americana.

Sim, porque está sendo rompida e enterrada a aliança estratégica anglo-saxônica, que foi fundamental para a dominação ocidental do mundo, desde a Segunda Guerra Mundial, desmontando-se ao mesmo tempo, como um castelo de cartas, o projeto da OTAN, o G7, e talvez a própria União Europeia. Mas nada disto encerra a competição interestatal pelo poder global. O projeto de Donald Trump diminui a importância da Europa e diminui a importância da fronteira europeia da Rússia, deslocando as linhas de fratura da geopolítica mundial para o Ártico e para o Sul do Pacífico.

Mas a própria cobiça de Trump com relação ao Canadá e à Groenlândia explicita seu projeto de construção de uma grande massa territorial equivalente à russa, justo em frente à fronteira norte e ártica da própria Rússia. E ao mesmo tempo, o projeto de negócios conjuntos entre russos e norte-americanos, que vem sendo insistentemente anunciado, sobretudo na região do Polo Norte, aponta para um possível distanciamento futuro e “pelo mercado” da Rússia com relação à China, para não permitir que se consolide uma aliança estratégica inquebrantável entre Rússia e China, ou mesmo entre Rússia e Alemanha. Porque a China seguirá sendo no Século XXI, o principal competidor e adversário dos EUA, neste planeta e no espaço sideral.

A estratégia americana de “destruição inovadora” terá – desta vez – o mesmo sucesso que teve no século passado, com Richard Nixon e Ronald Reagan? É difícil de saber, porque não se sabe quanto tempo durará o projeto de poder de Donald Trump e seus seguidores. E em segundo lugar não se conhece o impacto mundial de uma política econômica mercantilista e defensiva, praticada pela maior economia do mundo. O nacionalismo econômico foi sempre uma arma dos países que se propõem “subir” na hierarquia internacional, e não de um país que não quer “descer”.

De qualquer maneira, do ponto de vista geopolítico o projeto Trump pode estar apontando na direção de um grande acordo “imperial” tripartite, entre EUA, Rússia e China, como também pode estar apontando para o nascimento de uma nova ordem multipolar que lembra, de certa forma, a história europeia do século XVIII. Com a grande diferença que agora o “equilíbrio de forças” do sistema envolveria uma competição entre potências atômicas de grande dimensão, quase impérios, como é o caso dos EUA, da China, da Rússia, da Índia, e da própria União Europeia, caso ela consiga se reorganizar e rearmar sob a liderança da Inglaterra ou da Alemanha. E, em menor escala, da Turquia, do Brasil, da Indonésia, do Irã, da Arábia Saudita e da África do Sul. Um mundo difícil de ser administrado, e um futuro impossível de ser previsto.

 

*José Luís Fiori é professor emérito da UFRJ. Autor, entre outros livros, de Uma teoria do poder global (Vozes) [https://amzn.to/3YBLfHb]

Publicado originalmente no Boletim no. 10 do Observatório Internacional do Século XXI.


 

Editorial 13/3/25

 

O grande pampa chora pela Argentina

 

 

O Pampa não é apenas um bioma ou uma área territorial. Bioma, aliás, que vem sofrendo crescente devastação sem a atenção das autoridades e do grande público, sempre mais impressionado pela Amazônia. O Grande Pampa é a síntese histórica das gentes que o constituíram como vivências humanas e que se constituem em Patrimônio Latinoamericano, com o gaúcho como expressão simbólica destas façanhas: no Paraguai, nordeste da Argentina, Uruguai e as planícies do Rio Grande do Sul. O grande libertador uruguaio, José Gervasio Artigas (1764/1850), chegou a pensar em unificar tudo isso numa só “PATRIA LIVRE”, assim como Bolivar o intentou ao norte do continente. Não conseguiu. Cada uma das partes do Grande Pampa seguiu o curso dos respectivos países. Mas ficou para a História o legado guarani, no Paraguai e nas “Missões”, de um e outro lado do Uruguai, a tentativa do Presidente Jose Gaspar Rodrigues de Francia (1766/1840), do Paraguai, no século XIX de erigir na região uma sociedade avançada, lamentavelmente destroçada por interesses internacionais que se serviram da “Tríplice Aliança” na odiosa Guerra do Paraguai, como ficou também para a história a resistência indígena nas Guerras Guaraníticas no Rio Grande do Sul, em meados do século XVIII. Mesmo na Argentina, onde a área pampeana é relativamente pequena diante da imensidão territorial do país, é o gaúcho desta região que se apresenta como legítimo formador do país, olhando com desconfiança o “porteño” de Buenos Aires. (Guardam ressentimentos da obra “Facundo”, de Domingo Sarmiento, na qual os acusa como responsáveis pelo atraso do país, à qual responderam com “Martin Fierro”, de José Hernandez... ); No século XX duas grandes realizações históricas com origens no Pampa marcaram a América Latina. As realizações republicanas, inspiradas na região, à frente do Governo do Rio Grande do Sul, de 1891 a 1930, e que projetaram Getulio Vargas para a grande transformação do Brasil com a Revolução que comandou neste ano; e a Revolução Justicialista, protagonizada por Juan Domingo Perón na Argentina, outro grande marco continental: Ao final da II Guerra Mundial a Argentina era a segunda maior economia do mundo, depois dos Estados Unidos, detentora de petróleo, carne e trigo, além de vigorosa indústria aeronáutica que se perdeu pelo caminho e uma população altamente educada. Projetava-se como potência mundial. 

Hoje a Argentina está destroçada e vive sua agonia com um Presidente, J.Milei, mergulhado no escândalo das cripto moedas - https://www.youtube.com/watch?utm_campaign=boletim_diario_1203&utm_medium=email&utm_source=RD+Station&v=bkGiavOSDLs, cujo símbolo é uma serra elétrica. Lamentável imagem oferecendo-a ao bilionário Elon Musk em recente encontro da extrema direita dos Estados Unidos. À falta de um Plano de Desenvolvimento para o país que comanda, nada mais faz senão destruir, destruir, destruir..., começando pelos direitos dos trabalhadores e aposentados.

Ontem, mais um manifestação massiva de aposentados, que são 15% da população e recebem menos que o indispensável para a Cesta Básica, foi brutalmente reprimida pelas forças de segurança. Idosos protestam contra perda de direitos e declínio acentuado no valor das aposentadorias, em consequência das políticas ultraliberais de Javier Milei, que dobraram os preços de medicamentos e serviços essenciais. “O protesto – o mais violento no país desde que o do ultraliberal Javier Milei assumiu o governo, em dezembro de 2023 – foi o mais recente de uma série de atos públicos que ocorrem há anos todas as quartas-feiras contra em defesa dos direitos dos aposentados” - Entenda os protestos dos aposentados na Argentina,

O país já não suporta o arrocho a que está submetido pela ortodoxia de choque de Milei. Vai cada vez mais às ruas em protesto, na esperança de repetir o que outro Presidente, De La Rua, já protagonizou no passado: imediata renúncia. 

O Grande Pampa chora com toda a América Latina por ti Argentina


 

EDITORIAL 12/3/25

 

A MÍDIA TE FAZ DE BOBO.

A Silvana Moura colocou esse texto do Chomsky como um comentário a uma postagem minha. Pela sua atualidade, acho que merece um destaque maior, então o copio aqui. 

Noam Chomsky sobre as 10 Estratégias de Manipulação Midiática:

1. A estratégia da distração. O elemento primordial do controle s


Farol Literário de Torres